do blogue Ricardo Oliveira

Colheita Especial da Kopke: comemoração dos 375 anos

Ricardo Oliveira — Sun, 27 Oct 2013 17:43:32 +0000

Quem? A Kopke. O quê? Lançou um Colheita Especial de 1940. Quando? A 16 de Outubro. Porquê? Para comemorar os seus 375 anos. Como? Através de um evento no Solar do Vinho do Porto, em Lisboa. Neste ano em que comemoram os 375 anos de existência, a Kopke decidiu lançar esta Colheita Especial de 1940 (o ano em que ambas as Associações Comerciais do Porto e Lisboa a consideraram a mais antiga casa de Vinho do Porto).

Foram engarrafadas 375 garrafas numeradas (simbolicamente os 375 anos), lançadas em estojo de madeira forrado a pele, com uma cópia do certificado de Mais Velha Casa de Vinho do Porto. Reconhecida como uma casa com um percurso excepcional em Colheitas, escolheu este excelente exemplar (cuja quantidade é reduzidíssima) para assinalar a data.

Tive o privilégio de comprovar a qualidade deste Porto que surpreende pela cor carregada (afinal de contas, tem 73 anos), com um nariz suave onde predominam as frutas secas e especiarias (talvez com toques de fruta madura) confirmadas na boca, onde demonstra uma enorme força logo no primeiro impacto, conjugada com uma grande untuosidade. Com o passar do tempo transforma-se em algo mais suave, sublinhando o caramelo com as especiarias e um toque de vinagrinho, mas é evidente que ainda lá está uma enorme frescura. O final é bastante longo, e relembrou-me porque é que costumava ter um stock de Colheitas da Kopke em casa. Este é, sem grande dúvida, um grande colheita; adoro este estilo. Tawnys velhos... é onde me sinto em casa. E a Kopke é uma referência indiscutível.

Haveria de acabar a prova já cá fora com o João Barbosa...

Kopke

1940

Kopke Colheita Especial

375 anos

Porto

100 anos de Taylor's a fechar 2011

Ricardo Oliveira — Mon, 02 Jan 2012 23:54:29 +0000

No último dia do ano - e já que 2012 é o ano da anunciada desgraça - aproveitei para me oferecer uma prenda, e apostar na visita ao Centro de Visitas da Taylor's, mais propriamente à sala de provas, ao lado do restaurante Barão de Fladgate. Cheguei por volta das 15h, fui recebido com uma breve explicação da História da Taylor's e foi-me oferecida a prova grátis (aparentemente standard) do Chip Dry e do LBV 2005.

Sentei-me numa das mesas ao dispor - mesmo ao lado da janela, onde se podia ver um lindo jardim - e saboreei o LBV, enquanto analisava a carta. Saíam alguns turistas espanhóis e ingleses, enquanto entrava um casal de franceses; a equipa da casa recebia-os com uma enorme simpatia, mesmo sabendo que estávamos no último dia do ano.
Decidi-me entretanto: o Tasting Pack dos Tawny 10, 20, 30 e 40 anos prometia, e eu gosto de pensar que o meu 2011 merecia uma prenda. Ao mesmo tempo que pedi esta prova, entrou uma visita de algumas dezenas de Japoneses, e ainda que a sala ficasse cheia, o meu pedido chegou rapidamente. A atenção ao detalhe, a simpatia e a amabilidade - para não falar da prova propriamente dita - são regra nesta casa.
Sem tirar o mérito aos 10 e 20 anos, fiquei fã do 30 e, especialmente, do 40 anos. Para quem estiver por perto com 30 minutos livres, aconselho vivamente a visita e a experiência de uma prova à escolha. Para além da qualidade dos vinhos - não que isso estivesse em questão - a Taylor's sabe receber, e fá-lo com enorme qualidade. Mesmo no último dia do ano, sabendo que estão a 60 minutos de fechar o Centro de Provas (pelo segundo dia do ano), o profissionalismo impera.
Os parabéns à equipa, que de uma forma dedicada faz muito pelo Vinho do Porto, pela região e, no limite - até porque precisamos de turistas satisfeitos - por Portugal.

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A Grande Reserva do João Barbosa

Ricardo Oliveira — Mon, 07 Nov 2011 14:26:59 +0000

Não deixa de ser curioso o meu primeiro artigo no blog ter sido sobre Vinho do Porto, e o segundo ser sobre... um livro. O autor - João Barbosa - ganha o meu respeito logo na ficha técnica, quando refere que respeita a ortografia anterior ao actual acordo ortográfico.
O João Barbosa é um (re)conhecido profissional, com um longo percurso de sucesso no jornalismo e nesta área da enologia em geral, sendo também um consistente blogger; conheci-o pessoalmente numa prova que fizemos na Sogevinus, em Gaia.

Este Grande Reserva é, acima de tudo, um livro sobre o que está por trás do mundo do Vinho, especificamente muitas das histórias - que fazem parte da História - de Quintas, de Pessoas, e de Vinhos. O cuidado com o pormenor é notável, e não tenho dúvidas que muitos dos conteúdos envolveram investigação apurada dos factos.
Não me vou alongar sobre os conteúdos especificamente - até porque ainda estou a cerca de 80% - mas garanto que este é um livro a que ninguém fica indiferente, goste ou não de Vinho. Estou a preparar a compra de alguns exemplares para oferecer no Natal....
Os meus parabéns ao autor.

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O Vinho do Porto está (muito) barato

Ricardo Oliveira — Fri, 07 Oct 2011 22:29:26 +0000

Antes de começarem os insultos: sim, eu sei que estamos numa época de recessão, e que os próximos tempos vão ser mais difíceis; também sei que a grande maioria dos Portugueses compra vinhos no segmento

Vou escrever este texto completamente consciente da situação em que estamos, mas também convencido que o que eu vou dizer - de acordo com a perspectiva que apresento - é igualmente verdade. Mesmo.
Todos temos o hábito de escolher uma bebida para aquelas ocasiões especiais, em que queremos comemorar algum acontecimento com a família ou amigos: um aniversário, a entrada de um filho na universidade, o primeiro emprego... enfim, a imaginação é o limite. O chefe da casa escolhe um whisky (o guilherme passeante ou o cavalo branco) e/ou um champanhe (rima com mudasti ou oet) estrangeiro, porque como sabemos o que é estrangeiro é bom, serve-os na temperatura errada, nos copos errados, mas como escolheu umas etiquetas conhecidas ninguém vai pensar que fez uma má escolha. Claro que também não vão ficar satisfeitos com a experiência.....
Estas escolhas, para além de não beneficiarem os convivas e desiquilibrarem a balança comercial, tendem a influenciar desde cedo os jovens (com idade para beber álcool) de forma a que prefiram beber álcool de baixíssima qualidade misturado e às cores, caro, em copinhos minúsculos e de preferência de forma a ficarem com a língua adormecida (vá-se lá saber porquê...). Por definição, não concordo que sejamos ultra-nacionalistas ao ponto de só comprarmos produtos nacionais, mas neste caso temos produtos nacionais de elevadíssima qualidade, a um preço extremamente atractivo, e que vão deixar os convidados satisfeitos (desde que seja servido como deve ser).

Para quem queira começar aos poucos, aconselho vivamente os Porto Tawny 10 anos (a relação qualidade-preço é imbatível), servidos ligeiramente frescos como aperitivo ou digestivo (preferencialmente como acompanhamento de uma sobremesa). Os 10 anos indicam a média de idade de vários vinhos misturados para produzir o resultado final. São vinhos muito fáceis de beber, e estamos num patamar de cerca de 12 a 20€ com grande número de marcas e estilos que podemos experimentar até encontrarmos o que mais nos agrada. Com o passar do tempo, e se o paladar pede algo mais... temos os 20, 30 e 40 anos. Existem também os Colheita, que são Tawny de um único ano, indicado no rótulo; para além de ser interessante alinhar o ano com algum evento especial, ajudam a perceber as características específicas daquele ano.
Existe ainda outro estilo neste patamar, que são os LBV - produzidos a partir de uma colheita, e depois de um período inicial em balseiros passam para garrafas onde fazem uma grande parte do seu estágio (ao contrário dos Tawny, que envelhecem principalmente em cascos de carvalho). Diz-se que os LBV são um bocadinho de um Vintage (com qualidade inferior, naturalmente) mas sem a desvantagem dos 4-16 porque se podem beber de imediato (esta regra dos Vintage é variável de produtor para produtor: 3-17, 5-15, etc), isto é, beber durante os primeiros 4 anos ou depois dos 16 seguintes.

Existe ainda o patamar dos Garrafeira (praticamente desapareceram do mercado), os Vintage (o supra-sumo do Vinho do Porto) e vários outros patamares abaixo dos Tawny, como por exemplo os Tawny Reserva que são orientados - na minha perspectiva - para consumo mais rápido e menos preocupado com a experiência.
A minha conclusão final é: se quiser um muito bom aperitivo ou digestivo, com ou sem sobremesa, escolha um Vinho do Porto. É Português, é das melhores bebidas do mundo, é barato (tendo em conta a sua relação qualidade-preço) e vai dar-lhe prazer a si e aos seus convivas. Estou a acabar de escrever este artigo com um golinho de 30 anos...
Por fim, há mais uma razão: a sua garrafa de Vinho do Porto, em qualquer parte do mundo, vai ser sempre uma oferta adorada.

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