Vindima 2008
Este ano tirámos férias na altura das vindimas, embora por mera coincidência. No entanto, não deixámos escapar a oportunidade de participar numa vindima.
Na família as vinhas sempre tiveram um lugar importante. Os dois lados da família sempre tiveram várias vinhas espalhadas pelas freguesias de Vila Nova de Monsarros e Moita do concelho de Anadia. Anualmente produziam vinho e a vindima foi sempre vivida com entusiasmo e muita alegria. Era um momento muito especial e para mim não era excepção. Durante muitos anos nunca faltei.
Adorava toda aquela agitação, o começar a vindimar ainda cedo com o campo todo orvalhado libertando cheiros excepcionais.
A única coisa que me desagradava era o aroma que ficava por toda a região assim que os primeiros vinhos começaram o processo de fermentação. Nessa altura, ainda não sabia o que era realmente bom e importante de tudo aquilo. Perdi-me na informática para me voltar a encontrar nos últimos anos.
Este ano, para não variar, os meus pais contrataram uma multidão tendo em conta as vinhas a vindimar e, como seria de esperar, apareceram outros tantos amigos e familiares a querer participar, o que acontece todos os anos.
O Nuno este ano juntou-se ao grupo, todo equipado, para fazer a sua primeira vindima e aproveitar para tirar algumas fotos. Eu infelizmente fui sacrificada e fiquei em casa com a minha mãe como cozinheiras de serviço.
Foi uma pena não poder presenciar a primeira vez dos meninos da cidade para poder divertir-me a valer!
As uvas eram de boa qualidade, mas este ano foram vendidas para a Sogrape.
Após o final da vindima e de uma bela refeição, o meu pai levou o Nuno até à Sogrape para que fosse possível presenciar todo o trabalho, desde a chegada das uvas de cada viticultor até iniciarem o processo de fermentação.
(A partir daqui o texto é do Nuno)
A vida sedentária é tramada. Estava ali no meio de pessoas com 20 ou mais anos do que eu e estavam ali cheios de força sem dores de costas e eu, que não faço esforços físicos no meu dia de trabalho, a ter que estar cheio de cuidado com a minha hérnia discal.
Felizmente estavam lá mais alguns sedentários a estrear-se nas vindimas, pelo que deu para partilhar a dor.
Mas foi engraçado. Três vinhas diferentes, a primeira delas mais complicada devido a uma forte inclinação (mas como foi logo de manhã estava fresquinho) e as outras duas mais planas. O pai da Ema, 9 pessoas contratadas, eu e outros 4 “penetras” e ficou a coisa despachada pela manhã.
Depois do almoço fomos então ver a verdadeira linha de montagem que é o processo de recepção das uvas na Sogrape.
Os viticultores chegam à portaria onde as uvas são verificadas visualmente, como forma de garantir que não foram apanhadas de véspera e já se encontrem a fermentar.
Cada viticultor tem um cartão magnético que o identifica e passa-o junto à primeira balança, onde é pesado o veículo ainda com as uvas.
De seguida, passa-se à fase de análise do grau alcoólico. É inserido um aparelho que extrai uma pequena porção das uvas, que entra numa máquina onde é calculado o grau provável. Também aqui é passado o cartão magnético, uma vez que o pagamento é feito com base no grau.
Conforme o grau e o tipo de uvas, estas são descarregadas em diferentes sítios, onde começa imediatamente o desengaço e se inicia o processo de vinificação.
Por fim, o veículo volta a ser pesado antes de sair e calculada a diferença de peso, resultando no peso das uvas entregues.
Uma vez que já lá estava, aproveitei para visitar o interior das instalações para fotografar o resto do processo.
Para o ano há mais, e talvez para o ano se faça algum vinho em casa. A ver se aprendo umas coisas e, daqui a uns anos, quem sabe se não largamos a vida de cidade para nos dedicarmos mais a sério a isto.