Viemos passar o fim-de-semana a casa dos pais da Ema e aproveitámos para dar um salto à Feira da Vinha e do Vinho em Anadia.
Faz agora 3 anos desde a primeira vez que fomos a esta feira. Nesse ano, conseguimos arrastar alguns colegas de trabalho que, embora consumidores de vinho, não tinham a Bairrada como alvo. Havia um deles até, que quase se recusava a provar vinhos com Baga. Na semana seguinte pediram-nos para lhes comprar umas centenas de euros em vinho da Bairrada, incluindo uma caixa (a 15€ a garrafa) de um vinho 100% Baga para o tal que não gostava de Baga. E desde aí têm sido regulares as compras que fazemos para eles. Temos que começar a cobrar comissão.
Tudo isto para dizer que a Feira da Vinha e do Vinho está muito diferente do que era em 2006. Na altura estavam lá muito mais stands de produtores, muito mais vinhos de gama média/alta e... cuspideiras. Se fosse agora, tenho dúvidas que os nossos colegas se tivessem tornado assíduos consumidores de Bairrada com a visita à Feira.
Não quero dizer com isto que a Feira é má. O espaço é bom, tem artistas de renome a actuar (independentemente de gostar ou não), continua a ter alguns bons produtores da região, restaurantes com boa comida e um custo de entrada simbólico de 1€. Quem quiser comer boa gastronomia da região e beber vinho (especialmente espumantes), pode ter lá umas horas bem passadas.
Tendo em conta que não se paga pelo vinho e o copo é sempre bem cheio, a entrada é autenticamente oferecida.
O problema é que não é nada apelativo para os produtores. Ter custos com uma pessoa a tempo inteiro e oferecer vinho a um público que é quase todo local e já conhece os seus vinhos, é um custo que muitos não estão dispostos a ter. Um grupo de alguns dos maiores produtores da região optou por se juntar no mesmo stand, mas os vinhos que poderiam atrair os habituais frequentadores de eventos de vinho não estão presentes. E com isto entramos num ciclo vicioso em que não se atraem potenciais compradores de fora, ficando os produtores com cada vez menos interesse em marcar presença no evento.
A Bairrada precisa de um evento que promova a sua imagem fora da região, à semelhança do que acontece por exemplo com os eventos que têm ocorrido no Dão. Já ando farto de ouvir pessoas dizer que não gostam de vinhos desta região e, depois de provarem alguns sem saber, acabam por mandar tiradas como "Ah, isto não é Bairrada". No entanto, se calhar este evento não pode fazer este papel. É que se por um lado entendo o desinteresse de alguns produtores com quem temos falado, também compreendo o lado da Câmara Municipal, que não pode tornar a festa da cidade numa coisa que não possa ser acessível para todos.
Talvez a recém criada Rota da Bairrada - que engloba não só os vinhos como os restaurantes, museus, hotéis, etc - o consiga fazer. Com menos de um ano de criação e tem-se mostrado bastante activa, organizando alguns eventos interessantes e usando até as novas tecnologias para a divulgação das suas actividades. Estão ainda a trabalhar num Portal Bairrada, que espero gostar tanto como a caixinha que tinham no stand da Feira, com mapa e informação detalhada de cada um dos associados, onde nem faltam as coordenadas GPS. Tivemos pena de não estar ninguém lá quando passámos no stand para podermos trocar algumas ideias.
Numa noite quente como esta, acabámos por seguir a tendência e andámos pelos espumantes. Eu sei que não fica bem a um gajo dizer que andou a beber bebidas cor-de-rosinha, mas o que é facto é que provámos alguns espumantes rosé que souberam bastante bem.
Fizemos uma passagem pela zona dos restaurantes mas não comemos nada porque já tinhamos jantado. A julgar pelo aspecto de alguns pratos, e do ar de satisfação do pessoal que estava a comer, pareceu-me que estava bem bom. Só não resistimos à gulosice e acabámos por comprar 2 pastéis de Tentúgal para comer antes de vir embora.