Depois de uma semana de férias no Alentejo, com temperaturas entre os 42 e 47 graus, nada como passar por Lisboa para retemperar forças e repôr líquidos perdidos ao sol. Para minha surpresa, durante a tarde de quinta-feira a temperatura não estava muito diferente; ainda assim, o evento que os Goliardos organizaram para comemorar o 5º aniversário realizava-se a escassos metros do Tejo, o que poderia ajudar.
Decidimos chegar cedo na quinta-feira, e a entrada não podia ter sido mais rápida: boa ideia a dos copos emprestados com a possibilidade de os identificar e a do catálogo com as informações dos produtores presentes (está bonito, e tem as informações mais relevantes). O espaço (A Margem, mesmo em Belém) é bonito e arejado, mas numa primeira análise pareceu-me pequeno para comportar um evento deste tipo. Eram cerca de 19h, e o sol ainda batia forte nas mesas, vinho e produtores - os baldes de gelo pareciam nunca ser suficientes...
Depois de passar pelas mesas onde planeei trincar alguma coisa entre as provas de brancos e tintos, a área do exterior estava muito bem populada com produtores Portugueses, Franceses, Espanhóis e Italianos. Confesso que não conhecia alguns dos produtores, o que só é positivo - conhecer coisas novas e/ou diferentes é sempre importante.
Começando pela entrada, encontrei o João Rico (Niepoort / Projectos) castigado pelo sol, tentando desesperadamente manter temperaturas minimamente aceitáveis nas várias garrafas. Ainda que conheça relativamente bem a gama de vinhos da Niepoort, encontro sempre coisas desconhecidas nos Projectos - foi o caso dos Riesling que me impressionaram. Prosseguindo o roteiro dos brancos, e imediatamente a seguir, tive oportunidade de provar a evolução do Branco dos Cozinheiros (da Quinta dos Cozinheiros) que ainda não saiu para o mercado (promete!). Segundo o que percebi, o Branco dos Cozinheiros 2004 está com alguma dificuldade em ser escoado, ainda que esteja em belíssimas condições para consumo (curiosamente tinha aberto a minha última garrafa duas semanas antes, e na primeira oportunidade vou aproveitar para reforçar o stock cá em casa).
Passei depois para alguns produtores estrangeiros que desconhecia e que me surpreenderam: Clos Roche Blanche, com dois Sauvignon (nº2 e nº5); Domaine Gonon e Clos Thou, já a caminho de me preparar para experimentar as tapas d'A Margem, logo depois de voltar aos Portugueses Pellada e Alento. Ainda que com uma ementa limitada (até porque o espaço é curto), os sólidos leves e rápidos foram adequados para preparar a ronda dos tintos. Entretanto, o público começou a chegar e o espaço ficou mais composto; o sol tinha descido (ficou fresco e muito agradável), mas foi necessário depois montar luzes que trouxeram novamente algum calor para os produtores.
Chegaram entretanto o Nuno e a Ema (e o rebento, que se estreou nestes eventos, fruto de uma formação de base que os pais estão motivados para lhe dar) e enquanto eles começavam a ambientar-se eu avancei nas provas dos tintos. No que diz respeito aos produtores Portugueses, já conhecia a maior parte dos vinhos - Niepoort, Ramos Pinto (o Duas Quintas Reserva estava fenomenal), Quinta do Mouro (a acabar no Rótulo Dourado, passando por toda a gama apresentada, é desnecessário sublinhar a qualidade), Saes e Pellada, Quinta dos Cozinheiros e Quinta do Infantado (nuns bons 15 minutos de conversa aprendi muito) - que confirmaram a qualidade que lhes é reconhecida.
Passando para os estrangeiros, e já com pouca capacidade de provar em condições, não pude deixar de passar pelo J. Palacios e, já de saída (o puto do Nuno e da Ema ainda não consegue estar muito tempo fora de casa, no meio de barulho e das muitas pessoas que entretanto estavam já no evento), passei por toda a gama do produtor Italiano Roagna (o Barolo estava absolutamente impressionante, mas o Barbaresco estava também muito bom).
Embora não tenha tido oportunidade de o fazer, achei também muito interessante o facto de os Goliardos terem criado uma forma de o público comprar alguns dos vinhos a preços mais interessantes, entregando uma lista à saída. É este tipo de eventos, com pequenas (mas importantes) ideias como esta que fazem com que o público se aproxime cada vez mais deste mundo do vinho.
Já agora - abraço ao pessoal do Adegga, que tive a oportunidade de conhecer pela primeira vez, foi interessante até porque pudemos falar um pouco do restyling que tinha acontecido nos dias anteriores.