A seguir a um almoço apressado e regado a água, chegamos atrasados à Graham's mas mesmo assim fomos recebidos com um sorriso pelo Raul Valle. Ao entrar, passámos no bar e vimos as garrafas que íamos provar, e talvez por isso tivesse sido demorado começarmos a fazer a visita (pareceu-me que o Nuno queria ficar para trás).
Para além da Graham's, fazem parte da Symington a Warre's, a Cockburn's, o Dow's e a Quinta do Vesúvio; o que implica que têm o maior stock de Vinho do Porto do mundo. A principal propriedade do grupo é a Quinta dos Malvedos (razão suficiente para darem o mesmo nome ao blog), embora tenham mais de 1300 hectares de vinha que para além do Porto alimentam ainda o Chryseia (schlep!) e o Post Scriptum, por exemplo.
A surpresa da tarde foi a visita à garrafeira de envelhecimento dos vintage, com muitas surpresas (as sete garrafas de 1868 são mesmo as únicas). Desta vez, não foi só o Nuno que não queria sair - vários de nós se queriam deixar ficar para trás, antes da prova.... Claro que depois de voltarmos ao bar (já agora, é um excelente local para visitar regularmente) já ninguem se lembrava da garrafeira. Por ordem, com um excelente acompanhamento do Raul (que comentou todos os vinhos provados), provámos os seguintes Vinhos do Porto:
Graham’s 30 Anos Tawny
Laranja/âmbar, com aromas a mel, caramelo, nozes. Revela um equilíbrio muito bom.
Nuno: 17 / Ricardo: 16
Graham’s 40 Anos Tawny
Cor semelhante ao 30 anos, com aromas a charutos, iodo, cola/verniz, casca de laranja. Está mais fechado que o irmão mais novo, mas é bem mais encorpado e elegante.
Nuno: 17 / Ricardo: 16.5
Warre's Colheita 1937
Cor acastanhada com laivos esverdeados, com enorme frescura e persistência, com um grande equilíbrio. Aromas de frutos secos (noz, amêndoa) e verniz. Sem dúvida um Grande Porto.
Nuno: 19 / Ricardo: 19
Graham’s Colheita 1961
Cor mais carregada, com muito boa acidez e aromas a tabaco, especiarias e chocolate. Acaba com um travo picante delicioso.
Nuno: 18 / Ricardo: 18
Graham’s Vintage 1963
Cor tijolo, aromas a compotas, cereja preta, frutas maduras, com um excelente equilíbrio, comprimento muito bom e persistência excelente (acho que ainda hoje continua...). O meu favorito, em conjunto com o Warre's 37. Diz o Nuno que se tivesse um buraco na nuca, o 63 ia parar ao fundo da sala.
Nuno: 19.5 / Ricardo: 18.5
Graham’s Vintage 1970
Menos aberto que o 63, com aromas a fruta madura (ameixas, cerejas pretas) com bastante acidez, doce e equilibrado mas com álcool a sobressair um pouco.
Nuno: 17.5 / Ricardo: 18
Graham’s Vintage 1980
Um vintage mais recente, com notas químicas, iodo, fruta madura, marmelo e um pouco vegetal.
Nuno: 17.5 / Ricardo: 16.5
Quinta do Vesúvio Vintage 1994
Enorme vontade de sair do copo, com fruta madura que se mastiga, e aparenta ter margem para enorme evolução. Sem dúvida um dos melhores.
Nuno: 19 / Ricardo: 18.5
Graham’s Vintage 2003
Um vintage ainda recente com cor carregada, muito frutado e fresco.
Nuno: 17.5 / Ricardo: 17.5
Quinta do Vesúvio Vintage 2008
Uma bomba de fruta com toques florais, excelente cor (método tradicional), e ainda com muitos taninos.
Nuno: 17.5 / Ricardo: 17.5
Esta prova acabou por ser bastante mais demorada e acompanhada passo a passo pelo Raul, não só no que diz respeito à história de cada um dos vinhos como também pela provocação, de início ao fim, sobre as nossas preferências.
Um enorme agradecimento ao Raul, que mesmo depois de nos aturar nos convidou a voltar (MESMO depois de eu lhe dizer que morava a poucos minutos de distância, o que é pouco sensato) ao muito bom ambiente que é a sala de provas da Graham's.