Mais uma vez, a José Maria da Fonseca organizou um evento para a blogosfera, demonstrando que independentemente de ser uma casa com uma longa História (ou se calhar, precisamente por isso) está atenta às novas formas de promoção, especialmente as que se baseiam no mundo digital.
Como de costume, muitas caras conhecidas à chegada, com a recepção sempre simpática da Sofia Soares Franco (a responsável pela área de Enoturismo) que nos deixou até ao último instante na expectativa da surpresa (a primeira de várias!) no início do dia. Não tardou muito, e estávamos todos a participar na vindima de uma pequena parte da colecção Ampelográfica - enfim, uns trabalhavam mais do que outros, como se pode ver em algumas fotografias (sim, Janeiro, estou a falar de ti) - que de facto foi diferente do habitual: à distância de poucos metros estávamos a vindimar diferentes castas, com as óbvias diferenças em termos de cacho, produtividade, cor, maturação, etc. Cada uma estava devidamente identificada, e fomos passando por algumas que deixo aqui registadas: Camarate Tinto, Pedral, Preto Castiço, Rabo de Ovelha Tinto, Gros Lot e Bastardo Magarastky.
Depois de acabada a vindima, ouvi dizer que as nossas acompanhantes fizeram uma segunda passagem, mas de certeza que não tiveram trabalho nenhum excepto onde andou o Janeiro, que tirava mais fotos do que uvas em cada cacho. De seguida, e com o acompanhamento do Eng. Domingos Soares Franco, tivemos a oportunidade de ver, na prática, a diferença entre clones da mesma casta (no caso, clones de Touriga Nacional).
De seguida, passamos directamente para a Adega onde fizemos uma prova muito interessante, de várias Castas em estágio em diferentes tipos de Madeira (Trincadeira, Touriga Nacional, Castelão e Tinto Cão) - um verdadeiro privilégio, uma vez que dali sairão as bases para o segmento super-premium - seguido de outro: uma vertical de Periquita - 1971, 1985, 1990 e 2010 - que demonstrou, se duvidas houvesse, a capacidade de envelhecimento e a qualidade deste verdadeiro ícone Português.
Passamos para o almoço, que por experiência sei ser nada menos do que excelente (ver José Maria da Fonseca Visita, Prova e Almoço Bloggers e Prova Moscatéis José Maria da Fonseca) com o Pasmados Branco 2008 - a discussão do costume relativa à cor - e o Hexagon 2005, num pamatar muito bom, mas na minha opinião ainda uns pozinhos abaixo do 2003, devidamente acompanhados pela receita já famosa do Bacalhau (tivemos oportunidade de conhecer a especialista nesta receita!).
Com a sobremesa viriam duas enormes surpresas, que me começam a deixar verdadeiramente espantado: a fasquia era elevadíssima, dada a surpresa da última visita (o Moscatel de Setúbal Superior 1955), mas de facto continuamos a ser surpreendidos: com a sobremesa chegariam do arsenal o Apoteca 1934 e Apoteca 1911! Neste patamar de excelência faltam adjectivos, e qualquer avaliação seria sempre injusta; no entanto as minhas conclusões verificam-se em todas as visitas: esta grande Casa tem como característica recorrente a qualidade (patente na vertical de Periquita e nos enormes Apoteca), mantendo no entanto a vontade de se desafiar continuamente com novas experiências e a aprendizagem recorrente. É igualmente de sublinhar, novamente, a enorme generosidade. Sinto-me agradecido por mais uma verdadeira experiência inesquecível.
Não posso deixar de referir a visita à Adega, onde pudemos ver o resultado da nossa vindima (devidamente qualificado por alguém que sabia o que fizemos): "melhor do mundo e arredores".