Nome: Torre de Tavares Jaen
Tipo: Tinto
Colheita: 2007
Região: Dão
Castas: Jaen
Graduação: 13%
Produtor: João Tavares de Pina
Preço: 10-20€
Apesar de o Jaen ser uma casta presente no Dão já desde o século XIX (pelo menos é o que dizem), parece ter sido quase condenada ao esquecimento. Tirando 2 ou 3 produtores, quase ninguém tem um varietal de Jaen e mesmo quando está em lote poucas vezes é referida. Já em Espanha, também conhecida por Mencia, tem sido bastante melhor tratada dando origem a grandes vinhos, especialmente em Bierzo. Este Torre de Tavares é um desses raros exemplos da casta no Dão e, infelizmente, já restam muito poucas garrafas.
No nariz é um vinho que começa logo a dividir opiniões. Muito vegetal, faz-me até lembrar alguns vinhos que levam engaço, mas penso não ser o caso. A maior parte dos aromas encaminham a mente para o bosque: caruma de pinheiro, terra, trufas... Fruta? Há. Mas não é essa a estrela da companhia.
Na boca foi um vinho que serviu para eu aprender mais qualquer coisa. É muito comum encontrar vinhos com boa acidez mas que têm alguma doçura que faz com que a acidez não se sinta tanto. O contrário já não é tão normal. Como o vinho tem boa presença dos taninos, um carácter vegetal e secura, pareceu-me ter uma boa acidez.
No entanto, meti uma daquelas fotos mete-nojo no Facebook com este vinho e comentei que tinha boa acidez. O produtor viu e esclareceu-me que eu estava enganado, pois o vinho tem uma acidez baixa, próximo de 5g/l. Para não saírem já da página a pensar "este gajo é parvo e anda para aqui a falar de valores que ninguém percebe", dou o exemplo do famoso Monte Velho, que segundo a ficha técnica do 2012 tem 6,86 g/l. É o toque vegetal do vinho é que dá essa sensação de frescura e agora que abri mais uma, e esgotei o meu stock pessoal do vinho, provei com mais atenção para o perceber melhor.
O que não mudou de uma vez para a outra foi o gozo que o vinho me deu. Lembrei-me dele quando estava a grelhar uma costeleta de vitela e não me falhou.
Nuno: 17