Quando for grande quero comprar uma quinta para fazer vinho. Já sou grande? Ok, então quando me sair o Euromilhões. É pouco provável isso acontecer? Está bem, mas não desisto. Assim como não desistiram Tony Smith e Marcelo Lima, ex-jornalista britânico e empresário brasileiro, respectivamente. Tinham este sonho e meteram-no em marcha quando ambos viviam no Brasil. Com a vantagem de não precisarem da parte do Euromilhões.
E é aí que aparece a Quinta de Covela, um dos produtores de vinho mais interessantes (para mim) que por cá andava. Um produtor que não seguia modas e trilhava o seu próprio caminho. Ainda por cima sendo de uma região onde (dizem) o consumidor pede vinhos acabados de engarrafar, o Vinho Verde, mas já com algumas características da região vizinha, o Douro.
Foi com muita pena que vi a Quinta de Covela desaparecer do mapa, tendo estado 2 anos em completo abandono até o duo referido acima a ter conseguido comprar em leilão. Foram repescar Rui Cunha, enólogo “desde sempre” da quinta, e Gonçalo Sousa Lopes para a viticultura para dar continuidade ao projecto sem grandes sobressaltos.
Depois de um grande trabalho de recuperação na vinha já produziram algum vinho, ainda que timidamente, em 2012. Em 2013 as coisas já estarão mais compostas o que até lhes permitiu aparecer no Café Lisboa, de José Avillez, com mais referências.
Foi num ambiente descontraído que o bem-disposto Tony Smith começou a apresentar os lançamentos da Covela para este Verão. Verão esse que ainda está a demorar mais a aparecer do que eu demorei a terminar este post. Ainda ouvimos Rui Cunha e Gonçalo Sousa Lopes a falar das suas respectivas áreas enquanto o nosso amigo Vitor Mendes (Export Manager), qual sommelier, nos dava a provar as novidades.
E foram 4 essas novidades. Primeiro 2 monocastas de 2013, denominados Edição Nacional. Avesso e Arinto (este é uma estreia). Ambos muito frescos, o primeiro menos falador e mais mineral e o segundo mais pronto e exuberante. Custa-me dizer qual gostei mais. À mesa, com as fantásticas Vieiras Marinadas com Abacate do chef Avillez foi o Arinto que me encheu as medidas. Mas o Avesso claramente vai melhorar na garrafa. Diz quem o voltou a provar já este mês que “agora é que está bom”. Aparentemente poderá ser encontrado “num Pingo Doce perto de si”, mas já fui a 2 e não tive sorte…
Mudando a cor para mais uma estreia, o rosé 2013, com origem numa parcela de Touriga Nacional. Um rosé sério. Assumidamente um rosé à imagem dos rosés de Provence. Vai bem para a esplanada mas à mesa ainda se dá melhor.
No fim o meu preferido, o Escolha Branco 2013. Este então estava novíssimo. A mostrar-se com elevada complexidade, apesar da juventude. Eu que gosto de vinhos brancos com mais uns anos claramente vou querer prová-lo daqui a uns anos. Na minha opinião deu tareia à vieira e deu-se lindamente com o Bife à Café Lisboa.
Tivemos ainda um preview do Covela Escolha Tinto 2012, que não fazia parte da apresentação desse dia e, por isso, fica para outras núpcias. Isso e o “intruso” Moscatel Secret Spot 40 anos… ai.
Uma palavra para o Café Lisboa, do qual fiquei com uma impressão bastante positiva, apesar do prato das vieiras aparentemente não ser de lá mas sim da carta do Cantinho do Avillez. De quaquer forma, o bife à café (sem café) e a torta de laranja mereceram ser revisitados.
Quanto à Covela, é muito bem-vinda de volta.