Um dos destaques no Essência do Vinho são as provas especiais, tipicamente comentadas e onde o visitante tem a oportunidade de passar por uma experiência invulgar ou até única. Neste ano, uma das provas foi precisamente uma harmonização do Chef João Rodrigues (do Feitoria) com os vinhos de um produtor apenas agora lançado com rótulo próprio, Vasques de Carvalho.
O stock de vinhos que estão na posse da família (desde 1880), com tradição neste negócio embora historicamente sem recurso a esta marca, é parte significativa da qualidade destes vinhos.
A harmonização decorreu no arejado e espaçoso salão árabe, onde o Chef João Rodrigues fez desfilar, devidamente alinhados com o portfolio da recém-lançada marca, várias iguarias.
Confesso que fiquei absolutamente surpreendido com o primeiro: cerejas e foie-gras com o Porto Tawny de 40 anos a abrir as hostilidades. Não foi o casamento que me surpreendeu, mas o facto de se começar pela jóia da coroa: um Porto de 40 anos com enorme complexidade, um nariz expressivo e boca marcante e muito persistente (tabaco, cacau, mel e um toque de vinagrinho).
Seguir-se-iam os branco e tinto da casa (Oxum Branco e Tinto), ambos frutados e com acidez adequada, fáceis de beber e disponíveis (pelo menos este ano) apenas em versão magnum. O X-Bardos tinto, essencialmente com vinhas velhas de Touriga Nacional, TInta Roriz e Touriga Franca (breve passagem em madeira) seria casado com pá de cabrito de leite e cevadinha de chouriço ibérico, relevando os característicos aromas de frutos vermelhos e especiarias.
A prova acabaria com o Tawny 10 anos casado com toucinho do céu (complexidade alinhada com este patamar de qualidade, acidez qb e nariz bastante expressivo) e de seguida o retorno ao Tawny 40 anos com cimbalino de chocolate e toffee. Garanto que o 40 anos ainda se sentia no copo no final da noite!
Entretanto acabou de ser lançado um pack de 100 anos que inclui os quatro tawny (10, 20, 30 e 40 anos).