Nesta dinâmica de eventos há-os de grande escala para o público em massa, os intimistas (em garrafeiras e outros locais) e os eventos de nicho. Apercebo-me que cada vez mais estou interessado nos eventos de nicho (quando o nicho me cativa), sendo participante habitual de alguns. Neste caso, trata-se de um nicho de nichos: uma prova (provavelmente irrepetível) de vinhos do Dão de uma única casta - o Encruzado - com a participação de vários produtores, em particular com algumas verticais que permitissem perceber o potencial de evolução da casta.
Se não estou enganado, a ideia começou numa rede social; alguns mostraram-se interessados no meio da conversa, e alguém fez acontecer (gosto desta dinâmica: encontra-se uma ideia, aparecem interessados e voilá). Algumas dezenas de curiosos viajaram, num belo sábado excessivamente molhado, para o Dão - a Quinta dos Roques foi o palco - para se deliciarem com algumas verticais de Encruzado de vários produtores, cada um com a sua interpretação. A organização - boa malha, Pingus - foi descontraída e tanto quando me apercebi de forma a não limitar a experiência de quem participou, como é apanágio deste ávido defensor do Dão que tem dificuldade em aguentar umas bolhitas da Bairrada... O anfitrião - Quinta dos Roques - que muito bem nos recebeu a todos os níveis preparou nada menos do que uma vertical com 8 referências: 1998, 2001, 2002, 2004, 2007, 2014, 2015 (versão inox e barrica nova) para abrir as hostilidades. Logo de seguida, a Quinta das Marias apresentou os 2008 e 2009 (impressionantes), 2011, 2012 e 2015. Dois perfis de dois produtores diferentes.
Casa da Passarela, Casa de Mouraz, Quinta do Serrado, Munda (enorme vertical: 2005, 2006, 2009, 2011, 2013, 2014), Perdigão, Falorca (2010, 2012, 2013, 2014, 2015 - pena não ter sido possível ter o Mário presente), Quinta da Fata, Quinta dos Carvalhais, Casa Américo. Apareceriam petiscos para aconchegar o estômago (ai aquele queijo.....), em qualidade e quantidade. A tarde foi bem passada. Ficou a ganhar o Encruzado, o Dão, o movimento #daowinelover, os produtores presentes e evidentemente - é justo sublinhá-lo - o anfitrião Quinta dos Roques.
O título inclui a referência ao ano - 2016 - de forma pouco inocente: gostaria de participar em eventos semelhantes no futuro. Sinto-me bem nos nichos. Negócio à parte - porque é disso, no limite que se trata - o ambiente é excelente. Estão todos de parabéns.