Young Winemakers of Portugal - apresentação
A Ema apanhou-me no meio de uma conversa com o Nuno (tipicamente com a presença de corantes), e deu-me duas excelentes notícias de uma só vez: os Young WineMakers (que já tínhamos conhecido no Adegga Wine Market do ano passado) iam fazer uma apresentação no G-Spot, e que eu estava convidado. A equipa dos Young Winemakers estava toda presente, e foi interessante perceber que, independentemente das óbvias diferenças, estão perfeitamente confortáveis com a concorrência salutar (que até nem é tão evidente como isso, uma vez que perseguem estilos diferentes) entre todos.
Um elogio ao local: no Gspot tudo esteve num patamar de qualidade muito acima do normal; o Manuel Moreira acompanhou toda a prova, com a disponibilidade e abertura que o caracterizam. O GSpot é um sítio especial...
O grupo de jovens enólogos - que tem experiência comprovada noutros vôos - começou por perceber que, à semelhança de outros grupos, podia beneficiar com a partilha de custos de stand em eventos (pelo menos no Adegga Wine Market do ano passado), e logo concluíram que a partilha de experiências e estratégia de ataque aos mercados traria vantagens a todos. Depois de uns minutos em amena cavaqueira com os presentes, os Young WineMakers espalharam-se pelas mesas e eu fiquei entre o Carlos Janeiro, o João Pedro Carvalho e o Luís Patrão (existem duas explicações para o nome do Vadio: uma está relacionada com uma história de touros, muito rebuscada; a que me parece ser verdadeira demonstra que o nome está de alguma forma ligado ao comportamento dele durante o período em que era estudante).
A prova começou com o belíssimo CLIP da zona dos Vinhos Verdes (Clip do Monte da Vaia Loureiro 2011), um Loureiro perfeito para a ocasião - estava calor que se fartava - que será o meu candidato a companhia para o verão; citrino e muito mineral, bastante fresco e seco. O Camaleão Sauvignon Blanc 2011 é tropical e seco, com boa acidez e toque mineral; durante o jantar ficou desalinhado com o Creme de Chufas com Foie Gras, mas o consenso foi de que ganharia imenso com um peixe grelhado (e vem aí o tempo dele).
Chegou entretanto o André Ribeirinho - que nem debaixo de tortura se descaiu com pistas para o vencedor do Concurso Mundial de Vinhos - e passamos ao Contraste 2010, com aromas citrinos, frutos secos e madeira, com frescura e mineralidade; está muito bem posicionado em relação à concorrência para o mesmo patamar de preço. Ainda das mãos da Rita Marques chegaram o Conceito 2010 Branco, um dos meus preferidos (fruta madura, madeira, acidez - frescura - e mineralidade em perfeito equilíbrio, com uma persistência excelente) e o Conceito Nova Zelândia Sauvignon Blanc 2011 (muito tropical como seria de esperar, perfil seco e frutado).
O Hobby Alentejo 2010 (Antão Vaz) e o Hobby Tejo 2010 seguiram-se, sendo o primeiro tropical - aromas contidos de ananás e vegetal, mais evidentes na boca, com acidez adequada - e o segundo cremoso, fresco, com fruta e muito fácil de beber; ambos estão especialmente cuidados no que diz respeito à madeira, que é q.b. Este havia de acompanhar uma Espuma de batata com crumble de especiarias, prato que gerou alguma discussão entre os presentes, pela curiosidade sobre a forma de o confeccionar.
O Luís Patrão passou pelo Vadio Branco 2010 - o tal que tem um nome cuja origem é curioso - que ficou marcado na memória como uma referência de futuro: Cercial e Bical da Bairrada, com aromas atrevidos de laranja, ameixas (só lá cheguei com a sugestão do Carlos Janeiro) e toque mineral, muito boa acidez a combinar com um corpo adequado, e final seco.
Haveria ainda de acompanhar o peito de novilho estufado com molho de alcaçuz e couscous o Hobby Tinto 2008 onde são evidentes as excelentes notas de fruta vermelha e especiarias, taninos bem presentes (o que justifica acompanhamento à mesa), fruta madura e final longo. Acho que foi de propósito que se fez acompanhar o Vadio tinto 2007 com um vadio de borrego com ketchup de pimento. Como já não estou ao lado do Luís Patrão já posso dizer o que me apetecer - e de facto digo-o sem hesitar: este Vadio Tinto foi de todos o meu preferido, a mostrar todo o potencial da Baga com a combinação perfeita de madeira (fruta preta, especiarias e toque de tabaco; acidez excelente e ... acho que no dia seguinte ainda não tinha sentido o final). Ouvi dizer que vai estar no Adegga Wine Market (daqui a uns dias) para quem quiser provar.
O final chegaria com uma cabidela acompanhada pelo Conceito Tinto 2007, que se apresenta com fruta vermelha madura, na boca vinca a presença (não nos podemos esquecer que tínhamos acabado de passar por um Baga...) e com uma madeira elegante. A sobremesa foi nada menos do que excelente: bolo de chocolate e alfarroba com sorvete de framboesa acompanhado pelo Conceito Vintage 2007 (ainda muito jovem). Dizem que ainda se provou um Hobby abafado, que está muito interessante (acho que o Carlos Janeiro encomendou umas paletes no Natal passado...).
Daqui a alguns dias realiza-se o Adegga Wine Market, onde está confirmada a presença dos Young Winemakers. Aproveitem para provar e - possivelmente - comprar a preço especial. Eu já fiz a minha lista, e todos os que referi serem os meus preferidos estão incluídos.
Por fim, reafirmo o que disse inicialmente: o GSpot é um excelente restaurante a todos os níveis; as condições do local, a qualidade dos pratos, a criatividade e a amabilidade de todo o pessoal estão num patamar muito elevado.