Os Nocturnos da Damasceno
Com a aproximação das férias, foram vários os produtores a convidarem-nos para eventos. Quase todos tiveram a pontaria extraordinária de escolher datas em que foi completamente impossível qualquer um de nós os 3 comparecer.
Uma das raras excepções foi esta apresentação dos vinhos Nocturno da Damasceno, no dia 12 de Julho, que só não teve o pleno porque a Ema se lembrou de apanhar uma virose e teve que ficar em casa.
Os vinhos Nocturno são a nova gama de entrada deste produtor e foram assim baptizados porque as vindimas são feitas à noite, com o objectivo de obter um grau alcoólico mais moderado e uma maior frescura.
Num final de tarde quentinho, fomos recebidos (excepção feita ao André Ribeirinho, que estava mais com ar de estar a receber do que a ser recebido, pois quase parece dono da casa) no piso inferior do Restaurante Rubro do Campo Pequeno com o rosé Damasceno 2010. Não era para estar no centro das atenções naquele dia, mas encaixou-se bem na função de desbloqueador de conversa.
Ainda antes de partirmos para os comes no piso de cima, começou a ser servido o primeiro Nocturno da noite, branco, da colheita de MMXI. Sim, quem quiser saber a colheita ainda tem que saber numeração romana. Fez-me lembrar os tempos das moedas escuras de X centavos, o que deve querer dizer que estamos a ficar velhos. Feito a partir da casta Moscatel, tem um aroma exuberante, com destaque para os florais, e uma frescura muito viva. Ideal para “esplanar”, mas continuou a ser bebido com as tapas do Rubro (setas salteadas, provelone na chapa e ovos rotos) e também ligou muito bem. O Ricardo e o André não se calavam e o branco ia desaparecendo, o que prova que não são só as mulheres que conseguem fazer mais do que uma coisa ao mesmo tempo.
Foi então tempo para passar ao tinto, também de 2011 (pronto, os mais novos escusam de ir ao Google ver o que é MMXI). Feito com Syrah, Aragonez e um cheirinho de Castelão. Apesar de ter passado parcialmente por barricas, ao contrário dos irmãos tintos Damasceno a madeira pouco se sente no nariz. O foco é mais na fruta e um ligeiro toque vegetal. Na boca também é um vinho fresco, com bom corpo e que pede carne. Para esse efeito veio um Chuletón de Buey mal passado.
Gostámos dos vinhos, que ainda por cima apresentam um belo preço para o que são (cerca de €5), e da imagem. Apesar de, conforme constatámos todos, os rótulos serem difíceis de fotografar de forma a captar tudo o que interessa.
Só faltou haver um Nocturno Moscatel Roxo para terminar em beleza com o bolo de chocolate, assim teve que se arranjar um plano de contingência (um Porto LBV).