Rei dos Leitões
A Bairrada é conhecida pelo leitão, pelo que não é de estranhar que tudo o que seja restaurante ostente a palavra do dito animal no nome. O grande problema é que, no meio de dezenas e dezenas de restaurantes, se houver uma dúzia que se aproveite é uma sorte.
Leitão ainda vá, mas encontrar algum que tenha outros pratos decentes começa-se a tornar numa missão hercúlea. Se a isso juntarmos um serviço minimamente competente, o grau de dificuldade assemelha-se a encontrar uma agulha num palheiro. E nem vale a pena falar em cartas e serviço de vinhos, pois não?
E é aí que entra o Rei dos Leitões. Já tínhamos ouvido falar neste restaurante precisamente por causa da carta de vinhos, e como íamos de Coimbra para Anadia após o Refresh aproveitámos para experimentar lá jantar.
A primeira impressão é boa. Um espaço que levou uma remodelação recente por dentro e por fora (para ser sincero, passo ali centenas de vezes e não me lembro do restaurante há uns anos atrás) e em que qualquer apreciador de vinhos não resiste em ficar retido logo à entrada, a ver a garrafeira.
Depois na mesa a coisa ainda melhorou mais. Começando pelas entradas, com um belíssimo presunto, queijo de Azeitão, empadas, etc.
Como nos fartamos de comer leitão todo o ano, decidimos optar por outro prato. Foi-nos aconselhado um rosbife, feito com uma carne belíssima que se desfazia na boca. O único “defeito” neste prato foi o excesso de acompanhamentos, que acaba por nos dispersar (e no fim fazer rebolar). Destaque para o feijão verde vindo directamente da Horta do Rei, que se localiza mesmo ali ao lado do restaurante.
Mas para não pensarem que vou escrever isto sem falar no leitão, levámos lá alguns amigos (nossos e do vinho) este fim-de-semana e aproveitámos para provar o dito cujo. Como gajo esquisito que sou, leitão para mim não pode ter muita gordura, o sabor da pimenta não se pode sobrepôr ao resto, a pele tem que estar ultra-estaladiça para que a consiga comer e é quase necessário um milagre para repetir a dose. Este cumpriu todos os pontos, inclusivamente o último, o que o fez entrar para o meu pódio.
Nesta última vez ainda vieram para a mesa uns negalhos - o bucho da cabra recheado com carnes e enchidos e cozinhado da mesma forma que a chanfana - e chanfana, que um dos presentes pediu quando nos perguntaram o que queríamos de sobremesa. Aqui, apesar de bons, não podemos colocá-los ao nível dos melhores que já comemos.
E o que dizer dos vinhos? Carta extensa, com a particularidade de vir com os preços ordenados do mais caro para o mais barato, dentro de cada região. Com a Bairrada bem representada, a lista extende-se a todo o território nacional e não só. A título de exemplo, já que falando de leitão temos que falar em espumante, além de muitos espumantes bairradinhos encontramos muitas referências da Murganheira e Champagnes com fartura.
Mas o melhor são os preços. Por exemplo, dos que bebemos, o espumante Quinta da Mata Fidalga Reserva Pessoal 2006 que cheguei a comprar na altura no produtor por 15€ e ali estava por… 16€! Ou um Luís Pato Vinhas Velhas branco 2011 por 9.50€. E ainda havia muito bom vinho abaixo disto. Obviamente que não têm todos preço de garrafeira, mas mesmo nos que têm margem maior há muita sensatez, não andam a duplicar ou triplicar preços.
Quando vemos preços destes vamos sempre pedir, enquanto se nos aparecem vinhos por 15€ que custam 3 ou 4 no supermercado aí, meus amigos, bebemos água. O que é certo é que olhávamos para as mesas à volta e estava tudo a beber bom vinho.
Ainda houve espaço para as sobremesas, até porque já tínhamos pedido para decantar um Porto Vintage de 1983. Gostei muito da minha, cujo nome não me lembro, mas basicamente era o “Melhor Bolo de Chocolate do Mundo” com uma bola de gelado e fios de ovos, mas o leite creme, com o espectáculo audiovisual da queima a ser feito na mesa, também teve bastantes elogios.
Vinhos do Porto à parte - que, aliás, estão listados na carta a copo a preços bastante simpáticos - as refeições com entradas, sobremesas e vinhos ficaram-nos entre os 25-30€ por pessoa. Nos dias que correm não posso dizer que é barato senão chamam-me nomes mas, face ao que se comeu e bebeu, menos é difícil.
Antes de terminar, não posso deixar de falar no serviço. Competente, simpático, atencioso. E mesmo com muitas caras conhecidas na sala (actores, políticos, produtores de vinho, etc) nunca, em nenhum momento, nos sentimos tratados de maneira diferente. E para mim isso vale ouro.
Morada: Avenida da Restauração 17
3050-382 Mealhada
GPS: 40.390064,-8.450783
Telefone: (+351) 231202093
Telemóvel: (+351) 968123084
Email: [email protected]
Web: http://reidosleitoes.pt
Facebook: https://www.facebook.com/restaurantereidosleitoes/
Horário: Todos os dias das 9h00 às 24h00. Encerra às Quartas-feiras.