RIPstaurantes

RIPstaurantesEste ano que acabou de passar, com a núvem da crise a pairar por cima, foi bastante negro para a restauração. E adivinha-se que 2013 vá ser tão mau ou pior.

Não tanto pela crise, mas por um outro conjunto de circunstâncias, o meu consumo de jantares em restaurantes tem andado muito reduzido nos últimos anos. Assim, quando o faço, prefiro pagar mais por alguma coisa que valha mesmo a pena. Já não tenho paciência para batatas pré-fritas, saladas temperadas com vinagre do pacotinho de plástico, etc. Só vale a pena se for para comer coisas que não dão jeito fazer em casa (por exemplo peixe assado na brasa), ou para ir a restaurantes que marquem alguma diferença.

Era na segunda opção que se enquadravam 3 restaurantes de que já tínhamos aqui falado e que fecharam portas em 2012: O Bocca, o Tombalobos e o Gemelli. Além de uma criatividade (e em muitos casos a técnica) que eu não tenho, chateiam-me particularmente estes fechos por serem restaurantes que tratavam bem o vinho. Custa-me menos ver fechar restaurantes que têm o vinho a levar com luz e calor em cima e os servem tipo caldinho.

Além disso, olhando um bocadinho para o nosso umbigo, a nossa secção de restaurantes transformou-se um autêntico cemitério, o que até obrigou a criar uma subsecção como histórico só para os encerrados. Mas, no fundo, sinto ter uma quota parte de culpa no fecho dos 3 pois não fui a nenhum deles em 2012. Mas há tanta coisa para experimentar que, mesmo que fosse conhecer um por mês, nem sei quantos anos demoraria até conhecer todos. E nem era preciso sair da zona de Lisboa.

Não entro nas discussões filosóficas sobre se a crise tem as costas largas, como costuma acontecer nestas alturas. Deixo isso para os treinadores de bancada. Vou antes recordar os melhores momentos que passei em cada um deles:

Bocca: O casamento magnífico entre o pregado com molho de mexilhão e pinhões com o Senhor da Adraga branco 2009. É nestes casos que um escanção pode marcar a diferença. Mostrou trabalho de casa, não foi para as escolhas óbvias e isto resultou numa combinação que elevou o prato e o vinho a um nível que sozinhos nunca lá chegavam. Grande Ricardo Morais!

Tombalobos: Não tenho tanta memória deste, tirando o que escrevi na altura sobre ele, pois já passaram quase 5 anos. Mas como fã incondicional de pataniscas, recordo as que lá comi como umas das melhores (senão mesmo as melhores) que comi até hoje.

Gemelli: Sem sombra de dúvida o tártaro de vitela barrosã com alho francês, azeite de rucola e “crocante” de queijo Grana Padano no jantar “Os grandes vinhos para 2010/2011” organizado lá pela FlyingWines. Dos melhores pratos que já alguma vez comi... e não gostava de tártaro até àquele dia. Ainda por cima foi “regado” a Barca Velha! cool

Resta-me fazer uma lista dos restaurantes a visitar em 2013 e esperar que não fechem até eu lá ir.

Aceitam-se sugestões e não é preciso ser em Lisboa, é preciso é ter um serviço de vinhos decente!