Arquivo de artigos sobre restaurantes e wine bars que já encerraram.
Já andávamos para ir ao Bocca há muito tempo. Primeiro foram aquelas situações que nos acontecem com frequência, que é querer ir a algum lugar que não conhecemos e não nos lembramos de nada... até ao dia a seguir. Depois veio o filhote e estivemos no pré e pós nascimento dele numa quarentena de jantares fora.
Mas, finalmente, a oportunidade surgiu. A creche do garoto volta e meia tem uma noite especial para os pais e ficam com eles até à 1 da manhã. Aqui só para nós, às 22h já lá estávamos para o ir buscar... Somos uns progenitores galinácios, é verdade.
Para variar, estivemos até à última para escolher onde ir jantar, mas uns dias antes o nosso amigo André Ribeirinho tinha publicado no Facebook umas fotos no Bocca a meter nojo ao pessoal, o que acabou por facilitar a escolha. Isso e o interessante blog da equipa de cozinha deles.
Chegámos cedo e fomos encaminhados para a mesa que tínhamos reservado enquanto dávamos uma olhada à volta. Decoração com muito gosto, moderna mas sóbria qb, referências à cidade de Lisboa em alguns painéis, muitos espelhos a dar uma sensação de mais espaço do que realmente tem e, para mim a cereja em cima do bolo, a enorme vidraça que permite ver a equipa de cozinha em acção.
Na altura havia 2 menus de degustação à escolha, em que um deles tinha mais 2 pratos que o outro, e o menu à carta. Optámos por ir para o menu mais pequeno (amuse-bouche mais 4 pratos), até porque aqui o esquisito não gostava de 2 dos pratos do menu maior, e porque para comer 3 ou 4 pratos acabava por ficar mais caro do que o menu.
Não me vou alongar muito sobre os pratos propriamente ditos, até porque a carta vai mudando e já não é a mesma, mas sim sobre a experiência gastronómica em si, que será o que interessa a quem ler isto com ideias de ir lá comer. É um restaurante de cozinha moderna, aqui e ali com algumas referências de pratos típicos portugueses, mas sempre como apontamento. Começou com um amuse-bouche de abóbora e enchidos (acho que era isto, mas não tomei nota e a minha memória não chega para estas coisas), seguido por um fresco salmão mergulhado em vichyssoise de maçã e seu sorbet, um carpaccio de pato com chalotas e chutney de ananás (potente!), um pregado com molho de mexilhão e pinhões e, como sobremesa, "arroz doce", que era um gelado de limão regado com creme de arroz doce. O que gostámos menos foi da sobremesa, embora o contraste do limão com o doce tivesse alguma piada. Quanto ao que gostámos mais é difícil dizer. No meu caso acho que gostei mais do pregado, apesar de conhecer algumas pessoas que acharam o contrário. Mas a tarefa de vir a seguir ao pato era complicada, eu trocaria a ordem destes 2 pratos.
Ingredientes de elevadíssima qualidade, a maioria nacionais, boa integração dos sabores e uma confecção dos pratos com elevado nível de afinação. Até pela calma com que se trabalhava na cozinha, dava a sensação que podiam fazer aquilo de olhos fechados que não haveria grande lugar a falhas. Faltou apenas o “factor uau”, um prato daqueles que ficam para sempre na memória.
Como não há fome que não dê em fartura, passado menos de um mês estávamos lá novamente, mas para almoçar. Era preciso tirar fotos de jeito, porque as do jantar estavam muito más! Ao almoço havia um menu de almoço de valores mais acessíveis do que ao jantar, com pratos de mercado de rotação semanal, que foi a nossa escolha. Curiosamente, não achei que esses pratos ficassem nada a dever aos do jantar e foi um risotto de lima com vieiras grelhadas, comido nesse almoço, o prato que mais recordações me deixou deste restaurante.
Infelizmente em Janeiro deixaram de haver almoços no Bocca. A boa notícia é que passaram a haver pratos de mercado ao jantar e um menu sugestão, tornando possível baixar um pouco o preço do jantar.
Se ainda não adormeceram a meio do texto - a minha capacidade de síntese está fraca - tenho ainda que dedicar umas palavrinhas ao serviço. A não ser que nós e as pessoas que aconselhámos a ir lá tenhamos todos tido uma sorte descomunal, será muito difícil encontrar melhor serviço de sala em Lisboa. Se há coisa que detesto é em restaurantes, mesmo dos caros, ter que passar a vida a chamar os empregados para tudo. E então se tiver o azar de apanhar engravatados numa mesa ao lado nem se fala, às vezes até chego a pensar fotografar-me a mim próprio para verificar se não me tornei invisível. No Bocca em momento nenhum foi preciso chamar ninguém para nada, apareciam sempre nos momentos certos. Nem a presença de um ex-ministro umas mesas ao lado fez sentir que havia tratamentos preferenciais.
Não posso deixar de destacar o trabalho do Ricardo Morais, que agora acabou de ganhar o prémio de Escanção do Ano da Revista de Vinhos, tanto na elaboração da carta de vinhos, como no serviço na sala e no grande estudo da harmonia entre pratos e vinhos. Se eu fosse alterar alguma coisa nas sugestões dele para os pratos só ia estragar. Com vastas opções a copo, demos liberdade total para sugerir os vinhos e nunca seguiu o caminho mais fácil de ir buscar vinhos mais caros. Pelo contrário, aconselhou-nos muitas coisas menos conhecidas, de boa relação preço/qualidade, que casaram sempre na perfeição com os pratos. Recordo várias vezes com satisfação a combinação do pregado com um Senhor D'Adraga Branco ali da zona de Colares, do qual nunca tinha ouvido falar até àquele dia.
A parte mais custosa ficou para o fim, o preço. Pagámos cerca de €60 por pessoa com vinhos, o que torna difícil ser cliente regular, pelo menos para a minha carteira. Mas não há milagres, a qualidade dos ingredientes e as excelentes equipas de cozinha e sala não se pagam sozinhas. Mas será sempre uma das minhas minhas primeiras opções para ocasiões especiais
Morada: Rua Rodrigo da Fonseca Nº87-D
1250-190 Lisboa
GPS: 38.723923,-9.154208
Telefone: (+351) 213808383
Fax: (+351) 213808387
Email: [email protected]
Web: http://bocca.pt/
Facebook: https://www.facebook.com/RestauranteBocca
Twitter: http://twitter.com/BoccaLisboa
Horário: Encerrado
Este é um daqueles casos em que passámos anos a dizer “temos de ir lá” mas, ainda hoje não sei explicar porquê, nunca tinha calhado.
Foi preciso o Facebook e o Twitter, em que o Gemelli está sempre bastante activo, para finalmente nos mexermos e irmos lá jantar. A desculpa foi um menu promocional para os fãs nestas redes sociais, com 4 pratos, água, 2 vinhos a copo e café por €29.
Como fomos na véspera de um fim-de-semana prolongado, Lisboa estava quase deserta, e também o restaurante. Arranjámos lugar para estacionar à porta e, durante largos minutos, tivemos o restaurante só para nós. O que foi bom para poder fotografar à vontade sem chatear os outros clientes.
O espaço não é muito grande mas é folgado, com bastante espaço entre as mesas. Decoração sóbria, com um quadro que já se tornou imagem do espaço (ainda não tinha ido lá e já o conhecia) a destacar-se ao fundo da sala.
Após nos meterem o couvert na mesa com pão e focaccias deliciosos, apesar de já sabermos o que íamos comer, demos uma olhada ao menu. Há uma página com pratos em separado, mas os menus de degustação acabam por ser a melhor opção (relação preço/qualidade). Há um de 4 pratos por 29€ e um com 7 pratos por 52€. Este de 7 pratos tem a particularidade de ser um menu surpresa, em que estamos completamente nas mãos do chef.
Ao almoço há ainda um menu “Gourmet Express” com entrada, prato, sobremesa, água, vinho e café, por 19€.
Tenho que voltar atrás e falar novamente no couvert... Eu adoro pão. Para um viciado em pão como eu, é um regalo apanhar um couvert com pão tão bom. Se há coisa que me irrita é o raio dos restaurantes quase todos terem aquelas porcarias “pré-fabricadas” a que chamam pão.
Antes dos 4 pratos do menu, tivemos ainda direito a um amouse-bouche que, como tenho a mania que ainda tenho 18 anos e me lembro das coisas, não apontei o que era e esqueci-me...
A entrada foi uma crostatina (tipo uma tarte pequena) de courgette e mozarella com chutney de pimentos. O problema é que a minha úlcera duodenal e os pimentos fazem uma combinação explosiva. Prontamente se ofereceram para me trocar o prato mas como tinha Ulcermin® à mão, o problema ficou resolvido sem ser preciso trocar. A crostatina estava estaladiça e o seu sabor suave era bem compensada pela pujança do chutney, fazendo uma combinação interessante.
De seguida veio um fettuccine de azeitona com pesto de mangericão e atum desidratado. Eu normalmente nem sou muito de massas com animais do mar, mas gostei bastante deste prato e combinou na perfeição com o Brunheda reserva branco que escolheram para o acompanhar.
Seguiram-se uns cubos de peru salteados em agridoce com arroz aromático de legumes e molho de caju. Foi o prato que menos gostei. Não posso dizer que não gostei, pois estava bem confeccionado e a combinação não é uma coisa banal que se coma em qualquer lado. Apenas não impressionou.
Para finalizar um “bolo de maçã da avó” com ragôut de fruta tropical e molho de caramelo, fofo, com frutinha boa para desenjoar.
Relativamente a vinhos, estamos a falar de um dos restaurantes de Lisboa que melhor trata o vinho. Além de uma extensa e muito bem elaborada carta de vinhos, as temperaturas e os copos são irrepreensíveis, há bastantes vinhos a copo (com sistema de conservação como deve ser) e é daqueles sítios em que não há que ter medo de aceitar as sugestões de casamento entre vinho e comida. Mesmo eu que tenho a mania que pesco umas coisas de vinho, sou um menino ao pé deles neste capítulo.
Assim a olho, os vinhos pareceram-me andar pelo dobro do preço das garrafeiras o que, tendo em conta o que disse acima, é perfeitamente justificado. Afinal de contas, basta entrar num tasco qualquer e ver que o vinho custa 3 ou 4 vezes o preço de supermercado e chega à mesa morninho e em copos miseráveis.
Resta falar no serviço, que se mostrou competente e muito profissional, mas sem fazer sentir constrangimentos. Isto é, um gajo sente-se à vontade.
Entretanto já voltei ao Gemelli num contexto diferente. Um jantar dos Grandes vinhos para 2010/2011, organizado pela Flying Wines, que acabou por ter quase o dobro das pessoas para o qual o menu tinha sido inicialmente pensado. Deu para ver como se saía a cozinha a fazer pratos para tantas pessoas bem como o serviço de mesa. Neste ponto por vezes li algumas críticas negativas feitas por outras pessoas, mas da primeira vez com o restaurante quase vazio não dava para verificar. No entanto, a nível de serviço esteve bem e nada a dizer da comida.
A nível dos pratos tive exactamente a mesma sensação da vez anterior. Alguns agradaram mais (com o tártaro de barrosã e o lombinho de porco preto corado ao alecrim a roçarem o divinal), outros nem tanto mas sempre bem confeccionados.
Globalmente foi novamente uma excelente refeição.
Uma coisa que é certa é que não vamos encontrar pratos que se comem em casa. Como (modéstia à parte) cá em casa se cozinha bem, para comer o mesmo que em casa não vale a pena ir comer fora.
Morada: Rua Nova da Piedade 99
1200-297 Lisboa
GPS: 38.714225,-9.153247
Telefone: (+351) 213952552
Fax: (+351) 219204201
Telemóvel: (+351) 934952552
Email: [email protected]
Web: http://www.augustogemelli.com
Twitter: http://twitter.com/AugustoGemelli
Facebook: http://www.facebook.com/pages/GEMELLI/91644202981
Horário: Encerrado
Todas as semanas tentamos fazer uma noitada vínica.
Embora sejamos fieis a alguns espaços, gostamos de ir variando e conhecendo outros que tenham uma boa garrafeira e serviço de vinho cuidado.
Tínhamos boas referências deste restaurante, ou melhor deste bistrô . Numa dessas noitadas, já há mais de um ano, decidimos verificar com os nossos próprios olhos... e boca. Tem um ambiente acolhedor, uma decoração diferente e especial . Pelo menos nós sentimos-nos sempre bem lá, o que nos fez voltar várias vezes . É como se fosse um pedaço de Paris no meio de Lisboa.
Assim que nos instalamos, é levado à mesa um quadro com os pratos do dia (entradas, pratos e sobremesa) que são devidamente explicados. O sotaque francês carregado da proprietária é como que uma extensão do próprio espaço, ajudando a criar o ambiente.
Os pratos, a preços muito razoáveis, são sempre típicos franceses. Alguns têm um toque aportuguesado devido aos ingredientes utilizados, mas sempre muito bem confeccionados. Já provámos pratos bastante variados. Empada de coelho e ameixa, que surpreendeu pela óptima combinação, mesmo para quem não costuma achar muita piada a coelho como eu e o Nuno. Portiflette, que é um prato com camadas de batata cortada fina, cebola e bacon, coberto de queijo e levado a gratinar. Cou de canard, uma espécie de enchido de pato e fois gras com batatas, com um paladar muito apurado sem se notar a parte enjoativa do pato. Todos eles acompanharam lindamente um Só Touriga Nacional 2001.
Como não podia deixar de ser, costumam ter alguns pratos com vinho tinto, tão usual na cozinha francesa, como o Boeuf Bouguignon, que é um estufado de vitela muito apurado com vinho tinto, que nos ajudou a deitar abaixo uns Lavradores de Feitoria Três Bagos 2004. E ainda uma simples, deliciosa e potente empada de porco com vinho tinto, que se portou muito bem com um Ensaios FP 2006.
A carta de vinhos é bem recheada e com nomes bastante diferentes do que estamos habituados a ver na maioria dos restaurantes. Nota-se que houve ali um trabalho de selecção bem feito, com boas relações preço/qualidade e sem ir atrás de marcas. No que toca a vinhos portugueses, contámos 28 brancos, 6 rosés, 63 tintos e uma página com espumantes, Portos e colheitas tardias. Além dos vinhos portugueses , estavam disponíveis na altura 23 franceses entre brancos, tintos e Champanhes. Haviam ainda algumas referências da Austrália e África do Sul.
O preço dos vinhos não é exagerado tendo em conta o preço praticado na maioria dos restaurantes. Neste caso, podemos contar com copos Schott Zweisel que mudam conforme o tipo de vinho servido. Por isso, o serviço também está contemplado e ajuda a justificar o preço do vinho.
Uma nota muito positiva relativamente ao vinho a copo disponível. Todos os vinhos podem ser bebidos a copo! Isso mesmo, todos! Ainda por cima sai quase ao mesmo preço da garrafa. Os vinhos são conservados com o sistema Le Verre de Vin, o que garante a qualidade vários dias após a abertura. Embora não víssemos qualquer cave climatizada, os vinhos tintos foram sempre servidos a temperaturas decentes. Mesmo numa das vezes em que vimos tirar um vinho da prateleira, e ficámos com medo que estivesse quente, medimos a temperatura e estava à volta dos 19°. As sobremesas têm óptimo aspecto, mas pedimos sempre o fondant. É um bolo de chocolate húmido, acompanhado de uma bola de gelado.
Situado numa zona de Lisboa que me encanta, mesmo em frente à Assembleia da República, é imperdível, mesmo não sendo muito fácil para estacionar.
Se não formos alarves no vinho, a conta costuma andar entre os 20 e os 25€ já com sobremesa.
Nós iremos voltar muitas mais vezes.
Morada: Rua de São Bento, 107
1200-816 Lisboa
GPS: 38.711985,-9.152828
Telefone:(+351) 213950070
Telemóvel: (+351) 916932916 (Nathalie Cojan)
Horário: Encerrado
Ouvimos falar pela primeira vez do Maria da Fonte através de um artigo da Blue Wine entitulado Lisboa Gourmet, um roteiro pelas lojas e wine bars da capital.
Grande parte dos locais referidos nós já conhecíamos, quanto aos outros decidimos que teriamos que fazer uns test drives.
Este chamou-nos à atenção pelas influências italianas, devido ao país de origem da sua proprietária, e pelo facto de se situar em Campo de Ourique, um dos bairros lisboetas que mais apreciamos.
O espaço é muito mais pequeno do que estávamos a contar. Após passar a esplanada, com cerca de 10 lugares, há apenas duas mesas de 4 pessoas, uma de cada lado da sala.
De frente, um balcão que ocupa grande parte da largura da sala, onde estão expostos os queijos e enchidos que ficaram a sorrir para nós, atrás do qual está uma prateleira alta com vinhos, patés e outros produtos gourmet.
Na parede do lado esquerdo, uma grande ardósia (ou material semelhante) com os pratos e vinhos do dia escritos a giz, indica a existência de uma luminosa, linda e acolhedora sala na cave. Fomos lá espreitar. É de facto engraçada e bem iluminada, embora os adjectivos sejam um pouco exagerados, e tem capacidade para 12 pessoas. Decidimos no entanto voltar ao andar de cima e ficar numa das mesas ao lado da entrada.
Enquanto esperávamos pelo Ricardo, decidimos começar-nos a tratar.
A ementa começa por uma lista de pratos de degustação, essencialmente composta com queijos, enchidos e conservas. A lista é bastante vasta, com mais de 40 queijos e 30 enchidos. O problema é mesmo escolher, pelo que deixámos essa tarefa para a casa. E fizemos muito bem, pois tanto os queijos (gorgonzola e taleggio) como os enchidos (salame e coppa) estavam soberbos.
Quando a pratos propriamente ditos, que no fundo também é num espírito mais de petiscar, sfilacci, mozzarella, alheira e raviolis de trufas (que me estava a apetecer tanto) já não havia.
Eu pedi bresaola della valtellina em carpaccio com lascas de parmigiano e rúcula, a Ema parmigiano de melanzana (beringela) e o Ricardo foi para um provolone grelhado com legumes, que baptizámos por bife de queijo. Se olharem para a foto vão perceber porquê. Os produtos eram todos de qualidade e bem confeccionados. Sinceramente gostei bastante, mas alerto já que é bastante diferente do que estamos habituados a comer por cá. Isso para mim é uma vantagem, pois gosto de coisas diferentes, mas para os mais conservadores pode não ser bem assim.
Terminámos todos com a mesma sobremesa, panna cotta, apenas mudando o sabor da cobertura. Quem me conhece sabe que panna cotta é uma das minhas especialidades culinárias, pelo que sou bastante exigente com esta sobremesa. Ainda não foi desta que comi uma tão boa como a minha (para retirar alguma subjectividade a Ema confirma) mas andou lá perto.
Quanto a vinhos, que é sempre o nosso principal objectivo nestas visitas, a carta é um pouco limitada. Além da lista não ser tão extensa como seria de esperar num wine bar, não estão presentes vinhos de gama alta. No entanto é de salientar que também não há vinho mau e tem a vantagem de não olhar a nomes.
Há 8 vinhos servidos a copo, entre brancos, tintos e rosés, com o custo a variar entre os 2 e os 3.5€. Além desses, também os vinhos que têm mais saída podem ser bebidos a copo.
Os copos são razoáveis, mas vi numa mesa ao lado uns copos que me pareceram mais adequados. Ficámos sem saber qual o critério de escolha de copos.
Também a temperatura dos tintos tem que levar um reparo da nossa parte. Tivemos que pedir para refrescar um pouco o tinto antes de o beber, o que foi feito sem qualquer entrave por parte do empregado que nos estava a atender. Como a lista não é muito vasta, é algo que pode ser rapidamente resolvido com uma pequena cave climatizada.
Com a tábua de enchidos, pratos, sobremesa e vinho (2 a copo enquanto o Ricardo não vinha, e depois uma garrafa) pagámos pouco mais de 20€ por pessoa. Aqui não há custos escondidos pelo que, bebendo apenas vinho a copo, consegue-se petiscar com pouco dinheiro.
Morada: Rua 4 da Infantaria, 8A
1350-271 Lisboa
GPS: 38.717058,-9.164802
Telefone: (+351) 213968201
Horário: Encerrado
Descobrimos a existência d'Os Goliardos por mero acaso quando, num fórum de discussão de vinhos, vi uma mensagem do utilizador Goliardo. Nem sequer é um participante muito activo (nem eu, diga-se), mas o nome despertou-me curiosidade. Fui ver o perfil e, de lá, fui parar ao blog deles.
Como me pareceu muito bem, tratei logo de mostrar à Ema e ao Ricardo e ficou logo decidido que tinhamos de lá ir. E assim foi.
Estacionar na zona não é propriamente fácil, mas acabou por não nos correr nada mal. Dois minutos a pé e lá estávamos nós à porta.
Assim que entrámos sentimo-nos logo à vontade, em especial pela forma simpática e descontraída como fomos recebidos. Era a primeira vez que ali estávamos e quase parecia que éramos da casa. Eu não tenho nenhuma costela de psicólogo, nem sei traçar o perfil das pessoas, mas menos de dois minutos depois tinha a certeza absoluta que estava perante um caso de alegria e prazer no trabalho.
Além disso, o próprio ambiente é acolhedor. Na primeira sala, salta logo à vista uma grande cepa de videira no meio de umas prateleiras com garrafas de vinho, que se encontram divididas de uma forma no mínimo original. Além da mais vulgar divisão por zonas, também se encontram secções como “bom e barato” ou “no meio está a virtude”. Ainda nessa sala, há um balcão onde está um quadro com a selecção de vinhos a copo. Não são muitos, mas estão sempre a mudar. Mas já lá vamos.
Um corredor leva-nos a uma sala mais pequena (não é que a primeira seja muito grande), onde se encontra mais uma garrafeira, com prateleiras deslizantes, e mais alguns lugares sentados. Na parede, não se pode deixar de reparar nas fotos das visitas que eles fazem regularmente aos produtores.
Lá fora, há ainda um pátio bastante agradável em dias bons... que foi o caso.
Deixemos agora a decoração de parte, que até é melhor ver nas fotos, e passemos para o estômago. Como não se trata de um restaurante, não há pratos elaborados mas sim petiscos para acompanhar a pinga, como queijos, enchidos, tartes, etc. Pedimos um prato misto de queijo e enchidos, todos eles de qualidade, uma tortilha e uma focaccia que também estavam muito boas.
No que toca a vinho, além da selecção de vinhos a copo, o que não falta é escolha. Além de bem representado o mapa vínico nacional, onde nem faltam os Vinhos da Madeira que tanta vez são esquecidos, há uma vasta variedade de vinhos franceses, italianos e espanhóis. E o mais interessante é que se o vinho está lá é porque eles já lá estiveram no produtor numa das muitas visitas que fazem ao “berço” do vinho. Até se pode fazer um exercício interessante, que é associar as fotos nas paredes às garrafas
Isto é especialmente interessante no caso dos vinhos estrangeiros, pois conhecem algumas coisas menos mainstream, que importam directamente sem passar pelos canais do costume. Isso faz com que se encontrem belas relações preço/qualidade.
Para não dizerem que só ando aqui a falar bem, tenho uma coisa a apontar: as temperaturas. Com tantos vinhos, grande parte deles estão nas prateleiras e, portanto, estão sujeitos à temperatura da sala. Nesses casos resta recorrer à solução do refrescar.
Na sexta-feira passada voltámos lá, desta vez para um encontro de apreciadores de vinhos que frequentam o Twitter. Com mais gente dá também para provar mais vinhos e, como é um espaço que dá para conversar à vontade, é garantia de uma noite bem passada.
Resta falar dos preços, para dizer que não vale a pena dizer o que será o normal a pagar. A título de exemplo, da primeira vez pagámos 20€ e da segunda 10€. O que define aqui o preço é o vinho que se bebe e esse há para todos os gostos e carteiras.
Morada: Rua da Mãe d’Água nº9
Lisboa
GPS: 38.717419,-9.146558
Telefone/Fax: (+351) 213462156
Telemóvel: (+351) 962022242
Email: [email protected]
Web: http://osgoliardos.com
Facebook: http://www.facebook.com/pages/Os-Goliardos/135429479808524
Horário: Encerrado
Com o propósito de visitar uma feira islâmica, que estava a decorrer em Marvão, eu e a Ema planeámos a viagem de forma a passar por Portalegre à hora de almoço. Como são poucas as vezes que vamos para aqueles lados, esta seria a oportunidade ideal para conhecer o tão falado Tombalobos.
Encontrá-lo não foi tarefa fácil mas, após pedir indicações duas ou três vezes, lá demos com ele.
O aspecto exterior do restaurante não deixa adivinhar o que ali está. Quem passe ali por acaso provavelmente nem dá por ele. Por dentro as coisas já são diferentes. Sem ser um restaurante "design", tem um ar agradável e acolhedor.
Estando nós no interior do país, a ementa, como seria de esperar, é mais focada nas carnes. Aqui, quase todas as carnes têm denominação de origem e a variedade é bastante grande.
No entanto, começámos com uns peixinhos da horta. É uma coisa muito simples, mas que gosto bastante. Feijões macios, no ponto, e textura estaladiça.
Nos pratos principais decidimos "fazer uma vaquinha".
Primeiro, vieram umas pataniscas de bacalhau com migas de espinafres. Eu adoro pataniscas! Sempre que as vejo numa ementa sou impelido a pedi-las, o que faz com que por vezes apanhe grandes desilusões. Aqui não havia nada para desiludir. Eram mesmo de bacalhau e não apenas de farinha com aroma a bacalhau, como tanta vez se vê. Além disso eram sequinhas, isto é, sem qualquer excesso de gordura. Sem dúvida umas das melhores pataniscas que alguma vez comi. As migas de espinafres, que as acompanhavam, também estavam excepcionais, fazendo com que nunca mais possa dizer que não gosto de migas.
Seguiram-se uns peitos de frango recheados com farinheira. Nesta altura começaram a faltar adjectivos para elogiar a comida. À qualidade dos ingredientes, combinação dos sabores, tempo de forno, não há nada a apontar.
No final ainda conseguimos um espacinho no estômago para alojar a sobremesa e pedimos uma sericá com ameixa de Elvas. Isto é capaz de se estar a tornar repetitivo, mas tenho que dizer que foi, provavelmente, a melhor que já comi.
No que toca ao vinho, a carta é bem recheada. Mais de 200 ítems, sempre com indicação do ano, com o Alentejo e o Douro a dominarem claramente. Apenas me perdi um bocado até perceber que estava ordenada por produtor (já dentro das regiões).
Tem vinho a copo, não indicado na lista, mas estava limitado a apenas três escolhas. Finalmente um ponto em que posso apontar melhorias!
Decidimos escolher o vinho que o empregado nos aconselhou, uma parceria de Rui Reguinga com o jornalista Richard Mayson, o Pedra Basta 2005. Gostámos da escolha, da temperatura de serviço e dos copos.
No fim, os 2 juntos pagámos €41,75. Tendo em conta que foi uma das melhores refeições que tive nos últimos 12 meses, pouco mais de €20 por pessoa com vinho e sobremesas é mais do que justificado. Parece que vamos ter de arranjar desculpas para voltar a ir para aqueles lados.
Morada: Av. Movimento das Força Armadas, Tarro
7300-072 Portalegre
GPS: 39.298861,-7.42904
Telefone: (+351) 245331214
Telemóvel: (+351) 965416630
Email: [email protected]
Facebook: http://www.facebook.com/pages/Portalegre/Tombalobos-Restaurante-Alentejano/127144050666275
Horário: Encerrado
Há uns tempos atrás, um amigo nosso foi à Casa da Guia, em Cascais, e viu o Vinhos à Solta no Dão no edifício do palacete. Como sabe que andamos sempre à procura de sítios novos dedicados ao vinho, veio-nos logo falar nisto. Desde aí já lá tinhamos ido uma vez experimentar e gostámos.
Entretanto, um amigo nosso comprou casa lá mesmo ao lado e convidou-nos para ir um dia fazer uma visita. No dia em que fomos estava perto da hora de jantar, o que nos pareceu uma boa desculpa para lá voltar.
Tal como da outra vez que lá tinhamos ido, voltámos a achar que este é um espaço extremamente agradável. A começar pelo envolvente, a Casa da Guia. Quanto ao Vinhos à Solta no Dão, é um espaço muito bem decorado e acolhedor. O jazz que tinha como música de fundo estava no volume ideal, ajuda no ambiente e deixa-nos conversar à vontade. Em dias com bom tempo, também se pode optar pela esplanada cá fora, com vista para o mar.
Passando à parte de aconchegar o estômago... A ementa vai sempre variando, sendo mais virada para o petisco. Não no sentido mais tradicional do termo, mas mais numa de se partilharem várias coisas em vez de se fazer uma refeição mais convencional. No entanto, alguns dos pratos podem perfeitamente ser consumidos a solo. Neste dia que estamos a relatar, decidimos partilhar dois pratos pelos três. Começámos com umas bochechas de porco preto com ameixas de Elvas. Não foi a minha escolha, pois normalmente não sou muito amigo de sabores muito doces com a carne. No entanto, acabei por gostar bastante. A carne estava muito tenra e o prato não era nada enjoativo. De seguida, veio um ossobuco com vinho tinto e chocolate. Uma combinação também fora do normal que resultou muito bem. A comida não é confeccionada na hora, mas isso não se reflectiu negativamente na qualidade da comida. Se não tivesse visto se calhar nem teria notado. Para acompanhar os pratos, há sempre também na lista alguns vinhos, não muitos, que se podem beber a copo. No entanto, se não se quiser nenhum dos vinhos que aparecem na lista, não há motivo de preocupação. Na cave há uma vasta garrafeira, pelo que não será por falta de escolha que se fica a seco. A não ser que se seja um daqueles fundamentalistas que acham que não há bons vinhos no Dão, o que até pode ser uma boa oportunidade para mudar de ideias. O melhor é mesmo deixar-se aconselhar e talvez se tenha uma boa surpresa. O conhecimentos dos vinhos que vendem é alto, chegando a haver na lista vinhos que apenas ali podem ser encontrados. Como por exemplo o vinho que nos foi sugerido, Dom Fradique 2004. cuja produção foi toda comprada por eles e que obteve 90 pontos na Wine Spectator. Mostrou argumentos para isso. O vinho é servido em copos excelentes e a temperatura mostrou-se correcta.
Terminámos a refeição com 2 sobremesas, petit gateau e crème bralée de laranja e baunilha. Também aprovadas. Quanto ao preço, feitas as contas deu 18€ por pessoa.
Se forem para aqueles lados, vale a pena a visita.
Morada: Avenida Nossa Senhora do Cabo, 101
Casa da Guia - Loja 1
2750-374 Cascais
GPS: 38.695425,-9.442867
Telefone: (+351) 214822804
Telemóvel: (+351) 934809966
Email: [email protected]
Horário: Encerrado