Começando pela declaração de interesses:
- A Ema é de Anadia;
- A minha barba ruiva descende ali dos lados de Cantanhede;
- Se o Ricardo não gostasse da Bairrada nem tinha ordem de ir lá a casa.
Dito isto, não será fácil de adivinhar que ficámos, desde o primeiro dia, contentes por saber que se ia realizar um
Encontro com o Vinho e Sabores na Bairrada. Já há vários anos que sonhávamos com um evento dedicado só à Bairrada.
O evento teve lugar no
Velódromo Nacional de Sangalhos, também chamado de Centro de Alto Rendimento (gosto tanto deste nome para um evento de vinhos) e, segundo dados da organização, recebeu cerca de 4500 visitantes.
Como um dos produtores nos chegou a confidenciar, há uns meses atrás era quase impossível imaginar 33 produtores de vinho bairradinos juntos num evento dedicado à região. Infelizmente, em Portugal o slogan "A união faz a força" poucas vezes se aplica e na Bairrada em particular ainda menos. Esperemos que este seja o primeiro de muitos passos em frente para meter a região onde merece.
O formato do evento em si não traz grandes novidades em relação ao evento "pai" que se costuma realizar em Lisboa, com os stands espalhados pelo edifício - os de comida numa das pontas - e as actividades paralelas, como as provas especiais e os jantares temáticos.
Como vantagens o facto do edifício ser muito agradável (a temperatura lá dentro esteve perfeita), de haver mais espaço para circular, mesas na zona de comida e uma zona lounge - que foi logo o primeiro local do evento onde nos instalámos.
O facto de o Centro de Alto Rendimento ser deslocado da civilização evitou que a entrada gratuita se tornasse um chamariz para quem quisesse ir só para beber. Mesmo assim ainda deu para ouvir lá um memorável "Encha aí a ver se isso presta", mas era uma clara minoria. Ainda assim, o evento estava bem composto, especialmente no Domingo que foi de longe o dia mais concorrido.
Quanto às pingas, nada a que não estejamos habituados vindos da Bairrada. Os brancos, para mim, já eram dos melhores do país. Nos tintos, tanto nos mais clássicos com Baga (os meus preferidos), como nos mais internacionais continuamos a encontrar belíssimos vinhos. Mas a ter que destacar alguma coisa, não posso deixar de escolher os espumantes. Acho que foi aqui que a região deu o maior salto nos últimos tempos. Provámos muita coisa que dá uma tareia de cinto a alguns Champagnes que se vendem por cá em boa quantidade e aos preços que sabemos.
Mas ainda havemos de desenvolver esta parte, quando falarmos das provas temáticas e visitas paralelas que decorreram nos dias do evento.
Na parte dos morfes o rei era o leitão, pois claro. O "tac tac" do leitão a ser trinchado entoava pelo recinto, fazendo brilhar os olhos de alguns dos presentes e o estômago pedir aconchego. Mas a doçaria da região estava também bem representada.
Não sei se é só por ter mudado a Comissão Vitivinícola, mas parece-me que a Bairrada finalmente se começa a mexer. Só nestes 2 anos apareceu o
Refresh e agora este Encontro com o Vinho. Ficamos a aguardar cenas dos próximos capítulos.