Conhecemos a Enoteca de Belém ainda antes de existir Magna Casta. Na altura, ainda numa outra "encarnação", não nos impressionou particularmente.
Desde 2009 que tem uma nova vida, sendo parte integrante do Projecto Travessa da Ermida, mas só em 2014 é que eu e a Ema lá regressámos. Regresso tardio, pois as coisas agora estão completamente diferentes.
Quem costuma ir lá é o Ricardo, apesar de nunca ter escrito nada. Sim, merecia levar com um pau por causa disso. Mas pronto, assim as fotos até ficam melhores.
O que não mudou foi o tamanho. Apenas 16 lugares sentados e 3 ao balcão, pelo que não convém arriscar ir sem marcação.
Apesar de não ser um restaurante, na verdade foi na comida do Chef Ricardo Gonçalves que a Enoteca de Belém mais nos impressionou. Não que o resto ficasse abaixo das expectativas, bem pelo contrário, mas não é habitual uma comida tão “à frente” num espaço deste género.
No álbum completo de fotos estão imagens de 2 momentos distintos, mas aqui vou-me focar apenas na 2ª visita, uma vez que a primeira já foi há cerca de 1 ano. Mas tenho boas recordações do atum com compota de cebola roxa e pak choy.
Nesta última visita, o jantar começou com uma sopa de castanhas e presunto, que era algo entre um amouse-bouche e uma sopa propriamente dita, para ser bebida num copo. Bem conseguido, gostei do contraste de ligeira doçura das castanhas com o salgado do presunto. Ao contrário da maioria das sopas, esta combinou bem com vinho.
De seguida um tártaro de salmão com sabayone de soja. Prato marcante, de sabor muito intenso. Para o meu gosto o sabayone podia ter um pouco menos de sal, mas de resto bastante interessante.
Na transição de vinhos brancos para tintos, seguimos para um Bacalhau à Gomes de Sá do Chef, também apelidado de "desconstruído". Eu chamar-lhe ia "construído", pois em vez do bacalhau lascado veio uma bela posta de bacalhau inteira. Para mim até é melhor, porque no prato tradicional normalmente são usadas as partes do bicho que não me agradam tanto.
O prato de carne foi bochechas de porco com gratim de batata e compota de cebola roxa. Bochechas cozinhadas em vinho tinto normalmente não têm muito que enganar, quando são bem feitas sabem sempre bem. A batata gratinada e a compota encaixaram na perfeição.
Terminámos, e bem, a refeição com um gelado de ginja com bom-bom de bagaço em mais um bom casamento de sabores.
Em relação a vinhos, há uma particularidade engraçada. Todos os vinhos nas prateleiras por trás do balcão (cerca de 80 referências) custam o mesmo: €22 a garrafa e €4.5 o copo. A carta, essa, é a própria prateleira. Se necessário podem ter a ajuda de uns binóculos. Mas fora esses também há outras opções. Com outros preços, obviamente.
O BYOB é bem aceite, até quando uns certos alarves pedem um decanter numerado por cada vinho e um número de copos por pessoa igual ao número de garrafas. Aconselho vivamente a informar antecipadamente os vinhos e deixá-los escolher o menu.
Outro dos destaques vai para um dos pontos que prezo mais: o serviço. Fizemos ao longo do ano várias provas (mensais) com amigos, que sabemos não serem nada fáceis para quem está do lado de lá. O melhor elogio que posso fazer é que, de todos os locais visitados ao longo do ano, escolhemos a Enoteca de Belém para o nosso jantar de Natal. A esta qualidade de serviço não será alheio o facto de estar um barreirense (Nélson Guerreiro) aos comandos da sala :)
Uma refeição como a descrita fica pelos €35-40 com vinhos a copo. O Ricardo diz que quando lá vai costuma pagar €25-30 pedindo só um prato e sobremesa, e ele costuma ter muita sede. Se resistirmos a ir comprar uma caixa de Pastéis de Belém, e descontarmos o valor que não gastámos, ainda custa menos.
P.S.- Como é que eu não me apercebi que há na carta um prato de atum com milho frito, agrião e poncha??!
Enoteca de Belém
Morada: Travessa do Marta Pinto, 10
1300-390 Lisboa
GPS: 38.6976137,-9.202494
Telefone: (+351) 213 631 511
Email: [email protected]
Web: http://www.travessadaermida.com
Facebook: https://www.facebook.com/EnotecaBelem/
Horário: Terça a Domingo das 13h00 às 23h00