Pouco depois de descobrir que gostávamos de vinho reparámos que, à volta dele, existia uma infinidade de coisas interessantes para fazer, conhecer e descobrir. Sem grandes demoras, começamos a visitar quintas, herdades e adegas. Também decidimos fazer alguns cursos que nos dessem alguns conhecimentos que nos faltavam para interpretar o que sentíamos ao beber vinho.
Uma das primeiras visitas que fizemos foi à Herdade do Esporão. Na altura ainda não tínhamos o Magna Casta e, por isso, fizemos toda a visita sem tirar uma única nota, embora tivéssemos fotografado tudo.
Passados alguns anos, quisemos partilhar essa visita mas não nos lembrávamos detalhadamente da ordem e fases da mesma. Decidimos então que era necessário voltar a fazer a visita de forma a evitar erros. Pouco depois, eu e o Nuno fizemos um curso de provas de vinho na Comissão Vitivinícola da Bairrada, cuja secção de vinho tinto foi da responsabilidade do enólogo Luís Patrão, enólogo residente do Esporão. Quando lhe dissemos que em breve iríamos à Herdade do Esporão, logo se ofereceu para nos acompanhar na visita.
Assim que tivemos uma oportunidade marcámos a visita e lá fomos nós a caminho do Alentejo.
Fizemos novamente a visita com o trajecto normal mas acompanhados por Luís Patrão. Além das informações habituais que são transmitidas durante uma visita normal, tivemos oportunidade de obter informações especificas e detalhadas sobre processos de vinificação utilizados e particularidades de cada vinho e ano de colheita.
A Herdade do Esporão foi adquirida por Joaquim Bandeira e José Roquette em 1973 que constituíram a Finagra S:A. e deram início ao projecto vitivinícola. Em 1987 foi construída a primeira adega com objectivo de produzir e comercializar vinhos de grande qualidade. Desde 1992 que o único accionista da sociedade é José Roquette iniciando assim uma nova fase do projecto. Desde então, muitos investimentos foram feitos, como renovação e plantação de nova vinha, a compra da Herdade dos Perdigões com 200 ha, construção de uma barragem de 120 ha, construção da casa do enoturismo, a instalação de rega gota a gota na totalidade da área da vinha, a expansão da adega e a aquisição de um moderno lagar para a produção dos azeites virgens. Desta forma foi possível atingir os objectivos do projecto que é considerado de grande sucesso e inovação, mantendo-se como uma referência nacional em diversas áreas até aos dias de hoje.
A vindima é totalmente gerida ao detalhe, desde nas vinhas próprias, como nas vinhas dos 10 fornecedores devidamente seleccionados e acompanhados ao longo do ano.
A adega, embora tenha alguns anos, é muito funcional necessitando apenas da mão-de-obra de 10 pessoas. Na realidade é uma adega constituída por três adegas, uma só para tintos, outra só para brancos e ainda outra para o garrafeira tinto.
A visita começa pela adega dos lagares, onde são seleccionadas uvas para os garrafeiras que ali fermentam e por vezes estagiam durante algum tempo.
De seguida passamos para a zona de recepção de uvas que são separadas por plataformas conforme o vinho a que se destinam. Na parte central encontra-se a plataforma para vinhos de gama mais alta, como o reserva, com pisa robótica. À direita encontram-se cubas de fermentação de 30 toneladas, o dobro das cubas de fermentação da plataforma central, e à esquerda cubas de fermentação de 35 e 40 toneladas, para as gamas mais baixas.
No seguimento da visita, passámos numa zona de armazenamento que reconhecemos como a antiga localização da linha de engarrafamento quando visitámos a adega pela primeira vez. A actual linha de engarrafamento é enorme, muito espaçosa, moderna e com capacidade diária de 170.000 litros. A sala de enchimento é completamente automática e isolada. Encontra-se sobre pressão expelindo o ar de forma a evitar contaminações.
Sempre na cavaqueira com o Luís passámos para o sub-solo, onde se encontram a salas e tuneis de estágio de barricas e garrafas, e também a garrafeira particular. A temperatura é fresca e natural devido ao aproveitamento de uma encosta para o posicionamento da cave. O fresquinho que se fez sentir soube lindamente.
Na garrafeira particular são guardadas várias garrafas de muitos dos vinhos da casa ao longo dos anos. O Luís não perdeu a oportunidade para nos fazer inveja referindo que é óptimo para efectuar provas verticais, obviamente para verificar a evolução dos vinhos.
Os túneis da cave impõem respeito pela sua grandiosidade. Ao longo deles existem nichos de estágio em garrafa, que com a pouca luz que os destaca, ajudam a criar um ambiente bem interessante.
Passámos para a sala e túneis de barricas. A sala é fabulosa e está completamente cheia de barricas para estágio de vinho tinto reserva, garrafeira e monocastas. As barricas são de diversas tanoarias de todo o mundo. Naquele dia, a sala ia ser utilizada para um evento, pelo que estavam a ser colocadas mesas.
Sempre em grandes conversas e divagações lá fomos até ao wine bar onde é possível provar os vinhos da casa. Desta vez, devido ao calor que se fazia sentir, decidimos ficar pelo Defesa Rosé que acompanhou lindamente a conversa.
O dia já ia longo, despedimos-nos do Patrão que ainda tinha bastantes kms de viagem pela frente. No dia seguinte ia para o Douro mas ia pernoitar a meio da viagem, na Bairrada, terra natal, onde o Vadio repõe as energias para mais e novos desafios. Estava bastante entusiasmado com o novo projecto da Herdade do Esporão no Douro devido à aquisição da Quinta dos Murças.
Nós fomos até às zonas de repouso junto da recepção do enoturismo. Os espaços são muito agradáveis e frescos. A paisagem é fantástica e tranquilizante, com a barragem da herdade ali mesmo em frente.
Demos uma vista de olhos pela loja onde é possível adquirir qualquer produto do Esporão. Ainda fomos até ao exterior da Torre do Esporão, que simboliza a defesa do património. Foi recuperada recentemente é uma das torres mais importantes da passagem da idade média para a idade moderna em Portugal. Com marcação prévia, é possível visitar o museu no interior da Torre, bem como fazer passeios de 4x4 nas vinhas, tirar cursos de vinhos, entre outras coisas.
Só após quase mais uma centena de fotos é que decidimos terminar a visita. Foi com pena que não jantámos no restaurante da herdade, que tem uma cozinha fantástica, mas as horas ainda não o permitiam.
Morada: Herdade do Esporão
7200-999 Reguengos de Monsaraz
GPS: 38.379828, -7.560953
Telefone: (+351) 266509280
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Visitas: Todos os dias