CVB - Comissão Vitivinícola da Bairrada

Comissão Vitivinícola da BairradaA minha atenção está focada na CVB - Comissão Vitivinícola da Bairrada.
Pela primeira vez, no passado dia 8 de Fevereiro, foram realizadas eleições para escolher o presidente da CVB. Até agora o presidente era nomeado pelo Ministério da Agricultura, que escolhia um dos nomes sugeridos pelo Conselho Geral da CVB. A tomada de posse é hoje, 23 de Fevereiro, pelas 16h no Museu do Vinho da Bairrada, em Anadia.
O Conselho Geral é constituído por 12 elementos, sendo 6 representativos do sector do comércio e 6 representativos do sector da produção.
Na presidência fica José Pedro da Silva Rodrigues Soares. O vogal do sector do comércio é Alexandrino Amorim, administrador das Caves São Domingos e, o vogal do sector da produção é Victor Damião, presidente da Adega Cooperativa de Cantanhede.
O novo presidente da CVB é enólogo de formação. Trabalhou em algumas adegas e caves da Bairrada, tendo sido chefe de enologia da Adega Cooperativa de Vilarinho do Bairro e das Caves Arcos do Rei. Tem um projecto próprio de engarrafamento de vinhos com o nome de “Ampulheta Mágica".

Só o facto do presidente ser escolhido através de eleições já é bom sinal. Algumas coisas que o presidente já deixou escapar também prometem, como a certificação do vinho, a aposta nos espumantes, a exploração do potencial dos vinhos a nível gastronómico, necessidade de maior cooperação entre todos, não ser o volume de produção que identifica a Bairrada mas sim os seus vinhos únicos e facilmente identificáveis e o facto de pretender ser o elemento agregador da região.
Tenho esperança que com esta geração(opssss já é a minha, estou a ficar uma cota), os produtores de vinho e todas as entidades ligadas ao vinho na Bairrada se tornem mais abertos, passem a partilhar experiências/ideias/informações/etc, fomentem a união e entreajuda em prol da região e da qualidade dos produtos Bairrada, passem a usar da melhor forma todos os meios que têm à disposição para divulgação dos seus produtos, serviços, projectos e região, como por exemplo nas redes sociais e, simplifiquem o seu dia-a-dia diminuindo o exagero de formalismo e títulos utilizados actualmente para tudo.
Nunca me esqueci de algo que o meu amigo André Ribeirinho contou após uma viagem aos EUA. Numa das regiões vínicas que visitou, sempre que aparece alguém novo a querer produzir vinho, os produtores já existentes na região juntam-se para falar com o novo produtor, com o objectivo em garantir a qualidade e boa reputação da região. Passam ao novo produtor todas as suas experiências e informações, como as melhores castas para cada tipo de solo, os melhores métodos de vitivinicultura e tudo o que lhe possa ser útil. Na realidade querem garantir que todo o seu trabalho não é abalado por um novo produtor que faça mau vinho.
Gostava muito de ver isto a acontecer na minha região. Era sinal de grande abertura e evolução deixando finalmente de olhar apenas para o seu umbigo.
Sempre que penso em Bairrada lembro-me duma canção do meu bisavô, músico e compositor, António Ferreira Esteves, que fez a pensar em Vila Nova de Monsarros, aldeia Bairradina. Vou partilhar convosco uma pequena parte já adaptada à Bairrada. Digam lá se não resume bem o estado actual da região:

A Bairrada é um jardim,
Dividido em dois canteiros,
Um está bem cultivado
Porque tem bom jardineiro.

O outro está abandonado,
Com aspecto desolador,
Está cheio de ervas daninhas
Que matam qualquer flor.