O Vinho do Porto está (muito) barato

Vinho do PortoAntes de começarem os insultos: sim, eu sei que estamos numa época de recessão, e que os próximos tempos vão ser mais difíceis; também sei que a grande maioria dos Portugueses compra vinhos no segmento

Vou escrever este texto completamente consciente da situação em que estamos, mas também convencido que o que eu vou dizer - de acordo com a perspectiva que apresento - é igualmente verdade. Mesmo.
Todos temos o hábito de escolher uma bebida para aquelas ocasiões especiais, em que queremos comemorar algum acontecimento com a família ou amigos: um aniversário, a entrada de um filho na universidade, o primeiro emprego... enfim, a imaginação é o limite. O chefe da casa escolhe um whisky (o guilherme passeante ou o cavalo branco) e/ou um champanhe (rima com mudasti ou oet) estrangeiro, porque como sabemos o que é estrangeiro é bom, serve-os na temperatura errada, nos copos errados, mas como escolheu umas etiquetas conhecidas ninguém vai pensar que fez uma má escolha. Claro que também não vão ficar satisfeitos com a experiência.....
Estas escolhas, para além de não beneficiarem os convivas e desiquilibrarem a balança comercial, tendem a influenciar desde cedo os jovens (com idade para beber álcool) de forma a que prefiram beber álcool de baixíssima qualidade misturado e às cores, caro, em copinhos minúsculos e de preferência de forma a ficarem com a língua adormecida (vá-se lá saber porquê...). Por definição, não concordo que sejamos ultra-nacionalistas ao ponto de só comprarmos produtos nacionais, mas neste caso temos produtos nacionais de elevadíssima qualidade, a um preço extremamente atractivo, e que vão deixar os convidados satisfeitos (desde que seja servido como deve ser).

Para quem queira começar aos poucos, aconselho vivamente os Porto Tawny 10 anos (a relação qualidade-preço é imbatível), servidos ligeiramente frescos como aperitivo ou digestivo (preferencialmente como acompanhamento de uma sobremesa). Os 10 anos indicam a média de idade de vários vinhos misturados para produzir o resultado final. São vinhos muito fáceis de beber, e estamos num patamar de cerca de 12 a 20€ com grande número de marcas e estilos que podemos experimentar até encontrarmos o que mais nos agrada. Com o passar do tempo, e se o paladar pede algo mais... temos os 20, 30 e 40 anos. Existem também os Colheita, que são Tawny de um único ano, indicado no rótulo; para além de ser interessante alinhar o ano com algum evento especial, ajudam a perceber as características específicas daquele ano.
Existe ainda outro estilo neste patamar, que são os LBV - produzidos a partir de uma colheita, e depois de um período inicial em balseiros passam para garrafas onde fazem uma grande parte do seu estágio (ao contrário dos Tawny, que envelhecem principalmente em cascos de carvalho). Diz-se que os LBV são um bocadinho de um Vintage (com qualidade inferior, naturalmente) mas sem a desvantagem dos 4-16 porque se podem beber de imediato (esta regra dos Vintage é variável de produtor para produtor: 3-17, 5-15, etc), isto é, beber durante os primeiros 4 anos ou depois dos 16 seguintes.

Existe ainda o patamar dos Garrafeira (praticamente desapareceram do mercado), os Vintage (o supra-sumo do Vinho do Porto) e vários outros patamares abaixo dos Tawny, como por exemplo os Tawny Reserva que são orientados - na minha perspectiva - para consumo mais rápido e menos preocupado com a experiência.
A minha conclusão final é: se quiser um muito bom aperitivo ou digestivo, com ou sem sobremesa, escolha um Vinho do Porto. É Português, é das melhores bebidas do mundo, é barato (tendo em conta a sua relação qualidade-preço) e vai dar-lhe prazer a si e aos seus convivas. Estou a acabar de escrever este artigo com um golinho de 30 anos...
Por fim, há mais uma razão: a sua garrafa de Vinho do Porto, em qualquer parte do mundo, vai ser sempre uma oferta adorada.

AnexoTamanho
vinhodoporto.jpg214.07 KB