Uma vez que o foco deste site é o vinho, esta área do site não deve ser considerada como uma crítica gastronómica. Deve ser vista como a apreciação de locais onde sentimos que vale a pena beber um bom vinho, ao mesmo tempo em que se possa aconchegar o estômago.
Como infelizmente não são muitos os casos em que isso acontece, o objectivo é dar a conhecer esses locais aos apreciadores de vinho como nós. Não vamos portanto perder tempo a falar de restaurantes com uma daquelas cartas de vinhos que parecem clones umas das outras.
Além de restaurantes, falaremos aqui também de wine bars, que cada vez mais proliferam em Portugal.
Não se pense por isso que só vamos aqui falar de sítios caros. Queremos precisamente evitar o que acontece com algumas publicações, em que só aparecem locais inacessíveis ao comum dos mortais.
Para um verdadeiro apreciador de vinho, o Aromas & Sabores em Campo de Ourique é um ponto obrigatório na cidade de Lisboa. É um local onde se passam sempre uns bons momentos a apreciar bom vinho, servido devidamente e acompanhado por óptimas iguarias, e trocar opiniões com Arlindo Santos, o simpático e conhecedor anfitrião.
Este espaço, que foi remodelado recentemente, era uma mercearia onde Arlindo Santos iniciou a sua actividade há mais de 30 anos. Em 1988 abriu a Garrafeira de Campo de Ourique, do outro lado da rua, que se encontra recheada com uma enorme oferta e verdadeiras relíquias.
Com o espirito aberto e empreendedor, transformou a mercearia em wine bar e loja gourmet.
Mal entramos, somos recebidos pela diversidade de cores e aromas dos produtos gourmet, que nos abrem imediatamente o apetite. Na parte de trás da loja fica o wine bar, onde é possível apreciar o vinho que desejarmos. De preferência, acompanhado pelos verdadeiros pecados disponíveis no menu elaborado a pensar no vinho.
O espaço não muito grande, com apenas 30 lugares sentados, é agradável e acolhedor. Existe uma cave climatizada bem recheada, os copos usados são sempre correctos e o serviço é informal e conhecedor.
Existe uma enorme oferta de vinhos, muitos deles servidos a copo. Com tanta oferta, a escolha poderia ser difícil. No entanto, essa tarefa aqui é facilitada. Normalmente são-nos dados a provar vários vinhos, de forma a incentivar os clientes a conhecerem coisas novas. Se gostarmos, podemos seguir com esse vinho. Senão, pode-se sempre escolher qualquer outro vinho que esteja na lista, ou mesmo na garrafeira do outro lado da estrada.
Das últimas vezes que lá fomos, a nossa escolha recaíu nas tábuas de queijos e enchidos, risotto de funghi porcini e na linguiça com ovos mexidos. Qualquer um deles delicioso. No entanto, não conseguimos prescindir de um petisco que já não está listado no menu há algum tempo mas que, havendo os ingredientes disponíveis na loja, nunca nos é negado: Uma fatia de pão saloio com pasta de azeitona e queijo de cabra, que vai a gratinar, acompanhada de doce de abóbora e salada de rucúla, várias alfaces e tomate cereja.
As sobremesas são deliciosas e, tal como tudo o resto, são escolhidas a pensar no actor principal, o vinho.
Quanto aos vinhos sugeridos, estes vão variando bastante, mas os últimos que lá apreciámos foram: Emme Grande Escolha 2003, Caldas 2005, Quinta Vale da Raposa Grande Escolha 2003, Marquês de Marialva 1990, Quinta do Couquinho 2005 e Graham’s 20 Years Tawny Port.
O menu vai mudando de quando em quando. As iguarias são elaboradas com os produtos disponíveis na loja gourmet e os vinhos também se encontram à venda na loja ou na garrafeira. Por isso, podemos aproveitar e fazer um avio.
Quanto a preços, varia muito conforme o que se comer e beber. Neste dia pagámos cerca de 26€ por pessoa, mas não deverá servir de referência, uma vez que comemos 4 petiscos e provámos 6 vinhos diferentes. Em outras ocasiões já saímos de lá pagando metade disso.
Só sei que levámos o Ricardo lá uma vez e desde aí não quer outra coisa.
Morada: Rua Tomás de Anunciação 44
1350-328 Lisboa
GPS: 38.7166,-9.16556
Telefone: (+351) 213963985
Email: [email protected]
Web: http://aromasesaboresemcampodeourique.blogspot.com/
Facebook: https://www.facebook.com/pages/Aromas-e-Sabores-em-Campo-d-Ourique/162338163798230
Horário: De Segunda a Sábado, das 09:00 às 22:30 horas. Encerra aos Domingos.
Como touareg assumido, é comum percorrer alguns quilómetros do deserto da margem sul, a caminho de Vila Nogueira de Azeitão, quando há visitas lá em casa. O programa geralmente passa por Moscatel, Tortas e uma visita à Casa Museu da José Maria da Fonseca.
Agora a malta da urbe já pode fazer um programa parecido sem ter que atravessar a(s) ponte(s), com a abertura da By The Wine, a flagship store da José Maria da Fonseca. Não têm é Arrabida, mas não se pode ter tudo.
Uma coisa que sempre me fez confusão, é que bastava atravessar o rio para a margem norte e o Moscatel de Setúbal chegava a ser quase um desconhecido. Às vezes pedia moscatel quando saía à noite em Lisboa e, por incrível que pareça, o mais normal era ver aparecer uma garrafa de Favaios. Azar? Não sei. Mas como no Barreiro não havia café ou taberna que não tivesse Moscatel de Setúbal, era estranho para mim.
Mas nem só de moscatel e tortas vive a By The Wine. Além dos moscatéis (onde até se inclui o Trilogia), podemos encontrar praticamente toda a gama de vinhos da empresa para beber lá (garrafa ou copo) ou levar para casa.
Para acompanhar os líquidos, não faltam os queijos (entre os quais o de Azeitão, claro), presunto e enchidos de comer e chorar por mais, ostras do sado, entre muitas outras iguarias.
Ainda não tive oportunidade de lá passar novamente desde a inauguração, mas pelo que vi dos preços parecem-me bastante decentes.
Apesar de não ser numa rua muito exposta, a localização é bastante central, próxima de pontos de animação, pelo que certamente também irá atrair turistas. Até pela decoração, que junta um ambiente que nos faz lembrar uma adega, com toque de modernidade e urbano. Aquele arco do tecto feito de garrafas vai de certeza tornar-se numa foto cliché nos roteiros da baixa de Lisboa.
By The Wine - José Maria da Fonseca
Morada: Rua das Flores, 41-43
1200-193 Lisboa
GPS: 38.709068,-9.143667
Telefone: (+351) 21 342 0319
Email: [email protected]
Web: http://www.jmf.pt/index.php?id=375
Facebook: https://www.facebook.com/ByTheWineJoseMariadaFonseca
Instagram: https://instagram.com/bythewine_jmf/
Horário: Terça a Domingo das 12h00 à 00h00
O Castro Beer é um bar e será sempre um bar. Mas é muito mais que um simples bar, é um bar de ambiente descontraído, invulgar e completamente fora do baralho. Também é restaurante, galeria e tudo o que a imaginação quiser, pois o espaço facilmente se adequa.
Localiza-se na Rua de São Paulo entre o bairro da Bica e o Cais do Sodré, nas instalações de uma antiga oficina de barcos, da qual ainda existem vestígios, como por exemplo um guindaste. O restante edifício era de escritórios, onde Fernando Pessoa trabalhou em 1920.
O espaço é amplo, com uma decoração moderna à base de reciclagem de materiais e enormes arcadas tipicas dos edifícios da baixa de Lisboa. A enorme porta está sempre aberta, dando a sensação a quem lá está dentro de estar na rua e, a quem passa, vontade de entrar.
Na entrada existe um lindo jardim suspenso feito de paletes, assim como grande parte da decoração. Como em qualquer bar que se preze, não falta a mesa de matraquilhos e os dardos.
A enorme cave é destinada às mais diversas actividades, eventos, festas, workshops, etc, e também está disponível para alugar.
O actual proprietário, Hélio Girão, ficou recentemente com o bar quase por mero acaso, mas logo se apaixonou pelo Castro Beer e pela sua nova actividade, que mudou radicalmente o seu dia-a-dia.
Atento, com espirito inovador e aventureiro começou rapidamente a fazer mudanças. Reparou que os clientes que pediam vinho estavam à espera de mais que um simples copo de vinho. No mínimo queriam saber o que estavam a beber.
Foi então que pediu ajuda ao Magna Casta. Nós tivemos todo o gosto em partilhar algumas dicas, explicar alguns conceitos base relativamente ao serviço de vinho e fazer uma pequena selecção vinhos para o bar, que vai sendo actualizada ao longo do tempo. Daí a comprar uma pequena cave climatizada e novos copos foi um pulinho.
Os vinhos estão disponíveis tanto à garrafa como a copo e o preço é convidativo.
A mudança no serviço de vinho tem tido boa adesão e agora o Castro Beer é mais wine que beer. Até já começou a realizar provas de vinho com a presença de produtores, pois o espaço é propicio ao convívio.
A comida também mudou. Além de alguns petiscos que continuam disponíveis, foi criado um original menu de cozinha de fusão portuguesa e brasileira, cuja a confecção está a cargo da chef Luíza Canto.
Os pratos são variados e simples, fáceis de agradar a diversos tipos de clientes, o que é essencial numa zona tão turística da cosmopolita cidade de Lisboa. Consegue-se fazer uma boa refeição por um valor muito simpático.
O Castro Beer é daqueles locais onde me apetece passar no final do dia de trabalho, para colocar a conversa em dia enquanto se saboreia boa comida e se bebe um vinho.
Morada: Rua de São Paulo, 121
1200 Lisboa
GPS: 38.708484, -9.147536
Telefone: (+351) 931013119
Email: [email protected]
Facebook: https://www.facebook.com/CastroBeer
Horário: Segunda à sexta das 12h00 às 04h00. Sábado e domingo das 17h00 às 04h00.
Soubemos da existência do D.O.C. durante a nossa visita à Quinta da Casa Amarela, onde nos disseram que era ponto obrigatório. A descrição foi algo como "dos mesmos donos do Cêpa Torta em Alijó, é o restaurante que faltava no Douro". Com uma descrição destas, obviamente que fomos obrigados a ir lá.
Fazendo a estrada entre a Régua e o Pinhão não há hipótese de não dar por ele. E, para quem puder, também pode ir para lá de barco e atracar no cais fluvial.
A localização é simplesmente fantástica, literalmente em cima do Douro. A decoração é moderna e com bom gosto. Com umas enormes janelas, pode-se contemplar o rio de praticamente qualquer ponto do restaurante.
Ao entrar, não pudemos deixar de reparar numa televisão grande onde se pode ver tudo o que se está a passar na cozinha.
Passando ao que fomos lá fazer, os pratos são baseados em ingredientes regionais, mas com apontamentos e apresentação originais e modernas.
Para começar escolhemos uma entrada com cogumelos recheados, peixinhos da horta e salpicão do Barroso. Como prato principal, um misto maronês com batata confitada de alheira.
Tudo muito saboroso, extremamente bem confeccionado, com uma óptima apresentação e em quantidades apropriadas.
Para a sobremesa, seguimos o que nos foi aconselhado pelo chef Rui Paula - uma tarte papaia quente acabadinha de sair do forno com uma bola de gelado.
Quanto aos vinhos, também nada aqui foi deixado ao acaso. Quase 300 referências, maioritariamente do Douro, mas onde não faltam bons vinhos de outras regiões, espumantes e, obviamente, vinhos do Porto. É sempre indicado o ano da colheita e enólogo. Há cerca de 15 vinhos servidos a copo, conservados com máquina de retirar ar, que vão variando. Resta dizer que são servidos à temperatura ideal e em copos Schott Zweisel.
A nível de serviço foi eficiente e simpático, com o próprio chef (e proprietário) Rui Paula a vir constantemente à sala ver se estava tudo em ordem.
Para terminar, resta-nos falar do preço. Pagámos €27 por pessoa, com vinho a copo. Não sendo barato, justifica-se plenamente face à qualidade apresentada.
Sem dúvida que vai ser ponto obrigatório sempre que formos ao Douro.
Morada: Estrada Nacional 222
Folgosa
5110-204 Armamar
GPS: 41.151552,-7.682453
Telefone: (+351) 254858123
Telemóvel: (+351) 919314395
Email: [email protected]
Web: http://www.ruipaula.com
Facebook: http://www.facebook.com/profile.php?id=1625718884
Horário: Todos os dias. Almoço: 12h30 até 15h30. Jantar: 19h30 até 23h00
Tenho passado cada vez mais férias no Alentejo (mesmo que isso signifique 5 dias num ano), e cada vez gosto mais de o fazer. Para além de ser um local sossegado e ter uma paisagem fenomenal (já viram um por-do-sol alentejano?), não faltam sítios interessantes para visitar e cada vez mais locais com qualidade para ficar hospedado.
Desta vez, ficamos estrategicamente perto de Estremoz e a uns 30Km de Évora, de forma a potenciar algumas visitas como por exemplo à Quinta do Mouro.
Na primeira noite que decidimos jantar em Évora, a Tasquinha do Oliveira estava lotada (o que não é difícil, porque o espaço não é muito e porque a qualidade é elevadíssima), e portanto decidimos ir ali quase em frente ao restaurante do M'ar de Ar Aqueduto - já conhecíamos a lindíssima zona do bar e da piscina de outras férias.
Uma vez que eu estava mal alimentado (...), entramos no restaurante (que, como o resto do Hotel que vimos, é muito bem decorado) e começamos as hostilidades: pão alentejano, com passas e azeitonas com azeite e as respectivas manteigas de ervas e de pimenta vermelha. Para entradas, escolhemos os ovos mexidos com espargos verdes (deliciosos!) e temaki de atum, ao que se seguiram um frango do campo com pimentos e um naco de lombo de novilho com crosta de farinheira. A acompanhar, e a copo (!) um Monte da Peceguina tinto, num copo adequado, na temperatura certa e servido nas melhores condições.
Como não fiquei com a certeza se a qualidade (da comida, do serviço, do vinho) era hábito ou tinha sido um acaso, voltamos no dia seguinte para que a dúvida não permanecesse. Depois de uns deliciosos cogumelos com azeite e temaki de salmão, pedimos um bife de novilho à degust'ar e um peito de pato braseado. Desta vez, acabamos com um pudim de ovos com licor de borba, caramelo quente e shot de toranja e um leite creme com mel de rosmaninho e um Taylor's 30 anos.
Realço um pormenor: no dia anterior, o Taylor's 30 anos tinha acabado por ter sido utilizado num evento, e como tal tinham-me dito que chegaria no dia seguinte, o que acabou por se verificar. Neste restaurante não se brinca: a qualidade da confecção, o cuidado na apresentação e o serviço de excelência (uma nota especial ao Luís Brito, que foi inexcedível) são regra. Para além disso, conseguiram o que é difícil - aparentemente nunca estão por perto (portanto temos todo o à-vontade para desfrutar do espaço), mas quando são necessários parece que adivinham.
De tal forma estive ocupado a desfrutar da experiência (das duas vezes), que poucas fotografias tirei. O preço médio das refeições (com sobremesa e vinho) andou entre os 40 e os €45. Correram um risco desnecessário ao deixarem-me chegar perto da garrafeira para tirar uma fotografia, mas aquilo é forrado a vidro com bastante espessura....
Morada: Rua Cândido dos Reis, 72
7000782 Évora
GPS: 38.575221,-7.913713
Telefone: (+351) 266740700
Fax: (+351) 266740735
Email: [email protected]
Web: http://www.mardearhotels.com/
Horário: 12h30-15h00 e 19h30-22h30.
Conhecemos a Enoteca de Belém ainda antes de existir Magna Casta. Na altura, ainda numa outra "encarnação", não nos impressionou particularmente.
Desde 2009 que tem uma nova vida, sendo parte integrante do Projecto Travessa da Ermida, mas só em 2014 é que eu e a Ema lá regressámos. Regresso tardio, pois as coisas agora estão completamente diferentes.
Quem costuma ir lá é o Ricardo, apesar de nunca ter escrito nada. Sim, merecia levar com um pau por causa disso. Mas pronto, assim as fotos até ficam melhores.
O que não mudou foi o tamanho. Apenas 16 lugares sentados e 3 ao balcão, pelo que não convém arriscar ir sem marcação.
Apesar de não ser um restaurante, na verdade foi na comida do Chef Ricardo Gonçalves que a Enoteca de Belém mais nos impressionou. Não que o resto ficasse abaixo das expectativas, bem pelo contrário, mas não é habitual uma comida tão “à frente” num espaço deste género.
No álbum completo de fotos estão imagens de 2 momentos distintos, mas aqui vou-me focar apenas na 2ª visita, uma vez que a primeira já foi há cerca de 1 ano. Mas tenho boas recordações do atum com compota de cebola roxa e pak choy.
Nesta última visita, o jantar começou com uma sopa de castanhas e presunto, que era algo entre um amouse-bouche e uma sopa propriamente dita, para ser bebida num copo. Bem conseguido, gostei do contraste de ligeira doçura das castanhas com o salgado do presunto. Ao contrário da maioria das sopas, esta combinou bem com vinho.
De seguida um tártaro de salmão com sabayone de soja. Prato marcante, de sabor muito intenso. Para o meu gosto o sabayone podia ter um pouco menos de sal, mas de resto bastante interessante.
Na transição de vinhos brancos para tintos, seguimos para um Bacalhau à Gomes de Sá do Chef, também apelidado de "desconstruído". Eu chamar-lhe ia "construído", pois em vez do bacalhau lascado veio uma bela posta de bacalhau inteira. Para mim até é melhor, porque no prato tradicional normalmente são usadas as partes do bicho que não me agradam tanto.
O prato de carne foi bochechas de porco com gratim de batata e compota de cebola roxa. Bochechas cozinhadas em vinho tinto normalmente não têm muito que enganar, quando são bem feitas sabem sempre bem. A batata gratinada e a compota encaixaram na perfeição.
Terminámos, e bem, a refeição com um gelado de ginja com bom-bom de bagaço em mais um bom casamento de sabores.
Em relação a vinhos, há uma particularidade engraçada. Todos os vinhos nas prateleiras por trás do balcão (cerca de 80 referências) custam o mesmo: €22 a garrafa e €4.5 o copo. A carta, essa, é a própria prateleira. Se necessário podem ter a ajuda de uns binóculos. Mas fora esses também há outras opções. Com outros preços, obviamente.
O BYOB é bem aceite, até quando uns certos alarves pedem um decanter numerado por cada vinho e um número de copos por pessoa igual ao número de garrafas. Aconselho vivamente a informar antecipadamente os vinhos e deixá-los escolher o menu.
Outro dos destaques vai para um dos pontos que prezo mais: o serviço. Fizemos ao longo do ano várias provas (mensais) com amigos, que sabemos não serem nada fáceis para quem está do lado de lá. O melhor elogio que posso fazer é que, de todos os locais visitados ao longo do ano, escolhemos a Enoteca de Belém para o nosso jantar de Natal. A esta qualidade de serviço não será alheio o facto de estar um barreirense (Nélson Guerreiro) aos comandos da sala :)
Uma refeição como a descrita fica pelos €35-40 com vinhos a copo. O Ricardo diz que quando lá vai costuma pagar €25-30 pedindo só um prato e sobremesa, e ele costuma ter muita sede. Se resistirmos a ir comprar uma caixa de Pastéis de Belém, e descontarmos o valor que não gastámos, ainda custa menos.
P.S.- Como é que eu não me apercebi que há na carta um prato de atum com milho frito, agrião e poncha??!
Enoteca de Belém
Morada: Travessa do Marta Pinto, 10
1300-390 Lisboa
GPS: 38.6976137,-9.202494
Telefone: (+351) 213 631 511
Email: [email protected]
Web: http://www.travessadaermida.com
Facebook: https://www.facebook.com/EnotecaBelem/
Horário: Terça a Domingo das 13h00 às 23h00
Há uns dias atrás, estava eu a pegar na marmita para ir almoçar quando recebo uma mensagem do André Ribeirinho a convidar-me para o acompanhar num almoço. "Mas só podes voltar às 15h", dizia ele. É claro que recusei e fui aquecer o almoço não é? Pois...
A ideia era ir ao restaurante Flor de Lis, no Hotel Epic Sana Lisboa, conhecer a carta de Outono/Inverno. Para quem não conhece - eu não conhecia - o Epic Sana é um dos mais recentes (abriu este ano) hotéis 5 estrelas de Lisboa, fica entre as Amoreiras e o Marquês e tem o impressionante número de 311 quartos.
O restaurante fica um piso acima da entrada principal. Decoração moderna, muito amplo e umas janelas enormes a deixar entrar muita luz natural.
À mesa, junto à janela com o Tejo à vista, começaram por chegar vários tipos de pão e manteigas ("normal", hibiscos e azeitonas). Eu sou um gajo de pão com manteiga, acho que isto já é coisa de família. Por vezes, mesmo quando já estão as mesas cheias de entradas eu primeiro tenho que comer um pedaço de pão com manteiga. E quando é bom, que era o caso, não há maneira melhor de começar uma refeição.
Após um amouse bouche, iniciaram-se as hostilidades com o carpaccio de pato, terrine de foie gras caramelizada e espuma de milho e baunilha. Da mesma forma que sou um gajo de pão com manteiga, não sou um gajo de foie gras e quando vi um cubo tão grande achei que não ia gostar. Pelo menos anteriormente nunca tinha gostado particularmente. Comecei um bocado a medo a meter só um pedacinho de cada vez com muito pato, mas vi que afinal estava enganado. Não é que estava muito bom? Não sei se era por ser caramelizado, da qualidade do foie gras, ou porque quem o fez das outras vezes que comi se devia dedicar à pesca. Só sei que finalmente percebi porque é que tanta a gente gosta tanto disto. E a combinação com o pato e a espuma estava deliciosa.
O prato de peixe era um belo lombo de cherne corado, com ravioli de alcachofra e jus de caldeirada à portuguesa. Peixe delicioso (apenas podia estar ligeiramente menos passado para atingir a perfeição), um ravioli com um agradável e fora do normal sabor e legumes ligeiramente mal cozidos (no bom sentido, estaladiços). A cereja em cima do bolo foi o molho de caldeirada que deu, a contrastar com toda aquela estética glamorosa, um sabor tradicional "tuga" ao prato. Não resisti em despejar mais um pouco, que vinha numa molheira ao lado do prato.
De seguida veio um autêntico orgasmo visual. Não que os outros pratos não tivessem um sentido estético acima do normal, mas este cabrito assado ao alecrim, aipo e pimenta sarawak com legumes biológicos era quase uma obra de arte. A sério, como é que obrigam uma pessoa a ter que desmanchar um prato destes? Felizmente não era só o aspecto. O cabrito, assado durante 12h, vem envolvido numa massa muito fina (quase a fazer lembrar pele) em formato de paralelepípedo. A "escola" deste prato deverá ser a mesma que os franceses deixaram nas Beiras para fazer as melhores chanfanas. Até um velhinho sem dentes conseguiria mastigar sem a mínima dificuldade. E o sabor? Quando meti a primeira garfada à boca devo ter feito a cara que fez o Anton Ego quando provou o ratatouille feito pelo ratito Rémy. Sim senhor!
A obra de joalharia que viria a seguir, chamava-se cremoso de avelã, pipoca e gelado de amendoim. O sabor fez-nos lembrar Snikers, apesar dos Snikers serem de amendoím. E aqui o gelado é que é de amendoim, pois o cremoso era de avelã. Bem, seja Snikers ou Nuts, o que é certo é que era muito bom e mais uma vez até custou a desmanchar o prato.
Não conhecia o trabalho do chefe Patrick Lefeuvre e fiquei muito bem impressionado. Pelos vistos era sub-chefe executivo do Ritz. Comparando com a vez que lá comi este ano, este menu estava muitos furos acima. Além da qualidade, a sequência dos pratos faziam sentido, e todo o conjunto de sabores nos remetem mesmo para dias mais frescos. Se com casa cheia se mantiver este nível, temos aqui um caso sério na restauração xpto de Lisboa. Neste caso o restaurante estava quase por nossa conta.
No que toca aos vinhos, a carta é bastante interessante a nível de variedade e quantidade de vinhos a copo. Tem muitas coisas pouco óbvias, daquelas que não aparecem nos supermercados, e muita incidência em vinhos de Lisboa e Tejo, o que faz muito sentido e é de saudar. Também não falta uma boa variedade de Champagnes e os mais emblemáticos vinhos portugueses.
Há duas recomendações do escanção, com 2 e 4 vinhos, por €15 e €39 respectivamente, para acompanhar o menu. Neste caso foi o de 4 vinhos: Quinta da Lagoalva Sauvignon Blanc 2012 (amouse e carpaccio), Quinta do Gradil Viognier 2011 (cherne), Quinta da Lagoalva Syrah e Touriga Nacional 2011 (cabrito) e Quinta do Crasto LBV 2006 (sobremesa).
Cá estão os vinhos do Tejo e Lisboa em destaque, alguns que confesso que provavelmente não seriam as minhas escolhas óbvias, mas que resultaram todas bastante bem. Provavelmente melhor do que se fosse eu a escolher.
Onde a porca torce o rabo é nos preços dos vinhos. Eu percebo que um restaurante num hotel de 5 estrelas queira ter um nível de preços que sirva até como filtro. Mas quem se interessa por vinho como nós, que sabemos boa parte dos preços de cor, vai certamente ficar com pouca vontade de beber vinho.
Não faz sentido para mim que, por exemplo, um Quinta do Crasto (que anda perto dos €10 nas garrafeiras) esteja ao mesmo preço que um menu de degustação com este nível (€50). Não me faria confusão de qualquer espécie pagar €75 por este menu de degustação e €25 por um Quinta do Crasto e seriam os mesmos €100.
E o mais estranho é que nos vinhos de topo isso não acontece. Por exemplo o Barca Velha 2004, que na Garrafeira Nacional (o site que eu costumo usar como referência para preços) custa €349, aparece nesta carta por €300!
A melhor opção acaba por ser mesmo os suplementos de vinhos.
Quanto ao serviço, muito competente, com boa explicação dos pratos, dos vinhos e dos motivos da escolha dos mesmos para o acompanhamento de cada prato. Falta também aqui o teste de casa cheia, para ver como se aguentam sob pressão. Em jeito de conclusão, é sem dúvida um restaurante a revisitar. Para o sítio e o nível de cozinha (qualidade, apresentação e mesmo quantidade) os €50 são mais do que justificados. Mesmo que se saia dos pratos do menu, o preço médio andará pelos €60. É pena de facto o preço dos vinhos, mas pode ser que quando lá voltar tenha motivo e companhia que justifiquem pedir o Barca Velha 2004 e assim vai custar mais na carteira mas menos na alma.
Também fiquei bastante curioso em relação ao Brunch servido aos Sábados entre as 11h e as 16h. Quem for para o mais caro se calhar precisa mesmo de estar lá as 5h a comer.
Morada: Av. Eng. Duarte Pacheco, 15
1070-100 Lisboa
GPS: 38.724561,-9.158524
Telefone: (+351) 211597300
Email: [email protected]
Facebook: https://www.facebook.com/EPICSANALisboaHotel
Web: http://www.lisboa.epic.sanahotels.com/pt/restaurantes-bares/flor-de-lis/
Horário: Aberto todos os dias das 07h00 às 10h30 (nos fins-de-semana o horário estende-se até às 11h00), das 12h30 às 15h00 e das 19h00 às 23h00
Cresci a ouvir falar mal de comida francesa. Eram quase de terror as histórias que ouvia os mais velhos contar, das suas idas a França.
Com o passar dos anos comecei a ouvir o oposto. Histórias fantásticas da “melhor cozinha do mundo”, mas a preços que o comum dos mortais não consegue chegar.
Quando finalmente passei umas férias em França, mais precisamente em Paris, devo dizer que foi das cidades onde melhor comi. Comida muito boa a preços bastante decentes, em grande parte graças aos bistrôs. E o que é afinal um bistrô? É uma espécie de melhor de 2 mundos: uma espécie de tasca (com comida tradicional) mas numa versão, digamos, mais pipi.
Mas vamos ao que interessa, estou aqui a falar em bistrôs porque abriu um novo em Lisboa e com uma história bastante engraçada. Um casal de franceses (Olivier e Lumir) ia para o Panamá e acabou em Portugal. E acabaram por a abrir um bistrô porque repararam que era uma coisa que faltava em Lisboa. Através do Facebook recrutaram um cozinheiro (Xavier), também francês, que tinha uma charcutaria no Linhó (Chez Jules) de que o Rui Barradas Pereira me andava sempre a falar mas nunca cheguei a visitar. Apenas provei algumas das iguarias lá compradas precisamente em casa dele.
E foi assim que acabei a ser convidado para conhecer este novo bistrô no Chiado.
O espaço é simples, o pé direito muito alto com arcadas por si só já o torna interessante, e encaixa no estilo que se encontra nos bistrôs parisienses.
A refeição iniciou com uma tábua de charcutaria que me encheu as medidas e que são heranças do saudoso Chez Jules.
Como primeira entrada foi-nos servido um Foie Gras com chutney de passas, que mais uma vez me convenceu que eu só não gostava de foie porque não tinha provado feito por franceses, acompanhado por moscatel (que gostava que fosse um bocado mais ácido).
Seguiu-se um prato típico francês, alho francês com vinagrete e ovo escalfado (Nota: só para avisar não sou grande conhecedor, só sei isto porque me disseram, ok?). Gostei muito! Confesso que fiquei meio desconfiado quando o vi pousar na mesa, mas acabei rendido.
Como pratos principais acabei a fazer uma vaquinha com o Jorge Nunes e assim acabei por provar o robalo com molho de pimenta rosa e legumes biológicos (da Quinta do Poial) e o tártaro. Gostei mais do robalo. Mas o tártaro era interessante e diferente de todos os que já tinha provado (tinha um toque de gengibre).
Quanto às sobremesas, dividi-me entre profiteroles e crème brûlée, que foram unanimemente na mesa os que não convenceram na totalidade.
A acompanhar a refeição foram servidor vinhos Pontval, que estavam a ser apresentados pelo produtor, e 2 franceses (Albert Bichot Chablis Premier Cru Les Vaillons 2010 e o Château Pindefleurs Saint-Émilion Grand Cru 2009). Apesar de gostar de defender o que é nosso, achei que os franceses funcionaram muito melhor. A carta de vinho é curta, mas apresenta umas propostas fora do habitual em todo o lado e, pela amostra destes franceses, fazem boa ligação com a cozinha. Dos preços que conhecia (os portugueses), achei os preços um pouco puxados.
Uma refeição como a descrita também não fica barata, cerca de 50€ por pessoa sem vinho. Reduzindo a coisa a entrada, prato e sobremesa teremos que contar pelo menos com 40€.
Não é barato, mas os custos de estar na zona da moda e comprar ingredientes de qualidade não devem ser nada baixos. Ao almoço, com o prato do dia a coisa reduz-se aos 15€ (entrada + prato) ou 20€ (mais sobremesa).
Como nota final, fiquei com vontade de voltar. Uma cozinha simples mas bem elaborada e fiquei impressionado com o despacho que o chef deu na cozinha, completamente sozinho! O serviço de mesa é simpático mas ainda com alguns pormenores a afinar, nomeadamente nos copos, mas com a atenuante de tantos enochatos juntos acabarem por baralhar o esquema todo ao senhor que serviu a nossa mesa.
Morada: Largo Rafael Bordalo Pinheiro 18
1200-369 Lisboa
GPS: 38.711519,-9.1418379
Telefone: (+351) 964 203 947
Email: [email protected]
Web: http://www.laparisienne.pt/
Facebook: https://www.facebook.com/laparisienne.pt
Horário: Todos os dias das 12h à 00h
O Manifestis Probatum fica em pleno centro histórico de Guimarães, numa das várias ruas alvo de reabilitação na época pré-Capital Europeia da Cultura, com vista directa para a Alameda de S. Dâmaso e a 1 minuto do Museu de Alberto Sampaio.
O projecto define-se como Wine Bar, Conservas e Tapas, e embora o espaço não seja grande é acolhedor e simpático.
Entra-se directamente para a zona de bar, com um balcão onde nos podemos sentar e observar as bebidas, uma mini-ementa na parede e algumas das conservas.
O menu é composto por vários petiscos a preços interessantes, como por exemplo pimentos padrón, cogumelos salteados com cebola corada, alheira com tomate e manjericão, moelas na panelinha ou figo agasalhado no bacon. A carta de vinhos é pequena mas tem vários vinhos a copo e foge das referências mais conhecidas; é interessante estar escrita à mão, o que mostra a abertura para mexidas a qualquer altura.
O Gabriel é uma ajuda competente e profissional, ajudando a escolher as melhores combinações entre os sólidos e os líquidos. Decidi começar com pimentos padrón, camarões ao alho e batatas bravas; desta vez decidi-me por um Loureiro da Quinta do Ameal, servido na temperatura correcta.
Para terminar, um duo de leite creme (já lá provei também as três texturas de chocolate) com um Burmester 10 anos; a alternativa - não estivesse esgotado - teria sido um moscatel roxo da JMF.
Morada: Rua Egas Moniz, 57-63; 4800-411 Guimarães
GPS: 41.441965,-8.292783
Telemóvel: (+351) 912224904
Web: http://manifestisprobatum.com/
Facebook: https://www.facebook.com/ManifestisProbatum
Conhecemos este restaurante já há uns anos por mero acaso, quando fomos a uma loja de decoração que fica mesmo ao lado.
Como foi a meio da tarde estava fechado, mas a entrada era tão chamativa que decidimos que tinhamos que ir lá um dia espiolhar.
E assim foi. Num daqueles dias em que nos apetecia jantar fora e não nos decidiamos, lembrámo-nos dele e lá fomos. Desde aí ficámos clientes.
O restaurante situa-se num antigo lagar e, como se subentende da placa à entrada, a sua transformação em restaurante ficou a cargo de uma empresa de arquitectura. E bem entregue, dizemos nós.
Mal se entra, do lado direito, há uma primeira sala grande que fica no meio dos antigos tonéis. Com mesas corridas, é ideal para jantares de grupo.
Mais à frente fica a sala principal, cujas paredes também fazem de expositores de pinturas. As próprias mesas são personalizadas, com tampo de vidro a deixar ver rótulos de vinhos que estão em baixo. Às Sextas e Sábados à noite há ainda musica temática ao vivo nesta sala.
Pelo meio há ainda uma pequena sala mais recatada com duas mesas, onde em tempos se situava a garrafeira. Descobrimos desta vez que havia uma sala que ainda não conheciamos, que estava a ser preparada para uma exposição de escultura. Em todos os recantos há pequenos pormenores, sempre com o vinho como tema.
Já me estou a alongar demais na parte visual, e as fotos falam por si, mas é que gosto mesmo muito. Até a casa-de-banho vale uma visita. :)
Mas não se pense que só a decoração interessa, porque a comida é bastante boa.
Há vários pratos do dia e a ementa normal, que também vai mudando ao longo do ano. É comida portuguesa sem rodeios, em alguns casos com ingredientes típicos da região, como as costeletas de borrego com alecrim e mel da Arrábida, ou o bife com molho de queijo de Azeitão.
Neste dia pedimos arroz de pato. Eu gosto muito de cozinha internacional, de fusão, de autor e mais mil e uma coisas que vão aparecendo, mas os pratos típicos portugueses, quando são bem feitos, dão-me especial prazer. Tanto o arroz de pato como o bacalhau espiritual são pratos que, em qualquer lado que os coma, me fazem sempre lembrar este restaurante.
Quanto a vinhos, a carta é na esmagadora maioria preenchida com vinhos dos dois gigantes da região, com um ou outro outsider pelo meio. Gostava de ver mais marcas na carta, mesmo que fossem só da região. Aparentemente é por motivos comerciais. O que vale é que da José Maria da Fonseca há desde o Periquita ao FSF e da Bacalhôa do Serras de Azeitão ao Palácio da Bacalhôa e, sendo ambos produtores com vinhos de várias regiões do país, não se limita a vinhos da zona. Como a Bacalhôa tem andado às compras, pode ser que vão aparecendo cada vez mais opções.
Vinho a copo é que só da casa, que não é nada mau. E claro, os Moscatéis e o Bastardinho de Azeitão.
Os copos são correctos, alguns deles de marcas de vinho e aqui nunca tive problemas com temperatura altas demais, pois o edifício é muito fresco.
Para sobremesa aconselhamos o potente pudim de azeite com mel da Arrábida ou as clássicas tortas de Azeitão.
Com vinho da casa a conta rondou os €20, mas é normal que suba um pouco se optarmos por um outro vinho.
Não é sítio onde se possa comer todos os dias, mas nunca me custou pagar face à satisfação obtida. Locais que sejam agradáveis à vista e ao estômago não é todos os dias que se encontram.
Morada:Rua dos Trabalhadores da Empresa Setubalense, 10
Vila Fresca de Azeitão
2925-495 Azeitão
GPS: 38.526226,-8.991666
Telefone: (+351) 212188048
Horário: De Terça a Domingo das 12:00 às 24:00. Encerra à Segunda.
Póvoa Dão é uma aldeia medieval, a 14Kms de Viseu, que estava praticamente abandonada desde os anos 30. Felizmente, um empresário que tem, entre outras, uma empresa de contrução e uma de decoração de interiores, adquiriu a aldeia e recuperou-a. Digo felizmente porque, ao contrário do que muitas vezes acontece, esta recuperação está excelente, tendo sido mantida a traça original das casas. Deste projecto faz parte um restaurante, que é obviamente o que nos traz aqui.
Tal como o resto do projecto, também o restaurante tem uma decoração marcadamente regional, com o granito e a madeira a dominar.
O restaurante está dividido em várias salas, desde uma maior onde se pode ver o forno a lenha, até umas pequenas e intimistas salas, onde se pode fazer uma refeição mais recatada.
A ementa, como seria de esperar, é baseada em pratos regionais, seguindo receitas tradicionais. Conforme se podia ler escrito a giz numa lousa, são vários os produtos biológicos utilizados neste restaurante, como por exemplo couve lombarda, cenoura, batata, beterraba, cebola, etc.
Eram várias as opções para entradas, mas acabámos por optar pelo requeijão com doce de abóbora, que nos colocaram na mesa junto com o pão. Tanto o doce como o requeijão estavam óptimos.
Quanto ao prato principal, como as doses são para 2 pessoas e éramos 4, escolhemos 2 pratos diferentes.
Começámos com um bacalhau com broa, que é acompanhado com batatas às rodelas. A qualidade do bacalhau era simplesmente fantástica e o sal estava no ponto ideal. As batatas também eram excelentes e o tempo certo passado no forno a lenha fez o resto. Foi sem dúvida o prato que mais gostámos.
De seguida, veio uma lagarada de lombinhos de porco grelhados no carvão, servidos com batatas a murro e couve. Estava também muito bom, mas acaba por ser um prato mais normal. Acabámos por ficar arrependidos de não ter optado pelo naco na telha, que nos fez olhinhos quando passou para uma mesa ao lado da nossa.
Para a sobremesa, optámos por 3 diferentes: Mousse de chocolate, leite creme e tarte de nata com frutos secos. Falando pela que escolhi, e pelas colheradas que dei em prato alheio, estava muito bem confeccionado e com sabor mesmo caseirinho.
Vamos então falar na pinga. A carta tem mais de 100 referências, entre brancos e tintos, bem como aproximadamente 15 espumantes. Embora tenha vinhos de várias regiões, é obviamente o Dão que está melhor representado. A nível de preços é sensato, tendo mesmo alguns vinhos a preços bastante interessantes. Infelizmente não tem vinho a copo, mas tem uma quantidade de meias garrafas acima do normal. Vi lá bastantes vinhos que nem fazia a mínima ideia que existiam naquele formato de garrafa.
Embora não tenha dado pela presença de garrafeiras climatizadas, o vinho foi servido a uma temperatura correcta. Os copos é que poderiam ser melhores, a qualidade do restaurante e da carta de vinhos merece-o.
Resta falar do serviço, que merece uma nota muito positiva. Simpático, cuidado e sempre bastante atencioso.
No final pagámos pouco mais de 15€ por pessoa. Um valor excelente para um restaurante com esta qualidade.
Um ponto de paragem obrigatório para quem for para os lados de Viseu.
Morada: Póvoa Dão
3500-546 Silgueiros
GPS: 40.548615,-7.943308
Telefone: (+351) 232958557
Fax: (+351) 232957322
Email: [email protected]
Web: http://www.povoadao.com
Facebook: http://www.facebook.com/pages/Povoa-Dao-Turismo-de-Aldeia-e-Restaurante/104635749580310
Horário: De Terça a Domingo das 9h30 às 24h
Ir a Valença e não ir ao restaurante Quinta do Prazo é como ir a Roma e não ver o... Coliseu. Ainda bem que não vivo lá perto, senão era uma desgraça para o meu orçamento mensal.
Numa velha quinta agrícola, após longas obras de remodelação, nasceu este belíssimo restaurante e também um espaço para eventos.
É um local com alma própria. Transmite uma grande paz de espírito e, sente-se muito amor em todos os detalhes de decoração e no próprio edifício. A ir, que seja sem pressas para aproveitar ao máximo.
Na entrada do restaurante existe um wine bar muito convidativo onde, entre muitas coisas, é possível beber vinho a copo. As opções de vinho a copo são muitas e pode-se também optar por elas no restaurante.
A cozinha é de autor baseada na cozinha tradicional minhota, com produtos da região mas usando as novas técnicas culinárias. A ementa tinha muita coisa mas acabámos por ir para um prado de cordorniz e um de pintada, até porque são daquelas coisas que são mais difíceis de encontrar normalmente nos restaurantes.
Enquanto esperávamos pelos pratos, fomos picando as entradinhas que tinham posto na mesa. Pena ser tudo frito (ai o colesterol), à excepção das azeitonas, mas muito bem feitos e estaladiços.
Entretanto chegaram os pássaros à mesa. Os pratos são deliciosos e com uma apresentação cuidada (apesar de muito parecidos visualmente entre eles). Ingredientes de qualidade, excelente confecção e uma junção de sabores tradicionais portugueses com um toque de modernidade. Devem ser saboreados e apreciados calmamente enquanto se observa a natureza pelas as grandes vidraças do restaurante.
Depois não conseguimos resistir às sobremesas. Um petit gateau/coulant de chocolate, com tudo o que se esperaria dele, a mostrar claramente que era caseiro. O Nuno, sempre que existe pudim Abade de Priscos numa ementa é obrigado a pedir. Este era dos melhores - no Minho não se esperava outra coisa - e o gelado ajudava bastante a compensar aquela pujança do pudim.
Quanto aos vinhos, este restaurante é uma das referências do país a esse nível. Carta muito extensa, bem organizada (preços, regiões, país, etc...), com muita variedade tanto em tipo de vinhos como em anos de colheita. Em alguns vinhos há até verdadeiras preciosidades históricas. E os preços não escandalizam ninguém, pelo contrário, conforme se vai subindo no preço vão aparecendo alguns ao mesmo preço a que se vêem nas garrafeiras.
O serviço é cuidado, é dada atenção a todos os detalhes(copos, temperaturas, etc) respeitando sempre o vinho e, dão um óptimo aconselhamento, para que o cliente possa tirar o melhor partido do vinho e da refeição.
Pagámos €62 por duas refeições com entradas, prato, sobremesa, água, vinho e café. Tendo em conta a qualidade e tipo de comida, com vinho (quase ⅓ do valor total), o serviço e o local, o preço é perfeitamente justificável. Já nem vou fazer a comparação com restaurantes deste nível em Lisboa ou no Porto, porque não vale a pena.
Morada: Lugar da Urgeira
4930-655 Valença
GPS: 43.261206,-8.283691
Telefone: (+351) 251821230
Telemóvel: (+351) 919319669
Fax: (+351) 251821231
Web: http://www.restaurantequintadoprazo.com
Email: [email protected], [email protected]
Facebook: https://www.facebook.com/#!/profile.php?id=100001848072026
Horário: Encerra aos domingos à noite e segunda-feira todo o dia
A Bairrada é conhecida pelo leitão, pelo que não é de estranhar que tudo o que seja restaurante ostente a palavra do dito animal no nome. O grande problema é que, no meio de dezenas e dezenas de restaurantes, se houver uma dúzia que se aproveite é uma sorte.
Leitão ainda vá, mas encontrar algum que tenha outros pratos decentes começa-se a tornar numa missão hercúlea. Se a isso juntarmos um serviço minimamente competente, o grau de dificuldade assemelha-se a encontrar uma agulha num palheiro. E nem vale a pena falar em cartas e serviço de vinhos, pois não?
E é aí que entra o Rei dos Leitões. Já tínhamos ouvido falar neste restaurante precisamente por causa da carta de vinhos, e como íamos de Coimbra para Anadia após o Refresh aproveitámos para experimentar lá jantar.
A primeira impressão é boa. Um espaço que levou uma remodelação recente por dentro e por fora (para ser sincero, passo ali centenas de vezes e não me lembro do restaurante há uns anos atrás) e em que qualquer apreciador de vinhos não resiste em ficar retido logo à entrada, a ver a garrafeira.
Depois na mesa a coisa ainda melhorou mais. Começando pelas entradas, com um belíssimo presunto, queijo de Azeitão, empadas, etc.
Como nos fartamos de comer leitão todo o ano, decidimos optar por outro prato. Foi-nos aconselhado um rosbife, feito com uma carne belíssima que se desfazia na boca. O único “defeito” neste prato foi o excesso de acompanhamentos, que acaba por nos dispersar (e no fim fazer rebolar). Destaque para o feijão verde vindo directamente da Horta do Rei, que se localiza mesmo ali ao lado do restaurante.
Mas para não pensarem que vou escrever isto sem falar no leitão, levámos lá alguns amigos (nossos e do vinho) este fim-de-semana e aproveitámos para provar o dito cujo. Como gajo esquisito que sou, leitão para mim não pode ter muita gordura, o sabor da pimenta não se pode sobrepôr ao resto, a pele tem que estar ultra-estaladiça para que a consiga comer e é quase necessário um milagre para repetir a dose. Este cumpriu todos os pontos, inclusivamente o último, o que o fez entrar para o meu pódio.
Nesta última vez ainda vieram para a mesa uns negalhos - o bucho da cabra recheado com carnes e enchidos e cozinhado da mesma forma que a chanfana - e chanfana, que um dos presentes pediu quando nos perguntaram o que queríamos de sobremesa. Aqui, apesar de bons, não podemos colocá-los ao nível dos melhores que já comemos.
E o que dizer dos vinhos? Carta extensa, com a particularidade de vir com os preços ordenados do mais caro para o mais barato, dentro de cada região. Com a Bairrada bem representada, a lista extende-se a todo o território nacional e não só. A título de exemplo, já que falando de leitão temos que falar em espumante, além de muitos espumantes bairradinhos encontramos muitas referências da Murganheira e Champagnes com fartura.
Mas o melhor são os preços. Por exemplo, dos que bebemos, o espumante Quinta da Mata Fidalga Reserva Pessoal 2006 que cheguei a comprar na altura no produtor por 15€ e ali estava por… 16€! Ou um Luís Pato Vinhas Velhas branco 2011 por 9.50€. E ainda havia muito bom vinho abaixo disto. Obviamente que não têm todos preço de garrafeira, mas mesmo nos que têm margem maior há muita sensatez, não andam a duplicar ou triplicar preços.
Quando vemos preços destes vamos sempre pedir, enquanto se nos aparecem vinhos por 15€ que custam 3 ou 4 no supermercado aí, meus amigos, bebemos água. O que é certo é que olhávamos para as mesas à volta e estava tudo a beber bom vinho.
Ainda houve espaço para as sobremesas, até porque já tínhamos pedido para decantar um Porto Vintage de 1983. Gostei muito da minha, cujo nome não me lembro, mas basicamente era o “Melhor Bolo de Chocolate do Mundo” com uma bola de gelado e fios de ovos, mas o leite creme, com o espectáculo audiovisual da queima a ser feito na mesa, também teve bastantes elogios.
Vinhos do Porto à parte - que, aliás, estão listados na carta a copo a preços bastante simpáticos - as refeições com entradas, sobremesas e vinhos ficaram-nos entre os 25-30€ por pessoa. Nos dias que correm não posso dizer que é barato senão chamam-me nomes mas, face ao que se comeu e bebeu, menos é difícil.
Antes de terminar, não posso deixar de falar no serviço. Competente, simpático, atencioso. E mesmo com muitas caras conhecidas na sala (actores, políticos, produtores de vinho, etc) nunca, em nenhum momento, nos sentimos tratados de maneira diferente. E para mim isso vale ouro.
Morada: Avenida da Restauração 17
3050-382 Mealhada
GPS: 40.390064,-8.450783
Telefone: (+351) 231202093
Telemóvel: (+351) 968123084
Email: [email protected]
Web: http://reidosleitoes.pt
Facebook: https://www.facebook.com/restaurantereidosleitoes/
Horário: Todos os dias das 9h00 às 24h00. Encerra às Quartas-feiras.
Normalmente vamos uma ou duas vezes por mês à Bairrada, visitar a família e comer uns petiscos caseiros.
Quando estamos lá é muito raro fazer refeições fora mas, no inicio do ano, o Nuno decidiu surpreender-me e marcou um jantar no restaurante da Quinta do Encontro.
A Quinta do Encontro é completamente virada para o enoturismo. Como o restaurante está inserido no mesmo edifício da adega, à chegada é oferecido um flute de espumante e uma visita guiada, caso o cliente assim o pretenda.
Como já tínhamos visitado a adega (que publicaremos o mais brevemente possível), ficámos a apreciar o espumante Quinta do Encontro Bruto 2006 numa sala entre a loja e o restaurante, onde existe uma lareira com formato de garrafa.
Entretanto, fomos vendo a ementa para escolher a refeição. Com a consultoria de Vítor Sobral, a ementa é rica, variada e elaborada sazonalmente. Além da ementa normal, existem três menus de degustação e também pratos típicos como o Leitão à Bairrada servido com batata cozida, estes últimos por encomenda prévia.
Optámos pelo menu de degustação intermédio, de seu nome Preto/Branco, a 35€ por pessoa. O menu era constituído por:
No caso dos menus o vinho já está incluído, mas demos uma olhada à carta na mesma. Todos os vinhos das várias quintas do grupo estão disponíveis, parte deles também a copo. Tratando-se de um dos maiores grupos portugueses de vinho, isso significa que há vinhos de quase todas as regiões do país, bem como do projecto da empresa no Brasil. De saudar os preços, excelentes, em muitos casos bem abaixo do que costuma aparecer nas prateleiras de algumas garrafeiras e supermercados.
Escolhida a ementa, pediram-nos para passar para o restaurante. Depois de instalados serviram-nos um pouco mais de espumante, pão variado, azeite e um mimo do chefe residente.
A sala de refeições é requintada mas o ambiente é bastante informal. Nunca em momento algum dá para se sentir constrangido.
Fomos apreciando tudo o que nos foram servindo, sempre com vinho a temperaturas irrepreensíveis a casar na perfeição. É uma cozinha sofisticada e cuidada de onde surgem novos pratos usando ingredientes bem portugueses de excelente qualidade e... sabor! Embora tenha esta componente estética, e os olhos também comem, acreditem que ainda é melhor na boca.
Todo o serviço é de qualidade e bem executado. Os empregados estão bem formados dando todas as informações devidamente, ao contrário do que acontece na maioria dos restaurantes.
Não sei se vamos conseguir ficar muito tempo sem lá voltar. É difícil encontram lugares assim, em que tudo é perfeito e onde o vinho é realmente o rei e senhor.
No final, com os cafés, pagámos um pouco menos de €75 (os 2), valor perfeitamente aceitável para a qualidade a todos os níveis, principalmente se pensarmos no valor a pagar num restaurante equivalente em Lisboa.
Morada: Quinta do Encontro
São Lourenço do Bairro
3780-179 Anadia
GPS: 40.440766,-8.489546
Telefone: (+351) 231527155
Telemóvel: (+351) 915351747
Fax: (+351) 232961203
Email: [email protected]
Web: http://www.daosul.com
Facebook: http://www.facebook.com/pages/GlobalWines/109299442431092
Horário: Aberto de 3ª a Domingo. Recomenda-se marcação.
Desde a primeira vez que ouvi falar neste restaurante, que foram várias as versões do nome que fui ouvindo. Solar do Pintor, Solar dos Pintores mas não, é mesmo Solar dos Pintor e não é para ser lido com pronuncia africana. O nome vem simplesmente do apelido da família proprietária.
Depois de tanto ouvir falar, foi com a mão do Hugo Mendes que finalmente lá fomos parar.
Apesar de se situar às portas de Lisboa, pouco depois de Loures, parece que entrámos num buraco espacial e fomos parar a uma aldeia no interior do país.
Lá fora as estradas às curvas, pouco movimento e montes à volta. Lá dentro decoração típica e um ambiente familiar e acolhedor, que nos faz esquecer por momentos que acabámos de sair da confusão da cidade.
O restaurante é dividido em várias salas, sendo a maior delas dominada por quadros na parede, onde os olhos fogem para o maior de todos, onde o tema é a caça. Para a malta apreciadora de boa vinhaça a sala preferida é outra, onde impera o bom gosto clubístico e em que as atenções são divididas entre a vasta garrafeira e uma grande águia. Certos sportinguistas chegaram já a ter que confessar o seu apreço por esta sala, e até pela águia.
Todas as refeições que fizemos lá começaram com umas entradinhas, entre pastéis de bacalhau estaladiços, ovos mexidos com cogumelos, enchidos e queijos. E o pão, não esquecer o belo pãozinho.
Quanto aos pratos principais, impera a gastronomia tradicional portuguesa, como chanfana de vitela, borrego assado, bacalhau da casa, ensopado de vitela e o frango frito, que vi no outro dia falarem nele e lembrei-me que nunca lá comi. É a desculpa que falta para voltar lá, não é Ema?
Tudo o que lá comemos não deu “ares de restaurante”. É quase como se tivéssemos ido comer a casa de alguém da família mas com uma grande vantagem... o vinho!
Pois, é que este restaurante tem uma bela e preenchida garrafeira, especialmente a nível de tintos. A maioria das zonas do país estão abrangidas, tem desde coisas mais recentes a clássicos e conseguem-se encontrar umas boas relíquias. E os preços? Só para dar um exemplo, Duas Quintas Reserva 2001 (sim, 2001) por €25. Isto nem em garrafeiras! Até comprei para trazer para casa.
Como se não bastasse, todo o vinho é servido em magníficos copos Riedel.
Quanto ao serviço, como referi de início, familiar é a palavra que melhor o define. Nota-se a experiência de quem tem muitos anos disto, e um à vontade que faz com que baste ir lá uma ou duas vezes para nos sentirmos em casa.
No fim, quando vem a conta, tem-se sempre a sensação que falta lá qualquer coisa. Chega-se a pagar 12-15€ (sem vinho) por refeições completas, com entradas, vários pratos e sobremesa, e saírmos de lá a rebolar.
Este espaço tornou-se já quase um local de culto entre os apreciadores e os criadores de vinhaça de Lisboa e arredores, sendo quase a escolha natural dos encontros regados da malta. São comuns os almoços que só terminam no dia seguinte, especialmente os que contam com a presença do António Maria - que se pode considerar residente do Solar - proprietário da Quinta das Carrafouchas, de onde sai o “vinho da casa”.
Morada: Rua da República, 1
Manjoeira
2670-122 Loures
GPS: 38.86327,-9.160194
Telefone: (+351) 219749011
Telemóvel: (+351) 914760487
Facebook: https://www.facebook.com/solar.dospintor
Horário: De Segunda a Sábado das 10:00 às 22:00. Encerra aos Domingos.
A Tasca da Esquina fica mesmo numa esquina de Campo de Ourique, um dos bairros mais interessantes, típicos e vivos de Lisboa. Este projecto teve como objectivo reinventar as antigas tascas portuguesas, criando assim uma “gastro tasca”, com cozinha portuguesa do chef Vitor Sobral.
O espaço não é grande mas é muito convidativo e acolhedor, apesar do escasso espaço entre as mesas. A decoração é moderna mas conjuga objectos habitualmente vistos nas antigas tascas que lhe dão uma imagem muito própria.
O que mais gostamos nesta tasca é poder observar os chefs em acção, uma vez que a zona de trabalho se encontra totalmente visivel, por trás dum longo balcão, podendo os clientes fazer a sua refeição nesse balcão.
Apesar de haver 4 menus de degustação, entre os €17.5 e os €32.50, sempre que lá fomos optámos pela comida de tasca: os petiscos.
Na nossa última visita, escolhemos ameijoas, cogumelos gratinados com hortelã e moelas com tomate.
As ameijoas eram fantásticas. Embora não diga no menu, é a receita típica das ameijoas à Bulhão Pato com vinho branco. É um prato simples de fazer mas que, quando as ameijoas são de boa qualidade (que era o caso, algarvias?), é de comer e chuchar os dedos no final. Só de estar a escrever isto já me está a dar fome de ameijoas.
Os cogumelos também são bastante simples, com queijo da ilha por cima e a hortelã a dar um toque de frescura muito bom. Uma receita que acabámos por copiar e volta e meia fazemos em casa. Uma nota especial para o facto de usarem flor de sal. Já experimentámos fazer com sal "normal" e com flor de sal e a diferença é enorme, com vitória da flor de sal por KO técnico.
Para terminar, as moelas. As moelas são um daqueles pratos complicados de nos satisfazer, pois é uma das minhas especialidades culinárias. Raramente comemos moelas fora de casa, mas decidimos arriscar. A textura das moelas estava perfeita, o molho também era bom mas... ainda não foi desta que as cá de casa foram superadas. Se calhar não acreditam em mim porque sou eu que faço as moelas, nem na Ema porque ela não ia arranjar problemas conjugais, mas sujeito-me a fazer um teste com alguém imparcial para comprovar que tenho razão.
Passando então para as sobremesas, sempre que um restaurante tem pudim Abade de Priscos eu peço. Após vários anos a viver no Minho esta sobremesa tornou-se numa amiga habitual e, desde que voltei para o Sul, todas as que tinha comido cá por baixo tinham sido frustrantes. É quase como o que me tem acontecido com as francesinhas. Este foi, de longe, o melhor que comi abaixo do Douro. O molho de limão no fundo funciona muito bem para contrastar com este verdadeiro colesterol em estado sólido. Continua a não ser um Abade de Priscos à macho como se come no Minho, que faz crescer pêlos no peito, mas apesar de tudo esteve em muito bom nível.
A Ema comeu uma mousse de chocolate, que vem servida num frasco acompanhada por (salvo erro) nozes caramelizadas. Como não gosto de nozes (trauma de infância), provei só a mousse. Bom chocolate, sem doçura em excesso, e é daquelas que dá para virar ao contrário que não cai. Pessoalmente é assim que gosto da mousse, firme e hirta!
Quanto a vinhos, a carta não é muito grande. Cabe numa página. Mas a selecção até é bastante interessante, entre mais e menos populares e uma distribuição de regiões bastante razoável e sempre a indicação do ano. Gosto muito de estar organizado por preços e, a merecer aplausos, todos os vinhos estarem disponíveis a copo. A partir de €2.75 podemos ter um copo de bom vinho a acompanhar a refeição, como por exemplo um Maria Gomes do Luís Pato, que foi o primeiro dos vinhos que escolhi. As caves climatizadas garantiram temperaturas irrepreensíveis. Uma lacuna são os licorosos, com as boas sobremesas que têm, fazia falta uma oferta interessante.
Resta falar no serviço. E aqui, ainda por cima foi no dia seguinte a uma ida ao Bocca, esta nossa última visita deixou um pouco a desejar. Cumpriu apenas os serviços mínimos e no aconselhamento de vinho (apesar de eu ter tentado puxar por isso) foi nulo. Mas, pelo que pudémos depois observar, foi azar com a empregada que nos calhou. Pouco depois, numa mesa a seguir à nossa, um outro empregado apresentou os menus de degustação, perguntou se havia alguma restrição alimentar, aconselhou os vinhos para acompanhar a refeição, explicou em detalhe todos os pratos, etc. Uma diferença do dia para a noite que não devia acontecer num restaurante como este.
No final pagámos cerca de €27 por pessoa, com 2 vinhos diferentes a copo, perfeitamente justificado pela qualidade da refeição.
Morada: Rua Domingos Sequeira 41C
Campo de Ourique . 1350-119 Lisboa
GPS: 38.715301,-9.163665
Telefone: (+351) 210993939
Telemóvel: (+351) 919837255
Email: [email protected]
Web: http://www.tascadaesquina.com/index_lx.html
Facebook: https://www.facebook.com/tascadaesquina
Twitter: https://twitter.com/#!/tascadaesquina
Peniche, além de atrair surfistas (e não só) por causa das suas ondas e praias, atrai também, nos últimos anos, apreciadores de vinho de várias zonas do país. A responsável por este último movimento de peregrinação é a Tasca do Joel.
Já não íamos para aqueles lados há uns anos e na última vez que fomos ainda não sabíamos da sua existência. Entretanto, já há quase 2 anos que andávamos para lá voltar e nada. Ainda por cima com os acessos que tem agora, chega-se lá num instante. Acho que só faltava mesmo uma deixa, que acabou por aparecer através de um email sobre uma prova que ia lá decorrer.
Chegar a Peniche é fácil, mas para chegar à Tasca do Joel convém ir com boas indicações ou GPS, mesmo que este último tente mandar por um sentido proibido durante o percurso. Estou convencido que se fosse uma dezena de vezes a Peniche sem saber da sua existência, a probabilidade de o encontrar seria nula.
Para quem não sabe, além de restaurante, a Tasca do Joel tem uma parte gourmet, bem recheada com vinho do bom. Ora isso faz-nos tomar logo uma decisão difícil ao chegar, que é escolher por onde começar. Como já estávamos esganadinhos com fome, decidimos ir comer primeiro.
O restaurante tem um ar tradicional e pode-se fazer o repasto em 2 ambientes distintos. Uma parte interior, com mesas corridas, e uma parte exterior, embora coberta. Há ainda outras salas mais pequenas, mas são reservadas para eventos de grupos. Como estava um dia bonito, fomos para a parte exterior passando por 2 fornos a lenha que começaram logo a abrir o apetite. Junto à mesa onde ficámos há uma vitrine com peixe, de ar saudavelmente fresco, onde se pode escolher o animal que se pretende degustar.
Mas nem só de peixe vive este restaurante tão perto do mar. A escolha é bastante vasta também em carnes e um dos 2 fornos a lenha serve precisamente para alguns dos pratos de carne.
Como queríamos comer em pouco tempo, para ir de seguida para as provas, acabámos por cometer a heresia de comer carne, um pato com castanhas, que era um dos pratos do dia. Pode-se dizer que o prato faz ao nome tasca, no que isso tem de bom. Apresentação bastante simples e confecção daquelas que nos faz muitas vezes preferir ir a uma tasca, do que a um restaurante com muitos floreados. Carne super tenra, saborosa, com aquele gosto a caseirinho e em quantidade que deu bem para os 2 e ainda sobrou um bocado. Não posso deixar de referir o pão e a broa, que fazem as delícias de um apaixonado por pão já farto de pão industrializado.
Onde já não se parece nada com uma tradicional tasca é na parte dos vinhos, logo a começar pelos copos. E ainda não tinhamos nós visto a carta de vinhos... Quando a abrimos, a primeira coisa que veio à cabeça foi: “Como é que tivemos tanto tempo até vir aqui?”. São 31 páginas organizadas de uma forma fácil de entender, sempre com referência do ano e uns preços raramente vistos na restauração. As 3 primeiras páginas são só de vinho a copo, sendo possível encontrar belos vinhos a partir de pouco mais de 2€.
Os 2 vinhos que pedimos a copo estavam com temperatura correcta, creio que vieram da cave climatizada. A rolha de ambos foram tiradas na mesa, mas vimos que o sistema de conservação são daquelas máquinas que retiram o ar das garrafas.
O 2º prémio ganho no concurso de cartas de vinhos da Revista de Vinhos, na categoria de melhor relação preço/qualidade, não foi obra do acaso.
No final não tivemos espaço para a sobremesa, só bebemos café. Já que temos que lá voltar para experimentar o peixe (a desculpa é convincente, não é?), aproveitamos para provar as sobremesas.
Pagámos cerca de 13€ por pessoa com vinhos de gama média. Está bem que não comemos sobremesas, mas para a qualidade da refeição achei o preço muito bom.
No final fomos conhecer a parte gourmet, que também vale bem a visita. Boa variedade de vinhos, incluindo Vinhos do Porto, acessórios, azeites, doces, enchidos, conservas, etc...
Ficámos de olho nas alheiras de bacalhau e vegetarianas, que também têm na lista do restaurante.
Decididamente, temos que passar a fazer mais viagens pela A8 e fazer um pequeno desvio.
Morada: Rua do Lapadusso, 73
2520-370 Peniche
GPS: 39.357093,-9.392935
Telefone: (+351) 262782945
Telemóvel: (+351) 939711007
Fax: (+351) 262782235
Email: [email protected]
Web: http://www.tascadojoel.com
Facebook: http://www.facebook.com/pages/Peniche-Portugal/Tasca-do-Joel/155244010554
Horário: Das 12:00 às 22:30. Encerra às segundas.
Já aqui tinha falado do Restaurante Flor de Lis, do EPIC SANA Lisboa Hotel, e da boa impressão com que tinha ficado dele. A convite da SANA Hotels, por ocasião das novas cartas Primavera/Verão, tive o prazer de começar a Tour Gastronómica por aqui.
Mais uma vez, começei por me deliciar com os pães e manteigas de várias variedades de que fazem parte o couvert. Sim, não me canso. Em especial do pão com azeitonas.
Em jeito de pré-amouse, uma espécie de bruschetta de tataki de atum com tomate, começou-nos a preparar para o que havia de vir.
O amouse em si foi uma cama de vieira, com beterraba, ovas de salmão e espuma de lima. A cama de vieira deixou-nos intrigados, pois a textura parecia gelatina e o sabor não marcava o prato. Um prato fresco a pedir claramente Verão.
De seguida veio a entrada que, para mim, foi o auge da refeição. Eu ainda não acredito bem nisto, mas tratava-se de um Foie gras caramelizado (recheado com enguia fumada), ananás confit com especiarias, tártaro de pato fumado e folha de bronze e ouro. Se na última visita já tinha estranhado o facto de ter gostado de foie gras, desta vez fiquei quase sem palavras. Aquele toque da enguia fumada então… Eu que até gostava da ideia de não gostar de foie, por causa do processo de “engorda” do fígado dos bichos, e fazem-me isto! O conjunto com o pato e o doce e ácido do ananás fazia todo um conjunto que fez este prato entrar no top do que tenho comido nos últimos tempos.
Seguiu-se o prato de peixe. Peixe galo, lagostins salteados, minestrone de legumes e jus de lagostins, que teve dificultada a sua tarefa pela excelência da entrada. Belíssimo, o lagostim. Delicioso, não só na boca como nos olhos, o minestrone de legumes. O peixe-galo é que tinha passado ligeiramente (para mim) o ponto perfeito.
Após uma espuma de limão e creme de côco para limpar a boca, chegou a vez do prato de carne. Leitão crocante, cromesqui de topinanbourgh, (mini) legumes biológicos da Quinta do Poial e jus de cebola. Com a regularidade com que como leitão à Bairrada, a minha exigência com leitão é bastante elevada. A forma como é feito, cozinhado durante 12 horas, faz com que se torne impossível o efeito batata pála-pála de um leitão assado. Por outro lado, a intensidade e textura da carne fica brutal. Foi também a minha estreia a comer tupinambo e foi uma agradável surpresa. Sem dúvida um tubérculo a conhecer melhor.
Como preparativo para a sobremesa veio gelado de manga com mirtilhos e folha de maracujá. Gostei do sabor, mas a textura da folha de maracujá tornava-o impossível de comer com talheres. Faz de conta que ninguém viu e resolvi a questão à mão.
A refeição terminou com um sorvete de morango com creme de queijo e morangos marinados com mel e hortelã. Depois de 2 pratos principais de meia estação, esta sobremesa já voltou ao registo de Verão, leve e fresca, apesar de não ter o “factor Uau” da maioria dos outros pratos.
O menu foi acompanhado de um suplemento de vinhos, que decidimos deixar ao critério da casa. Herdade dos Grous Colheita Tardia (não tomei nota do ano), Grous Branco 2013, Montaria Tinto 2011 e Tawny Reserve da Burmester foram os escolhidos. À excepção do Colheita Tardia, que pedia muito mais acidez (que compensasse toda a doçura) para acompanhar a entrada, os outros complementaram muito bem os pratos.
Mais uma vez saí de lá com grande satisfação, com a certeza que este restaurante é muito menos conhecido do que merece.
Na sequência da visita ao Flor de Lis, a Tour Gastronómica SANA Hotels para mim continuou por Lisboa, desta vez no Myriad by SANA, o imponente hotel colado à Torre Vasco da Gama, no Parque das Nações.
Aos comandos da cozinha do River Lounge - o restaurante do hotel - está o Chef francês Frederic Breitenbucher, vindo da Fortaleza do Guincho. Mais uma aposta do grupo SANA em dar “ordem de soltura” a sub-chefes de cozinhas com créditos firmados.
Passando sem mais demoras para o que nos foi caindo na mesa, até porque só o nome dos pratos já fazia um post com 1 página, não posso também aqui deixar de falar no pão. Com especial destaque para o de passas e o de caril, que fez as delícias da mesa.
O menu começou com Vieira Marinada, Variação de Beterraba e Legumes Crocantes. Com um empratamento daqueles que dá pena desmanchar, soube tão bem como aparentava. Um prato fresco e primaveril, que combinou na perfeição com o Rio Tejo que nos acompanhava na refeição. Ah, e com um Mar da Palha Sauvignon Blanc 2012 que, apesar de ser uma casta pela qual não morro de amores, tinha uma boa acidez e um toque vegetal que fazia ali todo o sentido.
Ainda como entrada, Magret de Pato Fumado com Foie Gras Salteado, Chutney de Toranja e Pão de Especiarias. Mais uma prova de fogo superada para Foie Gras, afinal parece que gosto mesmo daquilo! Combinação de sabores harmoniosa com aquele punch (não arranjei uma palavra de jeito em português que encaixasse aqui bem) do chutney a dar ainda mais brilho ao conjunto.
O prato de peixe foi Salmonete Salteado, Compota de Funcho, Crumble de Azeitonas e Batata com Açafrão. O salmonete é dos meus peixes preferidos e aqui teve o tratamento merecido. Textura perfeita, e o molho feito com as espinhas, fígados, etc, a puxar pelo sabor “amariscado” do peixe. Não fosse a batata com açafrão ter ficado ligeiramente crua e este tinha sido, sem espinhas, o prato da tarde.
Com grande exuberância no aroma, mas uma boca fresca e seca, o casamento do Moscatel Galego da Quinta do Vallado 2013 com o prato foi feliz.
Foi já com alguma dificuldade em arranjar tanto espaço no estômago que consegui dar conta do Porco Preto e Canelloni Recheado com Morchella e Ervilhas, acompanhado de um Passadouro Tinto 2012 (aqui, infelizmente, um pouco mais quente do que devia). Carne no ponto. Os canellonis tinham um sabor muito suave, onde até os cogumelos morchella deixavam ser a carne ser o centro das atenções. Gostava de ver ali alguma malta que tem a mania que nos restaurantes com pratos de apresentação mais cuidada se passa fome.
Quando pensávamos que já teriam passado os momentos mais altos da refeição, eis que nos surge a degustação de primavera, do Chef Pasteleiro Anderson Miotto, um 3 em 1 composto por:
- Suspiro Recheado com Creme Musseline e Frutos Vermelhos, acompanhado por Sorvete de Framboesa e Baunilha (sim, estes desgraçados todos que lá estiveram a almoçar, com a mania das fotos deixaram derreter o gelado);
- Verrine de Frutas e Chocolate, Mousse de Queijo Creme e Cremoso de Cacau;
- Tarte Tatin, com Gelado de Baunilha e Frutos Vermelhos.
E o que dizer deste trio sem abusar nos adjectivos? Não sei… Limito-me a dizer que afinal o estômago tinha mais espaço do que eu pensava e que mesmo um Graham’s LBV 2008, que é um bom vinho, pareceu pequeno ao pé desta sobremesa.
Não tive oportunidade de prosseguir o tour pelos outros restaurantes do grupo, EPIC SANA Algarve Hotel (Alquimia), SANA Sesimbra Hotel (O Espadarte) e SANA Silver Coast Hotel (O Lisbonense), mas por esta amostra fico bastante contente de ver um grupo português com hotéis e cozinhas destas.
Para começar a falar deste restaurante é obrigatório falar na sua localização. Simplesmente fantástica. Até lá chegar, é preciso fazer curvas, e mais curvas, que parecem nunca mais acabar, mas só pela vista valia a pena dar lá um salto. Rodeado de vinhas, pode-se de lá contemplar o Douro e toda a cidade do Peso da Régua.
Já várias pessoas nos tinham falado bem do restaurante. Como quando nos deu a fome estavamos mesmo ali ao lado, decidimos experimentar. As horas eram um pouco impróprias, já passava bem das 15h00, mas fomos na mesma ver se ainda era possível almoçar.
Nunca mais me hei-de esquecer da resposta simpática que nos foi dada quando perguntámos se ainda podiamos almoçar: “Claro, não os iamos mandar para trás”.
Pelo aspecto típico do restaurante, mesmo sem saber o que havia, deu imediatamente para perceber que se tratava de um restaurante de comida regional.
O que estava mais pronto para sair era cabrito assado no forno. Que pontaria, eu não gosto de cabrito!! Ainda fiz olhinhos aos pratos de bacalhau e de polvo que estavam na lista mas, como não quis abusar da boa vontade das pessoas, acabei por mandar vir o cabrito.
Bem, o que posso dizer é que o cabrito se comeu bem. Isso deve querer dizer que estava bom. Segundo a Ema, sim, estava bastante bom. As doses são generosas sendo a apresentação a típica de um restaurante regional, sem grandes “floreados”.
No final, fomos espreitar na vitrine as sobremesas. Os meus olhos estavam a fugir para um bolo de bolacha, mas estava-nos mesmo a apetecer uma mousse de chocolate. Estava boa, caseirinha, com textura sólida e bem misturada.
Quanto aos vinhos, a carta é bastante extensa e com alguns preços bastante interessantes.
Com mais de 300 referências, é uma carta de cariz regional, quase completamente dominada pelos vinhos do Douro. Tem quase todas as referências clássicas e algumas das marcas recentes do mercado, mas notámos a ausência de muitos dos nomes mais “na moda”. Embora grande parte dos vinhos estejam expostos, vimos lá umas caves climatizadas.
Apenas tenho pena que não tenha vinho a copo. No dia em que lá fomos não nos apetecia mais do que isso, pelo que não mandámos vir uma garrafa só para os 2.
Os copos que estavam na mesa não seriam os mais indicados para o vinho, mas o proprietário prontamente nos mostrou os copos que usa para o serviço de vinhos. Esses já eram correctos, não eram iguais aos que estavam na mesa. Ele acabou por nos confidenciar que já trocou de copos duas vezes, por causa das críticas negativas nas revistas da especialidade.
Quanto à multa, deu €16.70 por pessoa (sem vinho).
Fiquei com vontade de voltar lá para comer um dos pratos mais do meu agrado, e beber um bom vinho, para que a experiência seja completa.
Morada: Lugar da Boavista - Loureiro
5050-315 Peso da Régua
GPS: 41.172884,-7.814326
Telefone: (+351) 254336949
Fax: (+351) 254336092
Web: http://www.varandadaregua.com
Email: [email protected]
Horário: Todos os dias das 12:00 às 15:00 e das 19:00 às 22:00
Nós gostamos bastante do Algarve e vamos lá passar uns dias quase todos os anos, geralmente fora dos meses de Verão para explorar todos os recantos. Fora dos roteiros turísticos habituais, escontram-se por vezes algumas pérolas. É o caso do restaurante/garrafeira Veneza, que nem o facto de ficar longe das praias o impede de estar sempre com clientela. Na última vez que passámos uma semana pelo Algarve, acabámos por ir lá almoçar três vezes e estava sempre a bombar.
Além de ser restaurante, o Veneza é uma garrafeira de referência a nível nacional, no que toca a vinhos portugueses.
Pode-se ir lá só para comer, só para comprar vinho, escolher na garrafeira o que queremos beber no restaurante ou levar para casa o que lá bebemos. Tanto a nível de aspecto como de ementa, este é um restaurante de cariz regional. Levou um retoque desde a nossa visita anterior, na parte do restaurante e na parte exterior do edifício. A não ser pela quantidade de carros à porta, passa despercebido a quem lá passe por acaso.
Talvez por ser mais afastado das praias, não é o peixe que domina a ementa. Há 2 ou 3 pratos do dia que, pelo menos pela nossa experiência lá, são de carne ou bacalhau. Há também alguns pratos fixos de carne, como por exemplo uns óptimos lombinhos que comemos uma das vezes, bem como mariscos vivos que fazem na hora.
Como não sou muito amigo de marisco, optámos sempre pelos pratos de carne.
Enquanto escolhiamos o prato principal, atacámos sempre o queijo, presunto e paio que costumam meter na mesa. Tudo de boa qualidade.
Além dos já referidos lombinhos, comemos também vitela assada e arroz de pato. As doses são sempre em quantidade mais do que suficiente e a comida é bem confeccionada e sem floreados. Nas sobremesas há as omnipresentes mousses, saladas de fruta, etc... mas também alguns doces tradicionais algarvios. A sobremesa que aconselho a quem lá for é a potente tarte de figo, amendoa e alfarroba.
Embora a comida seja boa, o que realmente faz o Veneza ser quase um local de romaria é a vasta escolha de vinho. A lista é enorme, tem uma organização fácil de entender, mas acaba por tornar difícil escolher entre tanta coisa. Se calhar o mais fácil é ir pedir ao Sr. Manuel Janeiro para nos aconselhar, ou então ir à garrafeira escolher o que queremos beber no restaurante. Mesmo que não esteja na lista, é possível beber no restaurante com um acréscimo pelo serviço que, nos vinhos que bebemos, andou à volta dos 25%.
Ao contrário do que foi escrito numa das revistas portuguesas de vinhos, não havia nenhuma máquina para retirar o ar às garrafas e, talvez por isso, vinho a copo só o da casa. Num dos dias apenas bebemos meia garrafa, mas ofereceram-se para guardar o vinho na cave climatizada até à refeição seguinte.
O vinho normalmente é bem servido, copos óptimos e temperaturas correctas. No entanto, na nossa terceira visita as coisas não correram bem. O vinho foi servido a uma temperatura muito acima dos 20ºC, o que acabou por ser resolvido com um frapé que nos trouxeram a pedido. Além disso, o vinho tinha algum depósito e devia ter sido decantado. Em situações anteriores decantaram o vinho, e noutras mesas ao lado nesse dia, pelo que não se percebe porque não foi aquele vinho decantado.
O empregado foi diferente dos outros dias, não sei se seria por isso, mas de qualquer forma isto nunca deveria acontecer num restaurante que é referência pelos seus vinhos. Como aconteceu apenas num dos dias, e já lá tinhamos ido em anos anteriores, vou assumir que se tratou de um lapso.
Quanto a preços, oscilou entre os 15 e €20 por pessoa, sempre com vinho. Até nisto difere do habitual no Algarve.
Morada: Mem Moniz - Paderne
GPS: 37.1676,-8.21761
Telefone: (+351) 289367129
Email: [email protected]
Web: http://www.restauranteveneza.com/
Facebook: https://www.facebook.com/VenezaRest
Horário: Das 12:30 às 15:00 e das 19:00 às 22:00. Encerra 3ª feira todo o dia e 4ª feira ao almoço.
Arquivo de artigos sobre restaurantes e wine bars que já encerraram.
Já andávamos para ir ao Bocca há muito tempo. Primeiro foram aquelas situações que nos acontecem com frequência, que é querer ir a algum lugar que não conhecemos e não nos lembramos de nada... até ao dia a seguir. Depois veio o filhote e estivemos no pré e pós nascimento dele numa quarentena de jantares fora.
Mas, finalmente, a oportunidade surgiu. A creche do garoto volta e meia tem uma noite especial para os pais e ficam com eles até à 1 da manhã. Aqui só para nós, às 22h já lá estávamos para o ir buscar... Somos uns progenitores galinácios, é verdade.
Para variar, estivemos até à última para escolher onde ir jantar, mas uns dias antes o nosso amigo André Ribeirinho tinha publicado no Facebook umas fotos no Bocca a meter nojo ao pessoal, o que acabou por facilitar a escolha. Isso e o interessante blog da equipa de cozinha deles.
Chegámos cedo e fomos encaminhados para a mesa que tínhamos reservado enquanto dávamos uma olhada à volta. Decoração com muito gosto, moderna mas sóbria qb, referências à cidade de Lisboa em alguns painéis, muitos espelhos a dar uma sensação de mais espaço do que realmente tem e, para mim a cereja em cima do bolo, a enorme vidraça que permite ver a equipa de cozinha em acção.
Na altura havia 2 menus de degustação à escolha, em que um deles tinha mais 2 pratos que o outro, e o menu à carta. Optámos por ir para o menu mais pequeno (amuse-bouche mais 4 pratos), até porque aqui o esquisito não gostava de 2 dos pratos do menu maior, e porque para comer 3 ou 4 pratos acabava por ficar mais caro do que o menu.
Não me vou alongar muito sobre os pratos propriamente ditos, até porque a carta vai mudando e já não é a mesma, mas sim sobre a experiência gastronómica em si, que será o que interessa a quem ler isto com ideias de ir lá comer. É um restaurante de cozinha moderna, aqui e ali com algumas referências de pratos típicos portugueses, mas sempre como apontamento. Começou com um amuse-bouche de abóbora e enchidos (acho que era isto, mas não tomei nota e a minha memória não chega para estas coisas), seguido por um fresco salmão mergulhado em vichyssoise de maçã e seu sorbet, um carpaccio de pato com chalotas e chutney de ananás (potente!), um pregado com molho de mexilhão e pinhões e, como sobremesa, "arroz doce", que era um gelado de limão regado com creme de arroz doce. O que gostámos menos foi da sobremesa, embora o contraste do limão com o doce tivesse alguma piada. Quanto ao que gostámos mais é difícil dizer. No meu caso acho que gostei mais do pregado, apesar de conhecer algumas pessoas que acharam o contrário. Mas a tarefa de vir a seguir ao pato era complicada, eu trocaria a ordem destes 2 pratos.
Ingredientes de elevadíssima qualidade, a maioria nacionais, boa integração dos sabores e uma confecção dos pratos com elevado nível de afinação. Até pela calma com que se trabalhava na cozinha, dava a sensação que podiam fazer aquilo de olhos fechados que não haveria grande lugar a falhas. Faltou apenas o “factor uau”, um prato daqueles que ficam para sempre na memória.
Como não há fome que não dê em fartura, passado menos de um mês estávamos lá novamente, mas para almoçar. Era preciso tirar fotos de jeito, porque as do jantar estavam muito más! Ao almoço havia um menu de almoço de valores mais acessíveis do que ao jantar, com pratos de mercado de rotação semanal, que foi a nossa escolha. Curiosamente, não achei que esses pratos ficassem nada a dever aos do jantar e foi um risotto de lima com vieiras grelhadas, comido nesse almoço, o prato que mais recordações me deixou deste restaurante.
Infelizmente em Janeiro deixaram de haver almoços no Bocca. A boa notícia é que passaram a haver pratos de mercado ao jantar e um menu sugestão, tornando possível baixar um pouco o preço do jantar.
Se ainda não adormeceram a meio do texto - a minha capacidade de síntese está fraca - tenho ainda que dedicar umas palavrinhas ao serviço. A não ser que nós e as pessoas que aconselhámos a ir lá tenhamos todos tido uma sorte descomunal, será muito difícil encontrar melhor serviço de sala em Lisboa. Se há coisa que detesto é em restaurantes, mesmo dos caros, ter que passar a vida a chamar os empregados para tudo. E então se tiver o azar de apanhar engravatados numa mesa ao lado nem se fala, às vezes até chego a pensar fotografar-me a mim próprio para verificar se não me tornei invisível. No Bocca em momento nenhum foi preciso chamar ninguém para nada, apareciam sempre nos momentos certos. Nem a presença de um ex-ministro umas mesas ao lado fez sentir que havia tratamentos preferenciais.
Não posso deixar de destacar o trabalho do Ricardo Morais, que agora acabou de ganhar o prémio de Escanção do Ano da Revista de Vinhos, tanto na elaboração da carta de vinhos, como no serviço na sala e no grande estudo da harmonia entre pratos e vinhos. Se eu fosse alterar alguma coisa nas sugestões dele para os pratos só ia estragar. Com vastas opções a copo, demos liberdade total para sugerir os vinhos e nunca seguiu o caminho mais fácil de ir buscar vinhos mais caros. Pelo contrário, aconselhou-nos muitas coisas menos conhecidas, de boa relação preço/qualidade, que casaram sempre na perfeição com os pratos. Recordo várias vezes com satisfação a combinação do pregado com um Senhor D'Adraga Branco ali da zona de Colares, do qual nunca tinha ouvido falar até àquele dia.
A parte mais custosa ficou para o fim, o preço. Pagámos cerca de €60 por pessoa com vinhos, o que torna difícil ser cliente regular, pelo menos para a minha carteira. Mas não há milagres, a qualidade dos ingredientes e as excelentes equipas de cozinha e sala não se pagam sozinhas. Mas será sempre uma das minhas minhas primeiras opções para ocasiões especiais
Morada: Rua Rodrigo da Fonseca Nº87-D
1250-190 Lisboa
GPS: 38.723923,-9.154208
Telefone: (+351) 213808383
Fax: (+351) 213808387
Email: [email protected]
Web: http://bocca.pt/
Facebook: https://www.facebook.com/RestauranteBocca
Twitter: http://twitter.com/BoccaLisboa
Horário: Encerrado
Este é um daqueles casos em que passámos anos a dizer “temos de ir lá” mas, ainda hoje não sei explicar porquê, nunca tinha calhado.
Foi preciso o Facebook e o Twitter, em que o Gemelli está sempre bastante activo, para finalmente nos mexermos e irmos lá jantar. A desculpa foi um menu promocional para os fãs nestas redes sociais, com 4 pratos, água, 2 vinhos a copo e café por €29.
Como fomos na véspera de um fim-de-semana prolongado, Lisboa estava quase deserta, e também o restaurante. Arranjámos lugar para estacionar à porta e, durante largos minutos, tivemos o restaurante só para nós. O que foi bom para poder fotografar à vontade sem chatear os outros clientes.
O espaço não é muito grande mas é folgado, com bastante espaço entre as mesas. Decoração sóbria, com um quadro que já se tornou imagem do espaço (ainda não tinha ido lá e já o conhecia) a destacar-se ao fundo da sala.
Após nos meterem o couvert na mesa com pão e focaccias deliciosos, apesar de já sabermos o que íamos comer, demos uma olhada ao menu. Há uma página com pratos em separado, mas os menus de degustação acabam por ser a melhor opção (relação preço/qualidade). Há um de 4 pratos por 29€ e um com 7 pratos por 52€. Este de 7 pratos tem a particularidade de ser um menu surpresa, em que estamos completamente nas mãos do chef.
Ao almoço há ainda um menu “Gourmet Express” com entrada, prato, sobremesa, água, vinho e café, por 19€.
Tenho que voltar atrás e falar novamente no couvert... Eu adoro pão. Para um viciado em pão como eu, é um regalo apanhar um couvert com pão tão bom. Se há coisa que me irrita é o raio dos restaurantes quase todos terem aquelas porcarias “pré-fabricadas” a que chamam pão.
Antes dos 4 pratos do menu, tivemos ainda direito a um amouse-bouche que, como tenho a mania que ainda tenho 18 anos e me lembro das coisas, não apontei o que era e esqueci-me...
A entrada foi uma crostatina (tipo uma tarte pequena) de courgette e mozarella com chutney de pimentos. O problema é que a minha úlcera duodenal e os pimentos fazem uma combinação explosiva. Prontamente se ofereceram para me trocar o prato mas como tinha Ulcermin® à mão, o problema ficou resolvido sem ser preciso trocar. A crostatina estava estaladiça e o seu sabor suave era bem compensada pela pujança do chutney, fazendo uma combinação interessante.
De seguida veio um fettuccine de azeitona com pesto de mangericão e atum desidratado. Eu normalmente nem sou muito de massas com animais do mar, mas gostei bastante deste prato e combinou na perfeição com o Brunheda reserva branco que escolheram para o acompanhar.
Seguiram-se uns cubos de peru salteados em agridoce com arroz aromático de legumes e molho de caju. Foi o prato que menos gostei. Não posso dizer que não gostei, pois estava bem confeccionado e a combinação não é uma coisa banal que se coma em qualquer lado. Apenas não impressionou.
Para finalizar um “bolo de maçã da avó” com ragôut de fruta tropical e molho de caramelo, fofo, com frutinha boa para desenjoar.
Relativamente a vinhos, estamos a falar de um dos restaurantes de Lisboa que melhor trata o vinho. Além de uma extensa e muito bem elaborada carta de vinhos, as temperaturas e os copos são irrepreensíveis, há bastantes vinhos a copo (com sistema de conservação como deve ser) e é daqueles sítios em que não há que ter medo de aceitar as sugestões de casamento entre vinho e comida. Mesmo eu que tenho a mania que pesco umas coisas de vinho, sou um menino ao pé deles neste capítulo.
Assim a olho, os vinhos pareceram-me andar pelo dobro do preço das garrafeiras o que, tendo em conta o que disse acima, é perfeitamente justificado. Afinal de contas, basta entrar num tasco qualquer e ver que o vinho custa 3 ou 4 vezes o preço de supermercado e chega à mesa morninho e em copos miseráveis.
Resta falar no serviço, que se mostrou competente e muito profissional, mas sem fazer sentir constrangimentos. Isto é, um gajo sente-se à vontade.
Entretanto já voltei ao Gemelli num contexto diferente. Um jantar dos Grandes vinhos para 2010/2011, organizado pela Flying Wines, que acabou por ter quase o dobro das pessoas para o qual o menu tinha sido inicialmente pensado. Deu para ver como se saía a cozinha a fazer pratos para tantas pessoas bem como o serviço de mesa. Neste ponto por vezes li algumas críticas negativas feitas por outras pessoas, mas da primeira vez com o restaurante quase vazio não dava para verificar. No entanto, a nível de serviço esteve bem e nada a dizer da comida.
A nível dos pratos tive exactamente a mesma sensação da vez anterior. Alguns agradaram mais (com o tártaro de barrosã e o lombinho de porco preto corado ao alecrim a roçarem o divinal), outros nem tanto mas sempre bem confeccionados.
Globalmente foi novamente uma excelente refeição.
Uma coisa que é certa é que não vamos encontrar pratos que se comem em casa. Como (modéstia à parte) cá em casa se cozinha bem, para comer o mesmo que em casa não vale a pena ir comer fora.
Morada: Rua Nova da Piedade 99
1200-297 Lisboa
GPS: 38.714225,-9.153247
Telefone: (+351) 213952552
Fax: (+351) 219204201
Telemóvel: (+351) 934952552
Email: [email protected]
Web: http://www.augustogemelli.com
Twitter: http://twitter.com/AugustoGemelli
Facebook: http://www.facebook.com/pages/GEMELLI/91644202981
Horário: Encerrado
Todas as semanas tentamos fazer uma noitada vínica.
Embora sejamos fieis a alguns espaços, gostamos de ir variando e conhecendo outros que tenham uma boa garrafeira e serviço de vinho cuidado.
Tínhamos boas referências deste restaurante, ou melhor deste bistrô . Numa dessas noitadas, já há mais de um ano, decidimos verificar com os nossos próprios olhos... e boca. Tem um ambiente acolhedor, uma decoração diferente e especial . Pelo menos nós sentimos-nos sempre bem lá, o que nos fez voltar várias vezes . É como se fosse um pedaço de Paris no meio de Lisboa.
Assim que nos instalamos, é levado à mesa um quadro com os pratos do dia (entradas, pratos e sobremesa) que são devidamente explicados. O sotaque francês carregado da proprietária é como que uma extensão do próprio espaço, ajudando a criar o ambiente.
Os pratos, a preços muito razoáveis, são sempre típicos franceses. Alguns têm um toque aportuguesado devido aos ingredientes utilizados, mas sempre muito bem confeccionados. Já provámos pratos bastante variados. Empada de coelho e ameixa, que surpreendeu pela óptima combinação, mesmo para quem não costuma achar muita piada a coelho como eu e o Nuno. Portiflette, que é um prato com camadas de batata cortada fina, cebola e bacon, coberto de queijo e levado a gratinar. Cou de canard, uma espécie de enchido de pato e fois gras com batatas, com um paladar muito apurado sem se notar a parte enjoativa do pato. Todos eles acompanharam lindamente um Só Touriga Nacional 2001.
Como não podia deixar de ser, costumam ter alguns pratos com vinho tinto, tão usual na cozinha francesa, como o Boeuf Bouguignon, que é um estufado de vitela muito apurado com vinho tinto, que nos ajudou a deitar abaixo uns Lavradores de Feitoria Três Bagos 2004. E ainda uma simples, deliciosa e potente empada de porco com vinho tinto, que se portou muito bem com um Ensaios FP 2006.
A carta de vinhos é bem recheada e com nomes bastante diferentes do que estamos habituados a ver na maioria dos restaurantes. Nota-se que houve ali um trabalho de selecção bem feito, com boas relações preço/qualidade e sem ir atrás de marcas. No que toca a vinhos portugueses, contámos 28 brancos, 6 rosés, 63 tintos e uma página com espumantes, Portos e colheitas tardias. Além dos vinhos portugueses , estavam disponíveis na altura 23 franceses entre brancos, tintos e Champanhes. Haviam ainda algumas referências da Austrália e África do Sul.
O preço dos vinhos não é exagerado tendo em conta o preço praticado na maioria dos restaurantes. Neste caso, podemos contar com copos Schott Zweisel que mudam conforme o tipo de vinho servido. Por isso, o serviço também está contemplado e ajuda a justificar o preço do vinho.
Uma nota muito positiva relativamente ao vinho a copo disponível. Todos os vinhos podem ser bebidos a copo! Isso mesmo, todos! Ainda por cima sai quase ao mesmo preço da garrafa. Os vinhos são conservados com o sistema Le Verre de Vin, o que garante a qualidade vários dias após a abertura. Embora não víssemos qualquer cave climatizada, os vinhos tintos foram sempre servidos a temperaturas decentes. Mesmo numa das vezes em que vimos tirar um vinho da prateleira, e ficámos com medo que estivesse quente, medimos a temperatura e estava à volta dos 19°. As sobremesas têm óptimo aspecto, mas pedimos sempre o fondant. É um bolo de chocolate húmido, acompanhado de uma bola de gelado.
Situado numa zona de Lisboa que me encanta, mesmo em frente à Assembleia da República, é imperdível, mesmo não sendo muito fácil para estacionar.
Se não formos alarves no vinho, a conta costuma andar entre os 20 e os 25€ já com sobremesa.
Nós iremos voltar muitas mais vezes.
Morada: Rua de São Bento, 107
1200-816 Lisboa
GPS: 38.711985,-9.152828
Telefone:(+351) 213950070
Telemóvel: (+351) 916932916 (Nathalie Cojan)
Horário: Encerrado
Ouvimos falar pela primeira vez do Maria da Fonte através de um artigo da Blue Wine entitulado Lisboa Gourmet, um roteiro pelas lojas e wine bars da capital.
Grande parte dos locais referidos nós já conhecíamos, quanto aos outros decidimos que teriamos que fazer uns test drives.
Este chamou-nos à atenção pelas influências italianas, devido ao país de origem da sua proprietária, e pelo facto de se situar em Campo de Ourique, um dos bairros lisboetas que mais apreciamos.
O espaço é muito mais pequeno do que estávamos a contar. Após passar a esplanada, com cerca de 10 lugares, há apenas duas mesas de 4 pessoas, uma de cada lado da sala.
De frente, um balcão que ocupa grande parte da largura da sala, onde estão expostos os queijos e enchidos que ficaram a sorrir para nós, atrás do qual está uma prateleira alta com vinhos, patés e outros produtos gourmet.
Na parede do lado esquerdo, uma grande ardósia (ou material semelhante) com os pratos e vinhos do dia escritos a giz, indica a existência de uma luminosa, linda e acolhedora sala na cave. Fomos lá espreitar. É de facto engraçada e bem iluminada, embora os adjectivos sejam um pouco exagerados, e tem capacidade para 12 pessoas. Decidimos no entanto voltar ao andar de cima e ficar numa das mesas ao lado da entrada.
Enquanto esperávamos pelo Ricardo, decidimos começar-nos a tratar.
A ementa começa por uma lista de pratos de degustação, essencialmente composta com queijos, enchidos e conservas. A lista é bastante vasta, com mais de 40 queijos e 30 enchidos. O problema é mesmo escolher, pelo que deixámos essa tarefa para a casa. E fizemos muito bem, pois tanto os queijos (gorgonzola e taleggio) como os enchidos (salame e coppa) estavam soberbos.
Quando a pratos propriamente ditos, que no fundo também é num espírito mais de petiscar, sfilacci, mozzarella, alheira e raviolis de trufas (que me estava a apetecer tanto) já não havia.
Eu pedi bresaola della valtellina em carpaccio com lascas de parmigiano e rúcula, a Ema parmigiano de melanzana (beringela) e o Ricardo foi para um provolone grelhado com legumes, que baptizámos por bife de queijo. Se olharem para a foto vão perceber porquê. Os produtos eram todos de qualidade e bem confeccionados. Sinceramente gostei bastante, mas alerto já que é bastante diferente do que estamos habituados a comer por cá. Isso para mim é uma vantagem, pois gosto de coisas diferentes, mas para os mais conservadores pode não ser bem assim.
Terminámos todos com a mesma sobremesa, panna cotta, apenas mudando o sabor da cobertura. Quem me conhece sabe que panna cotta é uma das minhas especialidades culinárias, pelo que sou bastante exigente com esta sobremesa. Ainda não foi desta que comi uma tão boa como a minha (para retirar alguma subjectividade a Ema confirma) mas andou lá perto.
Quanto a vinhos, que é sempre o nosso principal objectivo nestas visitas, a carta é um pouco limitada. Além da lista não ser tão extensa como seria de esperar num wine bar, não estão presentes vinhos de gama alta. No entanto é de salientar que também não há vinho mau e tem a vantagem de não olhar a nomes.
Há 8 vinhos servidos a copo, entre brancos, tintos e rosés, com o custo a variar entre os 2 e os 3.5€. Além desses, também os vinhos que têm mais saída podem ser bebidos a copo.
Os copos são razoáveis, mas vi numa mesa ao lado uns copos que me pareceram mais adequados. Ficámos sem saber qual o critério de escolha de copos.
Também a temperatura dos tintos tem que levar um reparo da nossa parte. Tivemos que pedir para refrescar um pouco o tinto antes de o beber, o que foi feito sem qualquer entrave por parte do empregado que nos estava a atender. Como a lista não é muito vasta, é algo que pode ser rapidamente resolvido com uma pequena cave climatizada.
Com a tábua de enchidos, pratos, sobremesa e vinho (2 a copo enquanto o Ricardo não vinha, e depois uma garrafa) pagámos pouco mais de 20€ por pessoa. Aqui não há custos escondidos pelo que, bebendo apenas vinho a copo, consegue-se petiscar com pouco dinheiro.
Morada: Rua 4 da Infantaria, 8A
1350-271 Lisboa
GPS: 38.717058,-9.164802
Telefone: (+351) 213968201
Horário: Encerrado
Descobrimos a existência d'Os Goliardos por mero acaso quando, num fórum de discussão de vinhos, vi uma mensagem do utilizador Goliardo. Nem sequer é um participante muito activo (nem eu, diga-se), mas o nome despertou-me curiosidade. Fui ver o perfil e, de lá, fui parar ao blog deles.
Como me pareceu muito bem, tratei logo de mostrar à Ema e ao Ricardo e ficou logo decidido que tinhamos de lá ir. E assim foi.
Estacionar na zona não é propriamente fácil, mas acabou por não nos correr nada mal. Dois minutos a pé e lá estávamos nós à porta.
Assim que entrámos sentimo-nos logo à vontade, em especial pela forma simpática e descontraída como fomos recebidos. Era a primeira vez que ali estávamos e quase parecia que éramos da casa. Eu não tenho nenhuma costela de psicólogo, nem sei traçar o perfil das pessoas, mas menos de dois minutos depois tinha a certeza absoluta que estava perante um caso de alegria e prazer no trabalho.
Além disso, o próprio ambiente é acolhedor. Na primeira sala, salta logo à vista uma grande cepa de videira no meio de umas prateleiras com garrafas de vinho, que se encontram divididas de uma forma no mínimo original. Além da mais vulgar divisão por zonas, também se encontram secções como “bom e barato” ou “no meio está a virtude”. Ainda nessa sala, há um balcão onde está um quadro com a selecção de vinhos a copo. Não são muitos, mas estão sempre a mudar. Mas já lá vamos.
Um corredor leva-nos a uma sala mais pequena (não é que a primeira seja muito grande), onde se encontra mais uma garrafeira, com prateleiras deslizantes, e mais alguns lugares sentados. Na parede, não se pode deixar de reparar nas fotos das visitas que eles fazem regularmente aos produtores.
Lá fora, há ainda um pátio bastante agradável em dias bons... que foi o caso.
Deixemos agora a decoração de parte, que até é melhor ver nas fotos, e passemos para o estômago. Como não se trata de um restaurante, não há pratos elaborados mas sim petiscos para acompanhar a pinga, como queijos, enchidos, tartes, etc. Pedimos um prato misto de queijo e enchidos, todos eles de qualidade, uma tortilha e uma focaccia que também estavam muito boas.
No que toca a vinho, além da selecção de vinhos a copo, o que não falta é escolha. Além de bem representado o mapa vínico nacional, onde nem faltam os Vinhos da Madeira que tanta vez são esquecidos, há uma vasta variedade de vinhos franceses, italianos e espanhóis. E o mais interessante é que se o vinho está lá é porque eles já lá estiveram no produtor numa das muitas visitas que fazem ao “berço” do vinho. Até se pode fazer um exercício interessante, que é associar as fotos nas paredes às garrafas
Isto é especialmente interessante no caso dos vinhos estrangeiros, pois conhecem algumas coisas menos mainstream, que importam directamente sem passar pelos canais do costume. Isso faz com que se encontrem belas relações preço/qualidade.
Para não dizerem que só ando aqui a falar bem, tenho uma coisa a apontar: as temperaturas. Com tantos vinhos, grande parte deles estão nas prateleiras e, portanto, estão sujeitos à temperatura da sala. Nesses casos resta recorrer à solução do refrescar.
Na sexta-feira passada voltámos lá, desta vez para um encontro de apreciadores de vinhos que frequentam o Twitter. Com mais gente dá também para provar mais vinhos e, como é um espaço que dá para conversar à vontade, é garantia de uma noite bem passada.
Resta falar dos preços, para dizer que não vale a pena dizer o que será o normal a pagar. A título de exemplo, da primeira vez pagámos 20€ e da segunda 10€. O que define aqui o preço é o vinho que se bebe e esse há para todos os gostos e carteiras.
Morada: Rua da Mãe d’Água nº9
Lisboa
GPS: 38.717419,-9.146558
Telefone/Fax: (+351) 213462156
Telemóvel: (+351) 962022242
Email: [email protected]
Web: http://osgoliardos.com
Facebook: http://www.facebook.com/pages/Os-Goliardos/135429479808524
Horário: Encerrado
Com o propósito de visitar uma feira islâmica, que estava a decorrer em Marvão, eu e a Ema planeámos a viagem de forma a passar por Portalegre à hora de almoço. Como são poucas as vezes que vamos para aqueles lados, esta seria a oportunidade ideal para conhecer o tão falado Tombalobos.
Encontrá-lo não foi tarefa fácil mas, após pedir indicações duas ou três vezes, lá demos com ele.
O aspecto exterior do restaurante não deixa adivinhar o que ali está. Quem passe ali por acaso provavelmente nem dá por ele. Por dentro as coisas já são diferentes. Sem ser um restaurante "design", tem um ar agradável e acolhedor.
Estando nós no interior do país, a ementa, como seria de esperar, é mais focada nas carnes. Aqui, quase todas as carnes têm denominação de origem e a variedade é bastante grande.
No entanto, começámos com uns peixinhos da horta. É uma coisa muito simples, mas que gosto bastante. Feijões macios, no ponto, e textura estaladiça.
Nos pratos principais decidimos "fazer uma vaquinha".
Primeiro, vieram umas pataniscas de bacalhau com migas de espinafres. Eu adoro pataniscas! Sempre que as vejo numa ementa sou impelido a pedi-las, o que faz com que por vezes apanhe grandes desilusões. Aqui não havia nada para desiludir. Eram mesmo de bacalhau e não apenas de farinha com aroma a bacalhau, como tanta vez se vê. Além disso eram sequinhas, isto é, sem qualquer excesso de gordura. Sem dúvida umas das melhores pataniscas que alguma vez comi. As migas de espinafres, que as acompanhavam, também estavam excepcionais, fazendo com que nunca mais possa dizer que não gosto de migas.
Seguiram-se uns peitos de frango recheados com farinheira. Nesta altura começaram a faltar adjectivos para elogiar a comida. À qualidade dos ingredientes, combinação dos sabores, tempo de forno, não há nada a apontar.
No final ainda conseguimos um espacinho no estômago para alojar a sobremesa e pedimos uma sericá com ameixa de Elvas. Isto é capaz de se estar a tornar repetitivo, mas tenho que dizer que foi, provavelmente, a melhor que já comi.
No que toca ao vinho, a carta é bem recheada. Mais de 200 ítems, sempre com indicação do ano, com o Alentejo e o Douro a dominarem claramente. Apenas me perdi um bocado até perceber que estava ordenada por produtor (já dentro das regiões).
Tem vinho a copo, não indicado na lista, mas estava limitado a apenas três escolhas. Finalmente um ponto em que posso apontar melhorias!
Decidimos escolher o vinho que o empregado nos aconselhou, uma parceria de Rui Reguinga com o jornalista Richard Mayson, o Pedra Basta 2005. Gostámos da escolha, da temperatura de serviço e dos copos.
No fim, os 2 juntos pagámos €41,75. Tendo em conta que foi uma das melhores refeições que tive nos últimos 12 meses, pouco mais de €20 por pessoa com vinho e sobremesas é mais do que justificado. Parece que vamos ter de arranjar desculpas para voltar a ir para aqueles lados.
Morada: Av. Movimento das Força Armadas, Tarro
7300-072 Portalegre
GPS: 39.298861,-7.42904
Telefone: (+351) 245331214
Telemóvel: (+351) 965416630
Email: [email protected]
Facebook: http://www.facebook.com/pages/Portalegre/Tombalobos-Restaurante-Alentejano/127144050666275
Horário: Encerrado
Há uns tempos atrás, um amigo nosso foi à Casa da Guia, em Cascais, e viu o Vinhos à Solta no Dão no edifício do palacete. Como sabe que andamos sempre à procura de sítios novos dedicados ao vinho, veio-nos logo falar nisto. Desde aí já lá tinhamos ido uma vez experimentar e gostámos.
Entretanto, um amigo nosso comprou casa lá mesmo ao lado e convidou-nos para ir um dia fazer uma visita. No dia em que fomos estava perto da hora de jantar, o que nos pareceu uma boa desculpa para lá voltar.
Tal como da outra vez que lá tinhamos ido, voltámos a achar que este é um espaço extremamente agradável. A começar pelo envolvente, a Casa da Guia. Quanto ao Vinhos à Solta no Dão, é um espaço muito bem decorado e acolhedor. O jazz que tinha como música de fundo estava no volume ideal, ajuda no ambiente e deixa-nos conversar à vontade. Em dias com bom tempo, também se pode optar pela esplanada cá fora, com vista para o mar.
Passando à parte de aconchegar o estômago... A ementa vai sempre variando, sendo mais virada para o petisco. Não no sentido mais tradicional do termo, mas mais numa de se partilharem várias coisas em vez de se fazer uma refeição mais convencional. No entanto, alguns dos pratos podem perfeitamente ser consumidos a solo. Neste dia que estamos a relatar, decidimos partilhar dois pratos pelos três. Começámos com umas bochechas de porco preto com ameixas de Elvas. Não foi a minha escolha, pois normalmente não sou muito amigo de sabores muito doces com a carne. No entanto, acabei por gostar bastante. A carne estava muito tenra e o prato não era nada enjoativo. De seguida, veio um ossobuco com vinho tinto e chocolate. Uma combinação também fora do normal que resultou muito bem. A comida não é confeccionada na hora, mas isso não se reflectiu negativamente na qualidade da comida. Se não tivesse visto se calhar nem teria notado. Para acompanhar os pratos, há sempre também na lista alguns vinhos, não muitos, que se podem beber a copo. No entanto, se não se quiser nenhum dos vinhos que aparecem na lista, não há motivo de preocupação. Na cave há uma vasta garrafeira, pelo que não será por falta de escolha que se fica a seco. A não ser que se seja um daqueles fundamentalistas que acham que não há bons vinhos no Dão, o que até pode ser uma boa oportunidade para mudar de ideias. O melhor é mesmo deixar-se aconselhar e talvez se tenha uma boa surpresa. O conhecimentos dos vinhos que vendem é alto, chegando a haver na lista vinhos que apenas ali podem ser encontrados. Como por exemplo o vinho que nos foi sugerido, Dom Fradique 2004. cuja produção foi toda comprada por eles e que obteve 90 pontos na Wine Spectator. Mostrou argumentos para isso. O vinho é servido em copos excelentes e a temperatura mostrou-se correcta.
Terminámos a refeição com 2 sobremesas, petit gateau e crème bralée de laranja e baunilha. Também aprovadas. Quanto ao preço, feitas as contas deu 18€ por pessoa.
Se forem para aqueles lados, vale a pena a visita.
Morada: Avenida Nossa Senhora do Cabo, 101
Casa da Guia - Loja 1
2750-374 Cascais
GPS: 38.695425,-9.442867
Telefone: (+351) 214822804
Telemóvel: (+351) 934809966
Email: [email protected]
Horário: Encerrado