Nesta área do site é colocada a nossa opinião sobre os vinhos que vamos bebendo.
Sim, bebendo. Nós não somos profissionais, somos apenas consumidores. A ideia aqui é fazer a apreciação de um vinho da mesma forma que qualquer outro consumidor o faria: Em casa, num restaurante, num wine bar, etc.
Por muito que haja quem diga que não, é impossível o rótulo ou as condições de uma prova não influenciar. Por isso, tentamos sempre referir o contexto no qual o vinho foi bebido e, eventualmente, a forma como conhecemos o vinho.
No final é dada uma nota por pessoa, de 1 a 20, que reflete a opinião de cada um de nós sobre o vinho provado. Não é que a nota dispense a leitura do que dizemos sobre o vinho, mas como sabemos que há pessoal que quase só olha para as notas, decidimos meter uma nota. Para ajudar a tirar alguma subjectividade, usamos os 3 a mesma folha de prova, com o mesmo número de pontos para cada um dos parâmetros de avaliação.
Nome:Adega de Pegões Colheita Seleccionada
Tipo: Tinto
Colheita: 2005
Região: Terras do Sado
Castas: Touriga Nacional, Trincadeira, Syrah e Cabernet Sauvignon
Graduação: 13,5%
Produtor: Adega de Pegões
Preço: 5 - 10€
Já sou cliente da Adega de Pegões há vários anos, e este Colheita Seleccionada confirma que devo continuar a ser. É a primeira vez que abro uma garrafa deles com mais de 5 anos, e ainda por cima o rótulo informa que se pode beber durante 10 (ainda estamos a meio).
Abri a garrafa e deixei-a respirar uns bons 15 minutos enquanto fazia tempo para o jantar. Claramente, o tempo em garrafa fez-lhe muito bem; manteve o vermelho escuro praticamente opaco que me agrada e evoluiu os aromas que explodem quando se abre a garrafa. Os frutos vermelhos maduros, florais, café e cacau (lá estava a Syrah...) e um toque balsâmico.
Ao prová-lo, confirmei os aromas (o balsâmico ainda é mais forte), e decidi rapidamente começar a acompanhá-lo com sólidos...
É um vinho que se deixa estar na boca, com uma persistência média mas nada incómoda - é provável que os aromas balsâmicos me tenham influenciado um pouco.
Estou curioso para ver o que os próximos 5 anos lhe vão fazer... Tendo em conta o preço, é uma opção muito boa para o consumo no dia-a-dia.
Ricardo: 15.5
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adegapegoescolheitaseleccionada2005.jpg | 124.59 KB |
Nome: Adega de Vila Real Colheita
Tipo: Branco
Colheita: 2012
Região: Douro
Castas: Viosinho, Malvasia Fina, Fernão Pires
Graduação: 12%
Produtor: Adega Cooperativa de Vila Real
Preço: <5€
Comecei a perceber que, aos poucos, os amigos e conhecidos que me pedem ajuda para escolher um vinho passaram a incluir o factor preço (como factor de escolha) de forma mais vincada. Isso torna-se ainda mais importante quando a ocasião não é especial, e o objectivo é beber um vinho simples, barato e agradável.
Na minha lista do dia-a-dia está este Adega de Vila Real Colheita, um branco de 2012 que tem uma cor meio esverdeada, com nariz citrino e um bocadinho floral. Claro que não é um vinho complexo, mas gosto de o beber a solo a acompanhar uma conversa alegre, a qualquer altura do dia.
A boca é razoável, com uns toques minerais, e é obviamente curta com um final muito tímido, mas - como eu disse - é muito fácil de beber, e o preço é imbativel (mais ou menos 2.5€). Eu diria que é um vinho anti-crise...
Ricardo: 14
Nome: Alento
Tipo: Branco
Colheita: 2009
Região: Alentejo
Castas: Roupeiro, Arinto e Antão Vaz
Graduação: 12%
Produtor: Luís Louro
Preço: 5 - 10€
Tenho provado ultimamente bastantes vinhos brancos - ao contrário do costume - e tenho ficado surpreendido com o ano de 2009, uma vez que a qualidade, de uma forma generalizada, subiu.
A imagem da garrafa é simples, mas apelativa e moderna ao mesmo tempo - muito facilmente se destaca numa prateleira com várias garrafas (o que agradará aos produtores). A combinação entre a cor do rótulo e a cor do vinho cai bem, e a escolha não deve ter sido inocente.
Este Alento tem a particularidade de crescer em solo de calcário. Apresenta-se com uma cor amarelo limão, límpido e brilhante. Se servido a baixa temperatura, pode perfeitamente ser bebido sem acompanhamento sólido - um final de tarde com uma meia hora para matar é o ideal.
Os aromas condizem com a cor - citrino e um pouco mineral, com umas pitadas de erva fresca. É muito fácil de beber - directo, sem complicações ou interpretações difíceis - com sensação de frescura. Tendo em conta o preço, é o candidato perfeito a ter à mão - sempre fresco - para aqueles 30 minutos com um amigo, ou para acompanhar qualquer refeição. No meu caso, acompanhou na perfeição uma massa com molho de tomate.
Ricardo: 15
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alentobranco2009.jpg | 84.29 KB |
Nome: Altas Quintas
Tipo: Tinto
Colheita: 2004
Região: Alentejo
Castas: Trincadeira, Aragonês, Alicante Bouschet
Graduação: 14%
Produtor: Altas Quintas Exploração Agricola e Vinicola
Preço: 25 - 30€
Este Altas Quintas foi-me oferecido no ano passado, e já o tinha debaixo de olho há algum tempo, principalmente porque foi criado pelo Paulo Laureano, enólogo de renome e com portfolio de qualidade reconhecida.
Quando o abri, dei-lhe algum tempo para respirar, e absorvi o aroma a especiarias, que rapidamente passa para chocolate e um pouco de tabaco - até alguns consumidores menos experientes que me acompanhavam notaram muito rapidamente o aroma a chocolate a transbordar do copo.
Ao beber, nota-se um paladar fresco com boa acidez, e que se mantém na boca durante bastante tempo com uma sensação agradável, o que não defrauda a cor granada de que gosto muito. Como podem ver na foto, acompanhei este vinho com alguns chocolates, uma vez que tive oportunidade de o beber durante esta época festiva.
De tal forma gostei deste vinho, que vou tentar adquirir o irmão Reserva do mesmo ano, até porque estes vinhos são do ano em que o Paulo Laureano foi considerado o enólogo do ano.
Ricardo: 16.5
Anexo | Tamanho |
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altasquintas2004.jpg | 30.68 KB |
Nome: Altas Quintas 600
Tipo: Tinto
Colheita: 2008
Região: Alentejo
Castas: Trincadeira, Aragonez e Alicante Bouschet
Graduação: 13.5%
Produtor: Altas Quintas
Preço: <€5
Este 600, nome de baptismo relativo à altitude das vinhas que lhe dão origem, é o vinho de entrada de gama do produtor Altas Quintas. O seu berço é a Serra de São Mamede, de onde sai boa parte dos vinhos alentejanos que mais gosto.
Com tanta estrangeirização nas vinhas nacionais, dá sempre algum ânimo ver um vinho com 3 castas portuguesas (Alicante Bouschet não é bem portuguesa, mas quase).
Depois de um incidente com o gargalo, com algum trabalho lá caiu no copo mostrando uma cor rubi com intensidade média/alta.
No aroma sobressai a fruta silveste madura e alguns aromas a vegetação. Parece que quase se consegue cheirar aquela zona do Alto Alentejo, que até na própria paisagem tem algumas características em comum com as Beiras. Nota-se que leva madeira mas está remetida para segundo plano, não assumindo protagonismos, o que nem sempre acontece com o enólogo que "assina" o contra-rótulo (Paulo Laureano), o que faz gerar amores e ódios.
Na boca também lá está a parte frutada, o vegetal, as especiarias e uma madeira apenas a temperar, tudo a passar pela boca sempre com muita frescura e pezinhos de veludo e a terminar num final médio mas agradável.
Estou convencido que este consegue a proeza de agradar aos pro e anti Laureanos desta vida.
Nuno: 15
Nome: Alvor Colheita Seleccionada / Special Selection
Tipo: Tinto
Colheita: 2006
Região: Algarve
Castas: Touriga Nacional, Trincadeira, Syrah e Castelão
Graduação: 13.5%
Produtor: Quinta Morgado da Torre
Preço: 5 - 6€
Quando visitámos a Quinta do Morgado da Torre, decidimos trazer um par de garrafas connosco. Afinal de contas, que eu me lembre, nunca tinha comprado um vinho algarvio e se há coisa que não gosto é de fazer discriminação.
E o Algarve vitivinícola já não é o que era, pois já tive a oportunidade de confirmar que se andam lá a fazer vinhos bons.
É o caso deste tinto de cor rubi com média intensidade.
Aroma muito intenso, que salta para fora do copo, cheio de fruta madura e alguns ares mais vegetais e a canela.
A nível de sabor tem muita fruta e, além disso, há ali alguma madeira que se sente não só a nível de sabor como a própria textura na boca. É como se estivesse a pedir um naco de carne para o acompanhar.
Tem uma ligeira doçura que pedia um pouco mais de acidez, mas nada de muito exagerado.
Deixou-me com vontade de provar o reserva.
Ema: 15
Nuno: 15
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Nome: Assobio
Tipo: Tinto
Colheita: 2010
Região: Douro
Castas: Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca
Graduação: 13.5%
Produtor: Esporão, S.A.
Preço: €5-10
O Assobio é um dos resultados da investida do Esporão no Douro, na Quinta dos Murças. Prefiro nem pensar na localização, pois é mesmo em frente ao D.O.C., do lado oposto do rio, o que me lembra das saudades que tenho de lá comer, mas adiante!
Já tínhamos provado o 2009 na apresentação oficial e agora foi a vez do 2010.
A primeira diferença em relação à colheita anterior começa ainda antes de sacar fora a rolha, na fotografia do rótulo, que vai mudando de ano para ano.
A nível de cor, mostra-se rubi de média concentração.
No nariz de início estava envergonhado. Apesar de intenso, pouco mais queria mostrar do que frutos vermelhos frescos. Mas o tempo foi passando e foi mostrando cada vez mais... estevas, violetas, um ligeiro balsâmico...
Na boca foi exactamente a mesma coisa, começou simples, fresco e ligeiro. Mas uma hora depois de aberto mostrou que era mais vinho do que aparentava inicialmente, com um final seco e apimentado. E quando se juntou a comida ele mostrou-se em casa, nada cansativo e muito, muito deslizante.
Nuno: 15.5
>Nome: BSE
Tipo: Branco Seco
Colheita: 2012
Região: Setúbal
Castas: Antão Vaz, Arinto e Fernão Pires
Graduação: 12%
Produtor: José Maria da Fonseca
Preço: <5€
Ao contrário do que possam pensar, o BSE não está minimamente relacionado com aquela doença celebrizada há alguns anos: BSE significa Branco Seco Especial, e é um clássico.
Com o passar dos anos, o perfil mantém-se fiel, o que não é nada fácil, com as alterações ano após ano a que as uvas são sujeitas. Este vinho é simples, fácil de beber e é o ideal para aperitivos ou para acompanhar refeições leves (sim, mesmo com uma saladinha ou um peixinho). O nariz é médio, citrino com toques de ananás, que depois se confirma na boca. A acidez é média, e o perfil é seco (como o próprio nome indica). Tem um corpo satisfatório, que dá jeito para não transformar a salada em palha que não tem sabor.
Encontra-se muito facilmente nas grandes superfícies, e deve-se beber jovem e fresco; o preço é amigo da crise.
Ricardo: 14.5
Nome: Bacalhôa Moscatel Roxo
Tipo: Fortificado
Colheita: 1996
Região: Setúbal
Castas: Moscatel Roxo
Graduação: 18%
Produtor:Bacalhôa Vinhos
Preço: 15 - 20€
Sendo eu da região, até parecia mal não ter falado ainda de nenhum Moscatel de Setúbal. Para me redimir, comecei logo por uma coisa a sério e abri uma garrafa de Moscatel Roxo da Bacalhôa que tinha aqui por casa já há algum tempo.
Embora a casta tenha a película escura, a côr é na mesma clara, dourada.
Só o aroma já me deixa deliciado. A sensação que me veio ao nariz quando o cheirei fez-me lembrar uma pêra no forno, com um pau de canela e umas tirinhas de casca de laranja, com açucar por cima que entretanto caramelizou com a ida ao forno. Mesmo depois de desaparecer do copo o aroma ainda fica lá para durar.
Na boca é muito cheio, fica ali agarrado à boca muito tempo depois de o acabar de beber. Docinho, mas com uma acidez que nunca o deixa tornar enjoativo, a não ser que seja servido a temperaturas altas. Como ele me soube melhor foi por volta dos 14ºC.
O sabor fica para durar. É para fechar os olhos e ficar a saborear.
Só teve um problema, que foi desaparecer num instante. Tive de ir comprar mais uma garrafa, mas já só arranjei de 1998. Espero que seja tão bom como este.
Ema: 18
Nuno: 18
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bacalhoamoscatelroxo1996.jpg | 152.1 KB |
Nome: Barranco Longo
Tipo: Rosé
Colheita: 2009
Região: Algarve
Castas: Aragonez, Touriga Nacional
Graduação: 12,7%
Produtor: Quinta do Barranco Longo
Preço: 5 - 10€
Rui Virgínia com a sua Quinta do Barranco Longo tem sido um dos responsáveis para que o Algarve comece a merecer alguma atenção a nível de vinhos.
Já tive a oportunidade de provar alguns vinhos deste produtor e todos me agradaram. E ainda bem que assim é, pois já que nasceu no Barreiro tem que mostrar as qualidades da malta da terra!
Um dos que mais me "caiu no goto" foi o rosé, tendo-se tornado mesmo num dos meus rosés preferidos.
Numa ida recente ao Algarve, fiz uma visita obrigatória a um supermercado Apolónia e não resisti em trazer uma garrafa do 2009 para casa.
Numa garrafa com rótulo simples e atractivo, a sua cor rosa muito carregada dá nas vistas.
Aroma intenso, com muita fruta vermelha e sensação de frescura. No contra-rótulo fala em frutos tropicais, mas o meu nariz não os apanhou.
Na boca tem um bom volume - especialmente para um rosé. Quando entra na boca e se sente a fruta toda até parece que se pode tornar enjoativo, mas tem uma acidez muito boa que compensa muito bem essa vertente mais gulosa do vinho, tornando-o não só bom para a esplanada como também para a mesa.
Normalmente só costumo pensar em rosés no Verão, mas mesmo agora nos dias mais frios poderá ser uma boa opção para pratos não muito pesados.
Nuno: 15
Nome:Branco dos Cozinheiros
Tipo: Branco
Colheita: 2004
Região: Beiras
Castas: Maria Gomes, Bical
Graduação: 13%
Produtor: Quinta dos Cozinheiros
Preço: 5 - 10€
Encontrei este Branco dos Cozinheiros por acaso, em 2007, numa prova de alguns Brancos Portugueses e recordo-me de ter ficado com boa impressão logo na altura.
Um destes dias decidi-me a abrir a última garrafa que tinha, que - destaco - é de 2004. Apesar da idade, mantém a cor amarelo limão límpida, agora muito marcada com os dourados que já teve (em 2007) com menor concentração. Para minha surpresa, apesar da idade, bastaram alguns segundos para ser evidente que continua a ter como aroma vincado o eucalipto / resina, notas de petróleo (derivados...?) e alguns frutos secos, ainda com toda a vontade de saírem do copo.
Os queijos e os enchidos que tinha à minha frente combinaram muito bem com a acidez que se mantém presente, que foi provavelmente a razão de se ter mantido em perfeitas condições durante todos estes anos. Mantém a presença na boca algum tempo, vincando a presença com os aromas muito diferentes do habitual.
Soube recentemente, num evento, que há ainda alguma quantidade deste Branco dos Cozinheiros por escoar, e tenho intenções de juntar algumas garrafas à garrafeira. Curiosamente, ao analisar as notas de prova de 2007, verifiquei que ainda me agrada mais (principalmente porque a acidez, que o manteve durante todo este tempo, está um pouco mais agradável).
Ricardo: 16
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brancodoscozinheiros2004.jpg | 136.3 KB |
Nome: Bucellas Arinto
Tipo: Branco
Colheita: 2009
Região: Bucelas
Castas: Arinto
Graduação: 12.5%
Produtor: Caves Velhas
Preço: < 5€
A região de Bucellas, bem pertinho de Lisboa, é especialmente conhecida pela casta Arinto. Segundo alguma literatura vínica, será mesmo esta a região de origem desta casta.
Este Bucellas Arinto é um frequentador habitual das prateleiras de supermercado e tem um preço bastante apetecível. Ainda assim, nunca me tinha dado para o comprar.
Por sugestão de um assíduo seguidor da Magna Casta no Twitter, finalmente terminei com esse jejum e enfiei uma garrafa no carrinho de compras.
Começando a despejá-lo no copo, mostra uma cor amarelada citrina.
Não é só a cor que é citrina. O que salta mais ao nariz são precisamente os aromas de citrinos, como a lima e o limão com um ligeiro adocicado (quase como que uma caipirinha mas sem a cachaça ), e um toque de vegetal fresco.
Na boca também são os citrinos que mais se destacam. Pode não ter uma grande largura na boca (mas hey, estamos a falar de um vinho fermentado em inox que custa pouco mais de 3€), mas é bastante equilibrado, tem uma fantástica frescura e um final de boca com alguma persistência e ligeira secura.
A única pena que eu tenho é de só o ter "descoberto" depois do Verão.
Nuno: 15.5
Nome: Bétula
Tipo: Branco
Colheita: 2008
Região: Regional Duriense
Castas: Sauvignon Blanc, Viognier
Graduação: 13.5%
Produtor: Catarina Montenegro Santos (Quinta do Torgal)
Preço: 10-20€
Este vinho já tinha sido provado só por mim e pela Ema mas, como não tinhamos tido a oportunidade de publicar a nota, aproveitámos uma visita do Ricardo para deitar outra garrafa abaixo e assim ficar uma nota dada a 3.
Trata-se de um vinho branco com 50% de Viognier e 50% de Sauvignon Blanc, tendo metade do lote fermentado em barricas novas de carvalho francês. O uso de castas internacionais no Douro, fez com que ficasse com denominação de vinho regional e, confesso, faz sempre algumas "comichões" ver castas internacionais no Douro, uma região que tem sabido manter identidade. No entanto há alguns bons exemplos com castas internacionais no Douro, como o Semillon no Aneto ou o Sauvignon Blanc dos Lavradores de Feitoria.
Passando ao que interessa, o néctar, apresenta uma cor amarelo citrino pouco carregada.
No nariz é a fruta que sobressai, em especial pêssego e algum tropical (manga foi a que mais mencionámos), mas também algum citrino. Os fumados da madeira surge no fundo muito bem integrada, ao contrário da primeira prova em que pareceu ainda andar "à chapada" com o resto.
Mas foi na boca que o vinho mais agradou. Com boa presença da fruta e alguma untosidade, a acidez que apresenta dá um bom equilibrio ao vinho nunca o deixa tornar-se pesado.
Deu bem conta de um chévre gratinado que comemos a seguir para o acompanhar.
O preço entre os 12-14 não o torna propriamente competitivo, especialmente se nos lembrarmos que alguns dos melhores brancos que se fazem por cá andam pela mesma faixa de preços. Mas como ainda somos um país onde muita gente afirma que branco não é vinho, se fossem mais caros ninguém os comprava.
Ema: 16.5
Nuno:16
Ricardo:16
Tipo: Tinto
Colheita: 2004
Região: Bairrada
Castas: Cabernet Sauvignon (75%), Petit Verdot (15%) e Merlot (10%)
Graduação: 15%
Produtor: Campolargo
Preço: 17 - 25€
Acabei de o beber.
Ainda o sinto na boca e apetece-me mais um pouco. Digamos que este senhor vinho mexe demasiado comigo e é um dos meus preferidos.
Acho até que os machos do Magna Casta não me deviam deixar falar dele. Sou suspeita.
Quase me apetece esquecer que devo usar uma linguagem simples para que todos os consumidores entendam. Queria usar termos técnicos, como taninos, comprimento ou mesmo retrogosto, mas isso já seria uma falta de respeito.
De um tom vermelho escuro, opaco, tem um leque enorme de aromas intensos dos quais se destacam os frutos vermelhos e negros, balsamicos e baunilha de uma madeira muito bem casada.
Enche a boca com a sua grande estrutura, no entanto é de uma elegância e frescura fabulosa no prolongado final.
Contudo, pelo seu vigor, é necessário que seja acompanhado de um bom prato de carne vermelha, para que seja devidamente apreciado pelo comum dos mortais.
Tínhamos provado este vinho pouco tempo depois de ser lançado. Era claramente um vinho jovem mas que já prometia ser um grande vinho. É surpreendente constatar a sua evolução ao longo destes anos.
Esta foi a última garrafa da nossa adega e, infelizmente, deve ser difícil arranjar mais, devido ao reduzido número de garrafas engarrafadas.
Costumamos comprar a Calda Bordaleza por 17€ a garrafa, mas a este preço é difícil de encontrar.
Vale a pena comprar algumas garrafas sempre que é lançada uma nova colheita.
Deixem-se conquistar.
Ema: 18
Nuno: 17.5
Nome: Caldas
Tipo: Tinto
Colheita: 2005
Região: Douro
Castas: -
Graduação: 14%
Produtor: Domingos Alves de Sousa
Preço: 5 - 6€
Já tinhamos provado muito bons vinhos de Alves de Sousa, mas curiosamente os vinhos de gamas mais baixas ainda não.
Pela grande reconversão que deu para ver durante a nossa visita, tanto da Quinta das Caldas como da Quinta da Estação podem começar a aparecer cada vez mais algumas coisas interessantes.
Além de reconversão da vinha houve também reconversão do rótulo, tornando-o mais apelativo.
O vinho é límpido, brilhante e tem um tom rubi de intensidade média.
Sentem-se bem os aromas, com fruta muito madura, compota e algum floral.
Na boca também tem bem presente a fruta madura, mas a frescura equilibra bem essa ligeira doçura.
Tem o que se pede num vinho deste preço, sem ser nenhum supra-sumo, quer-se que saiba bem e deslize bem. E este deslizou, pois a garrafa ficou vazia num instante.
Ema: 15
Nuno: 15
Ricardo: 15
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caldas2005.jpg | 52.84 KB |
Nome: Callabriga
Tipo: Tinto
Colheita: 1999
Região: Douro
Castas: Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca
Graduação: 13%
Produtor: A. A. Ferreira
Preço: 25 - 30€
Numa das nossas noitadas vinicas, decidimos optar por um tinto que nos garantisse ser uma escolha segura, mesmo que já contasse com alguns anos em garrafa.
Logo na cor tivemos oportunidade de o comprovar. Sem dar sinal da idade, mantinha ainda uma cor rubi.
Com um nariz intenso, complexo e muito agradável, predominavam os aromas a fruta muito madura, compotas, balsâmicos e uma baunilha muito ligeira devido à madeira de carvalho francês muito bem casada.
Ao agitar do copo, facilmente se reconheceram aromas florais com predominância de violetas. Com o passar do tempo no copo sentiram-se os aromas a folhas secas.
Na boca, a sua boa acidez justificou mais uma vez a escolha deste vinho mostrando-se ainda com juventude.
Demonstrou ser encorpado, muito macio e elegante. É um vinho equilibrado, com final bastante longo mas no sabor já se nota que tem uns anitos.
É um vinho muito agradável para beber com uma boa companhia, numa ocasião especial e, de preferência, deve ser acompanhado por pratos de caça ou carne para melhorar ainda a apreciação.
De não esquecer que sendo um vinho com alguns anos deve ser decantado.
Nuno: 17.5
Ema: 17
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callabriga1999.jpg | 123.71 KB |
Tipo: Tinto
Colheita: 2002
Região: Beiras
Castas: Pinot Noir (50%), Baga (50%)
Graduação: 14%
Produtor: Manuel dos Santos Campolargo
Preço: 15 - 20€
Quis o destino que nos aparecesse a colheita de 2002 à mesa, dois dias depois de ter bebido o 2004.
Estávamos à espera de uns amigos que iam lá comer a casa, mas ainda não tinhamos escolhido o vinho. Eis que chegam os nossos amigos com uma garrafita destas! Lá teve de ser...
A cor deste 2002 ainda é rubi, aparentando até ser mais novo do que é, e com bastante intensidade. Radicalmente diferente do 2004.
Muito bem no aroma, com uma barrica de qualidade a destacar-se sem se impôr demais.
Na boca está tudo perfeitamente integrado. Tem força mas não é agressivo, é encorpado mas não é pesado devido à correcta acidez. Termina com boa persistência.
Um belo casamento entre duas castas de estilos tão opostos. E ainda por cima é de um ano difícil...
Está pronto a beber, de preferência com pratos de carne, mas não se faria rogado a mais uns tempos em cave.
Nuno: 17
Ema: 17
Tipo: Tinto
Colheita: 2004
Região: Bairrada
Castas: Pinot Noir (100%)
Graduação: 14%
Produtor: Manuel dos Santos Campolargo
Preço: 12 - 15€
Devo confessar que não gostei deste vinho quando ele saiu. Tinha provado as duas colheitas anteriores, que juntavam a baga ao pinot noir, e tinha gostado bastante.
Aconselhei-o por isso a um amigo, que acabou por comprar uma caixa deste 2004 assim que saiu. Ao abrir uma garrafa em casa dele, a cor tão clara gerou reacções negativas dos presentes, que logo o apelidaram de "rosézito". Não sei se pelas reacções negativas, se por ser tão diferente, não achámos piada.
Como tinha sido eu a aconselhar, eu e a Ema decidimos ficar com o resto da caixa, para ele não ficar com uma coisa que não gostava.
Não sei se foi o nosso gosto que mudou, ou se o tempo em garrafa o melhorou, mas o que é certo é que agora o vinho nos agradou bastante. A nós e aos amigos para a casa dos quais arriscámos levar esta garrafa.
Tem um aroma a frutos vermelhos, com a madeira muito suave e perfeitamente casada com a fruta.
Na boca não tem obviamente a estrutura de outros tintos, mas por outro lado é aveludado, tem uma excelente acidez, um belo comprimento na boca e um final bastante interessante.
É claramente um tinto diferente e que parece estar no ponto ideal para ser consumido.
Acompanhou na perfeição um folhado de salmão no forno.
Ema: 16
Nuno: 16
Nome: Campolargo Arinto
Tipo: Branco
Colheita: 2009
Região: Bairrada
Castas: Arinto
Graduação: 12.5%
Produtor: Manuel dos Santos Campolargo
Preço: 5-10€
Conheço o Arinto do Campolargo já há alguns anos, mas não resistia em deitá-lo logo abaixo mal comprava, o que me fazia arrepender sempre. Não que o vinho não me dê prazer em novo, mas quando é lançado a madeira ainda está um pouco marcada e fico sempre a pensar que devia ter esperado por ele.
Desta vez consegui, não que tivesse sido paciente, mas porque encontrei este ano o 2009 ainda à venda. E realmente tinha razão quando achava que devia esperar.
Nesta fase a madeira já está perfeitamente integrada com o vinho, e este começa a ganhar alguns aromas (e cor) do tempo em garrafa, mas mantendo ainda boa parte dos citrinos e mineralidade.
Na boca continua com acidez vibrante. É um vinho com "sangue na guelra", volumoso, comprido na boca e persistente. Isto com um bacalhau no forno bem mergulhado em azeite é uma alegria.
Como cantava o Zeca, "venham mais cinco" (copos)!
Nuno: 17
Nome: Campolargo
Tipo: Branco
Colheita: 2009
Região: Bairrada
Castas: Cercial, Bical e Arinto
Graduação: 12%
Produtor: Manuel dos Santos Campolargo
Preço: €10-20
Foi, finalmente, com este Campolargo Branco que aprendi mais uma preferência, que ainda não tinha conseguido identificar: a casta Cercial! Há muitos - bastantes - anos, foram o Nuno e a Ema que me chamaram a atenção para os vinhos deste produtor, e a partir daí tenho-o acompanhado de perto.
O portfolio tem crescido bastante; se não me engano, na altura - 2005 talvez - conheci o Diga?, o Rol de Coisas Antigas, o Vinha do Putto e o Calda Bordaleza; nesta altura são já mais de dez referências, e continuam a crescer.
O rótulo destaca-se na prateleira e gosto bastante do aspecto porque não abusam da cor, e é muito fácil de identificar. O nariz é cítrico, com baunilha e tosta, e pareceu-me apanhar um ligeiro toque de mel. Aguentou-se à macho com os enchidos e o queijo de S.Miguel, com uma boa frescura e ao mesmo tempo com um volume muito bom. Neste dia, foi a combinação ideal.
Vou ser obrigado a repor stock, porque uma caixa nunca dura mais de um mês.
Ricardo: 16
Nome: Casa das Mouras Reserva
Tipo: Tinto
Colheita: 2003
Região: Douro
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz
Graduação: 14%
Produtor: Quinta da Veiga da Casa da Capela
Preço: 13 - 15€
Aqui está mais um vinho que não conhecíamos, o que se começa a tornar um hábito. Sinceramente é disto que nós gostamos, andar sempre a provar coisas novas, especialmente quando vamos comer fora.
Aos olhos mostra uma cor intensa com rebordo granada.
Aroma bastante intenso com tostados bem presentes, a acompanhar fruta preta madura. Com mais tempo no copo começa a mostrar alguns mentolados e, mais para o final, folhas de tabaco.
Encorpado, entra na boca cheio de força, a dizer que está ali para as curvas, embora o tempo tenha feito o seu trabalho de amaciamento. Prolonga-se bem no final, com alguma especiaria.
É um vinho que mostra bastante bem as suas origens mas, se a madeira se notasse menos um bocadinho, ainda podia ir mais longe. Pelo menos estou convencido a fruta tem qualidade para isso. Mas não foi por isso que deixou de ir muito bem com uma alheira de caça.
Ema: 15.5
Nuno: 16
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casamourasres2003.jpg | 123.59 KB |
Nome: Casa de Saima Reserva
Tipo: Tinto
Colheita: 1994
Região: Bairrada
Castas: Baga
Graduação: 12.5%
Produtor: Casa Agrícola de Saima
Preço: 12 - 15€
Beber um vinho com tantos anos é sempre um pau de 2 bicos, tanto pode correr muito bem como muito mal. Afinal de contas são 15 anos. Para minimizar os riscos, nada como escolher um local onde saibamos que as garrafas foram bem guardadas.
Pela cor via-se que não era nenhum miudo, mas tinha apenas um ligeiro toque a dar para o tijolo. Já bebi vinhos com 3 ou 4 anos com aspecto mais velho que isto.
O nariz estava muito bom, ainda com muita fruta vermelha madura. Tabaco, terra, cacau e, com o tempo de arejamento, algum mentol, compunham o ramalhete.
Na boca não deu menos prazer. Bom corpo, a deixar untosidade em toda a boca, músculo e uma acidez invejável. Alguma secura num final que se prolonga por muito tempo.
Esta garrafa estava impecável! Nem maus cheiros, nem borras, nada! Parecia ter metade da idade.
Ema: 17
Nuno: 17
Anexo | Tamanho |
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Nome: Casa de Santar Reserva
Tipo: Tinto
Colheita: 1996
Região: Dão
Castas: -
Graduação: 12.5%
Produtor: Casa de Santar
Preço: -
Este vinho foi bebido numa prova cega involuntária, isto é, trouxeram-no para a nossa mesa nos copos antes de nos mostrarem a garrafa. Gostávamos de fazer isto mais vezes, ou mesmo sempre, para ter a certeza que não estamos influenciados pelo rótulo.
De aspecto límpido, o seu tom de tijolo deu logo para ver que já tinha uns anitos.
Aroma fantástico, vibrante, com enorme complexidade. Quanto mais se cheirava, mais aromas diferentes apareciam. Cogumelos, frutos secos, especiarias, charutos, etc.
Além do que tudo o que o nariz já anunciava, ainda tem a capacidade de envolver toda a boca e de apresentar uma invejável frescura. Tem um final longo e vivo. Ainda por cima na mesa é um todo-o-terreno, aguentou-se com chévre gratinado e com alheira de caça sem qualquer problema.
No final, lá vimos a garrafa, um vinho cujas colheitas novas andam pelos 10€. Será que vão envelhecer assim tão bem?
Ema: 18
Nuno: 18
Anexo | Tamanho |
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Tipo: Branco
Colheita: 2010
Região: Douro
Castas: Códega do Larinho
Graduação: 14%
Produtor: VDS - Vinhos do Douro Superior
Preço: 5 - 10€
Não sendo das minhas regiões preferidas no que diz respeito a Brancos (é uma questão de gosto pessoal), o Douro tem obviamente muitas excelentes referências.
Este Códega do Larinho acompanhou na perfeição um frango assado (sim, não é um sacrilégio acompanhar assados com brancos). Gostei da tonalidade - uma mistura de amarelo com rebordo verde - e do nariz, que é muito citrino, com alguma fruta madura e um toque afinado de baunilha (a madeira).
A boca é mais complexa, confirmando-se o citrino e aparecem os frutos secos, o perfil mineral e vegetal. A acidez está no ponto certo, o que faz com que o equilíbrio entre os aromas primários e a madeira seja muito bem conseguido. Acaba com um bom comprimento, e tem uma persistência bastante razoável, depois de o frango já ter desaparecido.
É certamente um valor seguro do Douro, e com uma muito boa relação qualidade-preço.
Ricardo: 16
Anexo | Tamanho |
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Nome: Castelo d'Alba Reserva
Tipo: Branco
Colheita: 2009
Região: Douro
Castas: Côdega do Larinho, Rabigato e Viosinho
Graduação: 13.5%
Produtor: VDS - Vinhos do Douro Superior
Preço:
Ultimamente têm aparecido na imprensa especializada vários artigos relacionados com os Brancos deste verão. Ao contrário do que me é habitual, o meu interesse pelos brancos tem vindo a aumentar consideravelmente, de tal forma que já consumo quase 50% de brancos e 50% de tintos.
Este Castelo d'Alba Reserva Branco 2009 estava numa grande superfície a um preço interessante, e decidi-me a prová-lo numa tarde quente, a acompanhar umas sardinhas com ervilhas. Na temperatura certa, este amarelo palha apresenta-se com uns interessantes aromas citrinos e tropicais com toques minerais, suave e elegante. Isto quer dizer que é uma boa aposta para fazer boa figura com aquelas amigas jeitosas, mas não contem com ajuda do álcool: tem uns equilibrados 13.5%, portanto desenrasquem-se de outra maneira.
A acompanhar, é encorpado e um pouco untuoso com um final amanteigado (provavelmente da madeira). Realço os rótulos da VDS, que embora sejam relativamente sóbrios têm um aspecto moderno; o contra-rótulo tem muita informação, e tem ainda o código AVIN para que o consumidor possa fazer pesquisas na internet. A relação qualidade preço é muito boa, e como tal vou reforçar a garrafeira.
Ricardo: 15,5
Anexo | Tamanho |
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Nome: Caves São João 90 Anos de História "The Jazz Singer"
Tipo: Tinto
Colheita: 2007
Região: Beiras
Castas: Baga e Touriga Nacional
Graduação: 13.5%
Produtor: Caves São João
Preço: €10-20
As Caves São João, histórico produtor bairradino, completaram em 2010 os seus 90 anos de existência.
Para comemorar, decidiram lançar edições especiais de vinhos, 1 por ano, até chegar ao centenário.
O primeiro deles foi este tinto das Beiras, escolhido para relembrar o primeiro vinho engarrafado pelas caves, que juntava lotes do Dão e Bairrada. E é este o caso, um "mix" de Baga da Bairrada com Touriga Nacional do Dão.
O nome The Jazz Singer é alusivo à primeira longa metragem com sincronização de diálogos, de 1927.
Comprado por menos de €10, agora já só o encontro por quase o dobro, abri-o a pensar que não fosse propriamente um vinho de grande guarda.
Cor rubi, brilhante, carregada.
Nos aromas encontra-se a frescura habitual nestas regiões. Frutos vermelhos e um ligeiro toque vegetal a fazer-me lembrar alguns bagas e algum floral da Touriga, ao que se junta um toque da madeira apenas a amparar.
Na boca é elegante, com uma bela acidez e a madeira já bastante bem casada. Final de boca bastante prolongado.
No entanto, assim que dei a primeira golada arrependi-me de não ter esperado por ele (e de não ter comprado mais). Não é que esteja muito ríspido - pede pratos condimentados mas não aleija ninguém - mas está aqui vinho para continuar a evoluir durante uns bons anos.
Nuno: 16.5
Nome: Chocapalha Reserva
Tipo: Tinto
Colheita: 2004
Região: Estremadura
Castas: Touriga Nacional e Tinta Roriz
Graduação: 14.5%
Produtor: Casa Agrícola das Mimosas
Preço: 17 - 20€
O Chocapalha Reserva é um vinho que, ano após ano, se tem afirmado como uma das referências da Estremadura, e mesmo do país.
Estávamos em falta para com ele até que, um certo dia, ele nos apareceu à frente a um preço bastante apetecível e achámos que ficava bem lá em casa.
Chegada a hora de o abrir, decidimos decantá-lo. Além do ar lhe ter feito bem, deu para apreciar a sua cor bonita, bastante intensa, enquanto escorria para o interior do decanter. E se tivesse sido decantado com mais tempo de antecedência não se tinha perdido nada, pois só no final da refeição é que ele se mostrou no seu melhor.
Conforme ia passando o tempo, mais o aroma despertava. Os aromas que mais se destacavam eram o da fruta preta muito madura, flores e cacau. É um vinho que estagia em madeira, e isso nota-se ligeiramente no nariz em dose certa.
Na boca é daqueles vinhos que nós costumamos chamar de “vinho à macho” (curiosamente é feito por uma mulher), encorpado e poderoso. A fruta muito madura em conjunto com uma grande frescura, fizeram-me lembrar ameixas daquelas escuras e amoras silvestres.
Tem um belo final, bastante comprido, a dar ares de After Eight.
Dá muito prazer a beber agora, mas se for guardado mais uns tempos é capaz de ainda melhorar.
Ema: 17.5
Nuno: 17.5
Anexo | Tamanho |
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Nome: Conde da Carreira
Tipo: Branco
Colheita: 2003
Região: Minho
Castas: Alvarinho
Graduação: 12.5%
Produtor: Casa de Villar
Preço: 10 - 15€
Este foi mais um vinho que nos foi dado a provar sem sabermos do que se tratava, como por vezer acontece nas nossas noites enogastronómicas.
Mas também, mesmo que soubesse o que estava a beber não ia influenciar muito, uma vez que nunca tinha ouvido falar no vinho nem no produtor, no rótulo não refere castas, nem nunca tinha bebido um Regional Minho com tanta idade.
O vinho apresenta uma cor dourada, cheia de brilho.
No nariz nota-se que não é um vinho novo, com alguns aromas a frutos secos e melaço mas, ao mesmo tempo, ali qualquer coisa a dar uma sensação fresca. Passado um bocado veio um aroma, que nunca me lembro de ter sentido em nenhum vinho, a fazer-me lembrar nêsperas.
Sabor intenso, belo corpo a deixar aquela sensação de goma na boca. Ainda tem alguma fruta, mas destacam-se os sabores secos a dizer que não é um jovem, mas ainda com uma acidez espectacular e um final bastante longo.
Mesmo bom para acompanhar uma tostinha com chévre gratinado.
Ainda sem saber o que estava a beber, dei um tiro completamente longe do alvo... pensei que o vinho fosse francês. “Mas que grande nabo!”, pensei eu para mim mesmo, mas fiquei um bocadito mais contente quando soube que já tinham enganado alguns experts com este vinho
Entretanto, após andar aqui às voltas com o google, lá consegui descobrir que é um Alvarinho.
Ema: 16.5
Nuno: 16.5
Anexo | Tamanho |
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Nome: Dalva 10 Anos
Tipo: Fortificado
Colheita: -
Região: Porto
Castas: -
Graduação: 20%
Produtor: C. da Silva
Preço: 10 - 20€
Continuando o meu périplo pelos Porto Tawny 10 anos, decidi avançar para o Dalva até porque gostei do ambiente informal, informado e atencioso com que fui atendido em pleno Cais de Gaia (para além das provas "normais" ainda consegui um cheirinho do Dalva 1952!)
Trouxe este 10 anos para casa e, ao longo de alguns dias, fui-o avaliando (lado a lado com outros do mesmo patamar). Gosto da cor aloirada com toques vermelhos, e dos aromas a frutos secos, fruta madura e alguma tosta, sem estar exagerada. Na boca sentem-se os frutos secos e especiarias (em particular pimenta), com toques de tosta. Muito boa frescura, muito presente na boca, com um final longo. O volume é interessante.
Não se esqueçam de o servir à temperatura adequada (fresco!), a solo ou para acompanhar as sobremesas. Tendo em conta o preço, é uma muito boa escolha (neste patamar) para manter por perto: festejar as glórias do futebol, ou afogar as mágoas.....
Ricardo: 15.5
Anexo | Tamanho |
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Tipo: Branco
Colheita: 2005
Região: Vinho Verde
Castas: Alvarinho
Graduação: 13%
Produtor: Adega Cooperativa Regional de Monção
Preço: 6 – 7€
Fomos comer peixe fresquinho com uns amigos. O restaurante tinha uma bela carta de vinhos, e a escolha acabou por recair no Deu La Deu 2005. Além de acompanhar lindamente pratos de peixe tem uma óptima relação qualidade preço.
Mais uma vez quase tivemos um ataque quando serviram o vinho. Embora ele já estivesse fresco serviram-no dentro de um balde de gelo, mesmo estando mencionado na garrafa que deve ser bebido a 12 graus. Pedimos para levar o balde e esperámos um pouco.
De um tom citrino mais para o esverdeado e cristalino, os seus muitos aromas saltam do copo predominando os aromas de citrinos e minerais.
É um vinho elegante, muito fresco e equilibrado. Enche a boca mas com uma boa acidez e prolonga-se durante algum tempo.
É um belo vinho, perfeito para nos fazer companhia nos dias de calor.
Ema: 16
Nuno: 16
Tipo: Tinto
Colheita: 2005
Região: Douro
Castas: Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinta Amarela e Tinto Cão
Graduação: 13%
Produtor: Niepoort Vinhos, SA
Preço: 7 - 8€
Fresco e frutado, este vinho destaca-se pela facilidade com que se bebe. Foi a garrafa que abri antes do jantar de passagem de ano, para abrir as hostilidades com um mamífero, enquanto as mulheres não chegavam... com a comida.
Sente-se um aroma a frutos vermelhos logo que se chega o copo ao nariz, e depois de o provar percebe-se que é um vinho suave, que se bebe facilmente e que deixa uma sensação na boca com alguma duração. É um vinho muito bom para o início (ou até antes) de uma refeição, uma vez que não tem elevado teor alcoólico e, por outro lado, é bastante suave; em resumo, uma excelente aquisiçao para a garrafeira!
Ricardo: 16
Ema: 15.5
Nuno: 15.5
Nome: Domingos Soares Franco Colecção Privada Moscatel Roxo
Tipo: Fortificado
Colheita: 2003
Região: Setúbal
Castas: Moscatel Roxo
Graduação: 17.5%
Produtor: José Maria da Fonseca
Preço: €10-20
Um fim-de-semana destes, iamos nós a caminho de casa e o nosso filho adormeceu. Para não o acordar continuámos a andar com o carro e, quando demos por isso, estávamos em Vila Nogueira de Azeitão a parar em frente à José Maria da Fonseca para comprar Moscatel.
Assim que chegámos a casa, esta foi logo a refrescar e não aguentou muitos dias com a rolha metida, para nos mostrar a sua cor carregada.
Servi-o ligeiramente mais fresco do que os 16º recomendados. De início no aroma aparece laranja confitada, mel e algumas flores brancas. Conforme a temperatura vai aumentando, o aroma vai-se mostrando mais. A certa altura só me lembrava de figos, daqueles secos algarvios com amêndoas por dentro. No final as especiarias, a Ema achou que era canela. No primeiro dia não me parecia, mas depois nos dias seguintes em que fomos tratando do resto da garrafa acabei por lhe dar razão.
Na boca é elegante, doce mas ao mesmo tempo uma grande frescura, a nunca deixar que se tornasse enjoativo. Fez-me lembrar aquelas sobremesas bastante doces que depois levam laranja para compensar essa doçura e no fim não resistimos em ir tirar mais um bocadinho.
Bom comprimento na boca e final persistente mas, depois de ter lido o que o Ricardo escreveu quando foi à prova na JMF, estava à espera que fosse ainda mais longo.
Nuno: 16.5
Ema: 16.5
Nome: Domingos Soares Franco Colecção Privada 1999 Moscatel de Setúbal
Tipo: Moscatel
Colheita: 1999
Região: Setúbal
Castas: Moscatel
Graduação: 18%
Produtor: José Maria da Fonseca
Preço: €15-20
Quase um ano depois de uma prova maravilhosa de Moscatéis na José Maria da Fonseca, abri este Moscatel de Setúbal de 1999 que tinha comprado em Azeitão.
Desta vez, e porque não estavam presentes outras delícias, este Moscatel de 1999 pareceu-me ainda melhor do que no ano passado. A cor é a mesma, com aromas de nozes, limão, mel, canela e muita fruta - o que faz com que seja irresistível prová-lo. Juntei-o a doces de ovos de Aveiro - conheço um membro da confraria respectiva - e a combinação foi perfeita; o Moscatel untuoso ligou-se aos ovos de tal forma que me obrigou a repetir... repetir... repetir.....
É MUITO boa ideia ter uma garrafa deste Moscatel fresca, pronta a beber, para acompanhar sobremesas ou, simplesmente, como digestivo. E pelo preço... faz frente a muitos Tawny que estão na mesma gama de preços (ou até acima!), e que competem pelos 10 minutos depois do jantar.
Ricardo: 17
Anexo | Tamanho |
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DSFColeccaoPrivadaMoscatelSetubal1999.JPG | 97.39 KB |
Nome: Domingos Soares Franco Colecção Privada
Tipo: Rosé
Colheita: 2011
Região: Península de Setúbal
Castas: Moscatel Roxo
Graduação: 12%
Produtor: José Maria da Fonseca
Preço: €5-10
Desde a primeira edição deste rosé que se dizem maravilhas dele. Para muitos, o melhor rosé nacional. Ano após ano, todos os relatos apontavam para o mesmo. Era, portanto, um vinho obrigatório.
No entanto, sem saber muito bem porquê, nunca o tinha provado. Não sei se é como aqueles vídeos do Youtube de que toda gente fala e depois não apetece ir ver, ou se era o subconsciente amuado por usarem moscatel roxo num rosé em vez de usar num destes.
Foi finalmente este Verão que acabou o jejum. Num supermercado aqui ao pé de casa, estava numa de comprar rosés e, ao ver este 2011 na prateleira (já anda o 2012 no mercado mas ainda não estava por lá), trouxe uma garrafa que não chegou a aquecer o lugar.
No copo começa-se por destacar a cor salmonada, que o fez logo na prateleira distinguir da maioria dos outros mais rosadinhos que o acompanhavam. Tem um ar mais másculo, portanto.
No nariz mostra citrinos e o esperado floral, mas tudo seco e contido. Nada de enjoos como me costuma acontecer com muitos dos brancos aqui da zona feitos com a irmã branca.
Mas foi na boca que me surpreendeu mais. É um daqueles vinhos que costumo intilular como sérios. Seco, boa acidez, entra elegante, com pézinhos de lã, e depois prolonga-se pela boca dentro e vai ficando, ficando. Não contava com tanta persistência.
Já não me lembro o que comi para acompanhar, mas fiquei com o registo que é multifacetado. Tanto vai, por exemplo, com um prato de massa, como a solo. Olha, com esta noite magnífica, se tivesse mais tinha ido ali para a varanda escrever isto enquanto o bebia.
Nuno: 16.5
Nome: Domingos Soares Franco Colecção Privada Syrah 2004
Tipo: Tinto
Colheita: 2004
Região: Regional Terras do Sado
Castas: Syrah
Graduação: 14%
Produtor: José Maria da Fonseca
Preço: 10 - 20€
Para além de ser um apaixonado pela Syrah, sou um ávido cliente desta casa, sendo natural que estes dois factos tenham alguma influência nesta prova (certamente tiveram quando comprei este vinho). Para além disso, tenham em mente que este vinho tem 7 anos, quase 8.....
Este monocasta Syrah é especialmente carregado na cor rubi, e tem um nariz de frutos pretos maduros, especiarias, ligeiro mineral e uns toques de baunilha na dose certa. Tendo em conta que tem quase 8 anos, está em muito bom estado no nariz.
Acompanhado com açorda de bacalhau, sobrepôs-se ligeiramente (o que seria de esperar) mas revelou-se extremamente elegante, com os taninos bem presentes mas domesticados, confirmou as especiarias e os frutos pretos maduros e mostrou uma acidez correcta. Com este acompanhamento, o final longo nota-se mais... como amanhã vou almoçar carne, é provável que a combinação seja mais feliz.
Ricardo: 16
Anexo | Tamanho |
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DSFSyrah2004.JPG | 107.43 KB |
Nome: Domingos Soares Franco Colecção Privada Verdelho
Tipo: Branco
Colheita: 2011
Região: Setúbal
Castas: Verdelho
Graduação: 13,5%
Produtor: José Maria da Fonseca
Preço: €10-15
Continuando a minha inclinação para os brancos (vinhos brancos, Nuno!) decidi fazer uma "incursão" pela região de Setúbal, e abri este Verdelho a cerca de 400Km de distância, mais propriamente em Trás-os-Montes. Serviu para abrir as hostilidades, ainda antes do arroz de cabidela, com uns três graus de temperatura do lado de fora da porta.
Veio-me à memória uma prova em que participei no ano passado, onde o Eng. Soares Franco nos mostrou a diferença entre o Verdelho e o Verdejo (uma confusão que aparentemente perdura em muitas casas) e onde estava presente, penso eu, a versão 2009 deste Verdelho. Eu começo logo por gostar do estilo do rótulo, com a marca de água e a combinação de cores. Depois, o nariz citrino (limão e flores) é muito interessante, se a temperatura não esiver abaixo de zero (era quase o caso, nos primeiros minutos). O pessoal da montanha não achou piada no início ("escorrega bem mas não sabe a nada"), mas quando chegou à temperatura ideal lá lhe acharam piada (não nos podemos esquecer que é gente que está habituada a beber meio quartilho ao pequeno almoço).
Como a cabidela não era muito agreste, ainda se conseguiu algum equilíbrio, ainda que não fosse claramente um jogo a favor do Verdelho. Gosto do vegetal e mineral (uns toquezitos florais), acompanhados pelo perfil seco (uma tia gostou deste perfil, portanto vou ter que passar em Setúbal nos próximos tempos, se quiser continuar a ter uma lareira acesa). Nota-se que é um vinho com estrutura, e que a meu ver é um excelente exemplar da verdadeira natureza desta casta.
Ricardo: 16
Nome: Dona Ermelinda
Tipo: Tinto
Colheita: 2006
Região: Palmela
Castas: Castelão
Graduação: 13.5%
Produtor: Casa Ermelinda Freitas
Preço: 3 - 4€
O Dona Ermelinda é um daqueles vinhos que, ao longo dos últimos anos, tem tido uma qualidade muito constante. Isso faz com que seja sempre uma escolha segura em casos de dúvida, ainda para mais porque está disponível em meias garrafas. E foi exactamente isto que o fez aterrar na nossa mesa.
A nível de aspecto tem um ar saudável, brilhante, com cor de intensidade média.
O aroma é simples mas agradável, com foco na fruta e ali uns aromas a fazer-me lembrar vegetal seco.
Na boca também é a fruta que toma a dianteira. Corpo médio e uma boa acidez a dar-lhe uma frescura que compensa muito bem o ligeiro doce dado pela fruta, não o deixando enjoar. Pelo contrário, dá vontade é de o beber.
Mais um ano sem surpresas.
Ema: 15
Nuno: 14.5
Anexo | Tamanho |
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donaermelinda2006.jpg | 229 KB |
Nome: Dona Fátima Jampal
Tipo: Branco
Colheita: 2010
Região: Lisboa
Castas: Jampal
Graduação: 13%
Produtor: Biomanz
Preço: €10-20
Devemos ter passado pelo menos uma dezena de vezes em Cheleiros, perto de Mafra, a caminho de casa de uns amigos que moram numa aldeia lá quase ao lado.
Sempre achámos muita piada à aldeia, por se situar mesmo lá ao fundo, com o ribeiro e uma ponte romana. Mal sabíamos nós que daquela aldeia saía vinho.
Este vinho chegou cá a casa pela mão do Ricardo, que comprou pela curiosidade e não nos deixou ver o que era antes de provar. Uma prova cega em que os anfitriões é que não sabiam qual era o vinho, onde é que isto já se viu?
Pela cor amarelada dava a sensação ter madeira.
No nariz isso veio-se a confirmar, com algum tostado mas não impositivo, a juntar aos frutos tropicais que davam alguma exuberância.
Na boca é um vinho com uma boa estrutura, untoso, fresco, com final seco e que fica ali na boca durante bastante tempo. Podia só ser um pouco mais comprido. Muito gastronómico. Não me perguntem o que comemos para o acompanhar porque eu e a Ema tivemos um ataque de Alzheimer simultâneo...
Só me lembro que nos fartámos de mandar postas de pescada mas, obviamente, não adivinhámos a casta, Jampal. Jam quê? Pois, nenhum de nós conhecia, o que até é normal porque não existe mais nenhum vinho feito exclusivamente com ela.
Acho exagerado aparecer na lista dos 50 melhores vinhos portugueses da Julia Harding, mas é um vinho interessante que qualquer enófilo que se preze devia experimentar pelo menos uma vez. O Ricardo não concorda comigo e não ficou com vontade de voltar a beber.
Nuno: 16.5
Ema: 16
Ricardo: 15.5
Nome: Dow's Quinta Senhora da Ribeira Vintage
Tipo: Fortificado
Colheita: 1998
Região: Porto
Castas: -
Graduação: 20%
Produtor: Symington Family Estates
Preço: 36 - 75€
Penso que a marca Dow's dispensa grandes apresentações. No máximo poderá haver quem não conheça a Quinta Senhora da Ribeira, propriedade da família Symington.
Absolutamente negro, apenas com um ligeiro rebordo rubi, bem podia passar por um vintage de 2005 ou 2006.
Um nariz cheio de fruta preta e cacau, mas também com aromas que me transportaram para o campo, com flores e vegetais. Quando inspirava mais fundo até parecia capaz de me desentupir o nariz.
Corpulento, quase mastigável, com sabor intenso a fruta bastante madura e cacau. Embora marque bem a boca, aparentando ir durar mais anos do que eu, não deixa de estar já fantástico e de dar muito prazer a beber.
Fica uma eternidade na boca, ligeiramente apimentado.
Se pensarem em comprar tenham muita atenção aos preços. A diferença de preços entre diferentes lojas é uma coisa abismal!
Ema: 18
Nuno: 18
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dowssraribeiravintage1998.jpg | 52.07 KB |
Nome: Duas Castas
Tipo: Branco
Colheita: 2009
Região: Alentejo
Castas: Viosinho e Verdelho
Graduação: 14.5%
Produtor: Esporão
Preço: 5 - 10€
Começo a introdução a este vinho confessando-me fã desta nova imagem dos vinhos do Esporão, nomeadamente esta linha de que faz parte o Duas Castas. Além do aspecto, a nivel de informação é o sonho de qualquer enófilo que gosta de saber o máximo de informação sobre o que está a beber.
Feito com a (segundo o produtor) melhor combinação de castas do ano - Viosinho e Verdelho - mostra-se de cor ligeira e com toques amarelados.
Nariz muito frutado, começando primeiro com citrinos e alguma fruta tropical. Com o tempo no copo e o nariz da Ema a ajudar (já que não tem bebido ao menos cheira...), vieram também os aromas de líchias.
De início tive um ligeiro descuido com a temperatura. O vinho ficou bastante tempo no copo enquanto tratava do almoço e, quando o levei à boca, fez-se notar um pouco o álcool. O "problema" foi quando servi o segundo copo, com o vinho já mais fresco... Aí, apesar de se notar algum corpo e untosidade, o vinho tem uma acidez que lhe dá uma sensação de leveza, camuflando perigosamente o grau alcoólico de forma a que só nos apercebemos dele quando nos levantamos da cadeira.
Por isso, bebam-no fresquinho e não abusem na quantidade.
Nuno: 15.5
Nome: Duas Castas
Tipo: Branco
Colheita: 2011
Região: Alentejo
Castas: Semillon e Viosinho
Graduação: 14%
Produtor: Esporão
Preço: €5-10
Todos os anos este vinho é feito com as duas castas brancas que os enólogos da casa entendem ser as melhores. Em relação ao 2009 que tínhamos aqui provado, o Verdelho foi trocado pelo Semillon, dando por isso um vinho muito diferente.
Límpido de cor amarelada.
Aroma interessante, onde se juntam flores, fruta (laranja e pêssego) e também alguma mineralidade.
Na boca tem um bom volume, até se fica com a sensação de ficar algum preso por dentro das bochechas. Entra na boca com uma sencação ligeiramente gulosa, mas a acidez é suficiente para o manter vivo e no final de persistência média tem um toque ligeiramente amargo que lhe dá alguma “alegria”.
Gostei mais deste do que do Verdelho do mesmo ano, mas a acidez do outro...
Tenho pena de não os ter provado ao mesmo tempo para experimentar fazer um blend no copo. Um 3 castas.
Nuno: 16
Nome: Duradero
Tipo: Tinto
Colheita: 2005
Região: Vinho de Mesa
Castas: Tinta Roriz, Tinta de Toro
Graduação: 13%
Produtor: Quinta do Portal e Liberalia Enologica
Preço: 9 - 12€
Descrevendo o Duradero numa só frase, é um vinho do Douro ibérico feito com uma só casta.
Parece simples, mas não é, até porque a lei nem sequer permite que seja comercializado com indicação de ano, casta, etc... Tem que se contentar com a designação de vinho de mesa.
Feito pelos produtores Quinta do Portal (Portugal) e Liberalia Enologica (Espanha), as uvas são provenientes de ambos os lados da fronteira. Tinta Roriz do lado de cá e Tinta de Toro do lado de lá, mas que se trata da mesma casta.
Comprámos 2 garrafas da sua edição de 2005, numa visita que fizemos há uns anos à Quinta do Portal. Uma das garrafas "voou" logo na altura, mas achámos que precisava de mais algum tempo em garrafa. Como esta se estava a sentir sozinha, fomos buscá-la para nos acompanhar à mesa.
De aspecto ainda estava jovem, brilhante, de cor avermelhada com alguma intensidade.
Nariz ainda cheio de fruta fresca, a lembrar morangos, de início acompanhado por aromas tostados. Com o tempo começou a vir também chocolate e menta ao nariz.
Entrou na boca vigoroso, com o tempo que passou em garrafa a limar algumas arestas que, na altura em que bebemos a primeira, estavam espevitadas. Bom equilibrio entre corpo, doçura e acidez, sem excesso de nenhuma dessas partes. Tudo muito afinado, a dizer "bebam-me" (de preferência com uma carne vermelha a acompanhar).
Fruta, tostados e chocolate também aqui apareceram e ainda, no final, um toque apimentado.
Desde já não devemos arranjar mais. O de 2006 ainda se tem visto, mas deve ser bastante diferente, uma vez que "ganhou" algum álcool.
Nuno: 16.5
Ema: 16.5
Nome: Dócil
Tipo: Branco
Colheita: 2011
Região: Vinho Verde
Castas: Loureiro
Graduação: 11%
Produtor: Projectos Niepoort
Preço: €5-10
Este vinho é um projecto de Dirk Niepoort - conhecido produtor de vinhos do Douro e Porto - por terras dos Vinhos Verdes. 100% Loureiro e vinificado (ou pelo menos engarrafado) na Quinta do Soalheiro. Até 2009 tinha o nome Girosol, mas entretanto foi rebaptizado para Dócil.
De cor limpa, nota-se um muito ligeiro gás na superfície que desaparece logo.
Aroma delicado, mas a sentir-se sem precisar de abanar muito o copo. Destacam-se os florais, mas também se encontra laranja, pêssego e alguma mineralidade.
Na boca é... dócil... o nome assenta que nem uma luva. Muito leve e delicado, pode-se considerar um vinho feminino apesar de uma acidez bem viva. No entanto não aconselho os homens usá-lo para alegrar as senhoras com fins "predatórios", uma vez que só tem 11% de álcool e era capaz de não se conseguir o objectivo.
Ao mesmo tempo surpreendeu-me por ser mais seco do que contava e, especialmente, pela capacidade de limpar a língua. Acompanhámos com uma salada de polvo e a cada golada entrava de mansinho mas ia por ali fora e ficava, apagando qualquer resto de comida que por ali andasse.
Seja para a esplanada ou para a mesa, é sem dúvida uma bela companhia para o Verão que está a chegar.
Nuno: 16.5
Ema: 16.5
Tipo: Tinto
Colheita: 2003
Região: Terras do Sado
Castas: Cabernet Sauvignon
Graduação: 14%
Produtor: Cachamoa
Preço: 12 - 15€
Embora seja do meu território, nunca tinha ouvido falar deste vinho. Numa das nossas noites vínicas deram-nos a provar e, desde aí, os meus olhos lá se devem ter aberto pois já o vi várias vezes.
A nível de cor já se notam alguns tons a dar para o tijolo, fazendo-o parecer ter mais idade.
Tem um aroma bastante intenso, mais a dar para o vegetal. É bem capaz de ser até hoje o vinho que mais me trouxe aromas a pimento ao nariz.
No sabor também se sente um toque mais vegetal. Também já ali dá uns ares de ter mais uns anitos, embora tenha uma boa acidez.
Tem um final médio e ligeiramente seco.
Não é mau, mas por este preço já temos provado coisas mais interessantes.
Ema: 15
Nuno: 15
Ricardo: 15
Anexo | Tamanho |
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Nome: Encontro 1
Tipo: Branco
Colheita: 2007
Região: Bairrada
Castas: Arinto e Bical
Graduação: 14%
Produtor: Quinta do Encontro
Preço: 20 - 23€
Embora seja um projecto moderno, a Quinta do Encontro não caíu na tentação de dar prioridade às castas "da moda" na região e usa muito as castas mais tradicionais.
Este branco é um bom exemplo disso. Feito com Arinto e Bical, mostra uma cor com alguma intensidade, amarelada, a dar a entender que passou por madeira.
O aroma deu um certo gozo, e luta, mudando várias vezes ao longo do pouco tempo que aguentou fora do aparelho digestivo. Começou com algum floral, balsâmico, frutos tropicais e no fim mineral.
Muito fresco, encorpado e aveludado, desliza por toda a lingua e faz finca-pé lá ao fundo a opor-se à saliva que o tenta empurrar. Pede claramente pratos complexos, mesmo daqueles que a escolha natural seria um tinto. É quase um crime fazê-lo acompanhar de peixe grelhado, por exemplo.
Cada vez mais me convenço que a Bairrada tem potencial para fazer dos melhores brancos do país.
Ema: 17
Nuno: 17.5
Anexo | Tamanho |
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Nome: Ensaios Filipa Pato
Tipo: Tinto
Colheita: 2006
Região: Beiras
Castas: Touriga Nacional, Alfrocheiro Preto e Baga
Graduação: 13.5%
Produtor: Filipa Pato
Preço: 6 - 7€
Já por várias vezes optámos por este vinho para acompanhar diversas refeições.
Visualmente é tentador devido à sua tonalidade rubi, a mostrar ainda juventude.
No nariz não deixa de ser tentador. Sem ter uma grande exuberância, os aromas são muito agradáveis a frutos vermelhos, com algumas notas florais e a caruma de pinheiro.
Na boca é elegante, fresco e equilibrado. Cobre praticamente toda a língua e deixa-se sentir durante algum tempo.
Da primeira vez que o bebemos estava um pouco espigadote deixando as bochechas a picar um pouco, mas agora estava bem domesticado e macio.
Em caso de dúvida, não hesitem em optar por ele pois é um vinho bem feito e com um preço bastante decente para a qualidade que tem.
Ema: 15.5
Nuno: 15.5
Anexo | Tamanho |
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ensaiosfp2006.jpg | 170.08 KB |
Nome: Entre II Santos Branco
Tipo: Branco
Colheita: 2006
Região: Alentejo
Castas: Sauvignon Blanc e Chardonnay
Graduação: 12.5%
Produtor: Manuel dos Santos Campolargo
Preço: 3 - 4€
Até ao aparecimento dos Vinha do Putto, a marca de entrada do Produtor Campolargo era este Entre II Santos.
Com "versão" branca e tinta, tem este nome de baptismo por ser feito com uvas provenientes de vinhas entre São Lourenço do Bairro e São Mateus.
O branco de que falamos aqui hoje tem uma boa cor com alguns reflexos esverdeados.
Aroma bem vivo a frutas tropicais e alguns citrinos.
Uma coisa que tem sido comum a todos os brancos bairradinos que temos bebido é uma bela acidez que dá uma grande sensação de frescura.
Bom corpo, saboroso, tudo muito bem equilibrado.
Embora acompanhe idealmente pratos ligeiros, não vacilou com uns raviolis de cogumelos selvagens.
É um vinho pensado para o dia a dia, mas muito bem feito e que não deixa ninguém ficar mal.
Ema: 15
Nuno: 15
Anexo | Tamanho |
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Nome: Eskuadro & Kompassu
Tipo: Tinto
Colheita: 2010
Região: Bairrada
Castas: Baga, Touriga Nacional, Merlot e Tinto Cão
Graduação: 14%
Produtor: Kompassus Vinhos Lda
Preço: <€5
Este foi um dos vinhos que conheci no Encontro com o Vinho e Sabores - Bairrada 2013, no dia em que tive tempo para andar a vaguear pelos expositores. Já conhecia os Kompassus, tanto os espumantes como os tintos, mas nem sabia da existência deste.
Achei-lhe piada e, poucos fins-de-semana depois, ao vê-lo à venda por €5 decidi trazê-lo comigo.
Tem um cheirinho bom, com alguns aromas que estamos habituados a sentir nos Bairradas mais clássicos, com a casta Baga, que aqui tem a companhia de outras. Vegetal, terroso e algum fruto silveste, mas também um floral muito ligeiro, talvez a ser dado pela Touriga, a dar-lhe um ar mais metrossexual.
Na boca tem elegância, um comprimento na boca bastante interessante, mas o que salta "à vista" é a sua bela frescura. É um Bairrada bastante domesticado, mas ainda assim o toque vegetal e o final seco é capaz de não ser do agrado de quem procure vinhos mais fáceis.
Pessoalmente é o estilo de vinhos que me agrada, pois nunca se torna cansativo. E então depois de um período de abstinência forçada , soube que nem ginjas.
Nuno: 15.5
Nome: Esporão Verdelho
Tipo: Branco
Colheita: 2011
Região: Alentejo
Castas: Verdelho
Graduação: 13.5%
Produtor: Esporão
Preço: €5-10
Falar nesta casta é sempre um filme. Não só porque o V do rótulo me faz lembrar a célebre série da minha infância “V - A Batalha Final”, mas porque o nome Verdelho, como acontece em muitos outros casos, é usado para várias castas (e o contrário às vezes também acontece).
Neste caso este Verdelho é o equivalente ao Gouveio no Douro.
Da cor não há muito a dizer, amarelo esverdeado, clarinho como se espera num vinho branco novo.
Nariz frutado mas sem muitas “madurices”. Mais a dar para a lima e algum tropical que não me parece nada o maracujá que fala no contra-rótulo. Vou mais para o ananás.
Na boca aparece a parte mais citrina e um ligeiro vegetal que, em conjunto com a boa acidez, puxa por comida.
Gostei mesmo muito da frescura do vinho, o que acabou por me fazer achar que o resto do conjunto acaba por ficar um pouco aquém dela.
Nuno: 15.5
Ema: 15.5
Nome: Explicit Branco 2011
Tipo: Branco
Colheita: 2011
Região: Alentejo
Castas: Portuguesas
Graduação: 13,5%
Produtor: Monte do Mata Mouros
Preço: €5-10
Ao contrário do que alguma vez pensei, este ano estou - sem sombra de dúvida - mais inclinado para brancos (para quem me conhece, isto é um ponto de viragem), o que significa que ou os tintos estão piores, os brancos estão melhores ou aprendi alguma coisa com a idade.. Precisamente por isso, encontrei e trouxe para provar, numa grande superfície, este Explicit que me chamou a atenção logo pelo tipo e formato de rótulo, orientação do texto, Braille e pela forma "diferente" como apresenta a sua história.
Um Branco do Alentejo, de (muito baixa) produção familiar de vinhas velhas e cujos enólogos são identificados - tão somente - pelos primeiros nomes (Frederico, Jorge e Vasco) é no mínimo algo a esclarecer, a menos que tenham sido influenciados pelo "só Álvaro", e nesse caso retiro tudo o que disser de seguida. Confesso que demorei três dias a ficar completamente esclarecido (o que implica que não desisti cedo, e o Explicit também não), com uma aposta tripla: frango com massa, salada gourmet (alface e outras coisas verdes) com tomate e queijo, e estufado de frango com ervilhas.
Neste verão de 30 a 35 graus, é fundamental cuidar da temperatura e hidratação (estou obviamente a falar de mim); um descuido e é fácil transformar um vinho interessante numa bebida frutada. Nos primeiros dois dias, o aroma a frutos secos e citrinos foi intenso (cuidado: fresco não é um bloco de gelo!), começando a decair no terceiro dia (diz-se que é o suficiente para uma licenciatura, mas não prescindi da prova oral). Sente-se claramente que a frescura equilibra a madeira (temos 13,5% no copo, portanto dá jeito não beber um xarope), e que a boca acompanha com muito bons citrinos e minerais.
Abafou a salada - pois claro - mas acompanhou na perfeição os frangos. Sublinho que a acidez é classificada, no rótulo, como vigorosa (eu acho que é a necessária e suficiente) e que até o vai fazer evoluir mais uns anos, mas cada um usa o adjectivo a que está mais habituado. Passou a estar na minha lista dos brancos - sempre com acompanhamento! - deste ano, com uma boa relação qualidade-preço e fico curioso em conhecer esta casa.
Ricardo: 17,5
Nome: Ferrugento
Tipo: Tinto
Colheita: 1999
Região: Douro
Castas: Touriga Nacional e Tinta Roriz
Graduação: 14%
Produtor: José Carlos Monteiro Pinto
Preço: 28 - 30€
Provei este vinho no ano passado, e entretanto vou publicar as notas de prova, já com alguns meses de atraso. Depois de ganhar umas partidas de bilhar (como devia ser costumeiro, mas infelizmente não se tem verificado), e para afogar as mágoas (todos as temos!) decidi abrir um Ferrugento de 1999.
Para os mais distraídos, estamos em 2009 e esta garrafa é de 1999! Ao contrário do que seria de esperar, este vinho ainda tem alguma força em termos de aromas (cerejas, geleias, algo queimadas) e apresenta uma cor bastante escura. Claramente, não é um vinho para se beber sem acompanhamento, e embora seja agradável percebe-se a presença do álcool em demasia, com um final que já é bastante apagado.
Ainda assim... está razoável para um vinho com 10 anos, embora o preço não justifique a compra. Verifiquei que ainda se encontra à venda em grandes superfícies, e vou actualizar o preço ainda hoje.
Ricardo: 14
Anexo | Tamanho |
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ferrugento1999.jpg | 34.29 KB |
Nome: Flor das Tecedeiras
Tipo: Tinto
Colheita: 2008
Região: Douro
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Amarela, Tinta Barroca, Tinto Cão
Graduação: 14%
Produtor: Dão Sul
Preço: 9 - 12€
Uma recente entrada na gama da Dão Sul (visitei-os recentemente na Quinta do Encontro) que acompanhou uma revista que acompanho, sendo o primo mais novo do Quinta das Tecedeiras Reserva (mantenho um stock razoável na garrafeira).
É uma herança pesada, mas que este Flor das Tecedeiras se encarrega de assegurar com confiança, mesmo que a prova tenha ocorrido cedo demais... uma vez que lhe fará bem mais algum tempo em garrafa. O aroma é fresco, com algumas especiarias, e menos frutado do que seria de esperar (é um 2008!), e a cor dir-me-ia que o vinho seria bem mais velho (um rubi bastante concentrado).
Com a prova na boca, nota-se uma afinação e maturidade que não esperava, e com uma duração que me surpreendeu igualmente. De tal forma, que estou a pensar ver se consigo mais uma garrafa, na banca onde comprei a revista (não percebo porque é que lá ficaram três garrafas....).
Ricardo: 15.5
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Nome:Follies Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon
Tipo: Tinto
Colheita: 2007
Região: Bairrada
Castas: Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon
Graduação: 13,0%
Produtor: Quinta da Aveleda
Preço: 5 - 10€
Não sou grande adepto dos monocasta (que é o caso de quase todos os vinhos Follies), mas confesso que têm um propósito importante na educação - é desta forma que se começa a aprender do que se gosta mais, e porque é que se gosta menos de outros vinhos.
Ao contrário do que acabei de dizer, este vinho não é monocasta - é de facto um bom exemplar de como a junção de duas castas pode traduzir-se numa combinação interessante. Como tenho a colecção completa (excepto o Grande Follies), decidi começar pelo Touriga Nacional + Cabernet Sauvignon para acompanhar um lombo com queijo.
Agrada-me a imagem das garrafas (seguem o mesmo estilo em toda a linha Follies), que é sóbria mas se consegue destacar numa prateleira, e a cor do rótulo que condiz com o bonito violeta do líquido no copo.
Dei-lhe uns minutos no copo, e verifiquei que claramente a Touriga Nacional domina, com uma mistura de frutos vermelhos e especiarias, mas com um toque vegetal (resina talvez). É bastante suave e equilibrado na boca; a acidez deve garantir que ainda tem algum tempo para evoluir na garrafa e ao mesmo tempo confere-lhe frescura suficiente para não o deixar exigir acompanhamento sólido.
Neste patamar de preço, com muita concorrência, é uma cartada certa.
Ricardo: 16
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Nome:Terra Prima
Tipo: Licoroso
Colheita: -
Região: Porto
Castas: -
Graduação: 20%
Produtor: Fonseca
Preço: 12 - 15€
Este é o primeiro Vinho do Porto totalmente Biológico, que tive a oportunidade e o prazer de provar na Quinta do Panascal, em pleno Douro, estando na mesa mesmo ao lado de um BIN'27.
Impressionou-me muito a abertura no nariz, mais directo às coisas simples: aroma a sair do copo, doce e bastante fresco. Quando o provei, percebi que este Porto Biológico nem é melhor nem é pior do que os Portos tradicionais: é simplesmente diferente, doce, envolvente e algo persistente, com notas de cereja e um nadinha de ameixa. Foi-me muito fácil de perceber que é mais interessante no nariz que o BIN'27, ganhando-lhe aos pontos na suavidade.
Realço o facto de ser um vinho do porto totalmente Biológico, o que implica que a aguardente utilizada é também biológica. Tendo em conta o preço, parece-me uma escolha acertada para o consumo imediato.
Ricardo: 16
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Nome:Framingham Classic Riesling 2008
Tipo: Branco
Colheita: 2008
Região: Marlborough
Castas: Riesling
Graduação: 13,5%
Produtor:Framingham
Preço: 10 - 20€
A Framingham é uma recente (aquisição em 2008) aposta da Sogrape, seguindo a estratégia iniciada em 1998 de investimentos em produções externas - neste caso, na Nova Zelândia. A região de Marlborough tem condições específicas (o clima fresco, os solos de leito de rio) que muito favorecem a produção de Sauvignon Blanc, Chardonnay, Pinot Gris e Riesling.
Este Riesling 2008 é produzido com vinhas venhas, e tem uma particularidade, como a maior parte dos vinhos deste produtor: estagia exclusivamente em inox, não passando por madeira. Provei-o pela primeira vez no evento Essência do Gourmet/Wine & Tapas, e no dia seguinte na Casa da Música (o que me permitiu comparar facilmente as várias provas), em ambiente quente.
A imagem da garrafa não é especialmente apelativa, e a cor - dourado pálido (dizem-me que tem uns laivos de verde) - não é das que mais me agrada. É no entanto no nariz que se sente o primeiro impacto: os aromas florais intensos, onde se inclui o jasmim; mandarim; um pouco de limão e chá verde e uns toques minerais agradam de imediato (é importante garantir a temperatura baixa para poder desfrutá-los), e só confirmam a qualidade reconhecida da casta Riesling.
O que mais me impressionou foi o equilíbrio e suavidade - acidez e açúcar estão completamente integrados - com a presença de fruta (limão e gengibre) e pimenta, novamente com toques minerais. É um vinho excelente a solo ou com acompanhamento, desde que não seja descurada a temperatura de serviço baixa.
Ricardo: 16.5
Anexo | Tamanho |
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Nome: Frei João Reserva
Tipo: Branco
Colheita: 2009
Região: Bairrada
Castas: Maria Gomes, Bical e Cerceal
Graduação: 12.5%
Produtor: Caves São João
Preço: <€5
Confesso que este vinho me fez ter vontade de bater no senhor por trás do nome Pingus Vinicus.
Primeiro disse maravilhas dele, dando-me vontade de o comprar. Demorou foi a encontrá-lo à venda. Quando finalmente o encontrei e comprei, nem 1 semana depois ele escreveu isto.
É pá, ao menos que tivesse escrito isto uma semanita antes! E o pior é que esta alteração de opinião tem alguma razão de ser.
Nada de anormal a nível de cor, mas no nariz começou a confusão. Primeiro a não querer mostrar nada, mas depois com o tempo lá mostrou envergonhadamente alguns citrinos, fumo e - até tive na dúvida de escrever isto porque até a mim me parece delírio de enochato - um aroma qualquer que me lembrava aquela água dos tremoços!
Na boca também estava meio confuso. Foi daqueles vinhos que me fez andar ali a pensar se estava a gostar ou não, mas não cheguei a conclusão nenhuma. No entanto, não me parece que o vinho tenha arrumado as botas. Tem coisa boas, como uma excelente acidez e mineralidade, está é... esquisito...
Muito se fala que na evolução dos vinhos às vezes há uma fase parva, se calhar é esse o caso. Com uns anos de garrafa, ganhando aqueles aromas característicos da idade, é capaz de ainda poder vir a dar prazer.
Sou gajo para comprar mais uma ou duas garrafas e me esquecer delas por uns anos valentes a ver no que isto dá, até porque o vinho anda pelos €5.
Nuno: 14.5
Nome: Gouvyas
Tipo: Tinto
Colheita: 2005
Região: Douro
Castas: Vinhas velhas, Touriga Nacional e Tinta Roriz
Graduação: 14%
Produtor: Bago de Touriga
Preço: 15 - 20€
Gouvyas é o nome latim de Gouvinhas, uma aldeia na região do Douro.
Esclarecida a origem do nome, foi tempo de tratar da saúde deste vinho quase opaco, de cor intensa e ligeiro rebordo granada.
Como já tem alguns sedimentos não tenham qualquer dúvida em decantá-lo. Mesmo que tais sedimentos não existissem, a decantação só traz vantagens a vinhos da qualidade deste.
No nariz, um aroma balsâmico é o primeiro a revelar-se. Um vinho especial e muito interessante como este não poderia ficar por aqui e, ao longo do tempo, outros aromas vão aparecendo como especiarias e fruta preta bem madura.
Na boca é encorpado mas muito elegante. Embora tenha força, e pareça capaz de se aguentar mais uns tempos na garrafa, é um vinho bastante suave na boca. Demonstra um grande equilibrio, com a madeira, fruta e acidez bem integrados.
Após bebê-lo mantem-se na boca durante bastante tempo, deixando uma sensação muito agradável.
Para o apreciar devidamente, nada melhor que o acompanhar com uma bela refeição de pratos fortes de carne vermelha. Foi o que fizemos, e acreditem que é uma experiência que fica na memória.
Ema: 17
Nuno: 16.5
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Nome: Graham's 20 Anos
Tipo: Fortificado
Colheita: -
Região: Porto
Castas: Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Barroca, Tinta Roriz e outras
Graduação: 20%
Produtor: W.&J. Graham's (Symington Family Estates)
Preço: 25 - 30€
De vez em quando, quando o local é propício a isso, gostamos de terminar a refeição com um Porto.
Este tem sido das presenças mais regulares nos nossos copos.
O tempo em madeira deu-lhe uma tonalidade clara já a dar para os acastanhados.
O aroma é uma delícia, com muitos aromas a frutos secos (frutos secos propriamente ditos bem como os desidratados). E há ali qualquer coisa a fazer lembrar casca de laranja.
Na boca é vibrante, mas ao mesmo tempo tem uma textura suave. Bom corpo, untoso, está no ponto perfeito de consumo. Uma boa acidez faz com que se possa dar bem com uns queijos, embora o tenhamos sempre bebido sem nada a acompanhar.
Cuidado com a temperatura, ligeiramente fresco (14°C) é que ele é bom.
Ema: 16
Nuno: 16.5
Ricardo: 16
Anexo | Tamanho |
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grahams20anos.jpg | 62.01 KB |
Nome:Guarda Rios
Tipo: Tinto
Colheita: 2007
Região: Ribatejo
Castas: Syrah, Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Merlot e Cabernet Sauvignon
Graduação: 14%
Produtor: Vale d'Algares
Preço: 5 - 10€
Há tempos adquiri duas garrafas deste Guarda Rios (via Campo de Ourique), que tem sido bem recebido recentemente pela crítica. Confesso que estava curioso para perceber de que forma se encaixa um grande número de castas...
Desde já deixo claro que o meu nariz não é fã de Merlot, e como tal estava desconfiado se iria sobrepor-se às outras (quatro!) castas - das quais desconheço as percentagens. Gostei da cor - bem marcada - e dos aromas que me agradam particularmente (mas não se mostram rapidamente - esperei uns bons 20 minutos até me agradar o aroma): o chocolate, frutos maduros, especiarias e a baunilha da madeira estão lá.
Não gostei, por outro lado, de algo químico ao que sou especialmente sensível. É forte, deixa a sua presença marcada na boca (daí ser indicado para pratos mais fortes), com os taninos redondos mas... fiquei um pouco decepcionado porque promete muito, principalmente pela força e volume, mas desaparece-me da boca mais depressa do que se esperava.
É uma boa escolha para acompanhar um prato forte: caça, cozido ou queijos fortes, mas nesta gama de preço tem muitos concorrentes à altura. Pareceu-me que estará no ponto ideal de consumo, ou talvez tenha mais um ano até deixar de subir.
Ricardo: 15.5
Anexo | Tamanho |
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guardariostinto2007.jpg | 79 KB |
Nome: Herdade dos Grous
Tipo: Tinto
Colheita: 2006
Região: Alentejo
Castas: Aragonês, Syrah, Alicante Bouschet e Touriga Nacional
Graduação: 14%
Produtor: Herdade dos Grous
Preço: 7 - 9€
A Herdade dos Grous é um projecto recente no Baixo Alentejo, cujas fotos que temos visto nos chamam para uma visita enoturística. Enquanto isso não acontece, e até porque a empresa não vive (só) disso mas sim do vinho que vende, decidimos trazê-lo para a nossa mesa.
Este colheita 2006 é bem carregado na cor, quase negro.
O nariz é como se tivessem sido esmagadas umas frutas pretas bastante maduras dentro do copo, em conjunto com algumas especiarias. Ele demorou um bocadinho a soltar-se e entretanto, como tem começado a ser cada vez mais frequente no Alentejo com a disseminação da Touriga Nacional, começaram ali uns aromas a flores a espreitar.
O sabor corresponde ao que a cheiradeira mostrava. Está lá aquela fruta preta madura, com uma ligeira doçura, e a especiaria. Caso ainda não tenham reparado, eu não sou muito de vinhos docinhos, mas neste caso a acidez é bastante razoável e não o deixa tornar-se chato.
É encorpado e mostra juventude, mas está suficientemente domesticado para não assustar as bocas mais sensíveis.
Ema: 16
Nuno: 15.5
Anexo | Tamanho |
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herdadedosgrous2006.jpg | 45.5 KB |
Nome: Hero dos Avós Garrafeira
Tipo: Tinto
Colheita: 1999
Região: Palmela
Castas: Castelão
Graduação: 13.5%
Produtor: Hero do Castanheiro, Vinhos
Preço: 17 - 20€
Finalmente mais um vinho provado sem saber o que era. Foi só o segundo, mas estes é que dão pica. Parece que assim se despertam mais os sentidos.
Chegou-nos à mesa decantado, especialmente por causa de alguns sedimentos. Pela cor granada, via-se que já não era novo.
Aroma muito limpo, onde os frutos pretos ainda lá andavam, mas já escondidos. Cacau, torrados e charuto, foram os aromas que mais se evidenciaram.
Mas foi na boca que este vinho mais se destacou, cheio de frescura e uma grande estrutura. Perfeita harmonia entre os sabores da fruta e madeira, ganha com a “sabedoria” do tempo em garrafa, e um longo final.
Vale a pena bebê-lo agora, por exemplo acompanhado de um belo prato de caça, mas é vinho para ainda se aguentar em garrafa.
E pensar que há poucos anos atrás não apreciava muito vinhos desta casta (Castelão).
Ema: 17
Nuno: 17
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herodosavos1999.jpg | 72.69 KB |
Nome: Hexagon
Tipo: Branco
Colheita: 2013
Região: Terras do Sado
Castas: Antão Vaz, Alvarinho, Viosinho e Verdelho
Graduação: 13%
Produtor: José Maria da Fonseca
Preço: 20-30€
Sendo um fã assumido do Pasmados Branco, fiquei muito curioso com a chegada de um novo Branco (ainda mais da categoria Super Premium), mais ainda porque partilha o nome do muito conhecido Hexagon versão Tinto. Confesso que não sabia o que esperar: a grande complexidade de boca do Hexagon Tinto (um colosso!), ou um perfil mais evoluído do Pasmados Branco?
Este é, sem dúvida, um animal diferente: a elegância começa no nariz, frutado (pêssego) com ligeiros toques de frutos secos e alinha-se com a boca, onde a madeira está integrada qb e a acidez está no ponto certo com uma frescura notável e um bom volume; impressiona o equilíbrio do conjunto. Dá prazer saborear, sem pressas, e perceber para onde o tempo o leva; já o provei três vezes ao longo de alguns meses, e continua a somar pontos.
Claramente é um vinho para beber acompanhado (tanto na mesa como nas cadeiras ao nosso lado), sem pressas, e sobre o qual fico muito curioso em relação aos próximos capítulos.
Ricardo: 17
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Hexagon2013Branco.JPG | 23.91 KB |
Nome: Hobby Tejo
Tipo: Branco
Colheita: 2009
Região: Tejo
Castas: Chardonnay e Fernão Pires
Graduação: 13,5%
Produtor: Exquisite Wines
Preço: €5-10
Este Hobby passou-me pelas mãos duas vezes em pouco tempo: no evento de apresentação dos Young Winemakers of Portugal, e em dois dos Adegga Wine Market.
O Hobby é feito em duas modalidades: Tejo (Fernão Pires e Chardonnay, para quem gosta de falar francês com um sotaque miserável a tentar fazer boa figura à frente da candidata a namorada) e Alentejo (Antão Vaz). Os rótulos são fáceis de identificar porque usam o mesmo estilo - um postal dos correios - mas a imagem é diferente; neste caso, umas luvas de boxe.
É curioso também o facto de o contra-rótulo apresentar dicas para o beber: "Faça os telefonemas mais importantes e desligue o telemóvel, depois abra a garrafa e desfrute calmamente do Chardonnay e do Fernão Pires a 12C. Não acompanhe com carnes elaboradas, pratos de forno ou queijos curados". Para fazer boa figura - lá está - toca a ler o contra-rótulo em voz alta, esticar o mindinho ao pronunciar Char-dó-né e piscar o olho quando confirmar que o que está na mesa é uma pizza vinda do micro-ondas (portanto, foi mesmo de propósito. mêmu.).
O nariz é contido e floral com alguns toques de baunilha, mas agradável; é complexo e estruturado (já foste - a pizza vai parecer pãozinho seco) e tem uma boa frescura, que ajuda a equilibrar a madeira (e disfarça o álcool, o que é bom - ela nem se vai aperceber que ficou mais descontraída). No meu caso, alinhou muito bem com uma tábua de enchidos que estava à mão de semear.
Encontra-se muito facilmente nas grandes superfícies.
Ricardo: 15.5
Nome: JM Reserva
Tipo: Branco
Colheita: 2007
Região: Douro
Castas: Malvasia Fina, Rabigato e Viosinho
Graduação: 13.5%
Produtor: CVD
Preço: 8 - 10€
Durante um fim-de-semana em que visitei a Quinta do Vallado, tive a oportunidade de passear pela Régua, e deparei-me com uma pequena mas bastante composta garrafeira mesmo na marginal. Estava um dia de muito calor, e quando decidi entrar neste estabelecimento deram-me a provar, a uns belos 12 graus, este JM Reserva 2007.
É vincado o aroma citrino, com uns pozinhos de mentol e tostas, sendo naturalmente pouco concentrado e amarelado.
A madeira está na dose certa, sentindo-se a sua presença o suficiente para não incomodar, e é ao mesmo tempo uma dose enorme de frescura que se nos apresenta. É uma escolha certa para ter na garrafeira, principalmente para acompanhar peixes mais gordos.
Ricardo: 16
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jmreserva2007.jpg | 114.56 KB |
Nome: La Chablisienne Chablis
Tipo: Branco
Colheita: 2006
Região: Chablis, França
Castas: Chardonnay
Graduação: 12.5%
Produtor: Sca La Chablisienne
Preço: 12 - 15€
Se já há quem ache que os vinhos portugueses são uma confusão, com tantas regiões e castas, então os vinhos franceses nem sei... quase que é preciso tirar um curso.
Ainda por cima, informação no contra rótulo está escasso.
Tenho apenas uma vaga ideia de algumas das regiões francesas, o que não foi suficiente para saber de antemão que Chablis é uma sub-região da Borgonha.
Se eu entendi bem a explicação que nos foi dada, quase todos os Chablis são feitos com Chardonnay e, em grande parte dos casos, não passam por madeira. A não ser os de outro campeonato, tipo os Grand Crus e os Premier Crus.
Este que nos veio parar à mesa é dos tais sem madeira, onde os aromas minerais se juntam a uma fruta mais virada para os citrinos.
Embora não passe por madeira, tem bom corpo e alguma untosidade. A acidez está no ponto ideal, pelo menos para o meu palato, dando uma sensação de frescura fantástica.
O sabor fica na boa durante bastante tempo, com alguma secura e uma ligeira sensação picante.
Além de ser bom, este vinho trouxe uma grande mudança nos nossos hábitos de combinação de vinhos com comida. É que tinhamos a mania de escolher tintos para acompanhar queijos pujantes e a combinação deste amigo francês com chèvre gratinado veio-nos a mostrar que se calhar estávamos enganados.
Ema: 16
Nuno: 16.5
Anexo | Tamanho |
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chablisiennechablis2006.jpg | 99.43 KB |
Nome: Larmandier-Bernier Extra-Brut Tradition Premier Cru
Tipo: Espumante
Colheita: -
Região: Champagne, França
Castas: Chardonnay e Pinot Noir
Graduação: 13.5%
Produtor: Larmandier-Bernier
Preço: 30-50€
Este Champanhe foi um dos eleitos para a noite de passagem de ano. Mas calma, que não foi ao soar das 12 badaladas com as passas, nem foi chocalhado até ir metade fora em espuma. Como não sou muito de tradições, nem houve espumante à meia-noite.
Este foi o primeiro vinho a ser aberto numa noite de 31 de Dezembro bastante pacata, mas bem regada. Nem às 21h chegou, quanto mais à meia-noite.
Esta não é a edição mais recente deste Champanhe (2/3 é da colheita de 2008 e o resto de reservas anteriores), que agora até deixou o nome Tradition e chama-se Latitude. Se bem que o site do produtor me deixou confundido, pois este era Premier Cru (que é como quem diz, as vinhas estão num sítio "muita bom", então e se estivessem num "buéda bom" seria Gran Cru) e o "Latitude" não.
"Crusísses" à parte, esta garrafa estava cá já há 2 anos e pareceu-me uma boa oportunidade para a abrir.
E agora o que interessa (ou não)... e saltando a parte visual da bolha, porque bebemos isto em copos de branco e não em flutes: Os aromas são delicados mas a mostrar alguma austeridade. Fumo, mineralidade, algum vegetal até. Tem fruta (maçã, lima...) mas nada de exuberâncias.
Na boca é de uma elegância tremenda. Seco, longo, persistente. Bebem-se muitas vezes bons espumantes, mas quando nos entra uma coisa destas na boca é que nos apercebemos porque é que alguém se lembrou de chamar mousse à sensação que a espuma nos dá. Como se diria no norte, "é beludo, carago".
Não é um top of the tops, mas por 30 e poucos euros (cá) não é muito fácil apanhar bolhinhas melhores.
Ema: 18
Nuno: 17.5
Nome: Le Loup Noir Colheita Seleccionada
Tipo: Tinto
Colheita: 2009
Região: Alentejo
Castas: Touriga Nacional, Syrah, Aragonez e Alicante Bouschet
Graduação: 14%
Produtor: Silveira e Outro, Lda
Preço: €5-10 (2 litros)
Os bag-in-box, por força do meu subconsciente, sempre me repeliram. Talvez porque a maioria dos produtores costumavam usar estes formatos para enfiar zurrapa que nem para cozinhar serve.
No entanto, tinha plena consciência que já havia vinho decente neste formato, com a vantagem de ser uma excelente opção para manter um vinho durante várias semanas aberto. No entanto, continuava sem vontade de comprar, até ver esta foto do Ricardo Bernardo.
Se calhar era isso que faltava, uma imagem apelativa. O factor boiola também conta.
Para fazer juz ao nome, a cor do vinho é carregadíssima. Até me fez lembrar uma célebre nota de prova em que usavam a expressão "tem medo do escuro", que mais tarde gerou umas confusões por aparente plágio. Adiante...
No nariz o maior destaque é a fruta preta bastante madura, e a madeira (sim, num bag-in-box) a sentir-se ligeiramente com baunilha e algum chocolate. Um aroma de um modo geral a fazer notar "paragens" quentes.
Com aquela cor toda estava à espera de um vinho mais encorpado. É harmonioso, todo limadinho, feito para beber e tentar agradar a gregos e troianos, com um final de média persistência.
É um vinho com qualidades, embora sem nada de especial destaque, a não ser o facto de ser um pouco acima do que se espera encontrar neste formato. Espero que sirva de mote para os produtores apostarem mais neste formato para vinhos do dia-a-dia. Nem imaginam o que às vezes me custa abrir uma garrafa para sobrar mais de metade...
Nuno: 15
Nome: Loios
Tipo: Branco
Colheita: 2011
Região: Alentejo
Castas: Arinto, Rabo de Ovelha e Roupeiro
Graduação: 12.5%
Produtor: João Portugal Ramos Vinhos, S.A.
Preço: <€5
O "irmão mais pequenino" do Marquês de Borba veste agora uma nova roupa, na minha opinião mais apelativa. Com uma garrafa pesada e a assinatura do produtor em relevo, nem parece um vinho de entrada de gama.
De cor citrina, tem um aroma com muita fruta fresca, em especial frutos brancos e lima, e também um ligeiro vegetal a dar-lhe piada e frescura.
Na boca é tudo muito afinadinho. Frutado, macio, aqui também um ligeiro toque a vegetal fresco e uma acidez em perfeita harmonia que o torna uma bela companhia tanto para esplanada como para pratos ligeiros.
Final com boa persistência.
Tendo em conta que custa menos de €3, não há necessidade de beber vinhos maus.
Nuno: 15
Nome: Lopo de Freitas
Tipo: Tinto
Colheita: 2004
Região: Bairrada
Castas: Baga, Touriga Nacional, Syrah, Cabernet Sauvignon
Graduação: 13.5%
Produtor: Caves do Solar de São Domingos
Preço: €10-20
Esta já cá morava há uns anos. Teve uma irmã gémea a morar com ela cá em casa que não teve a sorte de durar tanto tempo.
Depois de a provar achámos que esta ainda devia repousar um pouco e foi-se aguentando até agora.
A cor ainda mostra uma grande juventude, de cor rubi ligeiramente carregada.
Aroma ainda cheio de frutos vermelhos, algum vegetal característico da Baga e a presença da madeira já bem discreta, a dizer que está só ali para temperar e não para mandar.
Na boca é muito elegante mas ainda tem nervo. É claramente um vinho gastronómico, a pedir por exemplo uma chanfana. Mas a barrica e o tempo em garrafa como que cortaram as unhas à fera, não arranha ninguém. Os sabores correspondem exactamente ao que o nariz mostrava, mostrando um grande equilíbrio. Não sendo um vinho que fique mesmo até ao fundo da boca, tem no entanto uma bela persistência final com um toque apimentado muito agradável.
Dá muito prazer agora mas ainda tem pernas para continuar a andar por muitos anos. Não me importava mesmo nada de ter mais umas manas para continuar a ver a evolução. Alguém sabe onde é que ainda se arranja disto?
Nuno: 17
Nome: Mark Stephen Schultz Reserva Touriga Nacional
Tipo: Tinto
Colheita: 2005
Região: Ribatejo
Castas: Touriga Nacional
Graduação: 14.5%
Produtor: Mark Stephen Schultz
Preço: 5-10€
A vitela assada de domingo foi acompanhada por este MSS Reserva Touriga Nacional 2005, que comprei através do Adegga. Já o tinha provado no ano passado, mas só desta vez fiz a nota de prova (já sei que o Nuno vai proferir um insulto quando ler isto).
Esta é a última das que comprei, e estou satisfeito por a ter aberto agora; já se nota a cor acastanhada no rebordo, com violeta-escuro no centro, fruto dos seis anos de vida.
Tal como em todas as outras vezes que o bebi, os aromas são evidentes e parecem querer voar para fora do copo: frutos negros (a cereja preta, ameixa) e compotas e frutos vermelhos. Ao bebê-lo, confirmei estes aromas mas encontrei ainda o mel e chocolate, que combinam num final que já foi mais longo e persistente.
Quem ainda o tiver, está na altura de o beber, porque me parece que já atingiu e ultrapassou o seu melhor estado - e este verão é o ideal, porque nem mesmo os 14,5% de teor alcoólico se fazem notar.
A pontuação acaba por ser um acumulado do que este vinho foi (fruto das experiências anteriores) e do ponto de evolução - já descendente - em que está.
Ricardo: 15
Anexo | Tamanho |
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mssrestn2005.jpg | 90.94 KB |
Nome: Marquês de Borba
Tipo: Branco
Colheita: 2011
Região: Alentejo
Castas: Arinto, Antão Vaz, Verdelho e Viognier
Graduação: 12.5%
Produtor: João Portugal Ramos Vinhos, S.A.
Preço: <€5
Posso estar a dizer baboseira, mas Marquês de Borba será a marca mais forte da João Portugal Ramos. No entanto, com tanta escolha que há, e apesar de gostar dos vinhos deste produtor, acabaram por ser vinhos que têm andado arredado das minhas escolhas.
O branco então, nem me lembro se alguma vez tinha bebido.
De cor apresenta-se amarelo citrino, com reflexos esverdeados.
No nariz mostrou um bocado mais de complexidade do que estava a contar num vinho desta gama, mas o destaque vai para os citrinos, vegetal fresco e algum floral. Com o tempo e a temperatura a subir ligeiramente, surgiu um aroma a meloa. Isto de identificar aromas nos vinhos são visitas à memória olfativa e esta meloa, com o álcool do vinho, veio-me despertar memórias do tempo de universidade, em que costumava abrir meloas ao meio e meter um pouco de vodka Artic Meloa lá dentro.
Bom volume na boca aliado a uma acidez “nervosinha”. Os citrinos também estão bem presentes e, num final de média persistência, deixa um ligeiro travo mais amargo a dar para o vegetal e toranja.
Achei mais vinho para comida do que para beber a solo.
Nuno: 15.5
Nome: Marquês de Borba
Tipo: Branco
Colheita: 2013
Região: Alentejo
Castas: Arinto, Antão Vaz e Viognier
Graduação: 12.5%
Produtor: João Portugal Ramos Vinhos, S.A.
Preço: <€5
Quanto aqui falei sobre a colheita de 2011, disse que nunca tinha provado Marquês de Borba branco antes. A impressão foi positiva.
Duas colheitas e uma rega* depois a opinião mantém-se, apesar das devidas diferenças entre colheitas. Por exemplo neste 2013 junta-se algum tropical aos citrinos no aroma e não achei a acidez tão marcada.
Mas no essencial mantem o perfil ano após ano. Fresco, álcool moderado e frutado mas com final seco que o torna boa companhia à mesa.
Não é um vinho feito para despertar paixões, nomeadamente a wine geeks. É um vinho para beber descomplexadamente sabendo com o que contar.
Nuno: 15.5
Ema: 15
* ao abrir a garrafa fiz asneira e a rolha entrou disparada para dentro, dando-me uma molha. A wine geek cá de casa não se queixou dos aromas.
Nome: Marquês de Marialva
Tipo: Tinto
Colheita: 1990
Região: Bairrada
Castas: Baga e Moreto
Graduação: 12%
Produtor: Adega Cooperativa de Cantanhede
Preço: 10 - 15€
Até há bem pouco tempo atrás não era grande apreciador de vinhos velhos. Provavelmente isto faz parte do processo natural de evolução de um apreciador de vinho.
Um gajo começa por procurar vinhos de um determinado género, mas depois vai provando cada vez mais coisas e alarga os horizontes.
Este veio parar ao copo por acaso, no meio de uma conversa sobre vinhos velhos da Bairrada.
Uma cor de tijolo a dar para o castanho mostrava ter já uns bons anos em cima.
Só o tempo em garrafa pode dar um aroma e complexidade destas. Figos secos, amendoas e tabaco foi o que me veio à ideia conforme metia o nariz no copo.
Na boca reflete o aroma, talvez apenas um pouco mais seco do que esperaria. Ainda tem é uma frescura de admirar nesta idade. Apenas no corpo se notava alguma fragilidade.
Mais surpreendidos ficámos quando soubemos que a garrafa estava aberta há 4 dias. Tantos vinhos novos, supostamente bons, que no dia a seguir já custam a beber e aqui o velhinho com 4 dias de abertura e estava bem bom!
Ema: 15
Nuno: 15
Ricardo: 15
Anexo | Tamanho |
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marialva1990.jpg | 76.27 KB |
Tipo: Tinto
Colheita: 2005
Região: Alentejo
Castas: Aragonez, Trincadeira e Alicante Bouschet
Graduação: 13.5%
Produtor: Adega Mayor
Preço: 6 - 7€
Mais conhecido pelo café, Rui Nabeiro virou-se para um projecto ambicioso no mundo do vinho. Além da escolha de um dos enólogos mais famosos por terras alentejanas, Paulo Laureano, a nível visual a marca também mostra algum cuidado.
Começando numa moderna adega desenhada por Siza Vieira e terminando nos rótulos onde nem o braile faltou.
O Monte Maior, é o vinho de gama mais baixa do produtor, ainda assim está longe de ser um vinho corrente.
A sua cor, bastante escura, já é comum em vinhos feitos por este enólogo.
Tem um aroma intenso, onde saltam para fora do copo aromas a frutos pretos muito maduros.
Bom corpo, macio na boca, também com a fruta madurona a ter o protagonismo. Fácil de gostar, mas talvez um pouco "monocórdico". Tem uma boa acidez e o teor alcoólico é mais baixo do que o que é habitual em vinhos alentejanos, o que é de elogiar.
Seria um bom vinho para o dia a dia, não fosse o seu preço já ser um bocado alto para isso.
Ema: 15.5
Nuno: 15.5
Anexo | Tamanho |
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montemaior2005.jpg | 52.49 KB |
Nome: Boa Memória 2004
Tipo: Tinto
Colheita: 2004
Região: Alentejo
Castas: Aragonês, Castelão, Trincadeira e Cabernet Sauvignon
Graduação: 13%
Produtor: Monte Seis Reis
Preço: 5 - 6€
Provei este Boa Memória uns dias depois do Bolonhês 2003, que vou publicar nos próximos tempos, embora seja evidente que são bastante diferentes. Este vinho tem a cor rubi, com um avermelhado no rebordo.
No nariz, nota-se a complexidade, uma vez que é uma mistura de quatro castas. Não sei se é por eu ser mais sensível a determinados aromas, mas notei de imediato a presença da Cabernet Sauvignon e da Trincadeira; foi preciso dar-lhe algum tempo para respirar antes de conseguir sentir os aromas na sua plenitude (identifiquei os frutos silvestres e cerejas).
Os taninos sentem-se, mas são macios, o que é consequência de ter tido seis meses de madeira, e senti o final equilibrado, com boa acidez e frutas.
Como já tem alguns anos (e apenas seis meses de madeira), penso que está na altura ideal para se beber.
Ricardo: 14.5
Anexo | Tamanho |
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boamemoria2004.jpg | 154.73 KB |
Nome: Monte Seis Reis Bolonhês 2003
Tipo: Tinto
Colheita: 2003
Região: Alentejo
Castas: Aragones, Alicante Bouschet, Trincadeira, Tinta Caiada
Graduação: 13.5%
Produtor: Monte Seis Reis
Preço: 8 - 10€
Como que de propósito, decidi acompanhar uma massa à bolonhesa com este Bolonhês, já meu conhecido, tal como outros vinhos da mesma casa (o que facilmente se verifica pelas minhas últimas provas).
Desde a última vez que o bebi mantém a cor granada, bem como os aromas frutados (framboesas e amoras), provavelmente fruto da concentração de Aragonês e Trincadeira que devem ser superiores às outras duas castas; nota-se também um pouco de baunilha.
Senti-o bastante equilibrado, com uma boa acidez e a causar uma impressão duradoura na boca.
O binómio qualidade / preço é interessante, até porque o preço se tem mantido inalterado nos últimos três anos; por outro lado, é um vinho premiado e com provas dadas (se bem que nunca bebi prémios, só o vinho). Vale a pena comprar para consumir de imediato.
Ricardo: 15
Anexo | Tamanho |
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bolonhes2003.jpg | 41.81 KB |
Nome: Monte Seis Reis Touriga Nacional
Tipo: Tinto
Colheita: 2003
Região: Alentejo
Castas: Touriga Nacional
Graduação: 14.5%
Produtor: Sociedade Agrícola Monte Seis Reis
Preço: 13 - 15€
Este vinho foi-me oferecido há 3 anos pelo meu aniversario em conjunto com o seu irmão Syrah.
O Syrah marchou logo na altura mas este cá se foi mantendo na garrafeira até agora. A decisão de o manter foi um bocado por influência de alguns anuários de vinhos da altura, que me levaram a crer que teria a ganhar com a guarda.
A cor deste vinho já se atira para o tijolo, mostrando alguma evolução. Como não é filtrado tem alguma sedimentação pelo que convém ter algum cuidado com esse aspecto.
No nariz está muito interessante com aromas dados pelo tempo em garrafa em conjunto com um ligeiro tostado da barrica e ainda uma fruta madura.
Na boca é que me desiludiu um pouco. Está muito saboroso e tem um bom corpo, mas a acidez já quase não mora cá.
Falta-lhe também alguma garra pelo que não convém acompanhá-lo com pratos muito fortes.
Estas decisões de guardar ou não guardar são sempre complicadas. Se até os profissionais se enganam, quanto mais um consumidor normal. Este é claramente um vinho que já devia ter deitado abaixo há mais tempo.
Ema: 15
Nuno: 15
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seisreistn2003.jpg | 150.58 KB |
Nome: Monte Velho
Tipo: Tinto
Colheita: 2009
Região: Alentejo
Castas: Trincadeira, Aragonês, Castelão
Graduação: 14%
Produtor: Esporão
Preço: < 5€
Penso não estar a dizer nenhuma bacorada ao afirmar que este é o vinho mais vendido em Portugal. Se não for verdade podem-me enviar umas caixas do vinho mais vendido que o Monte Velho e eu - para castigo - sou obrigado a beber só disso o resto do ano.
Talvez por esse facto o Monte Velho é um o vinho que oiço mais gente a dizer bem e mal. Como se costuma dizer: "bem ou mal, falem de mim". É este o caso.Isso podia tornar mais difícil escrever uma nota de prova para este vinho. Se disser mal vou ter que levar com os fãs do vinho, se disser bem tenho levo com os "isso era bom dantes mas agora é uma porcaria".No entanto, falar sobre este vinho é bastante simples.
Cor rubi com concentração média/alta.
Aroma com muitos frutos vermelhos e com algum vegetal seco. Tem um je ne sais quoi (peço desculpa, mas não me lembrei de nenhum termo menos roto) que faz vir à ideia planície alentejana.
Na boca é o que se espera dele. Frutado, acidez média, tudo muito redondinho e pronto a beber. Final médio novamente a mostrar um ligeiro vegetal.
Em suma, acredito que tenha sido melhor em tempos - não sei, quando comecei a ligar a vinho já ouvia dizer isso - mas para preço que custa é um vinho honesto e que cumpre o seu papel.
Nuno: 14.5
Tipo: Tinto
Colheita: 2004
Região: Alentejo
Castas: Aragonez, Trincadeira, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon
Graduação: 14%
Produtor: Sociedade Agrícola D.Diniz
Preço: 5 - 8€
Este era um vinho com o qual já nos tinhamos cruzado várias vezes, pois aos poucos tem começado a aparecer cada vez mais na restauração. No entanto, nunca o tinhamos provado.
Há pouco tempo atrás, em conversa com um colega de trabalho que também partilha a paixão por vinhos, ele disse que este vinho era uma das suas escolhas de eleição quando não queria gastar muito dinheiro.Decidimos aproveitar o conselho e prová-lo.
De concentração de cor média e tom rubi, deixa muita goma no copo.
Inicialmente, o aroma fez-me lembrar manteiga, o que não seria nada bom sinal. No entanto, esse aroma desapareceu logo de seguida não voltando a aparecer. Ficou sim, um aroma marcado a fruta preta muito madura.
Encorpado, untoso, com sabor intenso onde se confirma o destaque da fruta madura que o nariz mostrava.
Para o meu gosto pessoal, preferia menos açucar e mais acidez. Mas é um vinho bem feito, que fará as delícias de quem gosta deste estilo docinho.
Ema: 15
Nuno: 15
Ricardo: 15
Nome: Montes Claros Reserva
Tipo: Branco
Colheita: 2010
Região: Alentejo
Castas: Roupeiro, Antão Vaz, Arinto
Graduação: 13%
Produtor: Adega de Borba
Preço: <5€
Continuando a saga dos brancos, decidi passar pelo Alentejo, a uma casa que já tive a oportunidade de visitar. Se não estou enganado, esta é uma das primeiras colheitas a passar pela nova adega (que referi noutra altura).
A pizza que "fiz" estava quase a sair do forno, e aproveitei para ir abrindo a garrafa, para arejar. A cor da garrafa é um castanho esverdeado (não é a minha preferida), mas o que vem lá dentro é um dourado com toques de esverdeado. Enquanto esperava pelos 10 minutos, fui aproveitando para perceber como evoluía o nariz: bastante tropical, um ligeiríssimo toque floral e baunilha.
Como não o podia deixar aquecer, e mesmo sem ter acabado a "confecção" da pizza, fui bebendo cerca de dois copos. A característica mais notória é o equilíbrio, com a madeira muito bem integrada e equilibrada por frescura/acidez qb, a abrir depois alguns toques citrinos. Não é propriamente o branco mais encorpado que bebi, mas preenche bem a boca, tem uma boa estrutura e tem um final muito agradável. A este preço, está num patamar de enorme qualidade e é um valor seguro. Torna-se perigoso, porque se bebe tão bem acompanhado como a solo.... e vai-me fazer passar mais vezes em Borba para encher a mala.
Ricardo: 16
Tipo: Branco
Colheita: 2006
Região: Soave, Itália
Castas: Garganega(80%) e Trebbiano(20%)
Graduação: 12,5%
Produtor: Montresor
Preço: 8 - 10€
A forma como provámos este vinho fugiu um pouco ao normal. Tinhamos pedido uma tábua de queijos e enchidos e o vinho tinto que tinhamos pedido estava com uma temperatura acima do que devia. Normalmente, dizem as regras, com queijos e enchidos bebem-se tintos. No entanto, acabámos por pedir um copo de branco enquanto baixavam a temperatura do tinto.
E não é que se portou muito bem?
É um vinho com um aroma que transmite a ideia de frescura, com alguns aromas a frutos secos a sentirem-se ao fundo.
Na boca é um vinho com corpo médio e final agradável. Parece-me ser muito consensual, excepto para aquele pessoal que tem a mania que branco não é vinho.
Seria um vinho que aconselharia mais a beber com um peixe grelhado mas, pela sua acidez, ajudou a cortar a gordura dos queijos e enchidos.
Não garanto a exactidão do intervalo de preço, uma vez que ainda não o vimos à venda fora de restaurantes.
Ema: 15.5
Nuno: 15.5
Nome: Muros Antigos Avesso Escolha
Tipo: Branco
Colheita: 2006
Região: Vinho Verde
Castas: Avesso
Graduação: 13%
Produtor: Anselmo Mendes
Preço: 5 - 6€
Anselmo Mendes é responsável pela enologia de vinhos de diversos produtores em várias zonas do país, muitos deles já presentes em provas do nosso site. No entanto, da marca com o seu próprio nome, ainda não tinhamos aqui nenhum.
A estreia vem com um vinho de uma casta que conheço mesmo muito mal, o Avesso.
Muito clarinho na cor, é no aroma que começou a mostrar que é um vinho diferente. Aromas intensos a vegetais e frutos secos foram os que mais se destacaram. Por vezes faziam lembrar amêndoa amarga.
Na boca não é um vinho fácil, especialmente se bebido sozinho. O sabor tem muitos citrinos, embora a acidez não seja muito alta, e também aqui parece haver algum amendoado.
Termina muito seco, a pedir comida. Talvez um peixe assado no forno.
Não sei se é um Avesso típico ou não, mas achei-lhe uma certa piada.
Nuno: 15.5
Anexo | Tamanho |
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murosantigosavesso2006.jpg | 137.76 KB |
Nome: Niepoort Vintage
Tipo: Fortificado
Colheita: 2007
Região: Porto
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinto Cão, Tinta Francisca, Tinta Amarela, Sousão, Tinta Roriz e outras
Graduação: 20%
Produtor: Niepoort Vinhos, S.A.
Preço: 46 - 60€
Com tanto alarido à volta da Gripe A, foi dos bombeiros de Peso da Régua que veio a melhor sugestão de "vacina".
Parece que, há cerca de 1 século atrás, eles preveniram a gripe pneumónica com Vinho do Porto. Pelo sim pelo não, achámos que o melhor era prevenir e abrimos uma garrafa deste vintage.
A cor deste remédio era bastante escura, mas não completamente opaca como em outros vintages que já temos provado.
Os aromas inicialmente não se queriam mostrar muito, parecia dizer-nos para não sermos gulosos e esperar um bocado. Fizemos-lhe a vontade e deixámos lá estar no copo, indo de vez em quando meter o nariz ao copo. Inicialmente foram uns aromas a violeta que sobressaíram, mas os frutos vermelhos foram aparecendo aos poucos, bem como canela e um ligeiro mineral. A certa altura, saltou um aroma a chocolate que nos fez lembrar que tinhamos ali um chocolate negro belga há demasiado tempo por terminar.
Na boca, é uma espécie de lobo em pele de cordeiro. Entra com força, marcando por onde passa, mas ao mesmo tempo consegue ter uma finura que o torna fácil de beber desde já. Alguma gulosice inicial, bem equilibrada por uma bela acidez, deixando no final uma sensação mais especiada e seca que persiste por muito tempo.
Não é que tenhamos muita experiência com vintages - até porque nenhum de nós bebeu o mesmo vintage em novo e passados 20 anos - mas parece vinho para durar muitos anos em cave. Embora haja quem ache que os vintages que se bebem muito bem em novos poderão não ter a durabilidade daqueles monstros que são quase imbebíveis quando saem para o mercado.
O que podemos dizer é que nos deu muito prazer agora e esperamos estar cá daqui a 20 ou 30 anos para ver se evoluiu bem ou não.
Ema: 18
Nuno: 18
Nome: Otima 10 Anos
Tipo: Fortificado
Colheita: -
Região: Porto
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Tinta Roriz e Tinto Cão
Graduação: 20%
Produtor: Warre's (Symington Family Estates)
Preço: 10 - 20€
Nos últimos tempos tenho andado particularmente interessado em vinhos do Porto, e como estou relativamente perto das Caves de Gaia, decidi começar a provar - aleatoriamente - o que o público encontra ao seu dispor, a custos acessíveis (porque a economia não ajuda).
A minha decisão foi começar pelos Tawny, em particular do patamar 10 anos, e evoluir sempre que possível para outros patamares. Afinal de contas, é aceite que este é um patamar de qualidade que justifica a diferença para os Porto Reserva, ainda que não seja particularmente lucrativo para os produtores.
Este Otima 10 anos da Warre's, que se pode encontrar em garrafeiras especializadas, é um excelente exemplo de como com menos se faz mais: a garrafa é mais pequena (0.5L), o rótulo é bastante pequeno, e ainda assim é impossível não o ver na prateleira. A cor (um castanho claro brilhante) também é factor de destaque, bem como o aspecto geral que é moderno e fresco (para atingir um público mais jovem, talvez?).
Na temperatura adequada (lê-se no rótulo: servir fresco!) apresenta aromas de caramelo, muitos frutos secos e fruta madura, como seria de esperar. É bastante equilibrado na boca, com a acidez e o corpo bem alinhados, e tem um final de boca agradável e relativamente longo.
Esta é uma muito boa opção para o patamar dos Tawny 10 anos - ainda que seja apenas de 0.5L - em termos de qualidade, se não nos esquecermos de que, para atingir essa qualidade, deve ser servido à temperatura adequada. A garrafa até está praticamente vazia, o que quer dizer que não tive muito tempo para lhe tirar uma fotografia...
Ricardo: 15.5
Anexo | Tamanho |
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otima10anos.jpg | 140.91 KB |
Nome: Pampas del Sur Reserve Viognier
Tipo: Branco
Colheita: 2008
Região: Mendonza, Argentina
Castas: Viognier
Graduação: 13.5%
Produtor: Premier
Preço: < 5€
Num dia de pastanço, em que nem sequer estava a pensar comprar nada, passei ao pé de uma garrafeira e deu-me a habitual falta de resistência a entrar em locais desses.
Despertaram-me a atenção vários vinhos, de países a que raramento costumo prestar a atenção devida, e acabei por trazer algumas coisas baratas só numa de experimentar. Entre elas estava este Viognier argentino. Acho até que nunca tinha bebido nenhum branco argentino.
Entretando não o abri logo e acabou por andar um bocado esquecido na garrafeira, até agora que o fui salvar.
Apresentou-se muito límpido, cor aberta com reflexos amarelo citrino.
Aroma bastante agradável, inicialmente com aromas a fazer lembrar pêssegos. Depois, curiosamente, os aromas que vieram só me faziam lembrar Sauvignon Blanc, como maracujá e espargos.
Muito correcto na boca. Elegante, frutado com uma bela frescura. Como é da América do Sul estava a pensar em algo mais "quente", mas pensando um bocado melhor no assunto isso é parvoíce, basta pesquisar Mendonza no Google Maps e ver onde fica para se perceber que estava a ser urso.
O único senão é ter um final algo curto. Sem ser nenhum vinho extraordinário, estava-me a agradar bastante e é uma pena que tenha desaparecido da boca tão depressa.
Se calhar já o devia era ter bebido antes.
Nuno: 14.5
Tipo: Tinto
Colheita: 2004
Região: Dão
Castas: Touriga Nacional, Baga e Alfrocheiro
Graduação: 13%
Produtor: Álvaro Castro
Preço: 25 - 30€
Álvaro Castro é um dos nomes incontornáveis no Dão. Quem nunca ouviu falar em Quinta de Saes ou Quinta da Pellada é porque certamente anda distraído.
O Pape resulta da junção de uvas de uma vinha arrendada (que viria a ser adquirida) da Casa Passarela com uvas de um talhão da Quinta da Pellada.
Esta colheita marcou uma mudança no perfil do vinho. Saíu a Tinta Roriz e entrou uma casta bastante mais dura, a Baga.
O resultado foi um vinho de cor carregada, de aroma intenso, onde a madeira de qualidade marca a sua presença mas bem integrada com a fruta.
Na boca confirma o que a cor e o aroma deixavam adivinhar. É um vinho encorpado, mas sem perder elegância graças à boa acidez. Embora seja um vinho "à macho", cheio de pujança e que se aguentará concerteza bem em garrafa, já está suficientemente domesticado para que se possa beber desde já. É decantá-lo um bom bocado antes e acompanhá-lo de pratos fortes.
Tem um final longo e guloso.
Nota positiva para o produtor, por ter conseguido manter o vinho nos 13%. Nos dias que correm já começa a ser raro.
Nuno: 17.5
Ema: 17.5
Nome: Periquita
Tipo: Branco
Colheita: 2006
Região: Terras do Sado
Castas: Moscatel, Arinto
Graduação: 12%
Produtor: José Maria da Fonseca
Preço: 3 - 4€
Periquita é um nome que tem gerado alguma polémica. De um lado, a casa José Maria da Fonseca que garante que o nome vem da quinta de onde é originário o vinho Periquita. Do outro, os que defendem que Periquita é um nome da casta também conhecida na zona por Castelão.
Ao que parece, a batalha foi ganha pela José Maria da Fonseca que, com este branco também chamado Periquita, parece ter fechado de uma vez por todas toda esta questão.
Feito de Moscatel e Arinto, apresenta uma cor clarinha, amarelada com reflexos esverdeados.
O aroma é agradável, com muita fruta tropical e frescura citrina.
No nariz faz pensar que o vinho possa ser um pouco doce, mas depois ao beber não se confirma. É suave, fresco e muito fácil de beber.
Vai bem com um peixinho ou mesmo como aperitivo.
Ema: 14.5
Nuno: 14.5
Anexo | Tamanho |
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periquitabranco2006.jpg | 118.03 KB |
Nome:Pomares
Tipo: Tinto
Colheita: 2008
Região: Douro
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz
Graduação: 13,5%
Produtor: Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo
Preço: 5 - 10€
Para que não haja dúvidas, sou um fã desta quinta, nomeadamente dos seus vinhos de nível superior. Assim, não é surpresa ter decidido comprar esta entrada de gama numa garrafeira conhecida.
Gostei especialmente do rótulo desta garrafa, na qual contrasta a simplicidade com o design chamativo: o pormenor da folha vermelha com relevo é fora do comum, e destaca-se nas prateleiras... se bem que o contra-rótulo seja pouco informativo)!
Decantei-o durante uns minutos, e vi claramente a bonita cor vermelha intensa (um pouco como a folha do rótulo, sem assombras a escuro) que provavelmente será derivado da Touriga Franca. Bastaram alguns segundos para sentir os aromas a frutos vermelhos maduros e especiarias (pimenta branca), que acompanhados pelos queijos de cabra fizeram uma combinação muito interessante.
Na boca, aparecem os aromas a baunilha (passou seis meses por carvalho americano e francês), que lhe vão conferir estrutura e resultar num vinho muito equilibrado e agradável. Saliento ainda o facto de o álcool (13,5%) estar muito bem disfarçado, apenas se fazendo notar quando me levantei da cadeira.
Reforçando o facto de ser fã desta quinta (e portanto poder ter uma opinião ligeiramente biased), acredito que este é uma muito boa aposta para os fins de tarde, sempre com acompanhamento sólido.
Ricardo: 15.5
Anexo | Tamanho |
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pomarest2008.jpg | 123.04 KB |
Nome: Portal do Fidalgo
Tipo: Branco
Colheita: 2006
Região: Vinho Verde
Castas: Alvarinho
Graduação: 13%
Produtor: PROVAM
Preço: 6 - 7€
Parece que tinha andado a dormir antes de provar este vinho. Agora, enquanto procurava informação sobre preços e o produtor, é que vi que este vinho todos os anos é bastante falado. Mas pronto, agora já fiquei a conhecer.
Translúcido, brilhante e com reflexos esverdeados.
Os aromas que mais me chegaram ao nariz foram os vegetais, e um frutado mais a dar para os citrinos, com uma boa intensidade.
A beber dá muito prazer. É daqueles que é difícil não agradar, com tudo muito certinho na boca, muita frescura e final a prolongar-se. Bebe-se bem até sem acompanhamento.
É um belo Alvarinho, que tenho pena de não ter conhecido há mais tempo e em dias mais quentes.
Ao que parece, tem mantido boa qualidade ao longo dos anos. Vou certamente ter esta marca debaixo de olho no próximo Verão.
Nuno: 16
Anexo | Tamanho |
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portaldofidalgo2006.jpg | 171.73 KB |
Nome: Prazo de Roriz
Tipo: Tinto
Colheita: 2005
Região: Douro
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Tinta Roriz, Tinto Cão
Graduação: 13%
Produtor: Quinta de Roriz
Preço: 8 - 10€
Os vinhos da Quinta de Roriz, embora não sejam propriamente mainstream, têm tido uma consistência ao longo dos anos que faz com que se possa contar com eles sem medos.
Brilhante, cor rubi não muito carregada.
No nariz não é daqueles que saltam para fora do copo, mas em compensação tem uma boa variedade de aromas. Começou com alguns aromas mais lácteos que depois desapareceram, sobressaindo então os frutos silvestres maduros, violetas e mentolados.
É um vinho ligeiramente encorpado, mesmo tendo um grau alcoólico moderado. O lombo de porco ibérico coberto com parmesão com que o acompanhámos foi um bom teste. Mostrou ter acidez suficiente para combater a gordura, não deixando o conjunto tornar-se pesado. Um bom indicador para isso é a facilidade com que se bebe sem cansar.
Sente-se ligeiramente mais a madeira na boca do que no nariz, sempre sem imposições. Apenas como muleta da fruta.
O sabor dura bastante na boca, deixando uma sensação fresca e mentolada.
Já há colheitas mais recentes, e há quem queira sempre beber os mais recentes, mas não vale a pena ser pedófilo do vinho. Este está para as curvas agora e por mais 2 ou 3 anos sem problemas.
Ema: 16
Nuno: 16
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Nome: Prova Régia 2010
Tipo: Branco
Colheita: 2010
Região: Lisboa
Castas: Arinto
Graduação: 12.5%
Produtor: Companhia das Quintas
Preço: <5€
Este é um vinho que se pode chamar de anti-crise pois, nas feiras de vinhos dos hipermercados, chega-se a encontrar por bem menos de €3. Por causa disso, e porque é um vinho simples e bem feito, acabaram por passar cá por casa várias garrafas ao longo do último ano. Foi interessante porque deu para ver a evolução dele ao longo desse tempo.
Começou por ser um vinho muito citrino, com uma acidez bastante vincada, para malta com pêlo no peito. No verão e no outono ( que em 2011 fez mais calor do que no verão) aquela acidez toda já tinha sido amansada e já mostrava um lado mais frutado. Para mim foi essa a fase mais interessante, pois estava tudo em pleno equilíbrio.
Agora é claramente a fruta que domina tanto na boca como no nariz, até com mais tropicais do que citrinos. A acidez ao deixar de se impôr, começou a deixar aparecer alguma doçura, o que já não faz tanto o meu género.
Pela minha parte, aguardo o 2011 para me fazer companhia na esplanada durante o próximo verão.
Nuno: 14
Nome: Prova Régia Premium
Tipo: Branco
Colheita: 2011
Região: Bucelas
Castas: Arinto
Graduação: 13%
Produtor: Companhia das Quintas
Preço: <€5
O Prova Régia é um daqueles vinhos que duvido que não tenha já passado pelos olhos de toda a gente, uma vez que é omnipresente nas prateleiras dos supermercados. Perdeu o “Bucelas” no rótulo e é agora “apenas” um Lisboa. Este Premium é a gama acima e ostenta Bucelas.
Apresenta-se de cor citrina esverdeada com baixa intensidade.
No aroma é bastante mineral e com um frutado a dar mais para os citrinos. Pensei que o vinho apenas passava por inox, mas parecia haver lá muito ao fundo um ligeiro toque de madeira, o que acabei por confirmar na informação do produtor. 20% do lote fermenta em barricas de carvalho francês.
Uma boca séria, tipo a cara do Mourinho nas conferências de imprensa, onde se destaca a acidez muito viva, um corpo um pouco mais preenchido que o Prova Régia “normal” e boa persitência no final. É inevitável esta comparação, até porque custa ligeiramente mais que o outro (mesmo assim não chega aos €5) e tem que justificar os atributos.
Na minha opinião vale a diferença. Depois de amansar a acidez inicial é um vinho mais seco e mineral, mais o que se espera de um Arinto de Bucelas e menos um vinho que tente agradar a gregos e troi(k)anos
Fiquei foi com inveja das ostras do Ricardo Bernardo...
Nuno: 16.5
Nome: QG Colheita Seleccionada
Tipo: Branco
Colheita: 2008
Região: Vinho Verde
Castas: Alvarinho, Loureiro, Trajadura
Graduação: 11,5%
Produtor: Quinta de Gomariz
Preço: 5 - 10€
Conheci este produtor de Vinho Verde através das redes sociais Facebook e Twitter, coisa que tem acontecido com alguma regularidade. A publicidade nas revistas é tanta que um gajo acaba por ir ignorando que ela lá está e, pelo menos para pessoal como eu, esta forma de comunicação acaba por ser bastante mais eficiente.
No entanto, nos últimos tempos já se começa a ouvir falar neles, mais que não seja pelas medalhas que tem conquistado em concursos nacionais e internacionais. É o caso deste colheita seleccionada, que ostenta as medalhas de ouro do Concurso Mundial de Bruxelas e da Comissão dos Vinhos Verdes.
De cor citrina e ligeiras bolhinhas no rebordo, é um vinho especialmente "vistoso" no nariz. Fruto tropical e algum citrino e algumas flores brancas, com uma grande exuberância.
Na boca o que mais se destaca é a acidez viva e uns ligeiros piquinhos gasosos, que o tornam especialmente gastronómico.
Final com alguma persistência, guloso e fresco.
Sim, eu sei que há colheita 2009 no mercado (sob o nome grande escolha) e normalmente toda a gente quer o último ano (especialmente nos vinhos verdes), mas este 2008 ainda tem pernas para andar.
Nuno: 16
Nome: QMF Reserva Pessoal
Tipo: Espumante bruto branco
Colheita: 2006
Região: Bairrada
Castas: Chardonnay, Baga, Arinto, Bical e Maria Gomes
Graduação: 12.5%
Produtor: Quinta da Mata Fidalga
Preço: 10-20€
Depois de uma passagem de ano a seco, o inicio da minha actividade vínica de 2012 veio com o aniversário da Ema.
O aniversário de família de uma bairradina implica comer leitão e, para acompanhar, um inevitável espumante da Bairrada.
Desta vez fomos nós que levámos o espumante, este Reserva Pessoal da Quinta da Mata Fidalga que comprámos quando fomos à quinta com a malta dos Desafios da Adega.
Os mais de 5 anos não se notam muito na cor nem no nariz, onde se destacam aromas de fruta (o produtor fala em ananás e pêssego, mas a mim vinham mais as maçãs) e biscoitos.
Na boca é bastante envolvente com as bolhas a “desfazerem-se” na boca com grande macieza. No entanto, apesar desta grande suavidade da textura, tem uma acidez bem presente e um final prolongado sem ponta de doçura. É um vinho que chama por comida e que mostrou ao leitão que não estava para brincadeiras.
Quem leu espumante e aniversário e pensou que isto era para acompanhar um bolinho xô xô, antes que leve com a (pesadíssima) garrafa deste QMF Reserva Pessoal na tola.
Nuno: 17
Nome: Quanta Terra Grande Reserva
Tipo: Branco
Colheita: 2008
Região: Douro
Castas: Viosinho, Gouveio
Graduação: 13.5%
Produtor: Quanta Terra Sociedade de Vinhos
Preço: 10-20€
Para acompanhar com umas peças de carne de Trás-os-Montes ao jantar, decidi que haveria de pôr à prova um Branco do Douro. Este Quanta Terra Grande Reserva é um dos muito dignos representantes da Região, ainda que me pareça que esta casa tenta fugir ao conforto de seguir a receita conhecida.
Este Grande Reserva é um bonito amarelo dourado, com aromas de fruta madura e mel, com alguns toques tropicais, que encaixou bem com a carne; provavelmente teria ficado melhor com algo mais leve. Gostei em particular da frescura (fruto de uma boa acidez), que acredito dará alguma longevidade a este 2008.
Planeio abrir a próxima garrafa só no próximo ano.
Ricardo: 16.5
Anexo | Tamanho |
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quantaterrabrancograndereserva2008.jpg | 128.58 KB |
Nome: Quatro Castas
Tipo: Tinto
Colheita: 2008
Região: Alentejo
Castas: Alicante Bouschet, Syrah, Petit Verdot e Alfrocheiro
Graduação: 14.5%
Produtor: Esporão
Preço: 10-20€
O conceito é o mesmo do Duas Castas mas neste "irmão" tinto - como é óbvio olhando para o nome - são 4 castas em vez de 2.
Também aqui o rótulo é bastante interessante de ler, com a informação sobre cada uma das castas e a forma como foram vinificadas.
Este é dos escurinhos, talvez pela presença do Alicante Bouschet.
O aroma é um pouco marcado pela madeira, com tostados e alguma baunilha, complementados com frutos pretos e um toque especiado. É preciso alguma atenção à temperatura ou o álcool começa a "acenar".
Na boca é um vinho bastante encorpado, sumarento, com fruta preta madura bem integrada com a madeira. Embora seja pujante está mesmo polidinho, é daqueles que não assusta bocas mais sensiveis. Tem uma boa acidez que faz com que o vinho tenha vivacidade e não se torne chato.
Final especiado e com boa persistência.
Fez-me desejar uma posta mirandesa e não pude satisfazer o desejo...
Nuno: 16
Nome: Quatro Castas
Tipo: Tinto
Colheita: 2010
Região: Alentejo
Castas: Aragonez, Tinta Miúda, Tinta Caiada e Alfrocheiro
Graduação: 14.5%
Produtor: Esporão
Preço: €10-20
Já por aqui tinha passado um irmão mais velho. Em 2010 apenas o Alfrocheiro é cromo repetido, sendo as outras castas o Aragonez, a Tinta Miúda e a Tinta Caiada.
Devido à sua juventude foi acompanhado por uns lombinhos de porco preto no forno.
Cor rubi bastante carregada, com ligeiro violeta no rebordo.
Aroma a frutos vermelhos e pretos, algum balsâmico e especiarias. Madeira bem mais discreta do que no 2008 apesar de todas as castas terem dormido em carvalho americano.
Na boca está já prontinho a beber. Cá está novamente a fruta, algum chocolatado e especiaria. Bom volume de boca e a presença da madeira também aqui muito discreta. Final de boca com alguma persistência.
Os 14.5% de álcool não se fazem sentir, por isso cuidado com ele.
É um vinho agradável, de estilo claramente moderno, e que só tem a ganhar se for bebido agora em novo.
Nuno: 15.5
Nome: Quinta D.Carlos Cabernet Sauvignon
Tipo: Tinto
Colheita: 2005
Região: Estremadura
Castas: Cabernet Sauvignon
Graduação: 13.5%
Produtor: Cunha e Menezes, Lda.
Preço: 6 - 8€
Nunca tinha ouvido falar da Quinta D.Carlos, aparentemente por ignorância minha, pois os destinos desta quinta estiveram cruzados com os da Quinta de Pancas. Ao que parece, agora cada um “rema para o seu lado”.
Mas, como estamos aqui para falar de vinho, vamos passar para o que está por trás do rótulo, que se apresenta com uma cor muito bastante intensa.
No nariz, são os aromas a pimento que tomam a dianteira, acompanhados de fruta preta madura e algum eucalipto à mistura.
É encorpado e a nível de sabor também é mais para o vegetal, com os pimentos típicos da casta e uns uns agradáveis tostados. É persistente deixando na boca uma sensação fresca e especiada. Pelo que tenho lido em alguns blogs que acompanho, por vezes esta componente mais vegetal causa algumas inimizades. Quem não gosta da casta, se calhar não vai achar grande piada a este vinho. A mim agrada-me, especialmente quando não é demasiado verde na boca, que é o caso. Desliza com facilidade e não exige pratos muito fortes.
Ema: 16
Nuno: 15.5
Anexo | Tamanho |
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dcarlos2006.jpg | 162.47 KB |
Nome: Quinta Nova
Tipo: Tinto
Colheita: 2006
Região: Douro
Castas: Tinta Amarela, Tinta Roriz, Touriga Franca e Touriga Nacional
Graduação: 14%
Produtor: Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo
Preço: 5 - 6€
Num dos locais onde costumamos comprar vinho, em conversa com o proprietário ele mostrou-se bastante entusiasmado com os vinhos da Quinta Nova. Como os conselhos que nos tem dado têm sido de confiar, e este até tinha um bom preço, decidimos levar 2 garrafitas para o almoço que iamos ter no dia a seguir.
Sem ser muito concentrado na cor, tem uma bonita tonalidade.
O aroma tem muito boa intensidade. Aromas a groselhas, ervas frescas e um ligeiro especiado, tudo a transmitir uma agradável sensação de frescura.
Na boca tem um sabor intenso, corpo elegante e facilidade em deslizar sem se dar conta. Aparecem todas as sensações que já tinham vindo ao nariz. Tem uma acidez muito boa, o que faz com que seja bom parceiro de pratos mais gordurosos. Essa frescura também o torna bom para dar a provar a pessoal que gosta de brancos e de tintos nem por isso.
Tem uma boa persistência final, com muita suavidade.
Excelente qualidade para este preço, ainda para mais do Douro que tem custos muito altos.
Ema: 16.5
Nuno: 16
Anexo | Tamanho |
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quintanova2006.jpg | 113.13 KB |
Nome:Quinta da Alorna Arinto
Tipo: Branco
Colheita: 2008
Região: Tejo
Castas: Arinto
Graduação: 13%
Produtor: Quinta da Alorna
Preço:
Este é o terceiro Branco consecutivo que provo, neste verão quente e seco. Desta vez, optei por um monocasta de Arinto, que tem uma linda cor amarelo limão, límpido.
Como o jantar ainda demorava, deixei-o respirar 5 minutos e acompanhei a evolução aos poucos. Sendo um monocasta (já agora: no Douro esta casta chama-se Pedernã), não há muito que enganar: os aromas típicos do Arinto estão lá todos (rosas, citrinos, minerais), se bem que é típico desta casta não ser especialmente fulgurante nos aromas.
Ao longo da refeição, fui confirmando os aromas e confirmei o que é também característica desta casta: a acidez (que não incomoda), e a passagem dos citrinos para o mel (que já se começa a notar), com o passar dos anos.
Considero-o mais outro branco interessante para nos acompanhar o verão, em formato aperitivo ou como complemento a peixe (de preferência grelhado). Penso que deverá ser consumido neste e no próximo ano, no máximo.
Como o comprei na própria adega, consegui um preço muito interessante...
Ricardo: 15
Anexo | Tamanho |
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quintadaalornaarintho2008.jpg | 121.5 KB |
Nome: Quinta da Falorca
Tipo: Branco
Colheita: 2011
Região: Dão
Castas: Encruzado e Malvasia Fina
Graduação: 14%
Produtor: QVE
Preço: €5-10
Eu não parei as minhas incursões pelos Brancos, ainda que tenham deixado de aparecer aqui os registos correspondentes. Já se sabe que a Quinta da Falorca tem enormes referências nos tintos, mas sendo uma das referências do Dão, e sendo eu um fã dos Encruzados...
Como se pode ver na foto, a cor é um amarelo palha com um rebordozito esverdeado, límpida.
O nariz é contido, mas elegante; apanham-se logo os citrinos e notas vegetais, com uns toques florais.
Na boca é frutado, especialmente citrino e vegetal, com uma acidez muito boa que não o deixa tornar-se enjoativo (o floral da Malvasia está lá, equilibrado com o citrino), e no final ainda lhe apanhei uns toques tropicais. Faz crescer água na boca e torna-se viciante, precisamente porque a frescura permite bebê-lo a solo... Tem bom comprimento, com ligeiro amargo.
Diria que é o ideal para acompanhar peixe e carnes brancas, ou simplesmente fazer evaporar durante uma tarde de fim-de-semana (foi o que aconteceu a metade desta). Tenham é cuidado; embora aquela acidez esteja no ponto, esconde mas não faz desaparecer os 14 graus...
Ricardo: 16
Nome:Quinta da Lagoalva Talhão 1
Tipo: Branco
Colheita: 2009
Região: Tejo
Castas: Arinto, Alvarinho, Fernão Pires, Sauvignon e Verdelho
Graduação: 13%
Produtor: Quinta da Lagoalva de Cima
Preço: 5 - 10€
Seguindo o meu périplo pelos Brancos neste verão, encontrei este Quinta da Lagoalva Talhão 1 num restaurante de tapas em Leça, e sendo-me completamente desconhecido decidi satisfazer a minha curiosidade.
Quando foi servido não estava fresco, mas rapidamente chegou ao ponto certo. Como se pode ver na foto, é límpido e amarelo limão. Enquanto picávamos mexilhões de vinagrete e pimentos padrón, praticamente durante o pôr do sol, gostei da ligação dos citrinos (muito limão e toranja) e das frutas tropicais (ananás e um pouco de melão).
Os aromas citrinos são ultrapassados pelos florais e minerais na boca, e ainda que seja relativamente equilibrado não deixei de sentir bem presente o álcool; não é um vinho para vincar a presença na boca. Depois de um gole, só há lugar para outro.
Reconheço que provavelmente teria ficado mais bem impressionado se acompanhasse com peixe, mas considero que tendo em conta o preço este é um vinho interessante para os finais de tarde (ou jantares) neste verão.
Ricardo: 15
Anexo | Tamanho |
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quintadalagoalvatalhao12009.jpg | 128.83 KB |
Nome: Quinta da Murta
Tipo: Branco
Colheita: 2007
Região: Bucelas
Castas: Arinto
Graduação: 12.5%
Produtor: Quinta da Murta
Preço:
Sou suspeito para falar deste branco porque gosto de vários vinhos deste produtor (há-de aparecer brevemente por estas paragens o Myrtus). Começo por referir dois factos: é um vinho branco, e é de 2007. Chegou para chamar a atenção?
Vou repetir - este é um vinho branco de 2007 (para os mais distraídos, estamos em 2012), custa menos de 5€ e é nada menos do que uma excelente escolha. Continuando... este é um dos grandes Brancos de Bucelas, uma região que infelizmente não anda no top de preferências dos consumidores. Límpido de cor dourada, interessantes aromas tropicais, citrinos, com ligeiros toques de baunilha e fruta madura.
Na boca nota-se a mineralidade, menos acidez do que eu esperava (é um Arinto!) mas muito interessante alternando entre toques doces (mel?) e amargos no final (o perfil é seco); dá a noção de um volume interessante. Tendo em conta o preço, é uma excelente relação qualidade-preço!
Ricardo: 16
Nome: Quinta da Pedreira Grande Reserva Bruto Natural
Tipo: Espumante
Colheita: 2003
Região: Bairrada
Castas: Maria Gomes, Bical e Chardonnay
Graduação: 13,5%
Produtor: Quinta da Pedreira
Preço: €10-15
Tal como muita gente, durante muito tempo a maior parte dos espumantes que bebia tinha nomes parecidos com "omolete" ou "ânsia", e eu achava que estava bem servido. Depois comecei a provar espumantes Portugueses, e percebi que prefiro não ficar com comichão no nariz de cada vez que levo um copo à boca.
Este Grande Reserva, o topo de gama da casa (que para além de outro espumante produz ainda... uma aguardente vínica velha) foi-me apresentado pelo Boss da Garrafeira Campo de Ourique como uma boa relação qualidade-preço para aquele patamar de qualidade. Gosto do rótulo que parece simples mas imponente, ainda que a cor não seja a minha preferida; por outro lado não me posso esquecer que é de 2003.
A bolha é persistente e fina, ainda identifico aromas de maçãs verdes, citrinos e resina. É suave e complexo na boca, com acidez qb que lhe dá a frescura ideal, e acaba a confirmar os citrinos. Se for servido à temperatura correcta (6, 7 graus) pode perfeitamente ser bebido a solo como aperitivo, mas é muito boa companhia para carnes brancas, queijos ou fumados. Tem ainda outra característica: comprar só uma garrafa é asneira, porque a primeira acaba rapidamente e quando damos conta estamos a chamar pela segunda.
Esta é uma aposta firme e segura para os jantares natalícios e para oferta nos tempos que se avizinham - já tenho planeado reforçar o stock. Para quem prefere o nível abaixo de preço, aconselho a prova do irmão que não é Grande nem Reserva, mas que também não tem medo da concorrência.
Ricardo: 16
Nome: Quinta da Vegia Reserva
Tipo: Tinto
Colheita: 2003
Região: Dão
Castas: Touriga Nacional e Tinta Roriz
Graduação: 13%
Produtor: Casa de Cello / Quinta da Vegia
Preço: 25 - 30€
Há ideias preconcebidas complicadas de desfazer. Algumas regiões do país, mesmo que tenham vinhos muito bons, têm sempre quem insista em fugir delas. Um desses casos é o Dão e este Quinta da Vegia é um bom exemplo.
Já nos tinham dado a provar este vinho há uns anos, embora na altura ainda estivesse a pedir algum descanso na garrafa, e tinha deixado boa impressão. Desde aí fiquei com ele debaixo de olho.
Voltado a provar agora, continua a apresentar uma cor violácea e carregada mostrando uma enorme juventude a nível visual.
O aroma é excelente. Intenso, frutado, com algum floral típico da Touriga Nacional. A madeira anda ali a dar apoio sem abusar, resultando no geral como um aroma complexo e fresco.
Na boca é tudo o que o aroma mostra. Muito intenso, fresco, com "cabedal" mas ao mesmo tempo de uma grande elegância.
Acompanhou na perfeição uma alheira de caça e é vinho que se pode manter na boa na garrafeira que se vai aguentar.
O final é estilo Duracel... E dura, e dura...
Foi um vinho que teve unanimidade na nossa classificação.
Se com vinhos destes ainda há quem evite vinhos do Dão, temos pena. Sobra mais para nós.
Ema: 17.5
Nuno: 17.5
Ricardo: 17.5
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qtavegiareserva2003.jpg | 186.76 KB |
Nome: Quinta das Bágeiras Garrafeira
Tipo: Branco
Colheita: 2004
Região: Bairrada
Castas: Maria Gomes e Bical
Graduação: 13%
Produtor: Mário Sérgio Alves Nuno
Preço: 12 - 15€
Normalmente calha-me sempre a fava, isto é, tenho de ser quase sempre eu a escolher o vinho cá em casa. Desta vez era frango assado no forno e a escolha estava difícil. Como para entrada tínhamos o suspeito do costume, tosta de chévre gratinada, pensei: Porque não um branco?
E lá fui buscar esta garrafa que repousava há algum tempo na garrafeira.
A cor era um amarelo palha brilhante, que poderia querer dizer que era da idade, mas este vinho quando sai para o mercado já tem assim esta tonalidade.
No aroma sobressaem aromas de frutos secos e resinosos. Um pouco mais escondidos, aparecem também aromas vegetais e frutados.
Na boca é encorpado, untoso, daqueles que barra a boca toda. Como tem um toque de frutos secos também no sabor e uma acidez citrina, fez-me lembrar quando se juntam umas gotinhas de limão à amendoa amarga... mas sem a parte do amargo nem da doçura. Pronto, se calhar não lembra nada isso, mas também já não bebo disso há uns anos valentes.
Acompanhou bem tanto o queijo como o frango. Claramente não é para peixinhos, a não ser assado no forno, ou então um prato de bacalhau.
Está aqui vinho para aguentar mais uns anos valentes.
Ema: 17
Nuno: 17
Anexo | Tamanho |
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bageirasgarrafeira2004.jpg | 116.8 KB |
Nome: Quinta das Bágeiras
Tipo: Branco
Colheita: 2007
Região: Bairrada
Castas: Maria Gomes, Bical
Graduação: 14%
Produtor: Mário Sérgio Alves Nuno
Preço: 10 - 20€
Como já tinha dito aqui, quando foi lançado o desafio do Prova à Quinta, não li a parte do tinto e fui escolher um branco clássico de uma região qualquer do país. E a escolha óbvia foi este Garrafeira Branco 2007 da Quinta das Bágeiras. Escolha essa tão óbvia que um outro blogger, que também não soube ler a parte do tinto, foi escolher exactamente o mesmo vinho.
Isso quer dizer 2 coisas. Primeiro, como referido no outro post, vinhos com identidade da região são cada vez mais escassos. Em segundo lugar, que este produtor é um dos poucos bastiões que sobram, em especial na Bairrada.
Esqueçam os brancos transparentes, aqui não há nada disso.
Também não moram cá os aromas muito polidinhos de fruta, se bem que a nível de aroma este talvez seja dos Garrafeiras brancos das Bágeiras mais fáceis que me lembro. A fruta está lá, especialmente os citrinos, mas o que de destaca mais é a mineralidade. O toque resinoso que também é comum neste vinho desta vez está bastante mais contido.
Se ainda estão a ler isto, vou já avisando que também não é um vinho docinho para embebedar as amigas a ver se calha alguma coisa. Para não me acusarem de discriminação sexual, pois pode ser uma mulher a ler isto, só se for para atraír gajos com pêlo no peito.
É um vinho imponente na boca, com uma bela acidez, a pedir um prato forte para fazer braço de ferro com ele. Final muito longo e mineral. Ainda com muitos anos pela frente, tenho a sorte de ainda ter mais garrafas destas ali guardadas para me esquecer durante uns anos na garrafeira.
Deve ser por gostar tanto deste tipo de vinho que depois dos 30 anos o meu número de pêlos do peito aumentou tanto.
Ema: 17.5
Nuno: 17.5
Ricardo: 17
Nome: Quinta das Bágeiras Reserva
Tipo: Tinto
Colheita: 2007
Região: Bairrada
Castas: Baga, Touriga Nacional
Graduação: 14%
Produtor: Mário Sérgio Alves Nuno
Preço: 5 - 10€
Apesar da maior parte dos produtores bairradinos ter encontrado na Baga a fonte de todos os males da região, substituindo-a pelas castas "da moda", felizmente ainda há alguns (poucos) teimosos que resistiram e continuam a mostrar que a culpa não era da Baga mas sim de quem não sabe trabalhar com ela. Um desses teimosos foi o Mário Sérgio Alves Nuno, da Quinta das Bágeiras, produtor deste vinho sobre o qual escrevo.
Passando ao que interessa, este Reserva para além da Baga, leva ainda 40% de Touriga Nacional.
Apresenta uma cor rubi, com boa intensidade mas sem ser opaco.
Aroma com boa intensidade, onde predominam os frutos silvestes (mais para os vermelhos do que para os pretos) e um toque floral dado pela Touriga, com os vegetais típicos da Baga a ficarem para segundo plano.
Na boca é um vinho maduro, com corpo (mas sem deixar de ser elegante) e vigor. A excelente acidez torna-o um grande companheiro à mesa. Apesar de mais de metade do lote ser Baga, é bastante polido. Quer dizer, eu até posso ser suspeito para falar (sou apreciador da casta e do produtor) mas quer-me parecer que só uma boca um bocado mariconça é que se afugenta com este vinho.
Mas, nesse caso, ainda pode fazer uma coisa: Esquecê-lo uma meia dúzia de anos na garrafeira. Poucos serão os vinhos portugueses abaixo de 10€ (e até mais) que estarão vivos nessa altura, mas este certamente estará tão bom ou melhor que agora.
Nuno: 16.5
Nome: Quinta das Hidrângeas 2007
Tipo: Branco
Colheita: 2007
Região: Douro
Castas: Rabigato, Códega Larinho e Gouveio
Graduação: 12.5%
Produtor: Quinta das Hidrângeas
Preço: 10 - 15€
Numa das muito raras paragens em restaurantes japoneses (sushi, sashimi e afins são palavras a que dou pouca relevância), decidi acompanhar o peixe com um branco que há algum tempo me intrigava.
Desde já esclareço que não sou apreciador de brancos, mas sei assumir quando um bom branco me surpreende - o que foi o caso. Servido fresco, senti aromas leves a pera e a pêssego, que confirmei na boca com a adição de citrinos - a ligação com o peixe e as mistelas que o acompanham foi interessante.
Gostei bastante da suavidade deste vinho, com uma acidez moderada, sentindo-se a frescura (para além da que é própria da temperatura a que foi servido) razoável. Depois de o beber, mantém-se na boca durante algum tempo, o que deu muito jeito para tirar o sabor estranho de alguns petiscos.
Penso que ainda é cedo para tirar este vinho da prateleira, e que mais um ou dois anos lhe farão muito bem.
Ricardo: 15
Anexo | Tamanho |
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quintadashidrangeas2007.jpg | 12.73 KB |
Nome: Quinta das Maias Verdelho
Tipo: Branco
Colheita: 2005
Região: Dão
Castas: Verdelho
Graduação: 13%
Produtor: Sociedade Agrícola Faldas da Serra, Lda.
Preço: 7 - 9€
Depois de uma pausa alongada sem publicação de provas, esta é o primeiro de vários vinhos que nos têm acompanhado nos dias de calor, na sua maioria brancos.
O primeiro é este Verdelho do Dão, de um produtor que conhecia muito pelas garrafas mas que nunca tinha calhado a provar.
Como dá para ver na foto, é um branco com alguma intensidade na cor a dar mais para os tons amarelados.
No nariz é um vinho bem aromático, com destaque para o fruto tropical (ananás) e uns ligeiros fumados, mas com uma outra variedade de aromas que dá vontade de ir cheirando conforme passa o tempo no copo.
Tem um bom "físico", com uma acidez no ponto certo a dar uma bela frescura. Fruta bem presente na boca bem casada com a madeira e um toque mineral.
Não é um daqueles chamados brancos de Verão, mas afinal no Verão também se come bem e este Verdelho faz boa companhia à mesa
Ema: 16.5
Nuno: 16
Anexo | Tamanho |
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quintadasmaiasverdelho2005.JPG | 95.55 KB |
Nome: Quinta de S.Lourenço
Tipo: Tinto
Colheita: 2004
Região: Bairrada
Castas: Baga e Touriga Nacional
Graduação: 13.5%
Produtor: Caves do Solar de S.Domingos
Preço: 8 - 9€
Esta garrafa foi-nos oferecida na mesma altura do São Domingos Grande Escolha 2004. Isto de saberem que gostamos muito de vinho até é fixe, porque volta e meia aparecem prendas destas.
Cor bem escurinha, brilhante, com rebordo rubi.
A nível de aroma, eu e a Ema tivemos sensações diferentes. Sentimos os dois aromas a frutos pretos maduros e algum couro muito ligeiro. Além destes, eu senti mais um toque balsâmico e a Ema sentiu mais aromas florais.
Tem um bom corpo, com uma bela acidez a nunca o deixar ficar pesado e a torná-lo boa companhia para pratos com alguma gordura. Fruta madura e madeira muito bem casadas, com um toque mentolado a acompanhar bem.
Tem boa persistência final e, aqui, senti uma sensação floral.
Uma prova de que não é preciso fugir das castas da zona para fazer um vinho com suavidade.
Ema: 15.5
Nuno: 15.5
Anexo | Tamanho |
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qtaslourenco2004.jpg | 142.54 KB |
Tipo: Tinto
Colheita: 2005
Região: Dão
Castas: Touriga Nacional, Alfrocheiro Preto, Jaen e Tinta Roriz
Graduação: 13%
Produtor: Álvaro Castro
Preço: 10 - 12€
Numa das nossas incursões pelos locais vínicos de Lisboa, estávamos indecisos quanto ao vinho a pedir. Optámos por este por ser de um produtor que, até agora, nunca nos deixou ficar mal e também porque o preço estava bastante decente.
A sua cor, embora escura, não é tão carregada como outros vinhos que conhecia deste produtor.
O aroma sim, muito intenso como já estava habituado. A primeira coisa que me veio à ideia foi pinheiro. Mais tarde acabou por aparecer o floral, a mostrar que andava por ali Touriga Nacional.
Embora tenha passado muito tempo por madeira, esta não se sobrepõe. Nem no nariz, nem na boca.
Este vinho prima mais pela elegância do que pela força, mas nem por isso é um vinho para meninos. Pede comida. Tem muito boa acidez, o que faz com que seja boa companhia para pratos com muita gordura. Dos petiscos com que o acompanhámos neste dia, foi com uma farinheira com ovos mexidos que nos soube melhor.
Tem um final comprido e muito saboroso.
Um bom vinho para beber já, mas que ainda se pode guardar por mais algum tempo.
Ema: 16
Nuno: 16,5
Ricardo: 16
Nome: Quinta de San Joanne
Tipo: Branco
Colheita: 2007
Região: Vinho Verde
Castas: Loureiro e Avesso
Graduação: 12.5%
Produtor: Casa de Cello
Preço: < €5
Sim, estão a ver bem. É um Vinho Verde de 2007 e foi bebido agora.
Estranho? Só para quem anda distraído e ainda vê o Vinho Verde como um vinho ligeiramente gasoso para ser bebido logo no ano em que sai.
Os vinhos deste produtor nunca têm gás e há até alguns que só saem para o mercado 4 anos depois do ano de colheita. Não é o caso deste entrada de gama, que sai novo para o mercado.
No entanto, ao ver umas caixas desde 2007 à venda numa garrafeira de confiança, decidi trazer 2 garrafas para casa. E em boa hora o fiz.
De cor já com alguma intensidade, tem um impressionante aroma mineral. Quando me iniciei nisto do vinho e lia “aroma mineral”, fazia-me alguma confusão e demorei algum tempo até perceber a que aromas isto se referia. Ainda há pouco tempo estava a falar com o Pingus, sobre a dificuldade em explicar isto, e ele referiu que lhe faz lembrar a água dos rios a bater nas pedras. Mas como eu lhe disse na altura, isso é para quem tem raízes no campo. Quem cresceu perto do Tejo (já para não falar no Trancão) os aromas que os rios lhe recordam não são propriamente bons. Por isso o mais fácil é comprar umas garrafitas disto para verem o que quero dizer.
Na boca ainda me impressionou mais. Ainda com uma bela acidez, textura suave, uma ligeira untosidade e uns sabores dados pela ligeira oxidação do tempo de garrafa, o que chegou fazer um amigo meu pensar que tinha madeira.
Com uma profundidade na boca e persistência que não estava a contar encontrar num vinho que nem €4 me custou, só me arrependo de não ter comprado umas caixas.
Nuno: 16
Nome: Quinta de Santa Júlia Reserva
Tipo: Tinto
Colheita: 2001
Região: Douro
Castas: Touriga Nacional e Tinta Roriz
Graduação: 13%
Produtor: Eduardo da Costa Seixas
Preço: 11 - 13€
Já aqui tinhamos esta garrafa em casa há uns tempos. Veio directamente da “fonte”, numa das nossas visitas ao Douro.
Pela conversa com o produtor, ficámos com a ideia que prefere fazer vinhos que têm a ganhar com a guarda.
No entanto não sabiamos como eram em novos nem em menos novos, mas quanto à segunda parte estivemos a tratar dela. Afinal de contas parece que já tem anos suficientes.
A nível de aspecto nada a assinalar. Bem encarado e sem dar sinais de idade.
No nariz estava um pouco reservado de início, teve que se esperar mais um bocado por ele. Depois começou a mostrar alguma personalidade. Tem alguma rusticidade, mas no bom sentido. Quero eu dizer que não é daqueles vinhos em que a tecnologia parece sobrepôr-se à matéria-prima.
Na boca tem bom corpo e mantém o tal carácter que o nariz já mostrava.
Notam-se os sabores característicos de alguma idade, mas com um nível de acidez bastante razoável.
Tem um final seco com média persistência.
Acho que escolhemos foi um prato demasiado soft para ele, quer-me parecer que ia melhor com um javali, por exemplo.
Ema: 16
Nuno: 16
Anexo | Tamanho |
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santajuliareserva2001.jpg | 123.63 KB |
Tipo: Tinto
Colheita: 2005
Região: Douro
Castas: Tinta Barroca,Touriga Nacional,Tinta Roriz, Touriga Franca
Graduação: 14%
Produtor: Quinta de la Rosa
Preço: 8 - 10€
Numas merecidas férias na casa de uns amigos, em Albufeira, decidimos abrir (para acompanhar o jantar) esta garrafa que tinha comprado para lhes oferecer. Como estava calor, foi necessário manter a garrafa a arrefecer durante uns minutos, e ainda demoramos uns bons minutos até a abrir.
No cheiro identificam-se rapidamente os frutos vermelhos, e um pouco de madeira. É bastante fácil de beber, porque é macio e suave, com um final bastante interessante. Vou ser obrigado a voltar a prová-lo (como se fosse necessário justificar...) porque estava bastante calor e rapidamente se afastava da temperatura ideal.
Um conselho para quem gosta de um vinho nas condições ideais: afastem-se dos dias de calor abrasador se não tiverem temperatura estável no local.
Ricardo: 15
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quintadelarosa2005.jpg | 88.26 KB |
Nome: Quinta do Alqueve Fernão Pires
Tipo: Branco
Colheita: 2006
Região: Ribatejo
Castas: Fernão Pires
Graduação: 13%
Produtor: Pinhal da Torre
Preço: 5 - 6€
A Quinta do Alqueve tem sido um dos grandes responsáveis pela recuperação da imagem do Ribatejo como região produtora de vinhos. No entanto, confesso que ainda não tinha provado nenhum dos vinhos que produzem. Mas ainda vou a tempo e comecei com este branco da casta Fernão Pires.
Tenho por hábito procurar informação sobre os vinhos que vou publicar para, caso haja alguma coisa de relevante, falar aqui. Neste caso não houve nada a realçar, mas achei o vinho bastante diferente do que li sobre ele. Como já foi lançado no mercado em 2007, deve ter mudado bastante. A começar pela cor, que não é tão pálida como o que vi escrito.
No nariz é bastante vegetal. Talvez por a casta Fernão Pires (Maria Gomes) ser usada regularmente nos espumantes da Bairrada, estavam-me os espumantes a vir à ideia sempre que o cheirava.
Tem vigor na boca, com uma acidez muito fresca. Sem ser muito encorpado, tem alguma untosidade que se sente pela boca quase toda. Aqui a fruta aparece mais do que no nariz, mas sempre com pouca doçura, especialmente no final.
É um vinho bom para dias quentes, com algum cuidado porque não se dá pelos 13% de álcool.
Ema: 15
Nuno: 15.5
Anexo | Tamanho |
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qtaalquevefernaopires2006.jpg | 59.49 KB |
Nome: Quinta do Cardo Síria
Tipo: Branco
Colheita: 2011
Região: Beira Interior |
Castas: Síria
Graduação: 13.5%
Produtor: Companhia das Quintas
Preço: 5-10
A Beira Interior às vezes é uma zona um bocado esquecida, até por malta como nós que gosta de andar sempre a provar coisas diferentes.
Para nos redimirmos, provámos vários vinhos desta região. O primeiro foi este Quinta do Cardo, da companhia das Quintas.
Mostra-se com uma cor muito clarinha, amarela esverdeada.
Aroma com boa intensidade, com laranja, flores brancas e uma grande mineralidade. Todo ele é frescura.
Na boca esta sensação fresca ainda se sente mais, por causa da sua acidez bem viva que o torna um bom companheiro para a mesa neste Verão. Bom volume na boca, macio e um final com boa persistência, deixando um travo ligeiramente amargo que a mim me agradou.
Esta casta síria dá umas coisas engraçadas!
Nuno: 16
Ema: 16
Nome: Quinta do Casal Branco
Tipo: Tinto
Colheita: 2006
Região: Ribatejo
Castas: Trincadeira, Castelão, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon
Graduação: 13.5%
Produtor: Quinta do Casal Branco
Preço: 3 - 4€
Durante um jantar de aniversário de um amigo, este tintol estava em destaque no restaurante onde jantámos. Como o pessoal não se queria esticar muito, e o preço era acessível, acabou por se optar por ele.
É um vinho com uma cor carregada, com alguns reflexos violeta.
Aroma vivo, com fruta preta muito madura, alguma especiaria e um pimento muito ligeiro ao fundo, que indicava a presença de Cabernet Sauvignon no lote.
É um vinho bastante fácil, prontinho a beber. Ainda tem mais especiaria na boca do que no nariz e, também aqui, a fruta preta muito madura. Bom corpo e muito ligeira doçura, compensada com uma acidez bastante razoável. O empregado do restaurante, enquanto nos estava a servir, referiu alguns aromas a cacau. É um aroma que por vezes sentimos em alguns vinhos mas, neste caso, não o conseguimos encontrar.
A maior surpresa veio uns dias mais tarde, quando o vimos no supermercado a pouco mais de 3€. Vale todos os centimos que custa e, se fosse de uma região mais popular, era bem capaz de custar o dobro. É sem dúvida um vinho a ter em casa para o dia-a-dia e, mesmo noutras ocasiões, não deixa ninguém ficar mal visto.
Ema: 15.5
Nuno: 15.5
Anexo | Tamanho |
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qtacasalbranco2006.jpg | 214.17 KB |
Nome: Quinta do Couquinho Colheita
Tipo: Tinto
Colheita: 2005
Região: Douro
Castas: Tinta Roriz, Touriga Nacional e Touriga Franca
Graduação: 13.5%
Produtor: Maria Adelaide Melo e Trigo
Preço: 10 - 13€
A Quinta do Couquinho apenas apareceu com vinificação própria há cerca de 4 anos. Segundo a informação que recolhemos, uns anos antes as suas uvas eram maioritárias nos lotes dos Grande Escolha dos Lavradores de Feitoria.
Bom cartão de visita, portanto.
É um vinho com uma cor bastante intensa, com rebordo rubi.
O aroma é intenso e é claramente a madeira que toma as rédeas. Felizmente não é aquela madeira demasiado doce e "abaunilhada", com a qual sinceramente não simpatizo. Vai mais para o lado das especiarias.
É um vinho poderoso na boca, com grande corpo e frescura.
Também aqui a madeira toma conta das operações. Eu guardaria-o mais um tempo até ficar tudo mais integrado. No entanto não deixa de ser um bom vinho para acompanhar já umas carnes (com uns pratos de caça deve combinar bem).
O final é comprido e “picante”.
Ema: 16
Nuno: 16.5
Ricardo: 16
Anexo | Tamanho |
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couquinho.jpg | 72.57 KB |
Tipo: Tinto
Colheita: 2003
Região: Douro
Castas: Tinta Roriz, Touriga Nacional e Touriga Franca
Graduação: 12.5%
Produtor: Montez Champalimaud
Preço: 8 - 10€
O Quinta do Côtto é um dos nomes mais conhecidos do Douro, mas parece que actualmente anda um bocado esquecido.
Estávamos num restaurante sem vinho a copo e, como haviam meias garrafas deste vinho, decidimos escolhê-lo para acompanhar uma vitela assada em forno a lenha.
A cor é granada e de média intensidade.
O aroma é agradável, transmitindo a sensação de frescura.
Na boca confirma-se toda essa frescura, num corpo ligeiro. O sabor é muito agradável, mas para o lombo de vitela não terá sido uma boa escolha, pois deixou-se tapar um pouco. Seria melhor para um prato menos intenso.
É um bom vinho, mas quase 10€ nas lojas (a garrafa de 0.75l) é um preço um pouco puxado tendo em conta a oferta que há no mercado.
Ema: 15
Nuno: 15
Nome: Quinta do Encontro Bical
Tipo: Branco
Colheita: 2007
Região: Bairrada
Castas: Bical
Graduação: 12%
Produtor: Quinta do Encontro
Preço: 4 - 6€
Numa das muitas idas à sala de provas da Vini Portugal, decidi escolher o Bical 2007 da Quinta do Encontro.
Embora seja um produtor recente na Bairrada, já conheço muitos dos seus vinhos, mas este não era um deles. Assim, aproveitei a oportunidade para o provar.
Límpido e brilhante de cor amarelo esverdeado, tem um intenso aroma a citrinos mais a fugir para laranja e tangerina.
Na boca está tudo equilibrado mostrando ter muita elegância. Tem um bom final deixando uma agradável frescura na boca.
Na mesa acompanha bem um queijo pouco intenso, pratos de aves, peixe grelhado e mariscos.
Ema: 14.5
Anexo | Tamanho |
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quintadoencontrobical2007.jpg | 142.22 KB |
Tipo: Tinto
Colheita: 2004
Região: Bairrada
Castas: Merlot, Baga
Graduação: 13,5%
Produtor: Quinta do Encontro
Preço: 4 - 5€
Ao longo do ano passado o número de garrafas deste vinho foi aumentando na garrafeira cá de casa. No entanto, nem eu nem o Nuno comprámos nenhuma delas.
A curiosidade por o provar era grande, e tudo me levava a pensar que teria uma óptima relação qualidade/preço.
Quando finalmente chegou a hora de abrir a primeira garrafa, pude constatar que não me tinha enganado.
Com uma cor rubi, tem aroma vegetal e de frutos silvestres sentindo-se facilmente a presença da casta Baga. Na boca a fruta madura domina. Tem uma boa estrutura, e é um vinho fácil de beber pela sua frescura e elegância.
Por um valor inferior a 5€, faz-se um figurão com os amigos. Por isso, o melhor é ter sempre algumas garrafitas em casa por precaução.
Entretanto, durante Janeiro de 2008, o stock cá de casa ficou a zero e o melhor é ir às compras.
Ema:15
Nuno: 15
Ricardo: 15
Nome: Quinta do Gradil Viognier
Tipo: Branco
Colheita: 2013
Região: Lisboa
Castas: Viognier
Graduação: 13%
Produtor: Quinta do Gradil
Preço: 5-10€
Continuando o percurso pelos Brancos, estamos desta vez em Lisboa, e com uma casta estrangeira, numa casa que - registo - tem um espumante que me enche as medidas para este verão. Infelizmente nao pude estar presente na apresentação oficial dos Brancos de 2013 desta casa, mas - justiça seja feita - fica o registo!
Este Viognier está a pedir um esplanada, terraço ou piscina com boa companhia, desde que fresco (mas não muito!), para ser bebido a solo (cuidado... aqueles 13% mordem os distraídos) ou com acompanhamento leve. Uma salada de verduras ou uma mistura com carne branca será o ideal, e ainda que o nariz seja contido, o tom floral e frutado é ainda assim interessante, com notas de fruta branca e pêssego vincadas.
A boca é razoável, com toques minerais e cítricos, com acidez q.b.. É claramente uma boa escolha para a piscina!
Ricardo: 14
Anexo | Tamanho |
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Quinta do Gradil Viognier 2013 | 32.83 KB |
Nome: Quinta do Infantado
Tipo: Tinto
Colheita: 2006
Região: Douro
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Vinhas Velhas
Graduação: 14%
Produtor: Quinta do Infantado
Preço: 7 - 8€
A Quinta do Infantado, embora bastante antiga, dá-me a sensação que passa despercebida à maioria das pessoas. No entanto, produz bons vinhos a preços muito sensatos, pelo que não foi por acaso que o escolhemos para nos fazer companhia durante um jantar.
A nível de cor não deu para ver na perfeição, porque a luz não era das melhores no restaurante onde o bebemos, mas conseguia-se ver que tinha um aspecto limpo e com boa intensidade.
Felizmente no nariz a falta de luz não interfere. Boa intensidade, começando com os frutos silvestres maduros, alguma compota e especiarias. Com o tempo vieram uns aromas a fazer lembrar charutos e também alguns balsâmicos.
Na boca encantou todos os presentes, mesmo aqueles que não ligam a estes detalhes todos do vinho como nós. E, de facto, é difícil não gostar. Tudo muito bem proporcionado, é um vinho que está já muito macio na boca, embora tenha capacidade para aguentar algum tempo na cave.
Final com boa persistência, ligeiramente especiado.
É um tinto para carne vermelha, daqueles que não sobra nada na garrafa.
Ema: 16.5
Nuno: 16.5
Anexo | Tamanho |
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quintadoinfantado2006.jpg | 153.93 KB |
Nome: Quinta do Penedo
Tipo: Tinto
Colheita: 2006
Região: Dão
Castas: Touriga Nacional e Alfrocheiro
Graduação: 12.5%
Produtor: Sociedade Agrícola e Comercial dos Vinhos Messias
Preço: 5 - 8€
Numa busca por vinhos até 5€, ou pouco mais, este foi um dos que nos veio parar à garrafeira. Um vinho do Dão, feito por um produtor Bairradino com "raízes" em quase todo o país.
Feito com uma combinação de castas habitual na região do Dão, Touriga Nacional e Alfrocheiro, apresenta-se com uma cor intensa com tons violeta.
Nariz muito fresco e perfumado, com aromas florais, frutos silvestres e especiarias.
Na boca é exactamente o que o nariz fazia supôr. Fresco, elegante, persistente e, embora o ache bastante domesticado, pede comida.
Um lombinho assado no forno fez-lhe o gosto (a ele e a nós), com a acidez e a gordura do prato a chegarem a um belo ponto de entendimento.
Ema: 16
Nuno: 16
Anexo | Tamanho |
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quintadopenedo2006.jpg | 155.4 KB |
Nome: Quinta do Perdigão
Tipo: Tinto
Colheita: 2004
Castas: Tinta Roriz, Jaen, Touriga Nacional e Alfrocheiro
Graduação: 14%
Produtor: José Joaquim da Silva Perdigão
Preço: 5 - 6€
O nosso primeiro contacto com os vinhos da Quinta do Perdigão, ocorreu durante o primeiro curso de provas que tirámos através da APJE. Na altura, foi uma boa surpresa para quase todos os presentes e o nome ficou debaixo de olho.
Estávamos nós sentados para almoçar, a escassos quilómetros da sua proveniência, quando o vimos na lista do restaurante e decidimos escolhê-lo para acompanhar o nosso almoço.
A nível de aspecto, este vinho tem uma cor jovem e concentração média.
Tem um aroma de intensidade média onde, para além de se notar fruta preta, destacam-se uns aromas frescos a fazer lembrar menta e eucalipto.
Na boca confirma-se uma grande frescura, dada pela sua excelente acidez. Entra com força, a mostrar juventude e irreverência, e tem uma boa persistência final. Não é daqueles vinhos maciozinhos, pede comida, mas está desde já pronto a beber. Mas não se fará esquisito a ficar em garrafa mais uns tempos. Deu-se bem com bacalhau com broa e lagarada de lombinhos de porco.
Tendo em conta o seu preço e o facto de haver em garrafas pequenas, é uma pena ver-se tão pouco na restauração.
Ema: 15.5
Nuno: 15.5
Nome: Quinta do Pinto Viognier e Chardonnay
Tipo: Branco
Colheita: 2007
Região: Estremadura
Castas: Viognier e Chardonnay
Graduação: 14%
Produtor: Quinta do Pinto
Preço: 10-20€
Encontrei por acaso este Quinta do Pinto numa grande superfície, na altura em prova com a presença do produtor. Na altura - e isto porque já lá vão muitos meses - foi uma aposta no escuro, porque não me parecia que fosse valer a pena, especialmente tendo em conta o preço.
O cantaril grelhado estava a postos, numa bela combinação com o amarelo citrino com uns laivos esverdeados do Quinta do Pinto. Na temperatura adequada, os aromas tropicais querem voar para fora do copo - maracujá, ananás e pêssego - bem casados com frutos secos e alguns toques de baunilha, da madeira. Fiquei surpreendido ao prová-lo, pela enorme presença do maracujá e pela grande expressão de volume e untuosidade.
Fiquei também surpreendido por não o achar excessivamente doce - principalmente pelos 14% - e até achar que contrabalança muito bem o álcool com um pouco de amargo, equilibrado com a dose certa de acidez. Faz-se recordar na boca durante bastante tempo, e combinou na perfeição com aquele dia quente, e com o cantaril. Parece-me um preço justo para uma boa qualidade.
Ricardo: 16,5
Anexo | Tamanho |
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quintadopintoviognierchardonnay2007.jpg | 87.87 KB |
Nome: Quinta do Vale Meão
Tipo: Tinto
Colheita: 2001
Região: Douro
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz eTinta Barroca
Graduação: 14.5%
Produtor: F. Olazabal & Filhos
Preço: 45 - 125€
A Quinta do Vale Meão dispensa apresentações, ou não tivesse sido lá que nasceu o mítico Barca Velha. Desde que apareceu a marca própria, em 1999, que se tornou rapidamente uma das referências do Douro, e do país.
Sendo vinhos que em novos são umas bombas, e com teor alcoólico elevado, muito se tem escrito sobre a sua longevidade. No entanto corremos o risco de comprar no ano passado uma garrafa da colheita de 2001, no limite mínimo de preço que o vimos, sem ter a certeza absoluta que foi bem guardado (tinhamos apenas a palavra do vendedor).
Há uns meses, uma das pessoas em que mais confiamos a nível de vinhos disse-nos que tinha provado o 1999 e o achou já em fase descendente (entretanto soubemos que há uma grande variação entre garrafas dessa colheita), pelo que achámos melhor tratar dele antes que seguisse o mesmo caminho.
Começando pela cor, vermelho cereja e cheio de brilho, nunca diria que já tem 8 anos.
No aroma também ainda parece um miudo, muito floral e com frutos pretos bastante presentes. A madeira está lá, muito bem casada com a fruta, a dar complexidade ao conjunto.
Mas onde o vinho mais surpreendeu foi na boca. Está com uma pujança impressionante, mas ao mesmo tempo amaciado sem arestas que "piquem". Não o provei em novo - na altura ainda achava que não gostava de vinho - mas na altura devia ser um monstrinho. Encorpado, fresco, fica na boca por longo tempo deixando uma sensação especiada.
Quanto mais bebíamos, mais arrependidos ficávamos de não ter comprado mais garrafas. É que não restam dúvidas que é vinho para se aguentar mais uns bons anos, mas agora encontrá-lo a menos de 100€ é complicado...
Ema: 19
Nuno: 18.5
Anexo | Tamanho |
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valemeao2001.jpg | 152.12 KB |
Nome: Quinta do Vale da Raposa Grande Escolha
Tipo: Tinto
Colheita: 2003
Castas: -
Graduação: 13.5%
Produtor: Domingos Alves de Sousa
Preço: 15 - 20€
Uma vez que a garrafa do Caldas 2005 aparentava estar com o fundo roto, tendo desaparecido muito depressa, decidimos mudar para outra coisa. Não fosse ser problema do lote.
Como estávamos no Aromas & Sabores, deixámos a tarefa da escolha por conta da casa. Ali sentimos confiança para isso.
Veio-nos então parar à mesa mais um vinho Alves de Sousa, de cor escura e rebordo de tom granada.
O aroma é complexo. Mesmo ao o meu nariz, que nem sempre funciona bem, chegaram aromas a fruta madura, muita especiaria, trufas e mentolados.
Na boca pede carne e tem acidez suficiente para pratos mais gordurosos. É encorpado, mas não o acho pesado. Até porque não tem excesso de doçura.
O sabor prolonga-se na boca deixando uma sensação especiada.
O Ricardo também o bebeu, e gostou, mas esqueceu-se de dar nota.
Ema: 17
Nuno: 17
Anexo | Tamanho |
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valeraposage2003.jpg | 48.97 KB |
Nome:Quinta do Vallado
Tipo: Tinto
Colheita: 2005
Região: Douro
Castas: Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinta Barroca, Touriga Franca e Sousão
Graduação: 13,5%
Produtor: Quinta do Vallado
Preço: 5 - 10€
Bebi pela primeira vez este Quinta do Vallado no final de 2007, e não fiquei nada impressionado, de acordo com as minhas notas de prova. Ainda assim, tinha cá por casa mais uma garrafa, e decidi abri-la três anos depois.
Este é mais um dos casos em que o tempo de garrafa só lhe fez bem, a começar pelos aromas: muito mais floral e frutado, com aromas doces (chocolate...) e compotas que não consegui identificar... típico Touriga Nacional do Douro. Gosto muito da cor escura e, na realidade, confesso que também me agrada o design do rótulo, que é simples e eficaz, e que está perfeitamente identificado com a Quinta do Vallado (estive lá hospedado no final do ano passado).
Quando o provei, verifiquei também uma diferença relativamente à primeira vez que o provei: está muito mais equilibrado, macio, e sem os taninos que sobressaíram na minha primeira prova.
Tendo em conta o preço, é uma excelente opção para o consumo no dia-a-dia; a minha pontuação alterou-se em conformidade.
Ricardo: 15
Anexo | Tamanho |
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quintadovallado2005.jpg | 237.62 KB |
Tipo: Tinto
Colheita: 2004
Região: Douro
Castas: Touriga Nacional e Touriga Franca
Graduação: 14%
Produtor: Real Companhia Velha
Preço: 9 - 10€
Numa noite que terminou com uma ida ao teatro (sim, volta e meia fingimos que somos um casal culto e vamos a essas coisas), decidimos jantar antes pelo Bairro Alto.
Como acontece muitas vezes nestas alturas, fui "obrigado" a escolher o vinho. Como não estavamos só nós, preferimos não arriscar e escolher um valor seguro.
E este duo de Tourigas não nos deixou ficar mal.
Com um aroma de média intensidade onde sobressaía a fruta preta madura, algum toque dado pela madeira e um ligeiro cacau, é um vinho que normalmente agrada a gregos e troianos.
Também na boca tudo é fácil de agradar, muito macio e saboroso fica na boca bastante tempo após o engolir. Uma verdadeira guloseima, que faz parecer que os copos estão furados.
Falta-lhe apenas um pouco mais de frescura para chegar a outro patamar e lhe dar mais longevidade.
Façamos o sacrifício de o beber já. Com javali grelhado marchou bem.
Ema: 16
Nuno: 16.5
Nome: Quinta dos Avidagos Grande Reserva
Tipo: Tinto
Colheita: 2007
Região: Douro
Castas: Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinta Barroca
Graduação: 16%
Produtor: Quinta dos Avidagos, Lda.
Preço: 32€
Cometi a loucura de comprar esta garrafa há cerca de três anos (a crise ainda não era conhecida) mas com alguma confiança, uma vez que sou cliente satisfeito desta casa. Teve a sorte de conseguir ficar esquecida, e dei por bem empregue o tempo que passou no fundo da garrafeira.
O rótulo está manchado, como se pode ver na foto (prometo alterar a foto quando comprar uma irmã desta) - acidente com outra garrafa - mas distingue-se das primas pela referência "grande reserva" bem visível. É um vinho vermelho bastante escuro e denso. Depois de lhe dar uns 10 minutos para respirar, fiquei surpreendido com os fortes aromas balsâmicos e de frutos vermelhos que querem voar para fora do copo.
A madeira (que o amaciou durante 24 meses) faz-se sentir na boca, dando um toque fumado, caramelizado e especiado, mas sem se sobrepor à fruta; surpreendentemente, os 16% (dezasseis!) de álcool passam perfeitamente despercebidos. O final é longo, e especialmente intenso - exige acompanhamento do nível de uma feijoada, ou um bom assado. No dia seguinte, continuei a prova, e continuou a estar em grande nível.
O que eu gostava mesmo era de saber onde consigo encontrar irmãs desta - ainda que a crise não ajude - porque é um grande vinho, para momentos especiais.
Ricardo: 17.5
Anexo | Tamanho |
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QuintadosAvidagosGrandeReserva2007.JPG | 109.33 KB |
Tipo: Tinto
Colheita: 2002
Região: Dão
Castas: Touriga Nacional, Tinta Roriz e Alfrocheiro
Graduação: 13%
Produtor: Sogrape
Preço: 8 - 10€
Este era dos vinhos que tinhamos há mais tempo na garrafeira. Não é que que isso seja muito tempo, estamos a falar de cerca de 3 anos, mas não é propriamente um vinho de guarda. Não houve nenhum motivo especial para isso, apenas nunca tinha calhado.
Decidimos então tirar-lhe o pó, para que ele não se sentisse abandonado.
Ao despejar no copo, a cor já mostra alguma evolução, a dar um pouco para o tijolo.
No aroma a madeira manda no conjunto. Um aroma demasiado “baunilhado” para meu gosto, tapa em demasia o resto.
O vinho sabe bem, na boca a madeira não está nada exagerada. São mais os frutos secos que sobressaem, dados pelo tempo na garrafa. Faz falta é um pouco mais de acidez para espevitar o vinho. Já se nota que está em fase descendente.
Devo salientar que, no primeiro ano que ele passou cá em casa, as condições de guarda não eram as melhores, pelo que fico sempre na dúvida se não terá influenciado o envelhecimento do vinho.
Ema: 15
Nuno: 14
Nome: Quinta dos Carvalhais Encruzado
Tipo: Branco
Colheita: 2007
Região: Dão
Castas: Encruzado
Graduação: 13,5%
Produtor: Sogrape
Preço: €10-20
Durante o fim-de-semana, e porque estão mais de 30 graus, decidi acompanhar um pargo com este conhecido Branco do Dão, que é de 2007 (sim; Branco e 2007 na mesma frase - não é engano). O rótulo está longe de estar nas melhores condições (sobreviveu a duas mudanças de casa, mas com algumas mazelas), mas na realidade o conteúdo é que é importante.
Na temperatura correcta, o nariz deste encruzado é bastante elegante (floral e vegetal com toques de fumado) e não se faz rogado para se fazer notar. Ao tratar da saúde ao pargo apercebi-me que este Encruzado é encorpado e gordo, acompanhado ainda por uma acidez (com 5 anos!) que o equilibra. Foram aparecendo, com o passar do tempo, alguns aromas de fruta branca cozida, uns ligeiríssimos toques especiados e confirmei que o Queijo de S. Jorge o acompanhou em harmonia.
Para além de ser um valor seguro (saiu entretanto o 2010), é uma excelente aposta para quem quer conhecer os Brancos do Dão (existem vários outros). O preço parece-me justo e alinhado com a qualidade.
Ricardo: 16.5
Nome:Quinta dos Cozinheiros Maria Gomes
Tipo: Branco
Colheita: 2009
Região: Beiras
Castas: Maria Gomes (Fernão Pires)
Graduação: 12,5%
Produtor: Quinta dos Cozinheiros
Preço: 5 - 10€
A expectativa era grande, porque sou um fã incondicional do Branco de 2004 desta Quinta dos Cozinheiros - claramente uma casa que se destaca pela diferença. Logo a começar pelo contra-rótulo, onde é possível ver a marca Wines of Portugal - A World of Difference (a Quinta dos Cozinheiros foi o primeiro produtor a adoptar esta estratégia concertada de internacionalização nos seus rótulos).
Para além de outras circunstâncias que só tornam mais difícil (mas que aumenta a motivação) o seu trabalho, é importante referir a conversão para Produção Biológica com a enorme desvantagem da proximidade do mar (8Km), com chuva frequente e humidade quase constante. A julgar pela enorme evolução do 2004 (Maria Gomes e Bical), pareceu-me cedo para abrir este 2009; no entanto a curiosidade levou a melhor. O repasto incluiu umas quantas variedades de queijos e alguns enchidos, que esperavam acompanhamento adequado.
Este Maria Gomes está vivo na garrafa: citrino e floral, depois de respirar uns minutos demonstra também uma componente vegetal interessante. Encontrei uma nota que me marcou no 2004 - a resina, provavelmente do Pinhal que faz fronteira com parte desta parcela - ainda ténue.
Todos estes aromas foram confirmados na boca, com a resina a subir, e a aparecer um pouco de fruta madura muito bem integrados. Confirmei também que a acidez - a mesma que fez evoluir o 2004 durante anos - está lá, a garantir que vale a pena comprar para beber já, mas guardar algumas garrafas em stock para ir acompanhando a evolução.
Acredito que, para além de acompanhamentos sólidos com queijo, também acompanhe muito bem mariscos e peixes leves.
Este Quinta dos Cozinheiros é claramente um Branco Português a não perder: pela qualidade, pela diferença e por algo mais, que dificilmente se consegue explicar.
Ricardo: 16
Anexo | Tamanho |
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quintadoscozinheirosmariagomes2009.jpg | 114.92 KB |
Nome: Redoma 2003
Tipo: Tinto
Colheita: 2004
Região: Douro
Castas: Touriga Nacional, Tinto Cão, Touriga Franca, Tinta Amarela e Tinta Roriz
Graduação: 13.5%
Produtor: Niepoort Vinhos, SA
Preço: 25 - 35€
Os vinhos da Niepoort são quase sempre diferentes, e este não foge à regra a que nos (bem) habituou este produtor.
Num fim-de-semana passado em família, fiz a asneira de pagar muito acima do preço de mercado uma garrafa deste Redoma, a acompanhar um belo repasto (cheguei a pedir para me oferecerem a segunda garrafa, mas não tive sorte).
A cor vermelho-escuro destaca-se no copo, apresentando aromas de framboesa e terra, evoluindo para um pouco de chocolate, sempre envolvido por fruta madura. Os taninos são vincados, mas toda a estrutura do vinho é muito elegante (mesmo se complexa), passando a um pouco de mentol ao fim de alguns minutos. O final é bastante bom, já a sugerir que deveria ter algumas garrafas em garrafeira.
O preço é elevado, mas comparando com alguma concorrência da mesma gama de preços, é uma aposta certa naquelas ocasiões especiais.
Ricardo: 17
Anexo | Tamanho |
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redoma2003.jpg | 14.69 KB |
Nome: Redoma
Tipo: Rosé
Colheita: 2011
Região: Douro
Castas: Tinta Amarela, Touriga Franca e Outras
Graduação: 12%
Produtor: Niepoort Vinhos, S.A.
Preço: €5-10
Confesso que não sou muito de rosés. Não é por achar que não são vinho, ou que é vinho de gaja, mas sim porque normalmente acabo sempre por encontrar um branco ou um tinto que vai melhor com cada situação.
No entanto, este rosé é um pouco diferente do típico rosé de esplanada. Provém de vinhas velhas e fermenta em barricas de carvalho francês.
Tem uma cor bem rosadinha (ok, pronto, tem cor de vinho de gaja...), brilhante e intensa.
Aroma complexo, com algum vegetal e floral a juntar-se aos frutos vermelhos. Tem ainda um ligeiro toque a pedra, a fazer-me vir à ideia os solos xistosos do Douro.
Na boca, apesar da leveza do corpo, tem uma bela complexidade. Não é daqueles vinhos simples e directos. A cada golada vai fazendo descobrir mais qualquer coisa. O equilibrio entre o corpo e a acidez é muito bom e cresce quando juntamos a comida à festa.
Apesar de se sentir alguma gulosice na boca, tem um final seco e ligeiramente vegetal, com boa persistência.
Deixa peso na consciência de quem costuma menosprezar os rosés.
Nuno: 16
Ema: 16
Nome: Roux Père & Fils Pouilly-Fuissé
Tipo: Branco
Colheita: 2006
Região: Pouilly-Fuissé
Castas: Chardonnay
Graduação: 13%
Preço: 17 -20€
Este ano tem sido um ano de iniciação ao Mundo dos vinhos franceses, com especial incidência nos brancos da Borgonha a preços não demasiado assustadores, que é o caso deste do produtor Roux Père & Fils.
Mais uma vez precisámos de ajuda para nos explicarem um pouco sobre este vinho, uma vez que a informação dos franceses nos rótulos é sempre escassa. Mas este ao menos dizia qual era a casta.
Poully-Fuissé é uma das denominações de origem que fazem da Borgonha, na qual a casta utilizada é o Chardonnay. Não sei se vou decorar isto sem cábula, pois acabo de descobrir que Pouilly era uma só região que entretanto foi partida em três. Mas pronto, vou esquecer isso, porque a que nos interessa agora aqui é a Poully-Fuissé.
A cor deste vinho tem média intensidade, com alguns reflexos esverdeados, embora na foto esses não se vejam muito bem.
O aroma é intenso e muito agradável, com especial incidência nos citrinos e frutos secos, talvez amendoas.
Na boca é muito envolvente, cheio e com untosidade. Deixa a lingua preenchida até bem lá atrás, com o sabor a manter-se durante bastante tempo. De destacar a bela acidez, a dar uma sensação de frescura em toda a prova, a dar-se muito bem com um chèvre gratinado, que se começa a tornar habitual companheiro deste tipo de brancos que temos bebido. Não convém é fazer exames ao colesterol nas semanas seguintes.
Ema: 16.5
Nuno: 16.5
Anexo | Tamanho |
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rouxperefilspouillyfuisse2006.jpg | 149.33 KB |
Nome: Casa de Santa Vitória Reserva
Tipo: Branco
Colheita: 2007
Região: Alentejo
Castas: Arinto e Chardonnay
Graduação: 14%
Produtor: Casa de Santa Vitória
Preço: 5-10€
Apercebi-me recentemente que uma grande superfície implementou uma medida para tentar escoar stocks de vinho: criou uma pequena prateleira onde coloca, a preços mais competitivos, garrafas mais antigas ou as últimas garrafas de alguns vinhos. Isto parece-me muito interessante, especialmente se os vinhos estiverem em boas condições e se estiverem na altura ideal para serem consumidos.
É precisamente o caso deste Casa de Santa Vitória Reserva 2007 Branco - sim, não é um sacrilégio encontrar um Branco com 5 anos em muito boas condições. Como não o conhecia, foi de facto uma aposta - claramente ganha - fazê-lo acompanhar de um bife da vazia grelhado. É amarelo bastante claro, com aromas de citrinos e baunilha qb, acompanhado de alguns aromas minerais e ligeiros tropicais. Tendo em conta o grau alcoólico(são 14% num branco), fiquei espantado pela suavidade da boca, sustentada pelo equilíbrio entre a frescura (acidez) e o volume bastante generoso. A madeira está muito bem integrada, e o resultado é surpreendentemente equilibrado.
Não sei se ainda se consegue encontrar, mas pelo preço (especialmente se o conseguir comprar a menos 2€ do que o preço-base) vale a pena experimentar. Esta surpresa vai-me fazer ficar mais atento a esta casa... e por outro lado só reforça a minha inclinação crescente para Brancos que não sejam novos - ainda na semana passada bebi, ali na Garrafeira de Campo de Ourique, um autêntico tesouro: Leiras Mancas (um verde branco) de 1997, da Casa de Cello.
Ricardo: 16
Nome: Secret Stone Sauvignon Blanc
Tipo: Branco
Colheita: 2005
Região: Marlborough, Nova Zelandia
Castas: Sauvignon Blanc
Graduação: 13%
Produtor: Secret Stone Limited
Preço: 12-15€
Como sabemos, a Nova Zelândia é um reconhecido produtor mundial de vinhos com as melhores produções de Sauvignon Blanc (já desde os anos 90). Em particular, a zona de Marlborough (Wairau Valley) é das mais modernas relativamente à nossa indústria.
Foi precisamente nesta zona que foi produzido este vinho, que já tive oportunidade de provar no início do ano, infelizmente com o passar do tempo a qualidade baixou, e parece-me que já está na fase descendente (o que já seria de esperar). Ainda assim, é um vinho interessante, com os aromas típicos do Sauvignon Blanc (frutas tropicais, notavelmente o maracujá, e também um bocadinho de limão) que aparecem sem dificuldade, fresco e com uma boa acidez. Tendo em conta que este será o último ano em que se consegue consumí-lo com alguma qualidade... não aconselho a compra, a menos que seja para uso imediato.
Ricardo: 15
Anexo | Tamanho |
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secretstone2005.jpg | 107.02 KB |
Tipo: Tinto
Colheita: 2004
Região: Ribatejo
Castas: Castelão e Trincadeira
Graduação: 14%
Produtor: Enoport
Preço: 3 - 4€
Este vinho tinha, até ao dia desta prova, passado completamente despercebido ao nosso "radar". Talvez por ser do Ribatejo, região que não tem tanto destaque nas revistas da especialidade como outras.
Curioso foi o facto de nos ter aparecido como vinho da casa num restaurante... algarvio.
Feito de castelão e trincadeira, apresenta-se com uma cor rubi de intensidade média-alta.
Ao nariz chega aroma a baunilha, mas sem abafar a fruta madura.
Na boca é um vinho que deverá ser bastante consensual. Corpo médio, um ligeiro toque de madeira a juntar à fruta e um final média persistência. Combinou bem com uma espetada madeirense.
Sem virtudes nem falhas que sobressaiam, é um vinho que vale sobretudo pela afinação do conjunto.
Ema: 14.5
Nuno: 14.5
Anexo | Tamanho |
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serradayres2004.jpg | 133.66 KB |
Nome: Serras de Azeitão
Tipo: Branco
Colheita: 2008
Região: Terras do Sado
Castas: Fernão Pires, Arinto e Moscatel
Graduação: 13%
Produtor: Bacalhôa Vinhos de Portugal
Preço: 2 - 3€
Começo este texto com uma confissão que, para muitos, pode parecer um desperdício: O Serras de Azeitão branco é o vinho que eu costumo usar quando cozinho moelas (que fazem algum sucesso entre amigos que têm provado).
Eu não acho que seja um desperdício. Usar um mau vinho para cozinhar é que é, porque pode "estragar" a comida. Além disso, o preço é acessível e posso beber com prazer o que sobra.
Por acaso desta vez não o comprei para fazer moelas, mas sim para ter um vinho branco com preço decente para o dia a dia.
De cor ligeira, tem tonalidade esverdeada como seria de esperar de um branco deste tipo e idade.
Aroma limpo, simples, com boa intensidade. A fruta predomina, em especial os citrinos, mas também se sente um ligeiro aroma floral.
Corpo ligeiro, acidez viva, está prontinho a beber à mesa ou como aperitivo. Final ligeiramente seco, contrariando um pouco a ideia de ligeira doçura que senti no aroma.
Embora o preço de referência tenha subido quase meio euro em relação à edição de 2007, continua a ter uma boa relação preço/qualidade.
Ema: 14.5
Nuno: 14.5
Anexo | Tamanho |
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serrasazeitao2008.jpg | 141.33 KB |
Nome: Silverlake Marlborough Sauvignon Blanc
Tipo: Branco
Colheita: 2007
Região: Marlborough, Nova Zelândia
Castas: Sauvignon Blanc
Graduação: 13%
Produtor: Silverlake
Preço: 7 - 8€
Até esta prova, ainda não tinhamos aqui colocado nenhum vinho provado às cegas. Esta é a estreia do que gostariamos que fosse mais regular, uma vez que tirar o factor rótulo é sempre bom para evitar algumas interferências externas.
Este foi provado na garrafeira Wine O'Clock em Lisboa, sem fazemos ideia do que estávamos a provar.
Já tinhamos ali provado anteriormente um vinho neozelandês da casta Sauvignon Blanc , o qual foi identificado imediatamente pelo aroma "descarado" a maracujá. Neste vinho isso não aconteceu. Tem um aroma a frutos muito maduros, ligeiramente doces até, mas o meu nariz não foi ali buscar maracujá.
Na boca foi uma completa surpresa. Até fui logo meter o nariz novamente no copo para ver se o que estava a beber era mesmo o que tinha acabado de cheirar. É que, ao contrário do que o nariz parecia indicar, de doce não tem nada. Não é que isso seja mau, mas não deixou de surpreender a diferença entre o nariz e a boca.
À segunda, já recuperado do impacto inicial, lá deu para começar a apreciar melhor o vinho onde uma sensação fresca dada pela elevada acidez é o que mais se destaca.
Não é propriamente um vinho fácil, mas é completamente diferente dos que por cá se fazem. Talvez por isso tenha presença assídua no top semanal de vendas que aparece publicado nas revistas da especialidade.
Ema: 15.5
Nuno: 15
Anexo | Tamanho |
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silverlake2007.jpg | 114.04 KB |
Nome: Singularis
Tipo: Tinto
Colheita: 2004
Região: Alentejo
Castas: Aragonês e Trincadeira
Graduação: 13.5%
Produtor: Paulo Laureano Vinus
Preço: 6 - 9€
Responsável pela enologia de uma imensidão de marcas de vinho, Paulo Laureano tem ainda tempo para lançar vinhos com a sua própria marca, agora com o seu próprio nome e o seu bigode que é já uma imagem de marca. No caso dos seus vinhos tem como filosofia usar apenas castas portuguesas.
Neste caso, as eleitas foram Aragonês e Trincadeira, embora no caso da primeira os nuestros hermanos também reclamem para eles a sua origem (Tempranillo).
No entanto, embora fiel às nossas castas, este vinho tem um perfil mais de encontro ao Novo Mundo, a começar pela sua cor bastante carregada.
Aroma intenso, com a fruta muito madura em destaque, acompanhada de algum vegetal e especiarias.
Encorpado, cheio de pujança, com a fruta também aqui em destaque e a madeira também a dizer presente ao de leve.
Tem uma ligeira doçura que é compensada com a boa acidez. Também de notar que o grau alcoólico é moderado, especialmente se tivermos em conta a sua origem.
O sabor que fica na boca, bastante especiado, prolonga-se por um bom tempo.
Ainda é vinho para se aguentar mais uns anos em garrafa, mas já se bebe bem agora com umas carnes vermelhas.
Ema: 15.5
Nuno: 15.5
Anexo | Tamanho |
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singularis2004.jpg | 139.9 KB |
Nome: Soalheiro
Tipo: Branco
Colheita: 2007
Região: Vinho Verde
Castas: Alvarinho
Graduação: 12.5%
Produtor: António Esteves Ferreira
Preço: 7 - 9€
Esta manhã fomos até Setúbal, numa viagem frustrada à Loja do Cidadão, uma vez que não conseguimos fazer o que queríamos. Para não dar a viagem como perdida, fomos até ao Portinho da Arrábida, onde acabámos por ter mais uma frustrante experiência num dos restaurantes de lá. Um que, para mim, é dos locais mais bonitos do país é tão fraquinho a nível de restauração. Tinhamos que compensar isto de alguma forma e então fomos ao Mar Troia comprar umas ameijoas para fazer em casa.
Foi aqui que entrou em acção a garrafinha que Soalheiro 2007 que tinhamos em casa. Clarinho na cor, com tonalidades entre o esverdeado e o amarelo, de aspecto brilhante.
Aroma bastante intenso, cheio de fruta. De início foram os frutos tropicais a destacar-se mais e, depois, alguns citrinos. Com o tempo no copo sobressaíram ainda aromas florais. É daqueles que apetece cheirar entre cada gole.
Na boca é igualmente atraente, com a fruta bem presente. Tem um bom corpo, preenchendo toda a lingua tanto em comprimento como em largura, e a acidez dá-lhe leveza e fá-lo escorregar com enorme facilidade.
Final fresco e prolongado, sempre a pedir mais até que a garrafa acabe.
Ano após ano é um Alvarinho que nunca falha, mantendo sempre um bom patamar de qualidade.
Ema: 17
Nuno: 17
Anexo | Tamanho |
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soalheiro2007.jpg | 153.12 KB |
Nome: São Domingos
Tipo: Tinto
Colheita: 2005
Região: Bairrada
Castas: Baga, Touriga Nacional e Tinta Roriz
Graduação: 13%
Produtor: Caves do Solar de São Domingos
Preço: 3 - 4€
Aceitámos o convite de uns amigos nossos para passar uns dias numa casa de turismo rural, do pai de um deles, próximo de Bragança. Ao chegar lá, não podíamos deixar de reparar numa garrafeira consideravelmente recheada com vinhos das Caves São Domingos. Como se não bastasse, foi-nos dada ordem para ajudar a esvaziar aquilo, pois o objectivo é trocar aquelas garrafas por vinho da região.
Fizemos-lhes a vontade e tratámos, entre outras coisas, de algumas garrafas do Colheita 2005, que mostra uma cor ainda jovem com ligeiro violeta no rebordo.
Aroma agradável, com fruta muito madura e alguns aromas vegetais.
Para os que têm medo de vinhos da Bairrada e, em especial, da Baga não me parece que haja motivo para preocupação. O vinho está muito fácil na boca, elegante e bastante macio.
À fruta madura juntam-se sabores vegetais e especiarias, que se intensificam no final.
É um vinho para beber nesta fase, com um preço bastante interessante, e que combinou bem com pratos desde arroz de polvo a carnes vermelhas.
Ema: 15
Nuno: 15
Anexo | Tamanho |
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saodomingos2005.jpg | 204.17 KB |
Nome: São Domingos Grande Escolha
Tipo: Tinto
Colheita: 2004
Região: Beiras
Castas: Touriga Nacional, Baga e Tinta Roriz
Graduação: 14%
Produtor: Caves do Solar de São Domingos
Preço: 8 - 10€
O Grande Escolha, das Caves do Solar de São Domingos, retoma um hábito antigo de alguns produtores bairradinhos, que é fazer um vinho com uvas da Bairrada e do Dão. Um verdadeiro Beiras, portanto.
Não um Beiras apenas por utilizar castas não autorizadas, ou por divergências com a Comissão Vitivinícola.
É um vinho com uma cor ainda jovem, muito intensa.
O aroma tem boa intensidade, a fruta vermelha madura e uns toques da madeira, mas acima de tudo a sensação que mais transmite é de frescura.
Na boca é completamente diferente do que estava a contar. É muito macio e elegante, estava à espera de algo menos domesticado. Alíás, quando o fui buscar à garrafeira foi com o objectivo de escolher um vinho mais durinho, para acompanhar um prato forte.
Mas a nível de sabor está muito em linha do que o aroma já dizia. Muita fruta, a madeira a fazer companhia, apenas a dar “tempero”, e muita frescura.
Ema: 15.5
Nuno: 16
Anexo | Tamanho |
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sdomingosgrandeescolha2004.jpg | 124.78 KB |
Tipo: Tinto
Colheita: 2001
Região: Terras do Sado
Castas: Touriga Nacional
Graduação: 13%
Produtor: Bacalhôa Vinhos
Preço: 10 - 15€
Desde que o Ricardo começou a passar mais tempo por Lisboa, têm sido habituais as nossas buscas semanais por locais com boas garrafeiras. Numa dessas incursões pela restauração da capital, foi-nos aconselhado o Só Touriga Nacional 2001.
Lembro-me de o ter provado há uns anos, mas agora certamente estaria bastante diferente. Sendo de 2001, infelizmente não são todos os vinhos que se aguentam à bronca até 2008, mas decidimos aceitar o conselho.
A cor foi a primeira surpresa que tivemos, pois ainda não tem aqueles tons tijolo que seriam normais para um vinho já com alguns anos de idade.
Metendo o nariz no copo, o vinho mostrou-se de início pouco "falador", tendo precisado de algum tempo para mostrar o que valia. Mas depois não se "calava"... Quanto mais passava o tempo, mais aromas iam aparecendo. O tempo em garrafa fez muito bem a este vinho.
Na boca também mostrou estar em excelente forma. É um vinho que preenche a boca , mas sempre com elegancia. Ainda está ali para as curvas, cheio de garra e frescura.
O final prolonga-se por bastante tempo na boca e sempre em crescendo.
Ficámos os 3 muito bem impressionados com este vinho. O Ricardo até teve que fazer o sacrifício de comprar um Só Syrah, para ver se é tão bom como este Só Touriga Nacional.
Nuno: 17
Ema: 17
Ricardo: 17
Tipo: Tinto
Colheita: 2006
Região: Alentejo
Castas: Trincadeira, Aragonês e Castelão
Graduação: 13.5%
Produtor: Ribeira da Ervideira
Preço: 3 - 5€
Este é um daqueles vinhos com uma óptima relação qualidade/preço. É uma boa opção para o chamado consumo do dia-a-dia, para aquelas pessoas que insistem em dizer que só compram vinho de 2€ ou 3€, ou até mesmo para fazer vistão quando os convidados não distinguem este de outro de gama superior.
De tom granada, predominam aromas a frutos vermelhos e algumas notas de especiarias.
Na boca é fresco, suave, tem um corpo delgado mas equilibrado. Está pronto a beber e pode acompanhar facilmente um grande leque de pratos.
Normalmente compramos por 3,20€ mas nem sempre se consegue encontrar a este preço.
Ema: 14
Nuno: 14
Nome:Terras de Monforte Escolha
Tipo: Tinto
Colheita: 2004
Região: Alentejo
Castas: Trincadeira, Aragonez, Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon
Graduação: 14,5%
Produtor: Herdade do Perdigão
Preço: 10 - 20€
Andei a fazer uma arrumação na garrafeira e encontrei algumas garrafas que me parece estarem na altura certa para abrir. Nessas arrumações encontrei este Terras de Monforte Escolha de 2004, mesmo a tempo de acompanhar um arroz de pato preparado para o jantar.
Ao cair no decanter, gostei especialmente da sua cor granada bastante intensa. Como o arroz de pato estava a caminho, não lhe dei mais de 10 minutos para se preparar para o copo, e ainda assim não fiquei desapontado: frutos doces e compotas, caramelo, um pouco balsâmico (mas sem ser intrusivo).
Acompanhou o arroz de pato na perfeição, com uma frescura que não esperava - é de 2004... - e muito redondo, polido, alguma acidez que o aguentou ao longo destes anos. É provável que ainda tenha mais algum tempo evoluir, mas o resultado final é muito bom.
É a prova viva de que vale a pena comprar para guardar, e colher os frutos na altura certa para o beber. Não me importava de comprar mais um par de garrafas.
Ricardo: 16.5
Anexo | Tamanho |
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Nome: Terras de Tavares Reserva
Tipo: Tinto
Colheita: 2003
Região: Dão
Castas: Touriga Nacional, Jaen
Graduação: 13,5%
Produtor: João Tavares de Pina
Preço: 10 - 20€
Respondendo ao desafio do Prova à Quinta, lançado pelo blog Copo de 3, fui à minha garrafeira procurar um vinho tinto de perfil clássico de uma qualquer região de Portugal.
Cheguei rapidamente à conclusão que cada vez isso é mais difícil, tanto que à primeira até fui escolher um branco. Depois é que me apercebi que estava pitosga e não tinha lido a palavra tinto no desafio.
E foi assim que surgiu este Terra de Tavares Reserva 2003 no meu copo. Este produtor é conhecido no meio desta malta apaixonada do vinho precisamente por terem muita identidade, mas por mais que procurasse nunca encontrava à venda na zona de Lisboa. Aproveitei o Adegga Wine Market, que trouxe este produtor a Lisboa para comprar umas garrafas. E em boa hora o fiz.
Uma cor ainda rubi, não apresenta ao olhar sinal dos 7 anos e tal que "tem no pêlo".
Muito interessante no nariz. Não tem excessos de fruta madura, nem aqueles exageros florais da Touriga Nacional que às vezes fazem os vinhos cheirar todos ao mesmo. Tem ainda um toque de resina e aromas balsâmicos, que me fazem lembrar pinhais.
Na boca o que mais se destaca é a frescura. Depois de ter apanhado alguns barretes com vinhos de 2003 que custam 2 ou 3 vezes mais do que este e já estão com os pés para a cova, este mostra que ainda está aqui para as curvas. Este vinho tem uma certa rusticidade que me agrada. Não é daqueles vinhos todos perfeitinhos, parece que há ali qualquer coisa de artesanal, até na própria textura.
Boa persistência final, com pujança, a pedir uma carninha para o acompanhar à mesa. E eu fiz-lhe a vontade.
Nuno: 17
Nome: Terras do Demo Bruto Malvasia Fina
Tipo: Espumante
Colheita: 2007
Região: Távora-Varosa
Castas: Malvasia Fina
Graduação: 12%
Produtor: Cooperativa Agrícola do Távora
Preço: €5-10
Este vizinho da Murganheira já me tinha chamado a atenção pela garrafa cheia de “pedigree” mas, como não consumo muito espumantes, nunca tinha calhado a comprar. Quer dizer, costumo beber espumante nas várias vezes por ano que comemos leitão na Bairrada, mas como é em casa dos sogros seria excomungado se aparecesse lá com um espumante não bairradino.
Este chegou-nos a casa pelas mãos do Rui Barradas Pereira, que é grande apreciador dele e volta e meia aparece com uma garrafinha disto quando combinamos uma jantarada em nossa casa.
Côr amarelo-palha, bola fina e abundante.
Já vi à venda o 2010, o que quer dizer que este já deve andar por aí há 3 anos, mas no aroma ainda não se sentem aromas de evolução em garrafa. Maçã e algum floral é o que vem mais ao nariz.
É um espumante claramente gastronómico, nem me consigo ver a bebê-lo sem comida. Sabor intenso, preenche bem a boca e a espuma é envolvente não dando aquela sensação de gás. Aqui já o tempo terá feito algum trabalho.
Prolongamento final muito interessante.
Gostava de ter apanhado este na Harmonia ComProvada das Ostras.
Nuno: 16.5
Ema: 16
Tipo: Tinto
Colheita: ?
Região: Friuli, Itália
Castas: Pinot Nero
Graduação: 12%
Produtor: Martellozzo
Preço: 9-11€
Este é um daqueles vinhos de que nunca tinhamos ouvido falar. Estava presente, entre outros, numa lista de vinho a copo do winebar onde estávamos. Escolhemo-lo principalmente por ser o único da lista que não conheciamos, mas também pelo facto de ser um Pinot Noir, que não é propriamente uma casta muito comum por cá.
Os vinhos desta casta têm geralmente pouca concentração de côr e este não é excepção.
O aroma é de média intensidade, onde sobressaíam os frutos vermelhos e algum vegetal. Com o passar do tempo começaram a sobressaír aromas florais, que a Ema disse que lhe fazia lembrar glicínias.
É muito fresco, leve, sem arestas e com alguma persistência final no sabor.
É um vinho que desliza bem, mal se sente o álcool, e acompanha bem pratos ligeiros ou até sozinho.
Não conseguimos foi ver o ano do vinho. Procurámos no rótulo, no contrarótulo, na rolha... mas nada.
Ema: 15
Nuno: 14.5
Nome: Tom de Baton
Tipo: Tinto
Colheita: 2008
Região: Douro
Castas: Tinta Barroca, Touriga Franca, Tinta Roriz, Touriga Nacional, Tinta Francisca
Graduação: 14%
Produtor: Terroir d'Origem
Preço: 5-10€
No verão, e por causa da temperatura, é sempre importante escolher muito bem um vinho tinto de forma a que não se torne demasiado pesado. Abri este Tom de Baton 2008 numa tarde amena de Julho - ainda só tivemos duas - para acompanhar o lanche, e eventualmente... continuar para o jantar.
Do ponto de vista do consumidor que procura este vinho, considero que a imagem é cuidada, mas talvez demasiado austera, o que faz com que desapareça numa prateleira. Claro que isto é a opinião de quem não percebe nada de design...
O Tom do Batom escurece o copo com uma cor bastante carregada, e logo que o abri senti os fortes aromas a frutos vermelhos e alguns toques vegetais (que lhe dão frescura). Isto é especialmente importante por causa do elevado teor alcoólico, que acaba por não se notar.
Ao prová-lo, confirma-se a fruta vermelha e as especiarias - que eu gosto - bem como a frescura. Mantém-se na boca durante algum tempo, com uma boa persistência, e é bastante encorpado. Ainda que de facto o teor alcoólico não se note (14%!), este vinho pede um acompanhamento de peso. Vale bem a pena para aqueles grelhados gordos ou assados de verão, ainda que a este preço (comprei-o a quase 9€) haja concorrência forte e muito capaz.
Ricardo: 16
Anexo | Tamanho |
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Nome: Tons de Duorum
Tipo: Branco
Colheita: 2011
Região: Douro
Castas: Viosinho, Rabigato, Verdelho, Arinto e Moscatel
Graduação: 13%
Produtor: Duorum Vinhos, SA
Preço: <€5
A Duorum vinhos é o equivalente vínico às super bandas, em que se juntam grandes nomes de outras bandas já existentes.
Neste caso, juntou-se João Portugal Ramos e José Maria Soares Franco (anteriormente timoneiro da enologia da Sogrape) neste projecto duriense.
O Tons de Duorum é a gama de entrada da empresa, no caso dos brancos é o único (pelo menos por enquanto).
Apresenta-se de cor amarela ligeira, com ligeiro reflexos esverdeados.
Aroma vivo, atraente. Muita fruta tropical, em especial maracujá, e citrinos. Fez-me lembrar que já não vou há anos ao Nr.2 beber uma poncha de maracujá! Para compor o ramalhete há ali também alguma flor de laranjeira.
Na boca achei mais citrino do que tropical. Tudo muito bem integrado, sem doçuras e acidez muito equilibrada no conjunto. De persitência média, a deixar uma sensação fresca na boca, é daqueles que desliza bem e chamam pelos finais de tarde de Verão. É difícil não se gostar dele.
Nuno: 15.5
Nome: Torre de Tavares Jaen
Tipo: Tinto
Colheita: 2007
Região: Dão
Castas: Jaen
Graduação: 13%
Produtor: João Tavares de Pina
Preço: 10-20€
Apesar de o Jaen ser uma casta presente no Dão já desde o século XIX (pelo menos é o que dizem), parece ter sido quase condenada ao esquecimento. Tirando 2 ou 3 produtores, quase ninguém tem um varietal de Jaen e mesmo quando está em lote poucas vezes é referida. Já em Espanha, também conhecida por Mencia, tem sido bastante melhor tratada dando origem a grandes vinhos, especialmente em Bierzo. Este Torre de Tavares é um desses raros exemplos da casta no Dão e, infelizmente, já restam muito poucas garrafas.
No nariz é um vinho que começa logo a dividir opiniões. Muito vegetal, faz-me até lembrar alguns vinhos que levam engaço, mas penso não ser o caso. A maior parte dos aromas encaminham a mente para o bosque: caruma de pinheiro, terra, trufas... Fruta? Há. Mas não é essa a estrela da companhia.
Na boca foi um vinho que serviu para eu aprender mais qualquer coisa. É muito comum encontrar vinhos com boa acidez mas que têm alguma doçura que faz com que a acidez não se sinta tanto. O contrário já não é tão normal. Como o vinho tem boa presença dos taninos, um carácter vegetal e secura, pareceu-me ter uma boa acidez.
No entanto, meti uma daquelas fotos mete-nojo no Facebook com este vinho e comentei que tinha boa acidez. O produtor viu e esclareceu-me que eu estava enganado, pois o vinho tem uma acidez baixa, próximo de 5g/l. Para não saírem já da página a pensar "este gajo é parvo e anda para aqui a falar de valores que ninguém percebe", dou o exemplo do famoso Monte Velho, que segundo a ficha técnica do 2012 tem 6,86 g/l. É o toque vegetal do vinho é que dá essa sensação de frescura e agora que abri mais uma, e esgotei o meu stock pessoal do vinho, provei com mais atenção para o perceber melhor.
O que não mudou de uma vez para a outra foi o gozo que o vinho me deu. Lembrei-me dele quando estava a grelhar uma costeleta de vitela e não me falhou.
Nuno: 17
Nome: Três Bagos
Tipo: Tinto
Colheita: 2004
Região: Douro
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca e Tinta Roriz
Graduação: 13.5%
Produtor: Lavradores de Feitoria
Preço: 7 - 8€
Este vinho duriense é proveniente de vinhas das três sub-regiões do Douro, Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior, em mais um interessante vinho dos Lavradores de Feitoria.
A versão de 2003 deste vinho era bem conhecida por nós, uma vez que tinhamos comprado uma quantidade considerável no ano passado.
Não sei se por engano ou não, mas o que é certo é que apareceu a menos de metade do preço normal numa daquelas feiras de vinhos de um hipermercado e tornou-se no nosso vinho de consumo corrente enquanto durou. Quanto ao 2004, que é o que bebemos desta vez e já ao seu preço normal, tem uma boa intensidade de cor.
Tal como na edição anterior, tem uns aromas bastante frescos com frutos vermelhos e um toque de menta. Com o tempo em copo começou a vir um pouco de baunilha ao nariz.
Tem um sabor intenso, com notas tostadas bem integradas com a fruta.
O corpo é médio, mas espalha-se bem por toda a língua.
É ligeiramente espevitado na boca o que, em conjunto com a boa acidez, o torna num bom companheiro mesmo de pratos mais fortes e com gordura.
Tem um final compridinho com sensação de frescura.
Mais um bom tinto do Douro de preço sensato.
Ema: 16
Nuno: 15.5
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Nome: Vadio
Tipo: Branco
Colheita: 2011
Região: Bairrada
Castas: Cercial e Bical
Graduação: 13%
Produtor: Manuel Dinis Jesus Patrão
Preço: €5-10
É verdade, não posso ver nada. Vi este post do Ricardo Bernardo sobre o Vadio branco 2010 e pronto. Não tinha 2010 mas tinha 2011 e lá teve que ser.
Tinha aberto uma no Verão e tinha prometido a mim mesmo que ia manter as outras 2 bem fechadinhas por uns anos, porque acho que vai melhorar bastante em garrafa, mas olha...
De cor não é muito intenso, com tonalidade entre amarelo e verde citrino.
No nariz já não está tão fechado como quando o bebi no Verão. A fruta é em "formato pomar”, como pêssegos, mas o que mais me atrai neste e noutros brancos da Bairrada é o lado mineral.
Na boca continua com uma grande pujança. Acidez muito viva, que faz crescer água na boca, com um bom corpo a equilibrar as coisas. Talhado para a mesa mas não com qualquer prato. Coitados dos cogumelos recheados com requeijão e nozes, que levaram uma tareia de cinto. Tem bom comprimento, com ligeiro amargo (mas agradável) citrino.
Continuo a achar que tem tudo para continuar a melhorar na garrafa por muito tempo, mas fui guloso e agora só me sobra uma!
Nuno: 16.5
Ema: 16.5
Nome: Vale da Judia
Tipo: Branco
Colheita: 2007
Região: Terras do Sado
Castas: Moscatel
Graduação: 12%
Produtor: Cooperativa Agrícola Santo Isidro de Pegões
Preço: 3 - 4€
Em mais um dia de sol, fomos almoçar fora para comer um peixe grelhado.
A escolha recaíu neste vinho da Cooperativa de Pegões, uma adega que normalmente faz vinhos bem feitos a preços bastante agradáveis à carteira.
De cor pouco intensa, com reflexos esverdeados, segundo o rótulo é feito com a casta moscatel.
No nariz isso confirma-se, com aromas exuberante a fruta e flores típicos da casta.
Na boca tem uma doçura ligeira, mas tem acidez suficiente para compensar isso bem. Ligeiro, e com sabor agradável, faz perfeitamente o papel de companheiro de esplanada nos dias quentes, tanto a acompanhar um peixe grelhado como em vez de cerveja num final de tarde.
Ema: 15
Nuno: 15
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Tipo: Branco
Colheita: 2005
Região: Douro
Castas:
Graduação: 12%
Produtor: Domingos Alves de Sousa
Preço: 5 - 6€
Para acompanhar um bacalhau com natas delicioso, nada como abrir um branco fresquinho; como os brancos foram arrasados no último jantar de amigos cá em casa (desapareceu uma caixa num ápice), a escolha era limitada.
Mantive este Vale da Raposa a arrefecer uns bons minutos, e o primeiro contacto foi bastante agradável. Este vinho não é excessivamente doce, e nota-se um aroma a fruta bastante leve, onde sao notórios os citrinos. É importante manter a garrafa debaixo de olho, porque a velocidade a que este vinho escorrega pode trazer surpresas... Em resumo, um bom vinho branco de um produtor que só usa castas nacionais.
Ricardo: 14
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Tipo: Tinto
Colheita: 2004
Região: Beira Interior
Castas: Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinta Barroca e Touriga Franca
Graduação: 14%
Produtor: Vinhos Andrade de Almeida
Preço: 6 - 8€
Mais uma garrafa que comprei numa grande superfície a preço razoável, sabendo à partida que em alguns meios profissionais este vinho tinha sido bastante bem pontuado.
Num dos serões de domingo à noite, decidi abrir esta garrafa (que já por cá estava parada há alguns meses), sendo característica evidente a cor escura mas com algum rebordo violeta.
A sensação mais marcada deste vinho é a frescura, acompanhada por aromas florais e um pouco de mentol; por outro lado, não nos podemos esquecer que já é um vinho com 4 anos, e que me parece estar no pico de forma.
Para um tinto com 14 graus, é incrivelmente fácil de se beber e facilmente nos esquecemos que a garrafa está praticamente a acabar, o que faz com que seja muito boa ideia manter algumas garrafas em stock para ocasiões em que se pretenda um vinho fácil de beber e que não exige grande acompanhamento sólido.
Ricardo: 16
Tipo: Tinto
Colheita: 2005
Região: Alentejo
Castas: Aragonês, Trincadeira, Cabernet Sauvignon e Alicante Bouschet
Graduação: 14%
Produtor: João Portugal Ramos, Vinhos SA
Preço: 10 - 12€
Num dos serões de final de fim-de-semana, depois de perder (coisa rara!) umas partidas de bilhar com um amigo, viemos cá a casa acompanhar um chocolate com um copo.
A escolha, quase aleatória, caiu sobre um Vila Santa de 2005 que tivemos oportunidade de comprar no último verão, durante as férias, no produtor (Estremoz).
Este vinho tem uma cor intensa, quase granada, com o aroma a frutos pretos a querer sair do copo logo nos primeiros segundos, e não nos deixa esquecer que estamos a beber um vinho alentejano, poderoso e que exige sempre acompanhamento. Aproveitei uma promoção numa grande superfície, há uns tempos, para comprar uma caixa que mantenho guardada, porque me parece que este vinho tem potencial para ficar ainda melhor com o passar do tempo.
Ricardo: 16
Nome: Vinha Antiga Alvarinho Escolha
Tipo: Branco
Colheita: 2007
Região: Monção
Castas: Alvarinho
Graduação: 13.5%
Produtor: Provam
Preço: 8 - 10€
Fugindo ao meu hábito, e até porque estamos no verão, decidi abrir este Vinha Antiga Alvarinho que me foi oferecido pela cara-metade. Mais do que branco, é um Verde Branco, que está claramente fora do meu costume (independentemente da qualidade dos Verdes).
Ao contrário do costume na zona, este vinho é fermentado e estagiado em carvalho francês durante alguns meses, não resultando prejudicial para as características da casta Alvarinho. Abri-o para acompanhar um belo robalo grelhado na brasa, e confirmei o que já esperava - os aromas florais e citrinos típicos do Alvarinho estavam lá todos, ficando apenas a cor um pouco esbatida (seria pelo estágio no carvalho francês?).
A frescura deste vinho foi acompanhada pelos mesmos citrinos do nariz, que alinharam na perfeição com o peixe, aparecendo também um pouco de fruta tropical (maracujá). O gás típico dos Vinhos Verdes está no ponto ideal, uma vez que nem está em excesso nem em falta; servido fresco q.b. é o ideal para esta altura de calor.
Do meu ponto de vista, é um Verde Branco com excelente relação qualidade-preço, a ter à mão para consumo regular. Não esquecer que se trata de uma produção de 6000 garrafas...
Ricardo: 16
Anexo | Tamanho |
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vinhaantigaalvarinho2007.jpg | 141.77 KB |
Nome:Vinha Grande
Tipo: Branco
Colheita: 2005
Região: Douro
Castas: Malvasia Fina, Gouveio e Viosinho
Graduação: 13%
Produtor: Casa Ferreirinha
Preço: 5 - 10€
Ofereceram-me uma caixa deste Vinha Grande em 2008, e estou a prová-lo agora pela primeira vez depois de conhecer a colheita de 2005. Infelizmente, tive um problema de humidade no local onde estavam armazenadas todas as garrafas, o que danificou os rótulos (como se pode ver na foto).
Com estas elevadas temperaturas que se fazem sentir, é importante que tenhamos em atenção a correcta hidratação do corpo - o que, com este Vinha Grande, é não só saudável como extremamente agradável.
É brilhante e tem uma bonita cor entre a palha e o dourado. Muito rapidamente me apercebi dos aromas tropicais que querem sair do copo - o ananás e até o melão estão lá - bem como alguma baunilha, fruto da madeira onde estagiou. Quando decidi prová-lo, confirmei os excelentes aromas, sendo de salientar o equilíbrio (acidez, corpo, álcool perfeitamente enquadrados) na boca e a persistência que não sendo excelente é muito boa.
Dizem-me que não é asneira dar mais alguns anos de vida às irmãs desta garrafa, que é sem dúvida um dos muito bons Brancos do Douro. O facto de ser topo de gama da Casa Ferreirinha ajuda....
Ricardo: 17
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vinhagrandebranco2007.jpg | 122.44 KB |
Nome: Vinha da Defesa
Tipo: Branco
Colheita: 2007
Região: Alentejo
Castas: Antão Vaz, Arinto e Roupeiro
Graduação: 13.5%
Produtor: Herdade do Esporão
Preço: 5 - 7€
No inicio do Outono, numa tarde de pasmaceira, decidimos que já seria seguro ir até à praia.
Realmente não estava muita gente na praia e decidimos refastelar-nos numa esplanada.
Lá para o fim da tarde, pedimos umas ameijoas à bulhão pato e um choco frito para fazermos um lanche ajantarado. A carta de vinhos deixou-nos bastante satisfeitos pelas opções que tínhamos à escolha, o que não é nada normal para uma esplanada de praia. Decidimos escolher um Vinha da Defesa Branco 2007.
Feito de castas típicas alentejanas, é um vinho cristalino com reflexos esverdeados.
No nariz o aroma é intenso e atraente, com notas de citrinos e muito tropical.
O sabor, tal como no nariz, é muito tropical mas sem ser muito doce mas prolongou-se durante algum tempo.
Acompanhou as ameijoas e o choco muito bem mas atenção que não é um branco típico de Verão. Tivemos que ter bastante cuidado com a temperatura visto o grau alcoólico ser um pouco elevado. É preciso ter cuidado com ele!
Ema: 15
Nuno: 15
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vinhadadefesabranco2007.jpg | 103.68 KB |
Tipo: Tinto
Colheita: 2006
Região: Douro
Castas: -
Graduação: 13%
Produtor: Quinta do Infantado, Vinhos do Produtor
Preço: 3 - 5€
Ao contrário do que seria de esperar, em vez de provar uma das dezenas garrafas de vinho que tenho em casa, passei por uma grande superfície e fiquei interessado num vinho que foi recentemente referenciado na Decanter, e que tipicamente fugiria aos meus padrões de interesse.
Num rasgo de rebeldia, decidi adquiri-lo e prová-lo no mesmo dia, deixando na fila de espera todas as outras garrafas da garrafeira.
Ao abrir a garrafa, fiquei com a sensação que a rolha não seria das melhores, uma vez que ao primeiro toque verifiquei uma ligeira fuga. Ainda assim, não afectou de forma alguma a integridade deste vinho, que revelou ter uma presença de aromas razoável, bastante frutada. No copo nota-se a claridade, o que é naturalmente consequência da sua juventude (foi engarrafado apenas em Fevereiro de 2008).
Longe de ser um grande vinho, nota-se um grande equilíbrio na boca, com acidez razoável e taninos que quase não se notam, provavelmente cumprindo o objectivo de conseguir um vinho muito fácil de beber. Tendo em conta que o comprei por menos de 4€ numa grande superfície, e que é extremamente fácil e agradável de beber, considero que é um dos vinhos que faz sentido ter em adega para consumo quase imediato, pese embora o facto de ser um vinho muito jovem.
De referir que foram engarrafadas cerca de 10,000 garrafas, o que implica que numa próxima oportunidade vou adquirir algumas para reforçar o stock cá de casa.
Ricardo: 14
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vinhadoinfante2006.jpg | 242.54 KB |
Tipo: Tinto
Colheita: 2005
Região: Alentejo
Castas: Trincadeira, Aragonês, Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon e Syrah
Graduação: 14%
Produtor: Miguel Viegas Louro
Preço: 5 - 7€
Os vinhos Quinta do Mouro são bem conhecidos pela sua qualidade. Pena é que os preços não sejam assim tão agradáveis, para que os pudéssemos beber com mais regularidade.
Como se costuma dizer, na falta de cão caça-se com gato.
Neste caso o gato é este Vinha do Mouro, um exclusivo da Quinta do Mouro para a distribuidora Simbebe, que tem um preço bastante mais simpático para a carteira.
Muito concentrado na cor, quase negro, apenas com um ligeiro rebordo granada.
O aroma é intenso e de fácil atracção. Tudo muito certinho, frutos vermelhos, baunilha, algumas especiarias, sem nenhuns excessos.
É um vinho bastante encorpado o que, para o meu gosto pessoal, nem sempre é bom. Neste caso é, porque tem uma boa acidez que compensa o peso. Muito macio na boca, com o sabor centrado na fruta, sem que por isso se torne demasiado doce, e uma boa persistência final.
Com gatos destes vale a pena caçar.
Ema: 16
Nuno: 16
Ricardo: 16
Nome: Vinha do Putto
Tipo: Tinto
Colheita: 2005
Região: Bairrada
Castas: Tinta Roriz, Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon
Graduação: 13.5%
Produtor: Campolargo
Preço: 2 - 6€
Este vinho é a gama de entrada do produtor Campolargo, embora os 5.98€ com que aparece em algumas grandes superfícies não o diga.
É que este vinho sai do produtor a pouco mais de 2€, o que o torna na melhor relação qualidade/preço que conhecemos. E não, não é gralha, o preço quase triplica pelo caminho!
A cor é rubi e de média concentração.
O aroma é muito fresco e tem uma boa intensidade, não sendo preciso agitar o copo. Sentem-se bem frutos silvestres maduros, alguma especiaria e um ligeiro floral.
Na boca confirma-se uma boa frescura. Muito afinadinho, gosto agradável e um corpo bastante jeitoso.
O final é ligeiramente especiado e não é muito longo, mas nesta gama de preços não se pode ter tudo.
Felizmente, arranjamos este vinho ao preço do produtor, pelo que têm sido várias as caixas que temos comprado, tanto para nós como para amigos que nos pedem. É que isto para o dia a dia é bem bom.
Ema: 15
Nuno: 14.5
Ricardo: 14
Anexo | Tamanho |
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putto2005.jpg | 70.62 KB |
Nome: Warre's LBV
Tipo: Fortificado
Colheita: 1995
Região: Porto
Castas: -
Graduação: 20%
Produtor: Symington Family Estates
Preço: 12 - 15€
Este foi mais um vinho que conhecemos por nos ter sido aconselhado. Queríamos comprar um bom Vinho do Porto, para servir no final de um jantar, sem ter que recorrer a nenhum dos Vintages que temos na garrafeira. Esses queremos que fiquem a repousar mais uns anos. Além disso não era preciso nada tão caro.
E foi assim que este vinho da família Symington apareceu no nosso caminho.
A cor deste vinho é quase negra, ainda sem mostrar tons de muita idade.
Aroma intenso e atractivo, com fruta preta, cacau e muitas especiarias.
Grande corpo, guloso, cheio de força mas ao mesmo tempo muito macio. Está óptimo para se beber já, mas parece que ainda está para durar uns anos.
Depois de escorrer pela garganta abaixo o sabor continua ali presente muito tempo, com uma sensação ligeiramente picante.
Tem-nos dado especial prazer combiná-lo com um bolinho de chocolate daqueles tipo mousse (desde que não seja muito doce) ou com chocolate negro ligeiramente especiado.
Declarado oficialmente como obrigatório na nossa garrafeira.
Ema: 17.5
Nuno: 17.5
Ricardo: 17
Anexo | Tamanho |
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warreslbv1995.jpg | 107.54 KB |
Nome: William Cole Columbine Reserve Cabernet Sauvignon
Tipo: Tinto
Colheita: 2005
Região: Casablanca Valley, Chile
Castas: Cabernet Sauvignon
Graduação: 13.5%
Produtor: William Cole Vineyards
Preço: 25€
Continuando por terras chilenas, mais precisamente em Casablanca Valley, veio-nos parar ao copo mais um vinho do produtor William Cole. A garrafa é tão parecida com a outra que até nos parecia ser o mesmo vinho. Apenas pelo ano e nome da casta no rótulo se viu afinal não era o mesmo. Trata-se na mesma de um Columbine Reserve (não sei porquê mas este nome lembra-me sempre pombos ), só que este é feito com Cabernet Sauvignon.
Ao contrário do irmão mais velho, este tem uma cor bastante carregada.
O aroma é muito bom. Intenso, cheio de fruta muito madura, com a madeira a compôr o "ramalhete" sem abusos e uns aromas a café mais evidentes do que alguma vez tinha sentido num vinho. Com o tempo no copo finalmente apareceram os pimentos, que costumam ser tão frequentes nesta casta.
Na boca tem muita fruta, mas é este ar mais vegetal que aparece com a força toda. A madeira está presente em dose certeira, a fazer um conjunto muito saboroso.
Tem um bom corpo, sem nunca perder elegância, e uma acidez bem colocada. O sabor fica na boca com alguma persistência e secura.
Normalmente tenho alguma dificuldade em gostar de vinhos 100% Cabernet, mas este escorregou bastante bem com o queijo e os enchidos que se podem ver no fundo da foto.
Ema: 16.5
Nuno: 17
Anexo | Tamanho |
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wcolecabernet2005.jpg | 174.06 KB |
Nome: William Cole Columbine Reserve Merlot
Tipo: Tinto
Colheita: 2004
Região: Casablanca Valley, Chile
Castas: Merlot
Graduação: 14%
Produtor: William Cole Vineyards
Preço: -
O Chile é um país que gostava bastante de visitar. É que, além da beleza natural ainda tem uma boa produção de vinhos. Mas enquanto Maomé não vai à montanha, vem a montanha a Maomé... em formato líquido.
Este é feito apenas com Merlot e, como é natural nos vinhos desta casta, a cor não é muito carregada.
Tem um aroma simpático, com fruta muito madura e um ligeiro abaunilhado, a mostrar que passou por madeira, mas não demasiado carregado. Com algum tempo aberto mostrou também alguns aromas a terra e tabaco.
Parecia que o vinho podia ter alguma doçura mas não se confirmou. Tem um sabor mais virado para o vegetal do que para a fruta e, também aqui, nos deu algum ar de folhas de tabaco.
Está macio, a pedir para ser bebido agora, e nós fizemos-lhe a vontade.
Sinceramente não sabemos o preço deste vinho, mas vamos tentar saber o mais rapidamente possível e actualizaremos esta página.
Ema: 15
Nuno: 15
Anexo | Tamanho |
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Nome: Xisto
Tipo: Tinto
Colheita: 2005
Região: Douro
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz
Graduação: 14%
Produtor: Roquette & Cazes
Preço: 20 - 30€
O Xisto é "filho" de uma colaboração entre Jorge Roquette da Quinta do Crasto e Jean-Michel Cazes do Château Lynch-Bages.
A Quinta do Crasto acho que dispensa apresentações e, tendo em conta que as uvas vêm de lá, à partida este vinho já teria de ser bom. Quanto ao Château Lynch-Bages, confesso, apenas sei que são de Bordéus. Podia ir agora pesquisar qualquer coisa sobre eles e meter aqui, para pensarem que sou um gajo culto do vinho, e tal, mas não me apeteceu. Senão ainda não era hoje que publicava isto.
Ainda me lembro como se fosse hoje da primeira vez que provei este vinho. Ainda tinha a madeira demasiado evidente, mas tinha um aroma tão perfumado, que não conseguia tirar o nariz dentro do copo.
Agora, depois de passar mais um tempo em garrafa, ainda está melhor. A madeira já não quer mandar, está integrada com o resto. Muitos frutos vermelhos inicialmente e um toque balsâmico, a fazer lembrar pinheiro. Com o tempo ainda tem mais para dar... especiarias e flores. Vale a pena metê-lo a arejar um bom bocado antes que ele recompensa-nos.
Depois de falar tanto no nariz, pode parecer que só cheirei e não bebi nada, mas não. Ao entrar pela boca dentro confirmou o que se esperava com tanta cheiradeira. Fruta e madeira muito bem casadas, poderoso mas ao mesmo tempo com grande finesse. Prolonga-se na boca durante bastante tempo e, quando finalmente se vai embora, apetece mais. O melhor barómetro para isto é referir que quando abrimos um vinho em casa normalmente sobra meia garrafa e, com este, nem uma gotinha ficou por aproveitar.
Ainda nos sobrou uma garrafa (e acho que o Ricardo também ainda tem disto em casa) mas, tendo em conta que ainda mostra potencial para crescer mais uns anos, ainda sou gajo para comprar mais umas.
Nuno: 18
Ema: 18
Nome: Ázeo
Tipo: Branco
Colheita: 2008
Região: Douro
Castas: Viosinho e Rabigato
Graduação: 13%
Produtor: João Brito e Cunha
Preço: 10 - 20€
Apesar de o Verão estar prestes a ir embora, quase só me tem apetecido beber vinhos brancos. Isso fez com que a minha garrafeira tenha levado um desfalque no que toca a brancos, obrigando-me a ir às compras mais cedo do que estava a contar.
Um dos que lá estava à espera de ser bebido era este Ázeo, do produtor e enólogo João Brito e Cunha. De um modo geral tem-me agradado tudo o que provo deste produtor, e este Ázeo 2008 não foi excepção.
Comecei a apreciá-lo refastelado nas cadeiras que tínhamos acabado de comprar para a varanda da sala.
Muito fresco no aroma, a mostrar citrinos e líchias (ou seriam ameixas? não me apeteceu pensar muito...) e mineralidade.
Levei-o depois comigo para a cozinha para acompanhar o jantar. Deu-se bem das duas maneiras. Elegante e “cremoso” (não me lembrei de palavra melhor) para beber a solo e uma boa acidez que o fez acompanhar bem o repasto.
Final com bom prolongamento, sempre a deixar a sensação de frescura.
Gostei bastante, apesar de o preço - por volta dos 11€ - já estar demasiado próximo de algumas das minhas referências a nível de brancos nacionais.
Nuno: 16