Os eventos de vinho multiplicam-se como cogumelos.
De início achámos que não fazia sentido fazer uma secção especial só para eventos, pois eram tão poucos que não o justificava.
No entanto, o tempo veio-nos mostrar que estávamos errados. Agora são tantos que só nos falta é tempo (e paciência) para ir a todos.
Por isso, além de criar uma secção para os nossos relatos dos eventos em que participamos, movemos para aqui todos os relatos anteriormente publicados na parte do blog.
Como a Ema tinha aqui dito, juntámo-nos aos Desafios da Adega e ao Adegga no restaurante Rubro do Campo Pequeno para celebrar o Dia Internacional do Vinho do Porto, #PortDay para os amigos. A i-enofilia, ou w-blogosfera (ou o que lhe quiserem chamar) estava ainda representada pelo Pingus Vinicus, pelo Carlos Janeiro e pelo Chris Metcalfe.
Para os que gostariam de estar presentes e não puderam, não faltou uma transmissão em directo pela Internet, ou não estivesse a sala cheia de malta tecnológica. Certamente um horror para alguns, ver tantos gadgets juntos num jantar/convívio de vinhos.
A ideia era cada um levar uma garrafa, tirando o abusador do André Ribeirinho que levou 3 que andou a rapinar da adega do pai. Eu queria ter levado um Porto branco porque, como acabou por se confirmar, era pouco provável que alguém se lembrasse de levar um. O problema é que não íamos voltar a casa, pelo que a única forma de o manter fresco seria levar a garrafa para o frigorífico da empresa, o que poderia levar a ficar com (mais) fama de bêbado e arranjar um despedimento por justa causa.
Optei então por levar connosco uma garrafa de Warre’s LBV 2001, para ver se era tão bom como o 1995 de que tanto gostamos. A julgar pela velocidade com que desapareceu, não somos os únicos a achar que os LBVs da Warre’s são mesmo qualquer coisa...
Como podem ver pela lista aqui, havia muitos mais géneros de Vinhos do Porto presentes, que foram sendo casados (melhor ou pior) com queijos, enchidos, chocolates e até mesmo carne.
Só não tive coragem de provar um queijo que lá estava com cheiro pior do que qualquer par de peúgas, mas diz quem provou que casava bastante bem com os vintages.
Mais uma vez o nosso filhote (agora com 19 meses) acompanhou-nos e nem sequer era o mais novo presente. Temos é que nos preparar para daqui a uns anos ele fazer como o André e ir à garrafeira dos pais sacar umas garrafas para ir beber com os amigos.
Aproveitando o Adegga Wine Market em Lisboa no dia 1 de Dezembro, o André Ribeirinho em conjunto com o Luiz Alberto organizaram uma semana cheia de cenas e coisas para a comunidade #winelover, que incluiu jantaradas bem regadas e visitas a produtores de vinho.
E o que é isto da comunidade #winelover? É uma coisa sem mariquices, em que qualquer pessoa que goste de vinho pode participar, bastando publicar (normalmente no Twitter, com a hashtag #winelover) ou no grupo do Facebook.
Mas como não basta ficar "escondido" atrás de um computador ou de um telemóvel, esta malta junta-se para beber uns copos em várias partes do Mundo.
Tenho contribuido publicando fotos de vinho no Instagram e no Twitter com a hashtag, mas confesso que sempre invejei ver os hangouts desta malta nos mais diversos países e eu sem poder ir. Foi desta que cá vieram, não podia deixar escapar.
O Ricardo foi ao do Porto, certos desocupados foram a outros à hora de almoço e eu fui ao jantar BYOB no Rubro Avenida.
Houve uma autêntica chuva de garrafas, obviamente não deu para provar nem 1/3. Não me vou alongar em escrever sobre os vinhos, nem sequer estava ninguém ali com esse espírito, pois o que interessou mais foi o convívio e a partilha (de vinho e de experiências). Os descritores das florzinhas, da fruta e afins ficaram em casa. Só tive pena de os blogs portugueses estarem tão pouco representados. Mas olha, poucos mas bons, carago!
Uma referência para a comida, que esteve ao nível. Especialmente o chuletón que estava super tenro e desfazia-se na boca. Uns valentes furos acima do que tinha comido nas últimas vezes no Rubro do Campo Pequeno.
Em Janeiro já se começa a desenhar mais um #winelover hangout, em Bruxelas, aproveitando o #WBIS, lá vou eu ficar outra vez invejoso de não poder ir (que nenhum gajo estilo o John Doe do Se7en leia isto).
Mas, para compensar, temos #daowinelovermeeting dia 26 de Janeiro.
Numa prova inequívoca que é possível voltar atrás no tempo, estou a acabar de escrever sobre o segundo dia de eventos do Adegga Wine Market 2012 bastante tempo depois de o Nuno ter escrito sobre o último. Reza a história que dois marmelos (André Ribeirinho e o Luiz Alberto) se juntaram para organizar uma semana intensiva de eventos vínicos, que culminaria no Adegga Wine Market 2012, em Lisboa. Para começar essa semana, nada melhor do que organizar uma visita à Quinta de Gomariz (palco do Vinho Verde) e, no dia seguinte, uma enorme visita às caves da Sandeman, em pleno Cais de Gaia, seguida de jantar BYOB. Não consegui visitar a Quinta de Gomariz (fico a dever a visita, Vítor) no dia anterior, mas à hora marcada entrei na Sandeman.
Encontrei o Filipe Carvalho e o Vitor Mendes, com quem embora trocasse uns piropos no facebook ainda não tinha tido a oportunidade de conhecer pessoalmente. Como os organizadores demoraram a chegar, ainda ficamos uma boa meia hora em amena cavaqueira; conheci ainda (finalmente!) o Luiz Alberto e consegui cravar-lhe o pin do #winelover que perseguia há muito tempo.
Começamos a visita às caves da Sandeman, acompanhada a par e passo por prova de alguns tawny, conhecendo não só o local mas principalmente a enorme história desta casa. A surpresa haveria de chegar no final - a visita à sala de tawnies velhos, que se abre uma vez por ano - onde repousa muito do seu património vivo. A prova de casco de um tawny com cerca de 45 anos (directamente pela mão do Luís Sottomayor!) foi apenas a cereja no topo do bolo; ouvi comentários sobre alguém se deixar ficar esquecido na sala até ao dia seguinte certamente para observar de perto a beleza das paredes, mas isso acabou por não acontecer.
No final, dirigimo-nos para o andar de cima, onde nos esperava uma sala com os vinhos que todos tínhamos levado. Era uma mesa bastante longa. Abriram-se as hostilidades com um excelente Sandeman 30 anos, enquanto nos distribuímos pelas mesas; para além do Sergio Lopes, tive como companhia entre outros o Vitor Mendes (fartou-se de falar de um Avesso), o Mário Rui Ferreira, o Filipe Carvalho e um tal de António Braga que me disse que trabalhava um mês por ano na Quinta da Leda (sabe-se lá a fazer o quê). Acho que ficou surpreendido quando lhe perguntei quais seriam os três grandes vinhos (branco, tinto e fortificado) a beber se não tivesse qualquer limite, mas respondeu (mesmo sabendo que eu provavelmente não me iria lembrar) com toda a coragem. Não posso deixar de dar uma enorme palavra de agradecimento à cozinha: toda a refeição foi de elevadíssima qualidade, acompanhada pelos vinhos que fomos escolhendo aleatoriamente entre as dezenas que os convidados levaram. As fotografias e os agradecimentos foram chovendo nas redes sociais (alguns teclavam furiosamente para comentar a foto que o colega de mesa tinha tirado), e no final acabamos em beleza, com as tshirts oficiais #winelover.
Toda a experiência (visita, convívio, provas) foram de excelente qualidade, e aproveito para agradecer novamente aos anfitriões e aos dois marmelos que tornaram este (e os outros, que aconteceram no futuro, mas passado) possível. No final, valeu pela visita, pela enorme generosidade da Sandeman, dos organizadores e pelo convívio - é uma noite a não esquecer facilmente!
No rescaldo do fim-de-semana, em que estes senhores do #daowinelover nos proporcionaram mais uma grande jornada vínica, a "Master Class@Quinta de Cabriz", venho aqui recuperar outro evento organizado por eles: o TN (Touriga Nacional) Day.
Primeiro, porque já foi há mais tempo e só agora cheguei a ele na lista de eventos por escrever.
Segundo, porque esta semana já começaram a chover posts nos outros blogs sobre o evento deste fim-de-semana e é fixe ser do contra.
Depois do #daowinelover meeting na Casa da Passarela, onde tudo começou, nenhum de nós tinha voltado a ir a um evento organizado pela dupla Rui e Miguel. Conseguiam sempre acertar nas datas em que eu não podia. Tendo em conta que o Rui costumava falar sempre comigo quando estava a decidir as datas e escolheu sempre quando eu não podia, deve querer dizer alguma coisa...
Mas desta vez lixou-se e, apesar de uma gastroenterite dupla cá em casa na semana anterior, conseguimos á última recuperar para ir a este.
Desta vez o palco foi um cromo repetido, o Claro!, onde já tinha sido organizado um White Day. A estrela da tarde/noite foi a Touriga Nacional, casta originária desta mesma região (o Dão), e cujas características têm granjeado os maiores elogios cá dentro e lá fora. Foram tantos os elogios que se assistiu a uma touriga-nacionalização do país, tendo começado também por isso a despertar alguns ódios de estimação. E terá sido precisamente essa geração de ódios que levou os organizadores, em jeito de provocação, a escolhê-la como tema para este evento.
No meu caso não sou de 8 nem de 80, sou para aí 44. Como já tinha dito aqui, acho que é uma belíssima casta que em lote dá origem a grandes vinhos (basta pensar no Vinho do Porto). A solo, em novo, não me fascina particularmente. Muito facilmente se tornam enjoativos para o meu gosto, especialmente nos aromas. Ainda assim, os melhores exemplares (para mim) são geralmente do Dão.
12 produtores fizeram desfilar os seus Tourigas Nacionais. A saber: Caminhos Cruzados, Casa da Passarella, Casa de Mouraz, Dão Sul, Fonte de Gonçalvinho, Júlia Kemper, Magnum Vinhos, Quinta das Marias, Quinta de Lemos, Quinta do Escudial, Quinta dos Carvalhais, Quinta dos Roques. Na verdade, 11 e meio, pois a Casa de Mouraz não tem nenhum extreme da casta, pelo que levou vinhos em que era essa a casta maioritária, mas em conjunto com outras.
Se calhar sou eu que sou teimoso do caraças, mas continuei com a mesma ideia que já tinha. Apesar de haver estilos para todos os gostos (mais doces, mais secos, mais encorpados, mais elegantes...), só atingi o clímax com o Quinta dos Carvalhais 1998 e cheguei lá perto com o Quinta dos Roques 2002 (que segundo o produtor foi um péssimo ano). Outros vinhos muito bons por lá passaram, atenção. Alguns com potencial para virem a ser ainda melhores do que os que referi acima, mas por isso mesmo prefiro bebê-los daqui a meia (ou mesmo uma) dúzia de anos.
Nem imaginam o bem que me soube beber um Elfa (com todos os seus defeitos ou feitios, mas sem TN) depois da prova.
Há muito a dizer sobre o 3º Aniversário da comunidade #winelover:
- Foi em Portugal;
- O jantar de aniversário foi em Lisboa no dia dos namorados;
- Na semana antes houve tour por Alentejo e Lisboa, mas não fomos porque alguém tem que trabalhar neste país;
- Havia mais estrangeiros do que portugueses;
- Há ali muita malta influente no mundo do vinho;
- Com excepção de meia dúzia de produtores, e quase sempre os do costume, quase nenhum ligou ao assunto;
- Levámos 2 vinhos impossíveis de reproduzir fora do nosso rectângulo, que fizeram fãs (Pai Abel e Elfa);
- Houve lápiz azul nas fotos;
- Estamos à espera de beber Petrus para compensar o ponto anterior;
- Podemos mudar de ideias com um suborno superior a Petrus (por exemplo Romanée-Conti).
E sobre estes pontos havia tanto para dizer... mas, se o fizessemos, em vez de demorar 3 meses e meio se calhar o post ainda nem vinha a tempo do 4º aniversário.
Anexo | Tamanho |
---|---|
Siza by Adega Mayor | 65.01 KB |
AdegaMayor4.jpg | 26.61 KB |
Num belo sábado deste nosso frio Janeiro, e depois de passar a noite em Vila Viçosa, cheguei a Borba e dirigi-me directamente para a Adega de Borba, onde já estavam a Márcia Farinha e o Eng. Óscar Gato, o Director Técnico e de Enologia desta grande casa. Uma vez que o resto dos convidados se atrasou, tive a oportunidade de acompanhar ambos enquanto preparavam a prova vertical do Adega de Borba Rótulo de Cortiça (há quem diga que ajudei a provar, mas isso são acusações absolutamente infundadas).
Depois de 5 minutos de conversa, foi para mim evidente o enorme sentido pedagógico com que o Eng. Óscar versava sobre a Adega, as características das castas, as dificuldades mas ao mesmo tempo as vantagens de gerir 200 associados, cerca de 30 castas e 2200ha de vinha. Esta dimensão tem um impacto enorme na vindima: aqui, demora entre 7 a 8 semanas, com uma necessidade gigantesca de logística de vindima por casta, por viticultor, por zona geográfica, por capacidade de entrada na adega, por disponibilidade de armazenamento e um sem-número de outros pormenores que aqui são levados a um exponente ímpar.
A modernização já chegou a esta adega, onde existem equipamentos de análise, para apoio à decisão, únicos na Península Ibérica. Para além da participação activa na vindima, a Adega de Borba acompanha os seus viticultores ao longo de todo o ano, beneficiando a qualidade da produção e até mesmo influenciando - de acordo com as necessidades - o que pode ser privilegiado em cada área. Os números são impressionantes: 80ha de área de Touriga Nacional, 70ha de Syrah, 1000 barricas, 12000 metros quadrados de área na Adega, 57 anos de existência, 28 vinhos lançados no mercado entre 2002 e 2008, certificações ISO9001 e ISO22000, inúmeros prémios e um histórico invejável.
Depois de visitar a adega antiga - a que está activa - que incluiu a sala onde está a História do Adega de Borba Reserva Rótulo de Cortiça e onde também repousa o que se espera que seja o próximo expoente desta linha, passamos pelas linhas de produção (3, 6 e 9000 garrafas por hora, e uma adicional para bag-in-box de 3, 5 e 10 litros respectivamente), a sala limpa de enchimento de onde caem por efeito da gravidade as rolhas, o laboratório, a sala de evolução, o armazém e de volta à área administrativa. Durante todo o percurso, o Eng. Óscar Gato deu-nos uma verdadeira aula (fomentando o nosso próprio espírito crítico e inquisitivo) de como se pode lidar com várias ordens de grandeza acima da dimensão média dos produtores Portugueses, relativamente a tudo o que é possível e imaginário.
À nossa espera estava praticamente meio século do Adega de Borba Reserva Rótulo de Cortiça: 1964, 1977, 1982, 1994, 2008 e uma surpresa adicional. Antes disso, e para abrir as hostilidades, começamos por conhecer um muito bonito Rosé 2011 de Aragonês, com perfil seco, aromas florais e especialmente silvestres com frescura no ponto ideal. A gama Senses - uma aposta relativamente recente da Adega de Borba em monocastas - esteve também presente com o Senses Alvarinho 2010 (nariz tropical e boca de fruta branca, toque de baunilha e perfil seco), o Senses Verdelho que na realidade é Gouveio 2009 (nariz vegetal e floral, alguma fruta madura, frescura aceitável), o Senses Syrah 2010 (nariz vivo floral e mentolado com boca compotada e apimentada, boa frescura e doçura a meio tempo, provavelmente a precisar ainda de algum tempo de garrafa) e o Senses Touriga Nacional 2009 (nariz silvestre e frutado, uma enorme palete de aromas com toques de café e violetas, encorpado mas muito fácil de beber e que foi de longe o meu preferido - embora eu seja um fã assumido da Syrah - apesar dos seus 15%......).
No que diz respeito aos quase 50 anos do Adega de Borba Reserva Rótulo de Cortiça, a prova foi feita individualmente com uma discussão aberta:
Adega de Borba Reserva Rótulo de Cortiça 2008
Linda cor violeta, aromas vegetais e florais (violeta). Fresco e elegante, com especiarias (pimenta, cacau) e pimento verde. Persistência razoável, ainda com muitos anos para evoluir
Ricardo: 15
Adega de Borba Reserva Rótulo de Cortiça 1994
Nariz muito floral e vegetal, confirma a elegância do irmão mais novo com uma persistência e frescura bastante melhores.
Ricardo: 16
Adega de Borba Reserva Rótulo de Cortiça 1982
Nariz muito forte, cujos aromas florais e frutados dominam; enorme frescura e elegância acompanhados de uma excelente persistência.
Ricardo: 18
Adega de Borba Reserva Rótulo de Cortiça 1977
Aroma vegetal com toques de floresta, pimenta preta e especiarias, mantendo a elegância que caracteriza os irmãos mais novos.
Ricardo: 17
Adega de Borba Reserva Rótulo de Cortiça 1964
Tendo em conta a informação do rótulo, este terá sido uma segunda edição deste vinho. O nariz é evidentemente menos expressivo que os irmãos mas mantendo o perfil floral com sinais de óbvia evolução, com boca consistente e a mesma elegância. Com 48 anos, tem um excelente comportamento.
Ricardo: 16.5
Tivemos ainda o privilégio de provar uma amostra do que poderá vir a ser um Rótulo de Cortiça especial (?) 2009, actualmente a repousar no Tonel 6 - com 18 meses de estágio - e 14.5% de teor alcoólico. Ainda que seja uma amostra, já se reconhece o enorme potencial (vou tentar fazer uma encomenda "en primeur").
Esta prova vertical demonstra inequivocamente uma série de factos: é perfeitamente possível manter o perfil de excelência de um vinho durante um longo período de tempo (neste caso, quase 50 anos), mesmo não tendo o controle total das vinhas (porque são dos associados, embora aconselhados e acompanhados pela Adega de Borba); a quantidade não anda divorciada da qualidade, nem mesmo se tivermos em conta a enorme quantidade produzida em Borba e verifica-se no entanto uma diferenciação no grau alcoólico ao longo dos anos: (12.x% até 1982; 13.x% até hoje) ainda que o perfil se mantenha.
Depois da prova, passamos a um excelente almoço confeccionado e dirigido pel'A Cadeia Quinhentista (o restaurante fica precisamente na cadeia, no Castelo em Estremoz) onde foram servidos petiscos típicos alentejanos, cação com ameijoas e migas de batata, perdiz suada em azeite de borba e uma selecção de doces conventuais. Mesmo durante o almoço, o Eng. Óscar Gato desafiou-nos a analisar a combinação de vários vinhos com os petiscos, passando pelos Montes Claros (Reserva Branco e Garrafeira 2007), um licoroso com perfil de Tawny e para fechar a aguardente vínica.
Durante o resto da tarde - que já ia longa - visitamos ainda a novíssima Adega, que está praticamente pronta e que representa uma enorme aposta no crescimento da Adega de Borba, aumentando a capacidade de recepção, processamento e armazenamento de vinho para uma dimensão que - como se a actual não fosse considerável - é impressionante. Nesta Adega, sabe-se trabalhar no dia-a-dia, pensar os investimentos atempadamente e preparar o crescimento futuro com as condições adequadas. A Adega de Borba está de parabéns não só pelo percurso, pelas provas dadas desde 1955, mas também pela aposta contínua em melhorar o que existe - que por si é já de um elevado nível de qualidade.
O Adegga WineMarket já é um evento de referência em Portugal para quem quer ter a oportunidade de provar vinhos de forma tranquila, dialogar com os produtores e até mesmo organizar - ou participar - em iniciativas criadas por outros participantes. Retirando o óbvio propósito de conhecer as novidades e poder - mesmo ali - adquirir vinhos a preços mais competitivos (afinal de contas, é um dos problemas: gosto daquele vinho, mas se o tentar comprar na próxima semana, não o encontro ou vou encontrá-lo muito mais caro), aprendendo ao mesmo tempo mais sobre o vinho, o produtor, a vinha, a História.
Já foram aqui abordadas as outras edições deste evento, que desta vez - e pela primeira vez - foi realizado fora de Portugal, mais concretamente em Bruxelas, no 26º andar do "The Hotel". Para além da aposta continuada em inovar e crescer, a equipa do Adegga demonstrou que tem a coragem e resiliência para montar o evento a milhares de kilómetros de distância do conforto de se estar perto de casa e de tudo o que já se conhece, receber cerca de 300 visitantes e manter o patamar de qualidade perto daquilo a que já estamos habituados.
Portugal era a nação predominante no que diz respeito à origem dos produtores; estavam no entanto presentes produtores Franceses e um Espanhol. Comecei a prova pelos Champanhes, passando pelos Brancos, Tintos e Portos. Reservei um descanso de meia hora antes da Sala Premium, que desta vez se chamava "The Port Experience" e era composta exclusivamente por Portos da Niepoort.
Com a excepção de alguma falta de água, tudo o resto correu como seria de esperar, não só em termos do evento, mas também - julgo eu - em termos das compras realizadas; uma hora depois de começar o evento vi alguém comprar uma garrafa de Burmester 40 anos e passeá-la enquanto continuava as provas. A Sala Premium foi - como sempre - uma experiência única; o Carlos Raposo (acho que faz qualquer coisa na Quinta de Nápoles) dirigiu com mestria o público conhecedor, bem como os visitantes quase completamente desconhecedores do Vinho do Porto. Conseguiu, num guardanapo de papel, dar uma mini-aula sobre os estilos de Porto enquanto acompanhava a prova de algumas das maravilhas da Niepoort (vou só referir algumas; a lista completa está numa das fotos): Tawny 30 anos, Vintage 2011, LBV 1981, Garrafeira 1977, Colheita 1957 e Garrafeira 1952. Sim, caros amigos, conhecidos e anónimos em geral: se o vosso nome não acabar em Niepoort, se não passarem muito tempo por ano na Quinta de Nápoles e se não forem mesmo mesmo mesmo (eu já disse mesmo muito?) muito afortunados, não terão a oportunidade de ter, numa mesma mesa, toda esta gama para prova. A menos que o André tenha uma surpresa reservada para Dezembro....
Gostaria ainda de aproveitar para agradecer à equipa do Adegga, com quem tive o prazer de jantar umas horas antes do início do evento: são profissionais, são dedicados, simpáticos, sabem o que querem... e ainda por cima ofereceram-me o bilhete para a "The Port Experience" por ter sido o primeiro a inscrever-me no evento de Bruxelas. Há lá melhor gestão de cliente do que esta?
Para terminar: por um valor irrisório (obviamente tendo em consideração o benefício), os visitantes tiveram a oportunidade de provar Champanhe, vinhos de várias regiões de Portugal e Espanha e Vinhos do Porto muito interessantes (e estou a referir-me ainda à mesa da Kopke/Cálem/Barros, com Vintage de 85, Colheitas de 74 e 57 e um belíssimo 40 anos da Burmester). Alguns afortunados puderam ainda chegar à excelência da sala Niepoort, como se tudo o resto não bastasse. Os vários visitantes com que conversei (incluindo uma senhora de idade, Belga, que fala um melhor Português do que muitos nativos) ficaram impressionados com a qualidade e diversidade dos vinhos, e com a organização (registo ainda uma inovação: um pequeno chip, em cada copo, que registou quais os produtores que cada visitante preferiu).
Já agora: está aí mesmo a chegar o Adegga WineMarket 2013, em Lisboa. Just sayin'...
O Adegga Wine Market é um evento que já vai na terceira edição, e eu só não tive a oportunidade de estar na primeira. Organizado pela equipa do Adegga, é um evento onde se pode provar vinhos, conversar de forma descontraída com os produtores e enólogos, e acabar a comprar alguns desses vinhos a preços interessantes.
Como se pode ler no artigo do Nuno sobre o AWM2011, este ano apareceu uma novidade interessante: uma Sala Premium, onde tive a oportunidade de provar alguns vinhos topo de gama e alguns Vinhos do Porto antigos. A lógica do evento prevaleceu nesta sala, com a liberdade de se provar qualquer vinho na ordem que se entendesse; no entanto o Manuel Moreira (o escanção que coordenou a Sala Premium) fez um excelente trabalho de apoio e orientação dos presentes. Estive com o Nuno, a Ema e o Elias Macovela logo na primeira sessão da Sala Premium, que começou ligeiramente atrasada e que infelizmente - pelo menos naquela altura - foi caracterizada pela temperatura ligeiramente elevada dos vinhos (notou-se especialmente em alguns Vinhos do Porto).
Aceitei a sugestão do Manuel Moreira para começar pelos Tintos (todos eles de elevadíssima qualidade), e realço a vertical de Robustus da Niepoort (já tinha provado o 2004 e 2005) em particular o 1990! Passando para os Vinhos do Porto, seria injusto dizer que destaco um em particular, excepto se for o Ferreira Vintage 1863 (148 anos!!!!!), mas não posso deixar de os referir: Colheitas de 1976 (o meu ano) da Niepoort e Poças; o Villar d'Allen 20 anos (uma absoluta raridade); os Graham's 1969 e 1970; o Agrellos 40 anos e, claro, o Ferreira Vintage 1863.
Depois desta amostra ímpar, voltei à zona comum e passeei-me pelos vários produtores até que começasse uma "Wine Walk" organizado entre o Paulo Coutinho (Enólogo na Quinta do Portal), o Hugo Mendes (Quinta da Murta) e vários Bloggers que garantidamente não vou referir na totalidade porque não anotei, e a memória já não é o que era (Francisco Soares, Pedro Brás, o "Pingus Vinicus", Miguel Ângelo Pereira e Ricardo Bernardo), guiados pelo Carlos Janeiro, com o tema "Novidades", sempre de diferentes regiões. Começamos pelo Ninfa, um espumante Pinot Noir do Tejo (2008+2009); o Verdelho Alentejano do Esporão; Encruzado 2009 da Quinta dos Carvalhais - Dão (obrigado Eng. Manuel Vieira); Herdade do Portocarro 2008 do Sado; Quinta de Foz de Arouce Vinhas Velhas de Santa Maria 2007 das Beiras (um grande vinho), e Quinta do Pôpa.
Em resumo: durante a tarde, provei Vinhos de topo, Vinhos do Porto muito raros, conheci e conversei com produtores e enólogos, e consegui participar numa actividade que não foi criada pela organização (o que é por si só revelador da liberdade que nos é dada durante todo o evento). Definitivamente, estou muito satisfeito com a organização e toda a experiência. Sou um cliente satisfeito, que pretende voltar no próximo ano.
Já houve quem escrevesse tarde sobre o Adegga Wine Market, mas ainda conseguem haver uns gajos piores. É que um certo mamífero tinha ficado de escrever umas linhas sobre o assunto, mas tem a mania que é muito ocupado. Tudo porque passa a vida a fazer a A1 para cima e para baixo, só para ter desculpa para parar no caminho a comer sandes de leitão.
A visão dele seria mais a de um cliente normal. Foi à Sala Premium, acompanhou o Wine Walk 2.0 do Carlos Janeiro e passeou um pouco pelos stands em hora de ponta.
Mas, para não deixar isto passar para 2013, resta-me dar a minha visão “do outro lado” do evento, que este ano foi ainda mais reduzida do que nos outros anos. Devido à ausência forçada do Ricardo Bernardo, que tão brilhantemente costuma dinamizar a página do Facebook do Adegga com fotos nestes dias, coube-me a mim essa tarefa, com a Ema e o Jorge Nunes como fotógrafos de serviço. Como estavam os dois com o dedo pesado, apareceram-me lá com largas centenas de fotos, o que me deixou a tarde quase toda de olhos em bico para escolhê-las e muito pouco tempo para vaguear pelo evento.
No entanto, sempre que podia, ia fazendo umas pausas para ver como paravam as modas. Sobre os vinhos não posso falar muito, porque só provei 2 ou 3, o que mesmo assim chegou para me obrigar a ir no fim gastar dinheiro à loja.
As fotos (e o vídeo oficial) fazem mais do que o meu bla bla pela descrição do ambiente, mas tenho sempre a sensação que o Adegga Wine Market é o evento mais cosmopolita e urbano do nosso rectângulo. Este local, com aquelas vidraças a dar para o Marquês de Pombal ajudam a completar esta visão da coisa. Mas tudo o resto completa o quadro, como o tipo de pessoas que claramente não é habitual frequentadora de eventos vínicos e se encontram ali, os momentos de maior enchente que não geram “atropelamentos”, os produtores do lado de cá das mesas e que não fazem trombas nem ignoram alguns em detrimento de outros, a música de fundo, etc... Tem havido uma grande evolução das coisas desde a primeira edição.
Roubo descaradamente esta frase do blog do Jorge Nunes, que descreve na perfeição o que penso: “Deixou de ser uma promessa para passar a ser uma referência e este será definitivamente o evento onde todos irão querer estar e aquele onde todos os focos irão recair no próximo ano”. Está tudo dito!
Mesmo em altura de crise, as vendas aumentaram bastante e a Sala Premium esgotou. É obra!
O sucesso não é surpresa para nós. Desde o primeiro momento acreditámos no projecto e, principalmente, nas pessoas e foi com muito gosto que ajudámos desde o início e continuaremos a ajudar no que nos for possível.
Para o ano há mais, não só cá a 29 de Junho e 7 de Dezembro, como também lá fora: Bélgica e Suiça. Cheira-me que os locais foram escolhidos a pensar nos chocolates para acompanhar o Vinho do Porto, mas a organização não confirma nem desmente.
Apenas uma nota final para informar que o Summer Wine Market coincide com o meu dia de aniversário. Vou deixar a minha wishlist na loja, para vos poupar ao aborrecimento de escolher.
Como o Adegga Wine Market é um evento que vi nascer de muito perto, torna-se sempre complicado escrever alguma coisa sobre ele. É tipo quando se bebe um vinho em que se esteve a ajudar na vindima. Sente-se sempre que há ali também um pedacinho nosso.
Não vou por isso alongar-me muito, apesar de não poder deixar de lhe dedicar umas linhas e partilhar umas fotos, que desta vez são poucas e foram tiradas sem critério absolutamente nenhum.
Para não acharem que só vou falar bem, vou começar precisamente pelos pontos menos bons (para mim):
Quanto aos pontos mais positivos:
Desculpem isto ter ficado com um ar um bocado abichanado, por pontos e tal, mas tenho andado a fazer muita documentação no trabalho e fiquei assim.
E pronto, agora é esperar por dia 4 de Abril, em que o Wine Market bai subir à Inbicta! Binho e Francesinha, o que se pode pedir mais, carago?
Um dos destaques no Essência do Vinho são as provas especiais, tipicamente comentadas e onde o visitante tem a oportunidade de passar por uma experiência invulgar ou até única. Neste ano, uma das provas foi precisamente uma harmonização do Chef João Rodrigues (do Feitoria) com os vinhos de um produtor apenas agora lançado com rótulo próprio, Vasques de Carvalho.
O stock de vinhos que estão na posse da família (desde 1880), com tradição neste negócio embora historicamente sem recurso a esta marca, é parte significativa da qualidade destes vinhos.
A harmonização decorreu no arejado e espaçoso salão árabe, onde o Chef João Rodrigues fez desfilar, devidamente alinhados com o portfolio da recém-lançada marca, várias iguarias.
Confesso que fiquei absolutamente surpreendido com o primeiro: cerejas e foie-gras com o Porto Tawny de 40 anos a abrir as hostilidades. Não foi o casamento que me surpreendeu, mas o facto de se começar pela jóia da coroa: um Porto de 40 anos com enorme complexidade, um nariz expressivo e boca marcante e muito persistente (tabaco, cacau, mel e um toque de vinagrinho).
Seguir-se-iam os branco e tinto da casa (Oxum Branco e Tinto), ambos frutados e com acidez adequada, fáceis de beber e disponíveis (pelo menos este ano) apenas em versão magnum. O X-Bardos tinto, essencialmente com vinhas velhas de Touriga Nacional, TInta Roriz e Touriga Franca (breve passagem em madeira) seria casado com pá de cabrito de leite e cevadinha de chouriço ibérico, relevando os característicos aromas de frutos vermelhos e especiarias.
A prova acabaria com o Tawny 10 anos casado com toucinho do céu (complexidade alinhada com este patamar de qualidade, acidez qb e nariz bastante expressivo) e de seguida o retorno ao Tawny 40 anos com cimbalino de chocolate e toffee. Garanto que o 40 anos ainda se sentia no copo no final da noite!
Entretanto acabou de ser lançado um pack de 100 anos que inclui os quatro tawny (10, 20, 30 e 40 anos).
Foi há cerca de 7 anos que eu e a Ema, em conjunto com o Ricardo, decidimos que estavam reunidas as condições para fazer este tasco ver a luz do dia. Apesar das nossas diferenças, tanto no gosto como na forma de ver o vinho (e de andarmos quase à chapada por causa das fotos :P), penso que o balanço foi positivo. No entanto, compreendo que após este post o Ricardo possa querer abandonar o barco. Se já cá vem pouco, ver esta foto gloriosa em destaque na primeira página poderá ser demais para ele. Ou então vai ter que fazer 5 posts de rajada, para tirar isto da primeira página, o que até é positivo.
Mas passando ao que me levou à Catedral da Cerveja, no Estádio da Luz, naquela tarde de Novembro. O enólogo Paulo Laureano e o Sport Lisboa e Benfica, lançaram o vinho Premium Escolha Tinto 2010 para homenagiar alguns dos notáveis jogadores da história do clube. A ideia é recuperar a ideia das colecções de cromos. Neste caso, os cromos são as caricaturas de 35 ex-glórias do clube, desenhadas a lápis pelo cartoonista Ricardo Galvão, que vêm numa folha A3 (que acompanha cada garrafa) e também no rótulo. Como qualquer colecção de cromos que se preze, apenas após abrir (neste caso um tubo) é que sabemos qual é o cromo que nos calhou.
Esta iniciativa vai durar 3 anos, com lançamentos semestrais. Nesta primeira fase foram lançados os 6 primeiros: Cosme Damião, Mário Coluna, Mário João, Humberto Coelho, Shéu e Eusébio.
Nunca tinha estado num evento de vinho com tantas máquinas fotográficas, câmaras de filmar e holofotes. As caras conhecidas eram mais que muitas, alguns que só conheci das colecções de cromos e outros que vi jogar várias vezes. Tive muita pena de não ter estado lá a maioria dos primeiros notáveis homenagiados, em especial o "Rei" Eusébio, que agora nunca irei ter possibilidade de conhecer pessoalmente. Ainda assim não resisti em tirar uma foto com uma das grandes glórias do clube, meu conterrâneo, que de certeza que fará parte destes 35: José Augusto.
E com isto tudo falta falar do vinho. É um lote de Aragonez, Trincadeira e Alicante Bouschet, que fermentou em lagar e estagiou 1 ano em barrica de carvalho francês e quase outros 2 em garrafa. Tem o preço recomendado de €13.99 e parte do valor reverte para a Fundação Benfica, que usará para as suas acções sociais. Para qualquer benfiquista que se preze, era difícil conseguir ter atenção ao vinho nesta situação, mas recordo um vinho elegante, muito polido, com a madeira muito bem integrada. Mas tenho cá um Shéu para provar com mais atenção.
Por falar nisso, alguém tem um Eusébio para a troca?
Já passaram quase 2 meses, mas alguns contratempos impediram que falássemos antes na apresentação do portfólio de vinhos da Garcias Gourmet, que ocorreu no dia 28 de Maio no Pestana Palace em Lisboa.
Para quem não conhece, a Garcias é uma grande empresa de distribuição de bebidas alcoólicas, que se mudou há pouco tempo de armas e bagagens para umas enormes instalações em Alcochete.
Despertou-nos o interesse há uns tempos saber que, debaixo do “chapéu” Garcias, tinha aparecido a Garcias Gourmet, cujo objectivo era comercializar marcas novas ou pouco trabalhadas, a maior parte de produtores ou enólogos conhecidos.
Como moramos perto, num dia sem nada para fazer decidimos ir lá espreitar a pensar que tinha loja aberta ao público. Apanhámos um lugar mesmo à porta e logo apareceu um segurança a correr aflito porque estávamos a estacionar no lugar do patrão. E afinal não tinha loja, por isso a visita foi em vão.
Por enorme coincidência, 2 ou 3 dias depois recebemos um mail a convidar para esta apresentação deles. Ainda jogámos no Euromilhões nessa semana mas não tivemos tanta pontaria.
Acabámos por não perceber se a prova era aberta ao público ou por convite (não havia nenhum controlo à porta), mas o ambiente estava bastante calmo e sem encontrões.
Entre caras já conhecidas, outras que só conhecíamos da Internet e completos desconhecidos, o portfólio era bastante interessante. Obviamente que nos agradaram mais de uns do que outros, mas quem gosta de andar sempre à procura de coisas novas, e fora dos suspeitos do costume, tinha ali muita coisa com que se entreter, nacional e internacional.
Foi lá, por exemplo, que descobrimos o Explicit Branco 2011 que fez as delícias do Ricardo.
Para quem acompanha o trabalho dos chefs de cozinha, não será novidade que Leonel Pereira deixou as funções de Chef Executivo do Sheraton Lisboa - onde o seu trabalho no restaurante Panorama foi largamente aplaudido - para voltar ao seu Algarve natal para tomar as rédeas do São Gabriel, na Quinta do Lago (Almancil).
Pode não parecer, mas ainda estamos vivos. É verdade, já escrevíamos pouco, mas agora temos andado ocupados a organizar um evento de vinho.
"É pá, mais um evento de vinho?" - perguntam vocês.
Sim, é verdade. Nós sabemos que já há muitos. No entanto, olhando para os eventos em Lisboa, o número de produtores da Bairrada é residual em quase todos. E quando digo residual já estou a ser generoso.
Sendo a Bairrada uma das nossas regiões preferidas a nível de vinhos, já há algum tempo que achamos que era preciso fazer alguma coisa para que o - chamemos-lhe assim - consumidor comum lhes preste alguma atenção.
A solução passava por dar com um pau aos actuais organizadores de eventos, para os obrigar a convidar mais produtores da Bairrada. Ou então arregaçar as mangas e tratarmos disso. Apesar da primeira solução ter um efeito mais recreativo, acabámos por optar pela segunda. Até porque fomos desafiados pela Garrafeira Wines 9297 para organizarmos em conjunto um evento sobre a Bairrada. Assim deixou de haver desculpa.
E foi assim que surgiu este (primeiro) Bairrada@LX. A ideia foi fazer alguma coisa com um número relativamente pequeno de produtores, para que seja possível provar com alguma calma boa parte dos vinhos apresentados pelos produtores.
A escolha dos produtores foi difícil, pois há muitos outros que gostaríamos que cá estivessem, mas após alguma discussão (e umas garrafas de vinho da Bairrada bebidas), conseguimos chegar a um entendimento.
Como estes vinhos são, no geral, muitos gastronómicos, achámos que fazia sentido ter também alguma coisa para dar ao dente. Ainda por cima, o que não falta na Bairrada é comidinha da boa. Decidimos por isso convidar o nosso restaurante de eleição da região para estar presente a vender leitão, e outras lambarices bairradinas.
Esperamos contar com a vossa presença e esperamos que gostem tanto como nós estamos a gostar de organizar isto.
Podem ver todas as informações em: http://bairradalx.info, ou seguir-nos no Facebook, Twitter e Google+.
Não se esqueçam se de juntar ao evento no Facebook. Olhem que ainda temos o pau!
Mais uma vez, a José Maria da Fonseca organizou um evento para a blogosfera, demonstrando que independentemente de ser uma casa com uma longa História (ou se calhar, precisamente por isso) está atenta às novas formas de promoção, especialmente as que se baseiam no mundo digital.
Como de costume, muitas caras conhecidas à chegada, com a recepção sempre simpática da Sofia Soares Franco (a responsável pela área de Enoturismo) que nos deixou até ao último instante na expectativa da surpresa (a primeira de várias!) no início do dia. Não tardou muito, e estávamos todos a participar na vindima de uma pequena parte da colecção Ampelográfica - enfim, uns trabalhavam mais do que outros, como se pode ver em algumas fotografias (sim, Janeiro, estou a falar de ti) - que de facto foi diferente do habitual: à distância de poucos metros estávamos a vindimar diferentes castas, com as óbvias diferenças em termos de cacho, produtividade, cor, maturação, etc. Cada uma estava devidamente identificada, e fomos passando por algumas que deixo aqui registadas: Camarate Tinto, Pedral, Preto Castiço, Rabo de Ovelha Tinto, Gros Lot e Bastardo Magarastky.
Depois de acabada a vindima, ouvi dizer que as nossas acompanhantes fizeram uma segunda passagem, mas de certeza que não tiveram trabalho nenhum excepto onde andou o Janeiro, que tirava mais fotos do que uvas em cada cacho. De seguida, e com o acompanhamento do Eng. Domingos Soares Franco, tivemos a oportunidade de ver, na prática, a diferença entre clones da mesma casta (no caso, clones de Touriga Nacional).
De seguida, passamos directamente para a Adega onde fizemos uma prova muito interessante, de várias Castas em estágio em diferentes tipos de Madeira (Trincadeira, Touriga Nacional, Castelão e Tinto Cão) - um verdadeiro privilégio, uma vez que dali sairão as bases para o segmento super-premium - seguido de outro: uma vertical de Periquita - 1971, 1985, 1990 e 2010 - que demonstrou, se duvidas houvesse, a capacidade de envelhecimento e a qualidade deste verdadeiro ícone Português.
Passamos para o almoço, que por experiência sei ser nada menos do que excelente (ver José Maria da Fonseca Visita, Prova e Almoço Bloggers e Prova Moscatéis José Maria da Fonseca) com o Pasmados Branco 2008 - a discussão do costume relativa à cor - e o Hexagon 2005, num pamatar muito bom, mas na minha opinião ainda uns pozinhos abaixo do 2003, devidamente acompanhados pela receita já famosa do Bacalhau (tivemos oportunidade de conhecer a especialista nesta receita!).
Com a sobremesa viriam duas enormes surpresas, que me começam a deixar verdadeiramente espantado: a fasquia era elevadíssima, dada a surpresa da última visita (o Moscatel de Setúbal Superior 1955), mas de facto continuamos a ser surpreendidos: com a sobremesa chegariam do arsenal o Apoteca 1934 e Apoteca 1911! Neste patamar de excelência faltam adjectivos, e qualquer avaliação seria sempre injusta; no entanto as minhas conclusões verificam-se em todas as visitas: esta grande Casa tem como característica recorrente a qualidade (patente na vertical de Periquita e nos enormes Apoteca), mantendo no entanto a vontade de se desafiar continuamente com novas experiências e a aprendizagem recorrente. É igualmente de sublinhar, novamente, a enorme generosidade. Sinto-me agradecido por mais uma verdadeira experiência inesquecível.
Não posso deixar de referir a visita à Adega, onde pudemos ver o resultado da nossa vindima (devidamente qualificado por alguém que sabia o que fizemos): "melhor do mundo e arredores".
Quando for grande quero comprar uma quinta para fazer vinho. Já sou grande? Ok, então quando me sair o Euromilhões. É pouco provável isso acontecer? Está bem, mas não desisto. Assim como não desistiram Tony Smith e Marcelo Lima, ex-jornalista britânico e empresário brasileiro, respectivamente. Tinham este sonho e meteram-no em marcha quando ambos viviam no Brasil. Com a vantagem de não precisarem da parte do Euromilhões.
E é aí que aparece a Quinta de Covela, um dos produtores de vinho mais interessantes (para mim) que por cá andava. Um produtor que não seguia modas e trilhava o seu próprio caminho. Ainda por cima sendo de uma região onde (dizem) o consumidor pede vinhos acabados de engarrafar, o Vinho Verde, mas já com algumas características da região vizinha, o Douro.
Foi com muita pena que vi a Quinta de Covela desaparecer do mapa, tendo estado 2 anos em completo abandono até o duo referido acima a ter conseguido comprar em leilão. Foram repescar Rui Cunha, enólogo “desde sempre” da quinta, e Gonçalo Sousa Lopes para a viticultura para dar continuidade ao projecto sem grandes sobressaltos.
Depois de um grande trabalho de recuperação na vinha já produziram algum vinho, ainda que timidamente, em 2012. Em 2013 as coisas já estarão mais compostas o que até lhes permitiu aparecer no Café Lisboa, de José Avillez, com mais referências.
Foi num ambiente descontraído que o bem-disposto Tony Smith começou a apresentar os lançamentos da Covela para este Verão. Verão esse que ainda está a demorar mais a aparecer do que eu demorei a terminar este post. Ainda ouvimos Rui Cunha e Gonçalo Sousa Lopes a falar das suas respectivas áreas enquanto o nosso amigo Vitor Mendes (Export Manager), qual sommelier, nos dava a provar as novidades.
E foram 4 essas novidades. Primeiro 2 monocastas de 2013, denominados Edição Nacional. Avesso e Arinto (este é uma estreia). Ambos muito frescos, o primeiro menos falador e mais mineral e o segundo mais pronto e exuberante. Custa-me dizer qual gostei mais. À mesa, com as fantásticas Vieiras Marinadas com Abacate do chef Avillez foi o Arinto que me encheu as medidas. Mas o Avesso claramente vai melhorar na garrafa. Diz quem o voltou a provar já este mês que “agora é que está bom”. Aparentemente poderá ser encontrado “num Pingo Doce perto de si”, mas já fui a 2 e não tive sorte…
Mudando a cor para mais uma estreia, o rosé 2013, com origem numa parcela de Touriga Nacional. Um rosé sério. Assumidamente um rosé à imagem dos rosés de Provence. Vai bem para a esplanada mas à mesa ainda se dá melhor.
No fim o meu preferido, o Escolha Branco 2013. Este então estava novíssimo. A mostrar-se com elevada complexidade, apesar da juventude. Eu que gosto de vinhos brancos com mais uns anos claramente vou querer prová-lo daqui a uns anos. Na minha opinião deu tareia à vieira e deu-se lindamente com o Bife à Café Lisboa.
Tivemos ainda um preview do Covela Escolha Tinto 2012, que não fazia parte da apresentação desse dia e, por isso, fica para outras núpcias. Isso e o “intruso” Moscatel Secret Spot 40 anos… ai.
Uma palavra para o Café Lisboa, do qual fiquei com uma impressão bastante positiva, apesar do prato das vieiras aparentemente não ser de lá mas sim da carta do Cantinho do Avillez. De quaquer forma, o bife à café (sem café) e a torta de laranja mereceram ser revisitados.
Quanto à Covela, é muito bem-vinda de volta.
No passado mês de Outubro, tivemos o prazer de ser convidados para um evento fantástico que decorreu na Embaixada de Itália em Lisboa. Tratou-se de uma degustação de vinhos italianos de prestígio apresentados por La Fattoria.
La Fattoria é uma empresa que representa e comercializa vinhos de qualidade superior de produtores italianos das diversas regiões vitivinícolas. Já por várias vezes nos cruzámos com esta empresa em eventos e provas de vinhos e, sem dúvida, todos os vinhos que provámos são de excelente qualidade.
Desta vez surpreenderam totalmente com um evento requintado, super bem organizado e no melhor local possível. Que melhor seria do que dar a conhecer produtores italianos em território de Itália em Portugal?
Na recepção só entravam pessoas com convite, às quais era fornecido copo, lista de produtores presentes, bloco de notas e esferográfica. A partir daí era percorrer as maravilhosas salas da embaixada repletas de arte, degustar os diversos vinhos à prova, na sua maioria apresentados pelo próprio produtor e, ainda, outros produtos italianos de grande qualidade. Fizemo-lo os três juntos, ao nosso ritmo de forma a aproveitar ao máximo esta oportunidade.
Todos os vinhos eram muito diferentes, evidenciando uma identidade própria pelo uso de castas típicas de cada região e, a maioria, com uma grande capacidade de envelhecimento em garrafa. Durante toda a prova foi possível degustar algumas iguarias italianas que casavam lindamente com os vinhos.
O que mais nos surpreendeu foi verificar que alguns vinhos que estão agora a ser lançados no mercado já têm alguns anos. Exemplo disso foi um Barolo fantástico de 2001 que tivemos oportunidade de provar e que parecia um vinho novo com capacidade para vir a melhorar com mais tempo em garrafa. Ficámos felizes por saber que como isto ainda é uma prática comum em Itália, mas tristes porque cá praticamente não se vê. Aliás, se um produtor fizesse isso, certamente só venderia a nichos de mercado, pois o comum dos consumidores provavelmente diria que já estava velho.
Ficámos agradados de saber que todos os vinhos por eles representados podem ser encontrados numa loja própria, recém aberta em Lisboa (junto ao Mercado da Ribeira), de seu nome VINOdiVINO. Não confundir com a garrafeira com nome praticamente igual que existe há alguns anos na Lapa.
Não podemos deixar de agradecer a oportunidade que nos deram de conhecer vinhos excepcionais. Foi um evento memorável!
A Heritage Wines é uma distribuidora que se posiciona nos segmentos premium e super premium. Com o mote à "Descoberta dos Grandes Vinhos", apresentaram no Centro Cultural de Belém as novas colheitas bem como algumas relíquias.
Com as expectativas altas, eu e o Ricardo até chegámos antes da hora. Por isso e por causa de uma tentativa frustrada de ir almoçar ao Matateu, que pelos vistos fecha às segundas. Vimo-nos assim obrigados a comer uns Pastéis de Belém para fazer tempo.
Já lá dentro, nada melhor que começar pelos espumantes. Neste caso as Caves Transmontanas com os seus espumantes Vértice. Apesar de não ser uma zona com muita tradição de espumante, como a Bairrada ou a Távora-Varosa, a equipa formada por Celso Pereira e Pedro Guedes tem dado ao longo dos anos mostras que ali se podem fazer alguns dos melhores espumantes portugueses.
Continuando pelas bolhinhas, seguimos para uma das grandes mesas da tarde. Da região de Champagne vieram os Ayala e os Bollinger. Há Champagne e Champagne. O que não falta nas prateleiras é Champagne que de grande só tem o preço. Como já disse quando falei do Encontro com o Vinho e Sabores - Bairrada 2013, temos cá muitos espumantes que os metem num chinelo e custam menos de 1/3. E depois há coisas destas... daquelas que nos deixam irritados com os franceses. Talvez seja herança dos tempos das invasões francesas, mas parece que há sempre algo intrínseco que nos faz não gostar de franceses. Ainda agora no futebol, quase toda a gente com quem falava desejava que eles não fossem ao Mundial. É sempre um grande sapo que temos que engolir quando provamos coisas destas e temos que reconhecer que neste caso são os maiores. Então os 2002...
Roda infelizmente não provámos. Falha grave, tive pena. Mas saltámos para provar primeiro brancos e depois quando voltámos atrás para os tintos já o "trânsito" estava a ficar complicado e acabámos por deixar escapar.
A Quinta do Crasto também tinha uma das mesas mais interessantes da sala. Não só apresentou as colheitas mais recentes, como também algumas mais antigas. Só para dar alguns exemplos, estavam lá várias colheitas de Reserva Vinhas Velhas, Touriga Nacional 2004, uma double magnum de Vinha Maria Teresa 2006 (um ano menos bom mas ainda assim a mostrar-se muito bem) e um Tinta Roriz 1999. Todos a mostrarem uma belíssima evolução.
A seguir estava mais uma mesa francesa, com a Maison Louis Jadot (Borgonha) e E. Guigal (Côtes du Rhône). Eu pessoalmente sou mais de Borgonhas do que de Rhônes, especialmente nos brancos, mas fiquei muito impressionado com os brancos do Rhône. Talvez por causa do Viognier, uma casta pela qual não morro de amores, mas aqui num estilo muito mais duro na boca do que o nariz faria adivinhar. Ou então foi porque os da Borgonha, apesar de serem bons, ainda eram uns bebés e certamente daqui a uns anos é que vão estar no ponto para ser bebidos. Não, não vou a dizer mais nada sobre franceses.
Passámos à mesa do Mouchão, um clássico do Alentejo. Os novos são bons, mas devia estar previsto no código penal uma punição para quem bebe Mouchão com 4 ou 5 anos. O Colheitas Antigas 2003 é o que está mais bebível, pode-se começar a beber já, mas continuar na garrafa mais uns anos só lhe vai é fazer bem.
Para adoçar a boca antes dos Portos, os Brix, que são chocolates idealizados para acompanhar vinho. Já os tinha conhecido no Rei dos Leitões e aqui tinham ao lado o acompanhamento ideal.
Além dos Vintage 2011, para onde as atenções estavam viradas, foram agora relançados os 2003 das marcas da Fladgate: Croft, Fonseca e Taylor's. Apesar da complexidade dada pelo tempo aos 2003, os 2011 brilharam. Especialmente - para mim - o Taylor's.
Seriam os heróis do dia não fosse uma certa coisinha na última mesa onde estava David Guimaraens: o Taylor's Single Harvest Very Old Tawny Port 1964. Este é o primeiro colheita lançado pela empresa desde a aquisição da Wiese & Krohn, uma edição limitada a 5000 garrafas, ficando apenas 1000 delas para venda no mercado português.
É melhor apressarem-se, pois só falta 1 mês para o Natal e podem já não o conseguir encontrar para me oferecer.
O Dia do Vinho comemora-se desde 2004 no Domingo mais próximo de dia 1 de Julho, sendo cada vez maior o número de iniciativas por todo o país. Este ano, dia 28 de Junho, eu e o Nuno decidimos participar num dos eventos organizados pela ViniPortugal e Essência do Vinho.
O dia acordou nublado e chuvoso mas não nos deteve. Depois do almoço lá fomos nós até ao Terreiro de Paço em Lisboa.
O evento decorreu na sala Ogival da ViniPortugal e nas arcadas junto dela. Ao longo das arcadas existiam algumas zonas de convívio, música ao vivo, show cooking e balcão com vinhos de vários produtores para prova. Na sala, além dos três balcões habituais de vinho para prova, era possível degustar queijos e azeite.
Ao que parece, o evento não teve início à hora prevista. O show cooking do Vitor Sobral foi adiado para o fim da tarde, o que nos possibilitou assistir.
A maioria dos participantes eram turistas, encantados com a sorte que tiveram por passar por ali. Certamente que tiveram de alterar os planos uma vez que ficavam durante muitooooooooo tempo.
O facto de não estar demasiada gente ajudou à festa. Com mais pessoas seria um pouco como o fim-de-semana no evento Essência do Vinho, realizado no Palácio da Bolsa no Porto, autênticas sardinhas em lata.
O que mais agradou foi o facto dos vinhos em prova irem rodando. Nunca estavam os mesmos e o factor surpresa é sempre interessante.
Comentámos logo que um wine bar com este sistema seria bem jogado. Seria só sentar e ir provando conforme a vontade e o ritmo a que os vinhos seriam rodados. O mesmo podia ser feito com uns petiscos para acompanhar.
Parece-me que acabámos de idealizar um rodízio wine bar. Não sei se é ir um pouco longe demais para muita gente, mas uma das coisas que mais gostamos é ir despreocupadamente a um wine bar e deixar que nos surpreendam, trazendo vinhos sem os escolhermos.
Começando pelo fim, parabéns! Parabéns à organização (Pingus Vinicus, Miguel Pereira e Casa da Passarela que foi um excelente anfitrião), aos produtores presentes, ao CEV Dão e ao Dão, cujas qualidades saem evidenciadas neste enorme evento.
Este evento começou a ser pensado há uns meses pelos dois organizadores, que através do grupo no facebook foram abrindo as portas, aos poucos, à sua verdadeira dimensão, motivando produtores, bloggers, enófilos e interessados em geral a dar largas à utilização da hashtag #daowinelover com conteúdos associados.
Num belo sábado de manhã lá se dirigiram dezenas de pessoas para a belíssima Casa da Passarela, bem perto do frio da Estrela, mas ainda que houvesse nevoeiro cerrado no caminho, conseguimos ter um belíssimo dia de sol. Logo nos primeiros momentos percebeu-se que tudo estava organizado de forma muito bem pensada: o checkin, entrega das garrafas (cada convidado deveria levar pelo menos uma garrafa do Dão), a organização do espaço, a enorme disponibilidade de todo o pessoal da casa, o que contribuiu enormemente para uma experiência inolvidável.
Deixei as duas garrafas na entrada, onde pude começar a provar algumas pérolas trazidas por outros participantes, enquanto fazia horas para a prova CEV Dão, logo às 11h. O meu companheiro de mesa foi o Elias Macovela, com quem partilhei a prova, estrategicamente colocados no início da primeira mesa, acompanhando de perto a prova comentada, que foi composta por três brancos (64, 74 e 92) e quatro tintos (71, 87, Touriga Nacional 96 e Touriga Nacional 98). Os brancos são absolutamente impressionantes (quando a prova acabou, o 64 ainda estava a evoluir já com notas de café, o 74 com uma enorme frescura e o 92 mais elegante e subtil). Os tintos mostraram igualmente o enorme potencial de envelhecimento (diga-se: de evolução) da região. Com o final da prova, descemos para a área de exposição onde estavam mais de cem (100) vinhos para prova.
Este é um ponto importante: foram convidados, para a casa de um produtor, vários (muitos!) outros produtores. Este contra-senso (porque promoveria comparações e, desde logo, os receios consequentes) só reforçou o importante: testemunhamos uma enorme demonstração de força e vitalidade da região como referência, com um tronco comum em termos de castas e terroir, mas com as interpretações próprias de cada produtor. A organização e a Casa da Passarela mostraram o Dão, em todo o seu potencial!
Algures entre provas e muitas conversas na área de exposição (o coração da produção da Passarela), fomos presenteados com um almoço que deixou o Nuno com água na boca (ele acha que eu não reparei, mas ele ainda tentou fazer concorrência com uma foto de vieiras com favas e ervilhas no facebook, mas levou 10 a zero do cabrito e da sobremesa - queijo com compota de abóbora nunca falha). Ouvi um tal de André a referir que um Porto ficaria a matar, mas que não teve coragem de o levar porque correria o risco de ser espancado.
Acabando como comecei: Parabéns à organização (Pingus Vinicus, Miguel Pereira e Casa da Passarela que foi um excelente anfitrião), aos produtores presentes, ao CEV Dão e ao Dão, cujas qualidades saem evidenciadas neste enorme evento. A Casa da Passarela ficará para sempre associada ao início desta enorme iniciativa, bem como os organizadores.
Terminou ontem a edição de 2008 de um dos maiores, senão o maior, evento de vinhos de Portugal, o Encontro com o Vinho / Encontro com os Sabores.
Este ano foi complicado arranjar um pouco de tempo para ir a este evento e estivemos mesmo até à ultima da hora para saber se íamos ou não.
Pode parecer estranho nós, com um site dedicado ao vinho, não conseguirmos arranjar tempo na agenda para ir a este evento, mas a causa era nobre: o único elemento solteiro do Magna Casta deixou de o ser no segundo dia do evento!
É verdade, o Ricardo deixou de ser solteiro e bom rapaz, para passar a ser casado... a parte do bom rapaz agora não somos nós que temos que dizer.
Como o casamento foi em Guimarães, eu e a Ema lá fizemos um esforço para nos levantarmos cedo no Domingo e, quase 400Kms depois, lá estávamos nós no Centro de Congressos de Lisboa.
Como seria de esperar num evento destes, ainda por cima ao Domingo, a quantidade de gente era muito alta. Mesmo assim, tenho a sensação que foi pior em anos anteriores. Talvez o espaço dedicado aos restaurantes de Lisboa tenha ajudado um pouco a dispersar. A partir da hora de jantar então estava um sossego.
Após uma primeira volta de reconhecimento, fomos primeiro provar brancos. Lembro-me de, nos primeiros anos em que começámos a frequentar este tipo de eventos, não gostarmos da maioria dos brancos e partir rapidamente para os tintos. Desta vez isto não aconteceu. Podia ser por estarmos a gostar mais brancos do que antigamente, mas não me parece que seja apenas isso. Acho que de facto os brancos portugueses deram mesmo um salto qualitativo enorme e o painel "Brancos de Outono" da última Revista de Vinhos comprova isso.
Passámos então aos tintos e ficámos sensivelmente a 2/3 do que queriamos provar. Tinhamos prometido a alguns produtores voltar para os tintos e já não conseguimos.
Fiquei com pena, especialmente porque alguns deles mereciam mais os seus vinhos provados do que um ou outro trombudo que, ano após ano, têm tido uma atitude de soberba que considero ser de desrespeito para com o consumidor. Se estão a fazer frete metam lá umas meninas com pouca roupa, como os da Aliança, e apareçam lá só no dia dedicado aos profissionais.
Mas quero realçar que, felizmente, isso tem sido uma minoria. Mais uma vez foram muitos os produtores que nos deu especial gosto conhecer e esperamos ter oportunidade de reencontrar. Talvez nas próximas viagens enoturísticas.
A acompanhar o Encontro com o Vinho esteve o Gosto de Lisboa, um espaço independente no qual estavam representados 8 dos mais famosos restaurantes de Lisboa. Junto à entrada desse espaço estava uma caixa onde era possível trocar Euros por Gostos, que é como quem diz pequenos pratos de 2.5€ com petiscos preparados por qualquer um dos restaurantes. Muito interessante neste espaço era a combinação do vinho com a comida. Após escolhido o Gosto, podiamo-nos dirigir a um dos stands que se encontravam nessa zona para nos aconselharem o vinho para acompanhar a comida. Gostava de ter explorado mais esta parte mas o tempo não deu para tudo.
Não podia deixar de fazer um agradecimento especial à nossa amiga Irina Costa por nos ter arranjado convites para o evento.
Para o ano há mais!
Começando pela declaração de interesses:
Nesta dinâmica de eventos há-os de grande escala para o público em massa, os intimistas (em garrafeiras e outros locais) e os eventos de nicho. Apercebo-me que cada vez mais estou interessado nos eventos de nicho (quando o nicho me cativa), sendo participante habitual de alguns. Neste caso, trata-se de um nicho de nichos: uma prova (provavelmente irrepetível) de vinhos do Dão de uma única casta - o Encruzado - com a participação de vários produtores, em particular com algumas verticais que permitissem perceber o potencial de evolução da casta.
Se não estou enganado, a ideia começou numa rede social; alguns mostraram-se interessados no meio da conversa, e alguém fez acontecer (gosto desta dinâmica: encontra-se uma ideia, aparecem interessados e voilá). Algumas dezenas de curiosos viajaram, num belo sábado excessivamente molhado, para o Dão - a Quinta dos Roques foi o palco - para se deliciarem com algumas verticais de Encruzado de vários produtores, cada um com a sua interpretação. A organização - boa malha, Pingus - foi descontraída e tanto quando me apercebi de forma a não limitar a experiência de quem participou, como é apanágio deste ávido defensor do Dão que tem dificuldade em aguentar umas bolhitas da Bairrada... O anfitrião - Quinta dos Roques - que muito bem nos recebeu a todos os níveis preparou nada menos do que uma vertical com 8 referências: 1998, 2001, 2002, 2004, 2007, 2014, 2015 (versão inox e barrica nova) para abrir as hostilidades. Logo de seguida, a Quinta das Marias apresentou os 2008 e 2009 (impressionantes), 2011, 2012 e 2015. Dois perfis de dois produtores diferentes.
Casa da Passarela, Casa de Mouraz, Quinta do Serrado, Munda (enorme vertical: 2005, 2006, 2009, 2011, 2013, 2014), Perdigão, Falorca (2010, 2012, 2013, 2014, 2015 - pena não ter sido possível ter o Mário presente), Quinta da Fata, Quinta dos Carvalhais, Casa Américo. Apareceriam petiscos para aconchegar o estômago (ai aquele queijo.....), em qualidade e quantidade. A tarde foi bem passada. Ficou a ganhar o Encruzado, o Dão, o movimento #daowinelover, os produtores presentes e evidentemente - é justo sublinhá-lo - o anfitrião Quinta dos Roques.
O título inclui a referência ao ano - 2016 - de forma pouco inocente: gostaria de participar em eventos semelhantes no futuro. Sinto-me bem nos nichos. Negócio à parte - porque é disso, no limite que se trata - o ambiente é excelente. Estão todos de parabéns.
A Confraria dos Enófilos do Alentejo organiza, há 18 anos, um concurso em que mete à prova os melhores vinhos da região.
Pela 3ª vez nestes 18 anos, o Esporão conseguiu o primeiro prémio. Para o lançamento oficial do vinho, foram convidados vários bloggers portugueses que escrevem sobre vinhos, tendo nós o prazer de fazer parte da lista.
Como a viagem até à Herdade se fez muito bem, chegámos um pouco antes da hora, tendo aproveitado o tempo e o magnífico dia de sol para desfrutar do alpendre.
Fiilpe Caetano (director de marketing) e Sanda Alves (enóloga) fizeram as honras da casa, com simpatia e informalidade, a tornar desde logo este evento em algo muito descontraído. Entretanto foi chegando o resto do pessoal e, um pouco mais tarde do que o previsto, partiu-se para a acção.
Começou-se a prova por um branco, o Verdelho, que é o único monocasta branco da casa. Alguém levantou a lebre sobre qual dos Verdelhos se tratava. Seria este o "Verdelho-Verdelho", ou o "Verdelho-Gouveio". Isto das castas traz sempre discussões interessantes. Castas diferentes com nomes iguais conforme a região, a mesma casta com vários nomes... há de tudo um pouco.
De seguida, provámos o Esporão Reserva Tinto 2007, também fresquinho no mercado. Este é, salvo erro, o vinho da sua gama com maior produção em Portugal. De ano para ano, tem apresentado uma consistência que o torna num dos valores seguros do mercado. Este 2007 não é excepção, havendo até quem achasse que podia ser o melhor dos últimos anos.
Passámos então ao "causador" da nossa ida lá, que se apresentou vestido com 2 diferentes rótulos, com desenhos da autoria da artista plástica Ana Jotta. Um excelente vinho, ainda com muita margem para progressão, com uma frescura muito interessante e uns 15% de álcool bem disfarçados. Claramente para guardar e provar daqui a uns anos para ver se evolui tão bem como o seu irmão mais velho, de 2000, que tivemos a oportunidade de provar a seguir. O entusiasmo com a colheita de 2000 foi tanto que, por momentos, chegou a parecer que era aquele o vinho que estava a ser apresentado. Se ainda houvesse alguma garrafa de 2000 à venda na loja, acho que teria chegado a haver confronto físico pela sua posse. :)
Mas o dia ainda estava longe de acabar. Houve ainda almoço no restaurante "A Galeria do Esporão", visita à adega e passeio pelas vinhas (aqui já com algumas desistências).
Não podíamos terminar sem agradecer pelo convite para este dia tão bem passado, com bons vinhos e boa companhia.
Sobre o tema “O Vinho é o melhor lugar para nos encontrarmos com os amigos”, o Esporão organizou mais um evento fantástico. Foi ao fim da tarde de 8 de Maio, no Bica do Sapato em Lisboa.
Estávamos a aboborar em casa embora a tarde estivesse convidativa a sair. À última da hora decidimos aproveitar o convite, pegámos no garoto e lá fomos nós até à capital.
Com o Henrique enfiado no sling, entrámos no Bica do Sapato sem saber o que esperar do evento. O ambiente estava informal q.b., o local e o espaço fantásticos e, a temperatura e paisagem sobre o rio Tejo a convidar a longas e descontraídas conversas na esplanada do restaurante.
Desde logo encontrámos imensos amigos com quem estivemos à conversa enquanto provávamos alguns dos vinhos do Esporão e nos deliciávamos com algumas iguarias do restaurante.
Falando dos vinhos, foram servidos seis vinhos. Os tintos estavam representados por dois do Douro, Assobio 2009 e Quinta dos Murças Reserva 2008 e, três do Alentejo, PV Petit Verdot 2008, TN Touriga Nacional 2008 e S Syrah 2008. O vinho branco foi bem representado pelo alentejano 2 Castas Gouveio/Verdelho 2010.
Sabem que mais? Que venham muitos eventos destes porque a vida é para ser aproveitada ao máximo.
Num curto espaço de tempo (ao longo de três dias) tive a oportunidade de juntar três experiências interessantes, no Porto - a Essência do Gourmet integrada com a Wine & Tapas Experience e um almoço de apresentação da aposta na Nova Zelândia da Sogrape, a Framingham.
"O Barca Velha estava quente"... hmm? "Sim, o Barca Velha estava quente.". Estava a acabar de provar o Casa Ferreirinha Reserva Especial 2001, enquanto conversava com o Eng. Manuel Vieira - da Quinta dos Carvalhais - e apercebi-me que deixei passar a prova de Barca Velha 2000. Enquanto chegavam os primeiros testemunhas - a prova havia de repetir-se nos dias seguintes - oiço mais alguns testemunhos: "Sim, estava absolutamente divinal - mas a sala é pequena, e estava muita gente. Estava quente."
"Se é assim, vou refrescar já o meu vinho" - o Eng. Manuel Vieira desapareceu, e dirigi-me então para a zona das tapas. Para além dos nacionais Álvaro Costa, Fernando Santos, Luís Américo e Nuno Inverneiro, estava também presente a Chef Anna Hansen (Londres) - todos responsáveis por pequenas experiências de tapas que, conjugadas com um ou outro copo de vinho, fizeram as delícias dos presentes.
Quinta dos Carvalhais - com um muito interessante colheita tardia (eu já conhecia o resto dos vinhos presentes) - e Casa Ferreirinha foram claramente as presenças fortes, sendo ainda de referir a presença da Framingham - a "tal" aquisição da Sogrape na Nova Zelândia que já nessa altura me impressionou com os Riesling em prova. Mas sobre a Framingham... haveria mais a dizer.
No dia seguinte, perto das 11.30, Casa da Música no Porto, com muitas presenças do grupo - Enólogos, responsáveis financeiros, etc - claramente uma demonstração da força da aposta da Sogrape neste novo território - foi apresentada a produção da Framingham, da Nova Zelândia. Conheci o Tom Trolove, o responsável pela marca, com quem aprendi uma parte importante da história da Framingham, mesmo antes de a prova ter começado.
Na sala de prova, foi-nos dado um pouco do contexto da Nova Zelândia - mais propriamente Marlborough - onde é rainha a casta Sauvignon Blanc (com cerca de 73%), ainda que haja também uma presença importante de Chardonnay, Pinot Gris e Riesling, ao que se seguiu uma apresentação da Framingham (equipa, práticas, mais-valias, número e tipo de vindimas, etc), que não é uma produção de quantidade, mas de qualidade. Os comentadores (Tom Trolove, António Braga e Beatriz de Almeida) fizeram um excelente trabalho, não só pela qualidade e quantidade da informação transmitida, mas também pela interactividade da prova, respondendo a todas as questões.
O sol que se fazia sentir não ajudou o início da prova (tinha estado bem mais fresco até esse dia), mas pouco a pouco o ambiente começou a arrefecer, e a prova seguiu-se num ritmo confortável, alternando entre prova e comentários.
Uma característica comum a praticamente todos os vinhos é a presença da acidez natural - muito relacionada com as condições únicas da Nova Zelândia, e de Marlborough em particular: influência do clima marítimo (portanto, fresco); até cerca de 15m acima do nível do mar e muito influenciado pelos mineirais presentes no que era antes o leito de um rio. Uma outra influência é, naturalmente, o enólogo Andrew Hedley, Dr. - com formação em medicina e química orgânica, que não esconde a influência da Alemanha e Itália nos seus vinhos.
Começamos pelo Framingham 2009 Sauvignon Blanc - suave, doce, e com uma boa acidez, com notas tropicais e minerais, passando de seguida para o Dry Riesling 2004 onde se encontram notas de mel, alguma tosta e um pouco de notas florais. Este último impressionou-me, uma vez que não passa em madeira - aliás, a maior parte fermenta em inox - e tem notas que muitos vinhos sõ conseguem ir buscar em madeira. Na gama dos Riesling, passamos ainda pelo 2008 Classic Riesling (citrino, mineral) e pelo 2009 Select Riesling, que é dos três o que mais me agradou, e cuja vindima é a terceira passagem da vinha.
Na lista faltava ainda o Pinot Gris de 2009 (característico floral, caramelo, especiarias, com um excelente corpo) e o Gewurztraminer 2009. Alguns minutos depois ouvi um comentário do George Sandeman, durante o almoço, dizendo que este é a interpretação Gewurztraminer como ele deveria ser - e como eu o adoro: exótico, doce, sedoso, com um excelente aroma a rosas.
Por fim, não podia faltar o 2009 Noble Riesling, ideal para ligar com queijos, com um estilo que me agrada: doce, mas não em demasia, e com baixo teor alcoólico. Durante o almoço que se seguiu - no qual tive o privilégio de estar em frente a um tal de George Sandeman, entre o Miguel Pessanha e o Nuno Pires (Wine) e em amena cavaqueira com o Tom Trolove. Fomos agraciados com um almoço absolutamente delicioso, confeccionado pela Chef Anna Hansen (no The Modern Pantry), que foi também responsável pelo casamento com os vinhos da Sogrape, no último andar da Casa da Música. Não é todos os dias que, para além do Dry Riesling da Framingham, se passa pela Casa Ferreirinha Reserva Especial 2001 e pelo (novo) topo de gama, ainda sem nome, da Herdade do Peso, devidamente apresentados pelos seus enólogos.
No domingo, ainda durante a manhã, o último cartucho no Palácio da Bolsa, para os cursos de cozinha (mais para ver e provar do que aprender, no meu caso) e para mais uma prova da Framingham (o Riesling ficou registado na minha lista de compras). Como se começava a aproximar a hora do almoço - e, como se pode ver nas fotografias, o espaço começou a ficar menos confortável - deixamos os corredores do balcão superior e descemos para a zona das aulas. Curioso o facto de existirem várias aulas temáticas (Cozinhar com estilo; Solteiros na Cozinha; Jantares de amigos; Um ás na cozinha; Cozinhar depressa e bem; etc) cada uma com o seu Chef respectivo. Dado o reduzido número de lugares em cada um (até para manter uma qualidade mínima), reservei a presença na área do Chefe Gemelli e passei ainda pela área de provas da Sogrape, para uma nova passagem pelo Riesling - divinal, até pelo facto de a sala começar a ficar quente.
Nesta aula de cozinha, aprendemos a fazer uma sopa de meloa com rúcola e pá de porco fumado (em 5 minutos!); um rolinho primavera com fiambre de perú e por fim um excelente caril de arroz aromático com camarão e fiambre fumado. Fiquei ainda uns minutos a conversar com o Chefe Gemelli, mas estava chegada a hora de sair - já com a sala muito quente - e dar lugar aos muitos visitantes.
Estarei lá certamente no próximo ano - esperando chegar a tempo da prova de Barca Velha 2000, se - Sogrape oiça - houver!
Aha, julgavam que se livravam de nós?
Pois é, após um mês de ausência estamos de volta! Não desistimos assim tão facilmente.
Eu e a Ema ainda temos desculpa para esta ausência forçada, pois estivemos a mudar de casa e, como podem imaginar, tempo foi coisa que não tivemos nos últimos tempos. No entanto, há um certo indivíduo que deveria ter mantido as coisas a rolar durante a nossa ausência, mas não! Além de não ter escrito nada no último mês, ainda deixou em destaque na página principal um vinho com uma foto miserável, que não abona nada a nosso favor. Já estamos fartos de lhe dizer para tirar as fotos antes de beber a garrafa toda, mas ele não segue o nosso conselho.
Para marcar o nosso regresso, nada como um dos maiores eventos de vinho em Portugal, a Essência do Vinho 2009.
Mesmo morando na zona de Lisboa, temos sempre tentado estar presentes. Afinal de contas é sempre uma boa oportunidade para provar as novidades, para ajudar na altura de preencher os espaços livres na garrafeira. Para o Ricardo é mais fácil, porque agora mora aqui quase ao lado.
Para não variar, foram muitas as novidades que os produtores apresentaram. Muitos deles estavam munidos de amostras de barrica para dar a conhecer vinhos que ainda não estão no mercado. Além disso, foi com agradável surpresa que vimos em cima dos balcões muitos dos topos de gama que por vezes não aparecem ou, quando aparecem, ficam muitas vezes escondidos. Provámos muitas coisas boas e aproveitámos também para ficar com os contactos de alguns produtores, para fazer umas visitas nos nossos próximos passeios enoturísticos.
No que aos produtores diz respeito, foi dos eventos que mais gostei... na primeira hora e meia que lá estivemos.
A partir daí, uma avalanche de gente encheu por completo o Palácio da Bolsa, sem contar com as filas de espera na parte de fora do edifício. O andar de cima então, tornou-se completamente intransitável. Era quase como tentar provar vinhos dentro de um metro à hora de ponta. Ainda tentámos chegar perto de alguns produtores mas acabámos por desistir e nem sequer conseguimos falar com alguns que tão bem conhecemos.
Felizmente haviam alguns recantos mais sossegados que nos serviram de refúgio durante alguns momentos, como por exemplo a Sala Ogival onde também estavam "refugiados" o Ryan e a Gabriella Opaz do Catavino, que já conhecemos há algum tempo destas andanças da Internet e que, finalmente, tivemos o prazer de conhecer ao vivo.
Este evento é demasiado grande para aquele espaço e, na nossa opinião, alguma coisa tem que ser feita nas próximas edições. A mudança do local devia ser mesmo uma hipótese a considerar, embora fosse uma pena, porque deve ser quase impossível arranjar um espaço maior com o encanto do Palácio da Bolsa. Ou então deviam limitar seriamente o número de bilhetes. É que, desta forma, o que devia ser uma experiência agradável tornou-se em algo demasiado cansativo. Se no ano que vem o evento se mantiver neste formato, só nos apanham lá se conseguirmos ir num dia de semana.
Para finalizar, deixamos um link com os 10 vencedores do concurso "Top 10 Vinhos Portugueses", que se realizou durante o evento. Curiosamente, à hora que estou a escrever isto, ainda não está publicado na página oficial do evento. São os encantos da Web 2.0.
Parece que os nossos inícios de ano estão destinados a ser complicados. Já no ano passado estávamos quase parados e "acordámos" na altura da Essência do Vinho. O ano passado foi uma mudança de casa e este ano um puto que vem a caminho, com tudo o que é preciso tratar nestas alturas.
Mesmo assim, arranjámos um tempinho para dar um salto de fugida ao Porto para ir à Essência do Vinho.
Tal como já tínhamos feito em 2 eventos no ano passado, levámos connosco o pai da Ema. A grande diferença foi a quantidade de gente pois, embora houvesse um número muito maior de produtores, a confusão era tal que acabou por se provar muito menos do que nos outros eventos mais pequenos. Mesmo assim ele gostou do que provou e ficou surpreendido pela quantidade muito grande de mulheres - a maioria jovens - o que mostra que o vinho não é, nem de perto nem de longe, uma coisa de homens.
Para nós, devo confessar que não foi tão agradável. Não pelos vinhos, pois mais uma vez estava lá quase tudo o que de melhor se faz no país, mas pelos problemas de espaço que já tínhamos referido no ano passado. Este ano com a agravante de não nos ter sido possível chegar logo à hora de abertura, inutilizando imediatamente a possibilidade de provar decentemente vinhos nos corredores do andar de cima. Como não havia bengaleiro, tivemos que andar com guarda-chuvas e casacos atrás, dificultando ainda mais os movimentos.
Fugimos imediatamente para o andar de baixo, onde basicamente fomos dizer olá a alguns produtores amigos e provar algumas (poucas) coisas. O futuro enólogo não permitiu à Ema esticar-se muito mais e acabou por ter que se sentar num dos escassos bancos do evento (no ano passado havia muito mais).
Num acto quase heróico, ainda levei o meu sogro ao andar de cima para lhe dar a conhecer algumas coisas que tinham escapado, mas rapidamente voltámos a descer e acabámos por ir embora. Até porque a fome já apertava e não havia nada para comer, mas nem assim as pessoas arredavam pé e o belíssimo Palácio da Bolsa rebentava pelas costuras.
Já no ano passado o dissemos e voltamos a dizer, o Palácio da Bolsa é pequeno demais para este evento. Acho que nem que os bilhetes custassem 20€ se resolvia o problema. Só mesmo com uma casa maior.
O Ricardo safou-se melhor, pois conseguiu ir lá durante a semana. Só assim deve ser possível desfrutar do evento. Assim acabou por ser um sacrifício que nem os bons vinhos provados chegaram para compensar.
Anexo | Tamanho |
---|---|
Essência do Vinho 2010 | 83.39 KB |
Eu sei que já passou mais de 1 mês desde que se realizou a European Wine Bloggers Conference em Lisboa mas, infelizmente, só agora é que deu para escrever umas linhas sobre isso com o tempo que o tema merecia.
O ano passado já queríamos ter ido, mais que não fosse para ter uma boa desculpa para conhecer La Rioja, mas uns familiares lembraram-se de baptizar um puto nesse fim-de-semana e convidar-nos.
Este ano não queríamos voltar a perder a conferência, especialmente depois de saber que ia ser cá em Lisboa. Mesmo assim, já depois de estarmos inscritos, a coisa andou tremida. Tivemos que cancelar em cima da hora a viagem dos Douro Boys (estávamos no lote dos 30 felizes contemplados) e faltar aos jantares antes e depois da conferência, mas com algum esforço conseguimos estar presentes nos 3 dias.
E não nos arrependemos, pois foram 3 dias bem passados, com muitas provas, discussões saudáveis e uma grande miscelânea de pessoas de diferentes proveniências mas com a mesma paixão em comum: o vinho.
Começando pelo primeiro dia da conferência, chegámos atrasados como bons portugueses.
Mas não tivemos propriamente culpa, porque ainda estávamos a trabalhar nesse dia e saímos o mais cedo que foi possível.
Perdemos a sessão de abertura e entrámos no hotel do evento quase a meio da prova da Vinoble. A Vinoble é uma feira de vinhos nobres, generosos, licorosos e doces, que se realiza anualmente em Jerez de La Frontera. Ainda fomos a tempo de provar um Porto Colheita 1994 da Quevedo, um Moscatel Roxo 1999 da Bacalhôa, um Madeira Colheita 1995 da Justino Henriques, um Porto Vintage 2007 da Sandeman e, para terminar, um Pedro Ximénes Gran Orden da Garvey.
Um pequena pausa e lá veio uma das provas mais aguardadas do evento, pelo menos por mim, a prova Douro Boys. Foi uma longa prova com muito boa disposição, 18 vinhos provados, apenas ligeiramente abalada pela larica que começou a aumentar conforme íamos entrando pela hora do jantar adentro. Mas os produtores não queriam deixar de aproveitar a oportunidade de dissecar os seus projectos - e respectivos vinhos - perante uma vasta e eclética plateia.
Depois de tanto provar, chegou a altura de comer, beber e dar à língua num jantar no restaurante do hotel, também patrocinado pelos Douro Boys. Para além dos vinhos que tinham estado na prova, fomos brindados com mais umas coisas interessantes, como por exemplo uma magnum de Quinta do Vale Meão 2001 que a Ema não queria deixar sair da nossa mesa, ou o Douro Boys Cuvee 2005.
Quando achávamos que íamos para casa, o Luís Seabra da Niepoort decidiu ir à mala do carro e estragou-nos os planos. Além de algumas coisas dos Projectos Niepoort, apareceu com um Vintage 1983 e um Porto Branco Seco de 1929 que nos há-de ficar muitos anos na memória.
Como já vem sendo habitual, a José Maria da Fonseca (JMF) voltou a convidar bloggers portugueses para um evento em Vila Nogueira de Azeitão. Nos outros anos tem sido só o Ricardo a ir, mas desta vez conseguimos ir todos. Para mim e para a Ema foi uma estreia dupla, pois além de ser o nosso primeiro evento para bloggers na JMF, foi a nossa primeira vez na Quinta da Bassaqueira. Só conhecíamos as outras instalações deles, da Casa Museu.
Para nos receber estiveram Sofia (responsável pelo enoturismo e comunicação) e Domingos Soares Franco (responsável pela enologia), que nos guiou pela prova a seguir.
Como já tinha ouvido/lido, mas ainda não tinha tido a oportunidade de presenciar, estes eventos com Domingos Soares Franco são sempre umas verdadeiras aulas. Após nos falar um pouco sobre a colheita de 2013, que foi melhor para brancos do que para tintos, seguiu-se uma sessão de pedofilia vínica, com 5 amostras de cuba de brancos (Verdelho, Verdejo, Sauvignon Blanc, Viosinho e Alvarinho) desta mesma colheita.
Beber os vinhos nesta fase é mais interessante numa vertente pedagógica do que propriamente para tirar grandes conclusões sobre a qualidade dos vinhos. Ainda assim gostei dos dois primeiros - e não, Verdelho e Verdejo não são a mesma casta e isso quase dava uma tese - mas preferi o segundo. Mas o que achei mais interessante foi o Viosinho. Domingos Soares Franco acha que é a melhor casta para substituir o Chardonnay. Os outros 2 não me entusiasmaram, apesar de terem uma bela acidez.
Para terminar a aula, provámos ainda o 152 Castas 2012, cuja vindima teve uma perninha dos bloggers. É um vinho que dá um nó no cérebro quando se tenta identificar características, especialmente no nariz.
Antes de passar ao tacho ainda houve tempo de provar uma novidade deste ano, o DSF Espumante Rosé Moscatel Roxo 2012, que dividiu muito as opiniões. E pelos vistos foi uma carga de trabalhos conseguir transformar o vinho base em espumante.
Já na mesa, para acompanhar um creme de cenoura, Pasmados Branco 2009. Este vinho, que herdou o nome da fonte que está à porta da Casa Museu da JMF, é um branco lançado no mercado com cerca de 5 anos. É um estilo que aprecio e cada vez há menos produtores a fazer. Não consegui combinar com a sopa (mas pode ser defeito pessoal, porque não consigo combinar nada nada com sopa), mas com o queijinho de Azeitão que estava mesmo à minha frente a conversa foi outra.
Depois com o bacalhau passámos para a Champions League com os alentejanos José de Sousa Mayor e J de 2011 e, a jogar em casa, o Periquita Superyor 2009. O J é o mais impressionante e o que ganhou mais adeptos, mas para mim o Periquita Superyor não se fica atrás. Os 2 anos extra dão-lhe mais afinação e acho mesmo que é o que vai ganhar mais com a idade.
Mas JMF não é JMF sem o belo do Moscatel. Neste caso o Colecção Privada 1999 a acompanhar uma tortinha de Azeitão, pois claro.
Antes de finalizar, ainda houve tempo para comemorar o aniversário do Ricardo. Ele tentou passar despercebido mas foi descoberto e teve direito a bolo de aniversário, que viria a ter o melhor acompanhamento possível... uma amostra de Moscatel de Setúbal Superior do meu ano, 1975.
Pode não ter sido um bom ano de Porto mas, com esta amostra a confirmar, 1975 foi um grande ano nesta península a sul do Tejo. :)
Viemos passar o fim-de-semana a casa dos pais da Ema e aproveitámos para dar um salto à Feira da Vinha e do Vinho em Anadia.
Faz agora 3 anos desde a primeira vez que fomos a esta feira. Nesse ano, conseguimos arrastar alguns colegas de trabalho que, embora consumidores de vinho, não tinham a Bairrada como alvo. Havia um deles até, que quase se recusava a provar vinhos com Baga. Na semana seguinte pediram-nos para lhes comprar umas centenas de euros em vinho da Bairrada, incluindo uma caixa (a 15€ a garrafa) de um vinho 100% Baga para o tal que não gostava de Baga. E desde aí têm sido regulares as compras que fazemos para eles. Temos que começar a cobrar comissão.
Tudo isto para dizer que a Feira da Vinha e do Vinho está muito diferente do que era em 2006. Na altura estavam lá muito mais stands de produtores, muito mais vinhos de gama média/alta e... cuspideiras. Se fosse agora, tenho dúvidas que os nossos colegas se tivessem tornado assíduos consumidores de Bairrada com a visita à Feira.
Não quero dizer com isto que a Feira é má. O espaço é bom, tem artistas de renome a actuar (independentemente de gostar ou não), continua a ter alguns bons produtores da região, restaurantes com boa comida e um custo de entrada simbólico de 1€. Quem quiser comer boa gastronomia da região e beber vinho (especialmente espumantes), pode ter lá umas horas bem passadas.
Tendo em conta que não se paga pelo vinho e o copo é sempre bem cheio, a entrada é autenticamente oferecida.
O problema é que não é nada apelativo para os produtores. Ter custos com uma pessoa a tempo inteiro e oferecer vinho a um público que é quase todo local e já conhece os seus vinhos, é um custo que muitos não estão dispostos a ter. Um grupo de alguns dos maiores produtores da região optou por se juntar no mesmo stand, mas os vinhos que poderiam atrair os habituais frequentadores de eventos de vinho não estão presentes. E com isto entramos num ciclo vicioso em que não se atraem potenciais compradores de fora, ficando os produtores com cada vez menos interesse em marcar presença no evento.
A Bairrada precisa de um evento que promova a sua imagem fora da região, à semelhança do que acontece por exemplo com os eventos que têm ocorrido no Dão. Já ando farto de ouvir pessoas dizer que não gostam de vinhos desta região e, depois de provarem alguns sem saber, acabam por mandar tiradas como "Ah, isto não é Bairrada". No entanto, se calhar este evento não pode fazer este papel. É que se por um lado entendo o desinteresse de alguns produtores com quem temos falado, também compreendo o lado da Câmara Municipal, que não pode tornar a festa da cidade numa coisa que não possa ser acessível para todos.
Talvez a recém criada Rota da Bairrada - que engloba não só os vinhos como os restaurantes, museus, hotéis, etc - o consiga fazer. Com menos de um ano de criação e tem-se mostrado bastante activa, organizando alguns eventos interessantes e usando até as novas tecnologias para a divulgação das suas actividades. Estão ainda a trabalhar num Portal Bairrada, que espero gostar tanto como a caixinha que tinham no stand da Feira, com mapa e informação detalhada de cada um dos associados, onde nem faltam as coordenadas GPS. Tivemos pena de não estar ninguém lá quando passámos no stand para podermos trocar algumas ideias.
Numa noite quente como esta, acabámos por seguir a tendência e andámos pelos espumantes. Eu sei que não fica bem a um gajo dizer que andou a beber bebidas cor-de-rosinha, mas o que é facto é que provámos alguns espumantes rosé que souberam bastante bem.
Fizemos uma passagem pela zona dos restaurantes mas não comemos nada porque já tinhamos jantado. A julgar pelo aspecto de alguns pratos, e do ar de satisfação do pessoal que estava a comer, pareceu-me que estava bem bom. Só não resistimos à gulosice e acabámos por comprar 2 pastéis de Tentúgal para comer antes de vir embora.
Estando no meu território a passar o fim-de-semana, logo no início da Feira do Vinha e do Vinho em Anadia, não podia perder a oportunidade para dar lá um salto. Já tarde mas com o filhote instalado e a dormir em casa dos avós, lá fomos nós. Assim que entrámos no recinto da feira ficámos muito felizes e contentes por dar de caras com umas placas com indicações. De imediato seguimos a direcção da que dizia “Produtores”. Encontrámos os produtores dentro de uma enorme tenda, praticamente lotada de gente. Fizemos o reconhecimento geral e pudemos constatar que lá se encontravam os mais conhecidos e sonantes produtores da Bairrada, outros menos conhecidos, uns totalmente desconhecidos para nós e também empresas do sector vitivinícola. Pareceu-nos que a grande tenda foi uma grande melhoria em relação a outras edições da feira. Lá dentro parece que estamos apenas num evento de vinho, isolados da restante feira, durante o dia deve ser mais fácil controlar a temperatura, tanto do ambiente como dos vinhos, uma vez que o sol não é tão directo e o espaço é mais amplo. Se não foi ilusão óptica, também nos pareceu haver maior participação de produtores. Reparámos que alguns cobravam um valor simbólico por cada copo de vinho ou espumante, o que não nos parece ser má ideia para filtrar os clientes, até porque a maioria da malta que vai lá quer é espumante em copo cheio. Não nos podemos esquecer que isto não é um evento de vinho para os enochatos como nós, é uma festa da terra (onde por acaso se produz bastante vinho). Como chegámos tarde, não tivemos muito tempo para dar a atenção que pretendíamos, mas ainda conseguimos tirar umas fotos e dar um dedo de conversa aqui e ali. A organização está de parabéns pelas grandes melhorias na zona dos produtores, conseguindo assim dar maior ênfase ao nome da feira, porque afinal é a Feira da Vinha e do Vinho.
Mais uma semana, mais um evento vínico. Desta vez um pouco mais abaixo, em Nelas, e novamente uma tarde de calor.
Como nunca lá tínhamos ido não sabíamos bem onde era mas, não só demos com a feira à primeira, como arranjámos logo um lugar de estacionamento à sombra. Para começar não estava nada mal.
Ao ver que os expositores eram ao ar livre chegámos a temer o pior, mas as muitas árvores à volta eram mais do que suficientes para proteger a mona do sol. Umas esplanadas no meio do largo estavam até bem fresquinhas, tendo nós mais tarde aproveitado para fazer lá uma pausa.
Como o evento também tinha apoio da Essência do Vinho fomos à procura dos copos, mas desta vez cada produtor é que tinha os próprios copos.
Ainda não tínhamos começado a provar vinhos e encontrámos logo um colega do curso de provas da Comissão Vitininícola da Bairrada, que acabou por nos acompanhar durante boa parte do tempo.
A lista de produtores presentes era muito boa. Estava lá grande parte dos que, na nossa opinião, são dos melhores produtores do Dão. Numa altura em que se fala que os tintos do Dão andam a perder elegancia, para ficar cada vez mais alcoólicos e encorpados, o panorama da feira foi animador.
Para ajudar à festa, notou-se nos produtores um extremo cuidado com as temperaturas. Uns com recurso aos baldes de gelo, outros a frigoríficos e até os que levaram grandes caves climatizadas, que tão bem ficariam lá em casa.
O que é certo é que, mesmo com calor no interior dos expositores, não provámos nenhum vinho que estivesse quente! Pena não ser sempre assim.
Também de assinalar o espírito de entreajuda entre os produtores que, por diversas vezes, nos aconselharam vinhos de expositores vizinhos.
Em relação às actividades paralelas, fomos dar uma espreitadela a uma prova orientada pelo escanção Manuel Moreira (mas já não tinhamos lugar na mesa) e, no espaço de show cooking, cozinha infantil com a equipa do Chefe Chakall.
Pouco antes de virmos embora, ainda encontrámos o Miguel do blog Pingamor, que ainda não conhecíamos pessoalmente. Como estava alojado perto, ainda ia jantar antes de se dedicar às provas. Nós, como ainda tínhamos uma hora de caminho para fazer, acabámos por aproveitar a pausa para jantar dos produtores para ir embora.
Terminou ontem a 46ª edição das Festa das Vindimas de Palmela.
Este é um ano especial, pois a Origem Demarcada do Moscatel de Setúbal comemora o seu primeiro centenário e, por isso, foi o tema principal da festa.
Além do Moscatel de Setúbal estar de parabéns, também os vinhos da região de Palmela estão, pelos prémios obtidos a nível nacional e internacional durante este ano, comprovando e dando a conhecer a qualidade dos vinhos da região e portugueses.
Já fomos algumas vezes à Festa das Vindimas de Palmela, mas nunca conseguimos assistir aos momentos mais tradicionais da festa. Finalmente este ano conseguimos assistir ao Cortejo das Vindimas, ficando a faltar o Cortejo dos Camponeses.
Durante a festa, a vila de Palmela transforma-se radicalmente. As ruas ficam repletas de uma multidão do concelho e arredores, que vive intensamente cada minuto. No fim-de-semana nota-se claramente a chegada de muitas pessoas de todos os pontos do país para assistir ao momentos mais emblemáticos.
No recinto da festa, entre muitas outras coisas, existem alguns stands de produtores, onde é possível provar muitos dos vinhos da região.
Este ano já acabou mas para o ano há mais.
Numa terça-feira de Abril, e aproveitando um dia de sol de uma primavera que tardava em se mostrar (antecipando a comemoração do vigésimo aniversário do Dia Mundial da Terra), tive a oportunidade e o privilégio de visitar algumas das propriedades da Fladgate Partnership (que inclui a Taylor's, a Fonseca e a Croft), que é mundialmente conhecida por produzir e comercializar vinhos do Porto há cerca de três séculos, tendo sido considerada a Melhor Empresa de Vinhos Europeia em 2002.
Depois desta observação, perceberão o meu entusiasmo, ainda que o dia de visitas começasse às 8.45 da manhã...
Para além de várias outras personalidades conhecidas e com reconhecida experiência, fomos acompanhados durante toda a visita por alguns nomes sonantes do grupo, que muita história têm feito: Manuel Aranha, António Magalhães, David Guimaraens e Adrian Bridge. O programa do dia tinha o título "Região Demarcada do Douro Sustentável", tendo como objectivo fazer-nos perceber de que forma este grupo pioneiro na viticultura biológica tem evoluído, de forma a chegar a um modelo de viticultura sustentável.
Num dia solarengo, começamos a visita no percurso inverso ao que seria de esperar: a lindíssima Quinta da Roeda, o expoente máximo desta temática, onde nos foi apresentado o último passo na evolução: um modelo de vinha que é sustentável. Durante cerca de uma hora, pudemos verificar in loco, num passeio pela vinha, quais são os pormenores que, em conjunto, tornam esta uma estratégia de vanguarda.
Não posso deixar de salientar a postura aberta e de partilha do António Magalhães, que não se poupa a esforços para explicar em pormenor (e com paixão) todas as alterações (invisíveis a quem não tem este conhecimento) que completam esta estratégia. Não só é óbvia a enorme experiência, como foi também a partilha de conhecimento sobre todos os pormenores: a inclinação dos patamares utilizando orientação laser; a distribuição criteriosa das castas em função das suas características; a utilização dos benefícios das ervas autóctones (protecção da erosão, conservação da humidade) ao invés do seu combate químico indiscriminado; redução da acção da força de trabalho onerosa (seja manual ou com recurso a equipamentos mecânicos). Sem sombra de dúvida, uma hora de enorme enriquecimento. Comparando a Quinta da Roeda com algumas outras, próximas, torna-se simples: por algumas das razões demonstradas acima, as quintas biológicas e/ou sustentáveis são sempre mais verdes; até o património paisagístico sai enriquecido...
Todos estes conhecimentos são transmitidos aos mais de 70 produtores com quem mantêm relacionamento constante, bem como as indicações precisas relativamente às acções a executar em cada altura do ano, ou em resposta a eventos que as justifiquem, sendo a empresa "apenas" dona de mais de um milhão de pés de vinha. É um objectivo assumido tornar a maior parte das quintas do grupo sustentáveis, tendo sido iniciado um plano faseado (porque a reconversão tem custos...), e os produtores são encorajados a utilizar todos estes conhecimentos, numa estratégia de ganhos a todos os níveis a médio prazo.
Como estávamos ligeiramente atrasados, rapidamente nos dirigimos (de automóvel) para a Quinta de Sto António, a primeira vinha biológica do grupo, e de onde se aprendeu o muito que haveria a melhorar, aplicado posteriormente na Quinta da Roeda. Esta quinta tem cerca de 6HA, e encontrava-se em situação decadente com problemas de erosão entre patamares, sendo reconvertida para o modelo biológico em 2002. É possível ver os três modelos de vinha: 1 bardo; vinha ao alto e socalcos tradicionais reconvertidos. Fizemos propositadamente o percurso de subida de carro, fazendo-nos perceber que o esforço humano necessário "apenas" para descer uma vinha não tem nada de leve (não nos esquecendo que é também necessário subi-la). É claramente uma quinta mais pequena, mas de uma beleza impressionante, porque é extremamente verde, e parte das encostas foram enriquecidas com vários tipos de árvores e arbustos.
Para além de nos ser explicado de que forma é garantido o estatuto de viticultura biológica, mais interessante foi perceber como é que, sem recurso aos típicos mecanismos químicos de combate a problemas, se consegue o mesmo efeito (o efeito das feromonas para impedir a reprodução da traça é absolutamente brilhante, embora caro!).
Seja qual for a posição em que estejamos na Quinta de Sto António, é óbvia a comparação com outras quintas próximas: a erosão e a falta de ordenamento são de um contraste impressionante.
Já perto do final da manhã, e com algum calor a fazer-se sentir, dirigimo-nos para a Quinta do Panascal, uma das estrelas do Enoturismo deste grupo. Para além de uma prova dos Vintage 2007, que se podem ver numa das fotos (Fonseca, Croft, Taylor's e Taylor's Quinta de Vargellas Vinhas Velhas), tivemos o privilégio de provar um lote de vinhos de onde hão-de sair os próximos Vinhos do Porto (Quinta Terra Feita; Quinta do Junco; Quinta de Vargellas; Quinta da Roeda; Quinta do Panascal; Quinta do Cruzeiro 2008, e Quinta de Sto. António 2009). O Porto da Quinta da Roeda e de Vargellas distinguiram-se dos outros, embora o Quinta do Cruzeiro estivesse muito próximo (no limite... depende da opinião subjectiva de cada provador).
A estrela do dia seria no entanto a prova do Fonseca Terra Prima, que registei há já alguns dias. Nada melhor do que finalizar o dia com a prova do primeiro Vinho do Porto Biológico, depois de acompanhar toda a evolução da Vinha no Douro, desde os processos tradicionais até à Viticultura Sustentável que nos parece vir a ser o futuro no Douro Vinhateiro. Assim, para além da qualidade do produto final (os Vinhos do Porto), a FladGate está também a reescrever a arquitectura e paisagística do Douro, com base na enorme experiência acumulada, o que contribuirá para que o Douro seja cada vez mais único e... sustentável.
Morada: Quinta da Roeda
5085-036 Pinhão
GPS: 41º 11’ 6’’ N - 7º 31’ 48’’ W
Morada: Quinta do Panascal
5120 - 496 Valença do Douro
GPS: 41°8'48.55"N -7°34'24.07"W
Telefone: +351 254732321
Web: http://quintadopanascalvisitorscentre.wordpress.com/
Email:
Visitas: Todos os dias 10 às 18 (Páscoa a Outubro); 10 às 20 de Julho a Outubro; restantes meses 10 às 18h (visitas aos fins-de-semana mediante marcações)
Num belo dia de Janeiro, acordo pelas 6h30 da madrugada (sim, ainda sem se ver o sol) e despacho-me a ir para a Praça Velasquez, onde um mini-van me esperava. Já lá estavam mais alguns companheiros de viagem, com o mesmo sono (ou mais, se isso fosse possível). Partimos pelas 7h com rumo a Estremoz, chegando à Herdade das Servas pelas 10h30, convidados a participar numa prova vertical dos Touriga Nacional desta casa.
O Nuno e a Ema já tinham visitado esta Quinta, pelo que desta vez não incluímos fotografias do que já existe no outro artigo de Enoturismo: Enoturismo: Herdade das Servas. Ainda que o pessoal de Lisboa tenha saído cedo e estivesse mais perto, ainda demoraram uma boa meia hora a chegar; entretanto chegaram o Nuno e a Ema para completar a equipa Magna Casta.
Não demorou muito tempo até termos copos do Escolha 2009 Branco casado com umas tapas alentejanas, para massajar o estômago da viagem. Gostei tanto da frescura e dos frutos tropicais casados com mel que não saí da Herdade das Servas sem trazer duas garrafas para casa.
Se não fosse atractivo suficiente a prova destes Touriga Nacional alentejanos, a Herdade das Servas estava preparada: brindou-nos com um almoço criado em especial para a ocasião (em harmonia com os vinhos) pelo Chef. Augusto Gemelli. Infelizmente não temos as fotos dos pratos todos pois o Nuno, que já não comia há 2 dias à espera deste almoço, normalmente só se lembrava de os fotografar quando acabava de rapar o prato.
Estava prevista uma visita à vinha da Judia, mas acabamos por fazer uma visita à adega e à cave, onde nos foi descrito em pormenor todo o pormenor desde a vindima, a vinificação e o estágio pelo Carlos Mira e pelos enólogos Tiago Garcia e Luís Mira. No meio da visita pudemos ainda perceber que existe um conjunto de "experiências" que podem vir a dar frutos com potencial, no futuro. Claramente, é valorizada a investigação de caminhos alternativos com objectivos benéficos para o produto final.
A prova vertical começou com o Herdade das Servas Touriga Nacional 2003, conjugado com um "carpaccio" de espadarte marinado sobre creme de grão-de-bico ao cominho, tomatinhos no forno e azeite de rúcola. Esta foi claramente uma aposta do Chef em mostrar - surpreendendo toda a gente - que é possível conjugar um Touriga Nacional Alentejano com peixe, desde que se saiba o que se está a fazer. E se há quem saiba...
Este 2003 é violeta escuro, e surpreende com os aromas florais e frutados, com uma evolução para o cacau e fumo (foi o que mais apreciei, provavelmente pelas razões erradas). Acredito que terá mais alguns anos de evolução em garrafa. De seguida, o Chef "casou" um polvo caramelizado e fumado em cama de "pappa" de tomate, hortelã e perfume com o Touriga Nacional 2004. Na mesa onde estava, preferiram este 2004 mais corpulento, fresco e mais floral que tendeu para as especiarias com o tempo.
Como o almoço ainda só ia a meio, passamos para o Touriga Nacional 2005 harmonizado com um ravioli de massa de espinafres recheados com farinheira de presunto e azeitona, espelho de "pesto" de manjericão e queijo Pecorino jovem, talvez o que menos se destacou - fresco, um pouco mentolado, evoluindo para o cacau, especiarias e cacau característico dos seus irmãos mais velhos. Para finalizar, e já com pouco espaço disponível, passamos ao lombinho de porco corado na salva com "risotto" de barriga fumada, batata nova e alecrim casado com o Touriga Nacional 2006. Não posso deixar de associar este 2006 ao perfil do 2005, mas bastante mais consistente - mantendo as notas de mentol, que lhe conferem frescura, e com algumas notas de frutos pretos maduros, e com um sabor intenso.
Por fim, já com todas as notas da vertical Touriga Nacional, fomos surpreendidos novamente: um bolinho de maçã e caril com molho de caramelo e chocolate branco, com a presença-surpresa do Licoroso da Herdade das Servas, ainda que a harmonização não me tenha agradado.
Depois de um almoço deste calibre, a viagem para cima foi bastante sossegada (para quem ficou acordado).
Dia 3 de Março, teve lugar na Assembleia da República a III Prova de Vinhos da Região de Setúbal, promovida pelo Deputado Luís Rodrigues em parceria com a Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal e que contou com o apoio do Presidente do Parlamento, o Dr. Jaime Gama.
Desta vez só eu é que pude ir, e estava a ver que nem eu ia. A prova começava às 18h30 e, na melhor das hipóteses, chegaria lá já depois das 19h. Mas o pior estava para vir, desde a zona da Expo até à AR demorei "apenas" 1h e tal. Desviava-me de uma confusão de trânsito e metia-me noutra e, como já não estou habituado a andar no trânsito, estive mesmo quase a voltar para trás. Só me aguentei por 2 razões: Para poder vir aqui dizer que fui à Assembleia da República e ficarem a pensar que sou um gajo importante, mas também para ter alguma coisa para responder ao Ricardo, que passou o dia a meter-me nojo com a prova da Heritage Wines que andou a fazer no The Yeatman. Quando tomei essa decisão final de fazer uma forcinha, parece que o trânsito decidiu dar-me folga e cheguei lá passados 10 minutos.
Diga-se, em abono da verdade, que a prova não foi mesmo no edifício principal da AR mas num edifício mais recente mesmo ao lado. Até porque não sei se deixariam entrar lá um gajo a precisar de tosquia ao cabelo e à barba há mais de um mês.
Quando lá cheguei ainda havia vinho, mas os queijinhos e isso já só vestígios. Só um arroz doce, mas não comi porque senão ia-me estragar o palato para a pinga. Obviamente que não tive tempo de provar nem 1/10, por isso acabei por deixar de lado os nomes mais conhecidos e fui provar coisas que não conhecia, ou conhecia mas só de nome. Uma coisa que deu para notar é que o Castelão, que tanta fama teve na zona, é cada vez mais uma minoria. Tenho pena porque é uma casta que aprecio bastante, especialmente com algum envelhecimento. Além disso, acredito que Portugal só tem a ganhar lá fora se fizer diferente dos outros países, e para isso nada melhor que as castas portuguesas.
No entanto, devo dizer que provei algumas coisas interessantes da "nova era". Confesso que tenho andado um pouco afastado dos vinhos da região, e logo eu que sou de lá, mas a vaga que começou a aparecer de vinhos quase iguais uns aos outros não me deixava vontade nenhuma de voltar a eles. Só mesmo os antigos, alguns dos quais com mais de 20 anos, que me regalaram várias vezes nos últimos anos, e os Moscateis, claro. Este evento deu-me esperança na região e só por isso já valeu a pena a ida lá, apesar do trabalho que tive para encontrar nos armários cá de casa roupa mais formal que ainda não tenha sido atacada pelas traças.
Já tive a oportunidade de agradecer pessoalmente, mas volto aqui a agradecer ao André de Quiroga pelo convite.
Era uma vez os 5
Os famosos IWA
E o pequeno Dartacão... Corta!
Desculpem, não era bem isto, mas entusiasmei-me a pensar no lema "Um por todos e todos por um", que se aplica bem à Independent Winegrowers' Association. É que já são 10 anos a mostrar que o todo é mais forte que a soma das individualidades, especialmente no trabalho além fronteiras.
A comemoração foi no sítio do costume, o Ritz Four Seasons.
Os 5 suspeitos do costume (Alves de Sousa, Casa de Cello, Luis Pato, Quinta do Ameal e Quinta dos Roques/Maias), mostraram mais uma vez os seus belíssimos vinhos, com algumas relíquias e novidades, a clientes, jornalistas, bloggers, escanções, outros produtores, amigos e afins.
Foi apenas a segunda vez que fui, mas já começa a ser difícil arranjar palavras para não me tornar repetitivo, nem soar a sabujo. É que eu gosto mesmo dos vinhos, pá! Já era fã e cliente regular antes de ser convidado para estas andanças.
Decidi, por isso, ir filmando um pouco para captar o ambiente. Pensei que assim conseguiria fazer sair um post mais depressa.
Como eu estava enganado! Além da minha habilidade para filmar e editar vídeos ser ainda inferior à minha fluidez de escrita, ainda esbarrei com as questões de copyright das músicas, o que fez a escolha da banda sonora se arrastar durante meses. Acabei por desistir e meter uma música que me pareceu ficar bem. Se me removerem o vídeo, paciência.
IWA 10 Anos from Magna Casta on Vimeo.
Em jeito de conclusão, já que a demora aproximou isto do Natal, aproveito para dizer que não sou esquisito e que estou disponível para receber no sapatinho qualquer vinho destes produtores. De preferência com alguns anos em cima, porque na maior parte dos casos a idade só lhes faz é bem.
Que venham mais 10 anos e que eu esteja cá para ver (e beber).
Acabei de fazer os 350Km que me separam de Setúbal, vindo da José Maria da Fonseca, a fechar as duas semanas em que estive numa prova de Porto Vintage 2009 em Lisboa e no aniversário da Garrafeira Tio Pepe, no Porto (portanto, uma semana difícil...).
À chegada, pelas 11h00, muitas caras conhecidas no grupo de Bloggers acompanhados pela Sofia Soares Franco - manager da área de Enoturismo - que nos recebeu, seguindo-se uma visita exactamente igual à que é efectuada pelos turistas. Como eu já tinha estado na JMF em Maio, na Prova de Moscatéis José Maria da Fonseca, não estive completamente atento durante a primeira parte da visita; no entanto quando subimos aos jardins e às adegas, surpreendentemente fiquei mais atento.
Ao contrário da anterior visita, desta vez estive perto da garrafeira privada da família, onde repousa uma grande parte da riqueza da casa (podem-se ver centenas de garrafas e tonéis alinhados), e onde só entram os (muito poucos) eleitos. A visita por si só vale bem a pena pela História desta grande casa, pelo percurso individual de cada vinho apresentado e pela hospitalidade que - da minha experiência - é regra.
A primeira parte da prova apresentou alguns vinhos que eu já conhecia, como o Quinta de Camarate Branco Seco 2010 com Alvarinho (amarelo claro, aromas tropicais e boca frutada, bem quilibrada), o Quinta de Camarate Branco Doce 2010 também com Alvarinho (amarelo esverdeado, mineral e com toques de pêssego e banana, suave - a ter à mão para consumo frequente), o Quinta de Camarate Tinto 2008 (rubi, aromas típicos da touriga nacional e frutos vermelhos, suave e com boa frescura) e o Pasmados Tinto 2008 (rubi, aromas da touriga nacional, menta da syrah, cerejas e madeira, boa acidez e longo....).
Depois do aquecimento, começou a prova de resistência, com a orientação do Eng. Domingos Soares Franco, onde desfilaram curiosidades, experiências e valores mais do que confirmados. Para começar, uma comparação entre o nosso Verdelho e o Verdejo (para além da prova propriamente dita, foram apresentadas evidências de que, de facto, são completamente diferentes). Logo a seguir, uma comparação de Grand Noir entre fermentação em Talha, Lagar e Inox (foi apenas a segunda vez que tive a oportunidade de experimentar o resultado da fermentação em Talha, na qual realço os aromas a barro - claro! - terra e toques vegetais). De seguida... a prova de resistência com a prova em primeira mão do J de José de Sousa 2009:
Domini Plus 2008
Cor púrpura.
A presença desta casa no Douro mostra-se neste Domini Plus; fruta (amora, cereja), coco e pimenta.
Fresco e com um corpo imponente, exige acompanhamento sólido.
Ricardo: 16
FSF 2007
Rubi mais claro.
Aromas terrosos e da floresta, especiariasm balsâmico e toques florais. Oferece-nos uma prova de boca à macho, a mostrar os taninos que exigem sólidos a acompanhar; por isso mesmo, fica na boca durante muito tempo a lembrar que por lá passou..
Ricardo: 17
Periquita Superyor 2008
Vermelho escuro.
O nariz mostra toques de couro, especiarias (noto em particular a canela), framboesas e baunilha da madeira. A boca confirma a elegância e suavidade do nariz, e parece que não quer acabar.
Ricardo: 17.5
J de José de Sousa 2009
Aromas a fruta madura (vermelha e preta), chocolate e mineral. Na boca é extremamente suave, equilibrado, com a fruta a sobressair, e muito longo.
Ricardo: 18
Colecção Privada DSF Moscatel de Setúbal (Armagnac) 1998
Aromas de laranja, chocolate, verniz e um pouco de tosta que parecem explodir no copo, resultando num excelente bouquet e grande elegância. A boca não acompanha o excelente nariz.
Ricardo: 17
Colecção Privada DSF Moscatel de Setúbal (Cognac) 1999
Engarrafado pela primeira vez em 2011 com um perfil muito mineral, muito menos frutado e mais duro, com toques de amêndoa amarga. A boca é excelente.
Se se conseguisse juntar o nariz do Armagnac com a boca do Cognac.........
Ricardo: 17
Colecção Privada DSF Moscatel Roxo 2003
Dourado com laivos de vermelho.
Aromas a avelãs e figos, com uma boca muito elegante e acidez equilibrada. Dura... e dura...
Ricardo: 17.5
Moscatel Roxo 20 anos
Bastante floral, doce (até no nariz se sente a doçura), mel e frutos secos. Bastante equilibrado e persistente. Está igual à última vez que o provei.
Ricardo: 16.5
Bastardinho 2009 e 2011
Cor castanho claro em ambos, com muita fruta fresca, polpa doce, e adstrigência vincada; doçura excessiva que - acredito - há-de evoluir positivamente; serviram como apontamento sobre os planos da JMF para tentar recuperar esta tradição.
Ricardo: -
Depois de toda esta luta, estava chegada a hora do almoço, com a companhia da equipa da JMF, numa clara demonstração de que nada fica ao acaso: depois da prova de grande nível, um almoço de grande nível, nomeadamente no casamento perfeito entre sólidos e líquidos:
Lancers Rosé
Queijo de Azeitão
Creme de Ervilhas
Pasmados Branco 2008: amarelo vincado, nariz frutado e vegetal; untuoso e bom toques de baunilha a confirmar a presença em madeira. Gostei.
O prato principal foi um Bacalhau Dourado com Salada Rica, acompanhado com o Hexagon 2003 (linda cor rubi, com um nariz floral, frutado e com toques minerais, de tabaco e menta; na boca confirma o que já se conhece: complexo, encorpado mas suave e parece que não quer acabar). A receita deste Bacalhau é antiga, e mantém-se na memória da cozinheira, e é curiosamente o prato preferido do Eng. Domingos Soares Franco.
Seguiu-se a sobremesa - torta de azeitão com fruta laminada - acompanhada com o excelente Bastardinho de Azeitão 30 anos (lindíssima cor âmbar escuro, com um nariz especiado e cheio de frutos secos, acidez perfeita, e com uma persistência de invejar). Definitivamente, vou ter de ajudar o Nuno a verificar se a garrafa que ele tem em casa está igual a esta.
Por fim, estava reservada a surpresa do dia: uma garrafa mistério, servida ainda antes do café. O nariz extremamente complexo e elegante - café, laranja, caramelo, iodo - e uma prova de boca explosiva mas fresca, com uma persistência impressionante (garanto que ainda sentia o sabor durante a viagem para o Norte). Não demorou muito para se desvendar o mistério: Moscatel Setúbal Superior de 1955, o prazer dentro de uma garrafa. Independentemente de tudo o resto (hospitalidade, simpatia, profissionalismo, qualidade) é de registar a generosidade desta enorme casa por nos ter possibilitado esta experiência ímpar.
Foi em Lisboa, na loja da Carnalentejana, ao final da tarde de 20 de Abril deste ano. Já passou muito tempo mas não queríamos deixar de partilhar. Foi um fim de tarde bem passado.
Fui buscar o Henrique à creche, apanhei o meu macho no trabalho e seguimos para o evento. O céu estava carregado de nuvens e a qualquer momento descarregava em cima de nós. Não nos deixámos influenciar, ansiávamos por uma quebra na monotonia do dia-a-dia e esperavam-nos amigos do Adegga e Torre do Frade para por a conversa em dia.
O Torre do Frade Viognier 2009 foi um sucesso e estávamos curiosos com o 2010. Quando provei, achei que era muito agradável e fresco mas do vinho falará o Nuno Monteiro. Não bebi com a atenção merecida, porque estava mais atenta ao diabrete Henrique, e bebi pouco por estar a amamentar.
Para acompanhar a degustação foram servidas algumas criações do Chef Augusto Gemelli, maioritariamente de bovino da marca Carnalentejana. Uma delícia!
Nota de prova:
Cor citrina entre o amarelo e o esverdeado.
Aroma intenso onde o maior destaque é da fruta, em especial os citrinos e alperce. A madeira marcava também presença no nariz com aromas abaunilhados.
Na boca também essa sensação abaunilhada da madeira estava presente. Segundo a conversa com o produtor é intencional, com vista à durabilidade do vinho. No entanto há que dizer que aqui há muito para além da madeira. O vinho tem corpo, uma belíssima acidez cítrica e uma pujança que parece que deixa a boca a palpitar no final. Nunca me lembraria de fazer um lançamento de um branco com carnes (e acho que com um peixe no forno ainda combinava melhor), mas o vinho não se intimidou e teve “cabedal” para se aguentar com as carnes vermelhas sem ser abafado por estas.
Espero prová-lo daqui a uns tempos depois de a madeira ter amansado mais.
Foi no passado dia 23 de Fevereiro, que saíram para o mercado os primeiros vinhos do Douro (e Porto) do Esporão.
A apresentação decorreu na Culturgest, no edifício da Caixa Geral de Depósitos. Foi apresentada a curta metragem "Alto Relevo", de Graça Castanheira, seguida da prova de vinhos.
Decidimos levar o nosso garoto de 8 meses, afinal de contas ele tem que se ir adaptando a estas andanças. Por um lado ele portou-se muito bem mas, como ainda o tivemos de ir buscar à creche, já não conseguimos chegar a tempo de assistir à curta metragem. Nada de dramático, até porque está disponível na Internet (aproveito até para o meter aqui), mas é um filme com uma excelente fotografia por isso visto em grande devia ficar a ganhar.
A sala estava muito bem composta, incluindo algumas altas individualidades daquelas cujos ordenados costumam circular por mail em forma de protesto. Depois de ficarmos deprimidos a pensar quantos anos temos de trabalhar para ganhar o equivalente a 1 mês de ordenado deles, fomos embora...
Não fomos nada. Ainda havia vinho para provar e excelentes enchidos e presunto de porco preto para comer.
Pelo menos para já, são 3 os vinhos lançados no mercado, todos com origem na Quinta dos Murças, em Covelinhas, propriedade adquirida pela empresa em 2008:
A primeira impressão foi boa. Os vinhos têm qualidade, os preços parecem correctos para a qualidade e a quantidade produzida - especialmente para Douro - é de respeito. 99.100 litros de Assobio e 22.500 litros de Quinta dos Murças Reserva. Basicamente o que se esperaria de um investimento do Esporão no Douro. Não me admirava se daqui a uns tempos aparecesse um vinho de topo para se bater com os pesos-pesados da região.
Resta-me alertar para alguns perigos de levar um bebé para um evento destes. Uma certa personalidade do Adegga apanhou-nos distraídos e, quando demos conta, estava a dar o Vinho de Porto a cheirar ao miúdo.
Alto Relevo – Ode ao Douro e ao Vinho (Alto Relevo - An Ode to the Douro and wine) from Esporão on Vimeo.
Eu sei que não sou o fã número 1 do Monte Velho, mas confesso que não é só por ser uma referência que não me habituei a acompanhar, embora seja uma presença constante nas prateleiras. Estilo, dimensão ou perfil, desconhecidos para mim. Fiquei muito curioso com o que iria encontrar na apresentação dos Monte Velho de 2013, a realizar no arejado, asseado e bonito Mercado da Ribeira.
Estavam presentes a Sandra Alves, enóloga do Monte Velho Branco, e o (meu) conhecido Luís Patrão, responsável pelo Monte Velho Tinto desde 2004, tratando de apresentar estes 2013 ao palato dos presentes. Para além dos enólogos, esteve ainda presente o responsável de marketing que transmitiu um pouco do que é o DNA do Esporão.
A conversa foi longa, e a prova passou pelo Branco (frutado, fresco, muito fácil, uma escolha interessante para o Verão que nunca mais chega) e logo depois por uma brincadeira do Luís Patrão: Monte Velho Tinto 2004 (o primeiro ano em que lhe meteu as mãos), 2009 e 2013. Foi unânime: o 2009 estava em melhor forma (a menos que se prefira os tintos jovens) mas o 2004 impressionou - com 10 anos, estava perfeitamente bebível, com aromas terciários, embora já na fase descendente. Os queijos, enchidos e pão fizeram as delícias de todos, muito bem casados com ambos.
Justiça seja feita ao local (é mais espaçoso e tem mais luz do que o Mercado de Campo de Ourique) e à equipa encarregue pela comunicação!
A Herdade das Servas é já uma "velha" conhecida. Já lá fomos duas vezes, uma para conhecer a herdade e outra convidados para uma vertical de Touriga Nacional.
Desta vez foram eles a vir à capital, mais precisamente ao Chafariz do Vinho, para apresentar as novidades e a estratégia para os topos de gama. As honras da casa estiveram a cargo dos irmãos Mira, com a companhia do enólogo Tiago Garcia e do director comercial Artur Diogo.
Num espaço que acabou por ser um pouco apertado para a quantidade de gente que esteve presente, a conversa começou com um branco colheita seleccionada 2012, que ainda não tem data prevista no mercado. Um branco com mais de um ano e que não vai ser chamado de reserva. Não porque não possam, mas porque não querem. Na opinião da equipa de enologia ainda não fizeram um branco com a qualidade que consideram necessária para que lhe possam chamar reserva. Não se pense por isso que fica abaixo de muitos reservas brancos que por aí andam...
Já nos tintos, as 3 novidades apresentadas nesta tarde ostentam reserva no rótulo, a começar pelo Reserva Syrah / Touriga Nacional 2009, que em edições anteriores não se chamava reserva. Este vinho surgiu pela primeira vez em 2005, salvo erro, por uma questão de necessidade. O Syrah nesse ano tinha um teor alcoólico demasiado elevado, pelo que foi necessário lotear com Touriga Nacional, que tinha consideravelmente menos álcool. Por acaso conheci esse vinho e partilho a ideia do produtor de que foi um lote que correu bem, pelo que acabou por ter repetição. Este 2009 é o vinho que, nesta fase, achei mais completo, especialmente na boca.
De seguida o Reserva Alfrocheiro tinto 2010, uma estreia da casa com uma casta que é mais habitual no Dão mas que também tem boa presença no Alentejo, ainda que não muito frequentemente a solo. É o mais elegante dos 3, com uma frescura bastante interessante. Se não tivesse um toque ligeiramente doce no final ainda tinha gostado mais.
Para finalizar o trio das novidades, o Reserva Petit Verdot tinto 2010. Esta casta tem ganho cada vez mais adeptos entre os produtores alentejanos. Tal como o Alicante Bouschet, que normalmente em França só era usado para "temperar" e se revelou um sucesso no Alentejo, o Petit Verdot parece estar a tomar um caminho parecido. Ainda não gerou nenhum mito alentejano como no caso do Alicante Bouschet, mas dá vinhos bastante interessantes. Aqui não é excepção. Fresco, austero e ainda um pouco fechado, é um vinho que deverei gostar de beber daqui a uns anos.
No final, o crítico de vinhos João Paulo Martins, que também é um dos sócios do Chafariz do Vinho, fez uma apresentação sobre o espaço e todo o seu historial. Eu já conhecia há uns anos mas ainda não tinha voltado lá desde o nascimento da Magna Casta.
Curiosamente, o João Paulo Martins disse na sua apresentação o motivo principal de eu ter deixado de lá ir: como não têm cozinha, inicialmente o menu era quase limitado a queijos e enchidos. Era frequente as pessoas irem lá beber um copo e a seguir irem jantar a outro lado. Era mesmo isso, por isso acabei por começar a ir a outros lados onde pudesse fazer o 2 em 1.
Entretanto o menu foi reformulado para que, dentro das limitações, se consiga corrigir essa pecha. Está a precisar de outra visita, portanto.
Voltando à Herdade das Servas, e para terminar, resta dizer que os 3 reservas apresentados têm um PVP recomendado de €16.67. A pensar no Natal (ou outras ofertas), há também uma caixinha de madeira com esta troika por €50, isto se a outra troika deixar...
A dupla Lima & Smith, após a aposta na Quinta da Covela, tem estado a entrar em força noutras regiões, nomeadamente no Douro. Numa dessas investidas, ficou com a exploração da Quinta das Tecedeiras, que estava anteriormente ligada à Global Wines/Dão Sul, mas que no entanto foi "abandonada" quando a empresa decidiu deixar algumas coisas fora do Dão.
Além disso, a Lima & Smith foi também buscar Carlos Lucas para fazer os vinhos, ele que foi o "parteiro" do nascimento dos vinhos Quinta das Tecedeiras quando era o responsável da Dão Sul.
Este ano já deram à luz 2 novidades. Não ainda o nosso estimado Quinta das Tecedeiras Reserva, mas o Flor das Tecedeiras e um Porto especial, com as roupagens a terem alguns retoques em relação ao passado.
O Flor das Tecedeiras é um vinho que não "vê" madeira, sendo por isso mais centrado na fruta e com algumas arestas que por vezes a madeira ajuda a polir, o que fez com que resultasse muito bem à mesa. Num mercado onde vinhos com este preço quase sempre é exigida a madeira, terá sempre algum risco. No meu caso não me chateia minimamente, e acho que o vinho daqui a mais 2 ou 3 anos estará ainda melhor.
O tal Porto especial é um Special Reserve. Um rubi feito com lotes de vários anos que seriam destinados a vintage, envelhecidos na madeira usando o método solera, como por exemplo os Jerez. Acaba por ser um rubi diferente, com tiques de tawny, uma surpresa a cada cheiradela e trago. É suposto o vinho estar a aparecer à venda para o Natal, ainda não sei o preço, mas dada a escassa quantidade (500 garrafas) não deverá ser fácil apanhá-lo.
À mesa do Bistrô 100 Maneiras, com o menu preparado pelo chef Ljubomir Stanisic para a ocasião, houve ainda tempo para um intruso brilhar. O Quinta das Tecedeiras Reserva 2003, de um ano quente e que já alguns amargos de boca me deu (em outros vinhos do Douro que tive o azar de guardar), mostrou-se em grande forma a dizer que os anos só lhe fizeram bem. Nós já tivemos disso... e 2004, 2005, etc e tal, mas não as conseguimos guardar. Só uma 2007 órfã que um dia destes tenho que ver como está. Ou então fazer uma visita à garrafeira do Ricardo a ver se tem mais. E aguardar pelos que estão para sair.
Não posso terminar sem falar no Ljubomir Stanisic. Não, não lhe vou chamar Papa-quilómetros, porque os que escreveram antes de mim já se lembraram do mesmo. :P
Após várias tentativas frustradas acabei por finalmente provar um menu da sua autoria. E que grande menu, digo eu! Ainda por cima com sardinhas e borrego, tinha grandes probabilidades de correr mal para os meus lados. No entanto, a entrar para a minha lista de refeições preferidas de 2014. Sem dúvida um lugar a revisitar em breve.
Foi na passada Sexta-feira que os prémios "Os Melhores do Ano" da Revista de Vinhos atingiram a maioridade. Muitas revistas e prémios foram surgindo ao longo destes 18 anos mas, goste-se ou não, estes continuam a ser os mais importantes do sector em Portugal. Não é por acaso que são conhecidos por muitos como os "Óscares do Vinho".
Este ano a cerimónia decorreu no Centro de Congressos da Alfândega do Porto perante uma plateia com mais de 900 pessoas. De assinalar a excelente organização que, num evento desta envergadura, não deve ser nada fácil.
Como habitual, foram 2 os momentos mais importantes da cerimónia. O primeiro deles foi a entrega dos Prémios de Excelência. Além dos vinhos, as muletas estiveram em destaque. Convém esclarecer que não terá sido nada causado por quem não ganhou prémios, pois nesta altura ainda não se sabia quem eram os vencedores.
Os 30 néctares que valeram a distinção foram os seguintes:
Vértice Douro Espumante Pinot Noir rosé 2006 |
Vértice - Caves Transmontanas |
Parcela Única Vinho Verde Alvarinho branco 2012 |
Anselmo Mendes Vinhos |
Quinta de Soalheiro Vinho Verde Alvarinho Reserva branco 2012 |
Vinusoalleirus |
Antónia Adelaide Ferreira Douro tinto 2011 |
Sogrape Vinhos |
Chryseia Douro tinto 2012 |
Prats & Symington |
CV Douro tinto 2012 |
Lemos & Van Zeller |
Quinta da Gaivosa Douro tinto 2009 |
Alves de Sousa |
Quinta da Manoella Vinhas Velhas Douro tinto 2012 |
Wine & Soul |
Quinta da Touriga Chã Douro tinto 2012 |
Jorge Rosas |
Quinta do Monte Xisto Douro tinto 2012 |
João Nicolau de Almeida & Filhos |
Carlos Lucas “20 Anos” Dão tinto 2012 |
Magnum Vinhos |
Carrocel Dão tinto 2011 |
Quinta da Pellada - Álvaro Castro |
Quinta da Vegia Superior Dão tinto 2007 |
Casa de Cello / Quinta da Vegia |
Campolargo Bairrada branco 2011 |
Manuel dos Santos Campolargo |
Luís Pato Vinha Barrosa Bairrada tinto 2011 |
Luís Pato |
Pai Abel Bairrada branco 2012 |
Mário Sérgio Alves Nuno |
1836 DoTejo Grande Reserva tinto 2012 |
Companhia das Lezírias |
Esporão Private Selection Alentejo Garrafeira tinto 2011 |
Esporão |
Incógnito Reg. Alentejano tinto 2011 |
Cortes de Cima |
Marquês de Borba Alentejo Reserva tinto 2012 |
J. Portugal Ramos Vinhos |
Mouchão Reg. Alentejano tinto 2007 |
Vinhos da Cavaca Dourada |
Quinta do Mouro “Rótulo Dourado”Reg. Alentejano tinto 2009 |
Miguel Louro - Quinta do Mouro |
Siza Reg. Alentejano tinto 2009 |
Adega Mayor |
T Quinta da Terrugem Alentejo tinto 2011 |
Aliança - Vinhos de Portugal |
Andresen Porto White 40 anos |
J.H. Andresen |
Quinta da Romaneira 40 year old Tawny Port |
Sociedade Agrícola da Romaneira |
Quinta do Noval Porto Vintage 2012 |
Quinta do Noval - Vinhos |
Quinta do Vesúvio Porto Vintage 2012 |
Symington Family Estates |
Alambre Moscatel de Setúbal 40 anos |
José Maria da Fonseca Vinhos |
Blandy’s Madeira Frasqueira Malvasia 1988 |
Blandy's Wine Lodge |
Como tem sido habitual, Douro e Alentejo apanharam o grosso dos prémios (nos tintos).
O Dão regressou aos prémios de excelência com 3 tintos.
A Bairrada também com 3 vinhos, mas 2 deles brancos, o que me deixa particularmente satisfeito, pois considero a grande região de brancos do país. Sou suspeito, eu sei.
Os outros 2 brancos são Alvarinhos da sub-região de Monção/Melgaço.
Houve ainda lugar para um espumante e um vinho do Tejo, antes dos inevitáveis fortificados. Desta vez 4 Portos, 1 Moscatel de Setúbal e 1 Madeira. Tive pena de um dos melhores vinhos que provei este ano, o Barbeito Malvasia 40 Anos - Mãe Manuela, não tenha tido a distinção,. Mas não cumpre os requisitos de quantidade mínima produzida para poder ser elegível.
O outro momento mais aguardado da noite foi a apresentação dos Prémios Especiais.
Este ano os felizardos foram os seguintes:
Campanha Publicitária - Bayer (Produto Luna)
Restaurante Cozinha Tradicional Portuguesa - Elvira (Braga)
Restaurante - São Gabriel (Almancil)
Prémio Gastronomia David Lopes Ramos - José Avillez
Loja Gourmet - Casa Gourmet (Guimarães)
Garrafeira - Garrafeira Soares (Algarve)
Wine Bar - Dux, Petiscos & Vinhos (Coimbra)
Enoturismo - Casa de Mateus (Vila Real)
Organização Vitivinícola - Comissão Vitivinícola da Bairrada
Viticultura - The Fladgate Partnership
Adega Cooperativa - Adega Cooperativa do Cartaxo
Produtor Revelação do Ano - João Nicolau de Almeida & Filhos (Douro)
Produtor (2) - O Abrigo da Passarela + Wine & Soul
Empresa Vinhos Generosos - Symington Family Estates
Empresa - Bacalhôa Vinhos de Portugal
Identidade e Carácter - Quinta do Ameal
Enólogo Vinhos Generosos - José Manuel Sousa Soares (Porto Cruz)
Enólogo - Osvaldo Amado
Senhor do Vinho - Peter Bright
Não me vou alongar sobre os vencedores, mas devo dizer que gosto sempre de ver prémios para restaurantes, wine bars, garrafeiras, etc fora de Lisboa. É sinal que (além a produção de vinho, obviamente), não é só em Lisboa que se encontram propostas de qualidade.
Para não pensarem outra vez que somos facciosos, nem vou falar do prémio de Organização Vitivinícola. :)
Parabéns aos vencedores!
Nota: Como tirámos tantas fotos, será mais fácil visualizá-las no Flickr ou no Facebook.
Com a aproximação das férias, foram vários os produtores a convidarem-nos para eventos. Quase todos tiveram a pontaria extraordinária de escolher datas em que foi completamente impossível qualquer um de nós os 3 comparecer.
Uma das raras excepções foi esta apresentação dos vinhos Nocturno da Damasceno, no dia 12 de Julho, que só não teve o pleno porque a Ema se lembrou de apanhar uma virose e teve que ficar em casa.
Os vinhos Nocturno são a nova gama de entrada deste produtor e foram assim baptizados porque as vindimas são feitas à noite, com o objectivo de obter um grau alcoólico mais moderado e uma maior frescura.
Num final de tarde quentinho, fomos recebidos (excepção feita ao André Ribeirinho, que estava mais com ar de estar a receber do que a ser recebido, pois quase parece dono da casa) no piso inferior do Restaurante Rubro do Campo Pequeno com o rosé Damasceno 2010. Não era para estar no centro das atenções naquele dia, mas encaixou-se bem na função de desbloqueador de conversa.
Ainda antes de partirmos para os comes no piso de cima, começou a ser servido o primeiro Nocturno da noite, branco, da colheita de MMXI. Sim, quem quiser saber a colheita ainda tem que saber numeração romana. Fez-me lembrar os tempos das moedas escuras de X centavos, o que deve querer dizer que estamos a ficar velhos. Feito a partir da casta Moscatel, tem um aroma exuberante, com destaque para os florais, e uma frescura muito viva. Ideal para “esplanar”, mas continuou a ser bebido com as tapas do Rubro (setas salteadas, provelone na chapa e ovos rotos) e também ligou muito bem. O Ricardo e o André não se calavam e o branco ia desaparecendo, o que prova que não são só as mulheres que conseguem fazer mais do que uma coisa ao mesmo tempo.
Foi então tempo para passar ao tinto, também de 2011 (pronto, os mais novos escusam de ir ao Google ver o que é MMXI). Feito com Syrah, Aragonez e um cheirinho de Castelão. Apesar de ter passado parcialmente por barricas, ao contrário dos irmãos tintos Damasceno a madeira pouco se sente no nariz. O foco é mais na fruta e um ligeiro toque vegetal. Na boca também é um vinho fresco, com bom corpo e que pede carne. Para esse efeito veio um Chuletón de Buey mal passado.
Gostámos dos vinhos, que ainda por cima apresentam um belo preço para o que são (cerca de €5), e da imagem. Apesar de, conforme constatámos todos, os rótulos serem difíceis de fotografar de forma a captar tudo o que interessa.
Só faltou haver um Nocturno Moscatel Roxo para terminar em beleza com o bolo de chocolate, assim teve que se arranjar um plano de contingência (um Porto LBV).
Decorreu no passado fim-de-semana mais um evento vínico no qual marcámos presença. Estivemos mesmo quase para ir os 3 juntos mas, em cima da hora, acabou por não dar e o Ricardo acabou por ir no Domingo. Vamos portanto fazer uma entrada no blog repartida, em que eu falo da nossa experiência no Sábado e o Ricardo fala sobre Domingo.
Para mim e para a Ema acabou por ser um evento bastante diferente dos anteriores. Isto porque fomos com 3 amigos nossos que não costumam andar tanto nestas andanças como nós. Aliás, para um deles foi a estreia absoluta. O problema foi mesmo a parte de tentar convencê-lo a usar as cuspideiras, para conseguir provar uma quantidade considerável de vinhos. Mas aparentemente gostou e talvez repita.
Começando pelas partes boas do evento, devo dizer que gosto mesmo muito do Convento do Beato. Acho que se adequa perfeitamente a um evento deste género. O número de produtores era perfeitamente aceitável para a área, embora os corredores entre eles fossem um pouco estreitos, e tinham espaços bastante agradáveis para nos sentarmos a descansar um pouco.
Encontrámos caras conhecidas de algumas provas em que participámos, pessoal com sites sobre vinho (André Ribeirinho e Emídio Santos do Adegga e Andrea Smith do Catavino) e alguns produtores que já conhecemos bem e é sempre um prazer rever de novo.
Ainda pelo lado positivo, o ar cada vez mais informal dos profissionais do vinho, em especial dos produtores.
Como nem tudo é um mar de rosas, vamos às partes más.
Não podia deixar de começar pela música. Gostava de perceber qual foi a alma que teve a ideia de colocar música com um volume daqueles. Parecia que estávamos numa discoteca! Por vezes tinhamos que falar quase aos berros para nos ouvirmos uns aos outros. Incompreensível!
A nível de expositores tive duas grandes desilusões. A ausência de alguns dos principais produtores do Douro e o enorme decréscimo na presença de Vinhos do Porto. O ano passado provámos um número considerável de Vinhos do Porto, até mesmo vintages, e este ano estava difícil de os encontrar.
No entanto, esta ausencia de nomes mais sonantes até acaba por ser boa para os menos conhecidos. Mais uma vez conhecemos neste evento produtores muito interessantes que desconhecíamos.
No mesmo espaço do evento ocorreu o Lisboa Gourmet, com expositores gourmet, uma zona denominada de Restaurante Show, onde estavam representados alguns restaurantes famosos de Lisboa, e sessões de cozinha ao vivo.
No próximo fim-de-semana estaremos no Dão Vinhos & Gourmet.
No domingo, como de costume, presenciei uma tarde muito preenchida, onde era difícil conseguir falar com os produtores, tal o número de pessoas no espaço. Ainda assim, os sofás (que provavelmente lá foram colocados para ocupar espaço livre) cumprem o objectivo, permitindo conversas mais calmas sem o bulício entre os corredores.
Foi interessante perceber que, quando os grandes produtores não participam, os mais pequenos (o que não é, de forma alguma, sinónimo de menor qualidade...) marcam presença, com algumas surpresas agradáveis que demonstram que a vitalidade também está nos mais pequenos! A área circundante está bastante razoável, com a indústria associada (e patrocinadores) a apresentarem stands no contexto e sempre interessantes.
Um voto de confiança na organização que consegue manter as entradas a preços aceitáveis, cumprindo (a meu ver) o objectivo de levar o vinho ao público em geral, e não apenas à indústria e aos especialistas.
Depois de vários Adegga Wine Markets bem sucedidos em Lisboa (não vou dizer capital para não chatear a malta do Porto :P), foi a vez de rumar a Norte.
Desta vez não vos maço com bla bla, por isso tomem lá um vídeo. Com banda sonora de uma banda do Porto, é claro! Obrigado aos Trabalhadores do Comércio por terem autorizado o uso da música.
Venha o próximo!
Porto WineMarket 2014 from Magna Casta on Vimeo.
P.S.- Se nos quiserem oferecer uma máquina melhorzita para vídeos, podem-nos pedir o NIB por mensagem privada. :)
O mote foi dado há cerca de um ano, com uma reportagem da Notícias Magazine sobre as "Herdeiras do Vinho" - 10 herdeiras de casas vinícolas, prontas para a sucessão. Todas elas trabalham no vinho, umas ligadas à produção outras à comercialização.
Entretanto juntaram o útil ao agradável e uniram-se na promoção dos vinhos. Já fizeram 2 novas aquisições e são agora 12 as Portugal Wine Ladies.
Mulheres e vinho, bons partidos portanto. Mas tenham lá cuidado que algumas delas são casadas (ou quase), ok?
A saber:
Esta prova decorreu nos passados dias 25 e 26, numa sala do Altis Belém cheia de luz natural, boa para as provas mas para as fotos nem por isso. Ambiente descontraído e informal, onde não faltou a música de fundo quase ao estilo bar de praia. Conseguimos chegar logo de início na sexta-feira, o que fez com que a prova fosse muito agradável. Deu para começar pelos brancos e voltar atrás para os tintos sempre com o caminho desafogado.
Ao contrário do que o nome possa sugerir, nem todos os vinhos são de estilo que se costuma chamar de vinhos femininos. Esta é até uma expressão um bocado sexista que esta prova foi boa para desmistificar. Não faltaram uns vinhos bem durinhos (com muitos anos pela frente), nem brancos já com meia dúzia de anos.
Só tenho uma coisa a reclamar. Então havia mesas de Portugal Wine Ladies só com gajos? É pá, então? Não tenho nada contra os senhores, até só tenho a dizer bem da forma que fui tratado por um deles, mas é uma questão de gerir expectativas.
Ficamos a aguardar mais iniciativas e com mais Wine Ladies, até porque estão aí a fazer falta ladies da Bairrada, de Setúbal e dos Vinhos Verdes, só para dar alguns exemplos.
Após uma manhã com o seu quê de agradável, à tarde não houve descanso e fomos até à J.H.Andresen.
À nossa espera junto à estação de comboios de Vila Nova de Gaia (Devesas, carago!), estava Carlos Flores dos Santos, proprietário e administrador da companhia. Reunidas as tropas, dirigimo-nos então ao edifício onde iria decorrer a prova que, visto de fora, parecia um prédio de habitação normal. Entrámos, atravessámos a zona de escritórios e a sala de provas, onde o enólogo Álvaro Van Zeller tinha as coisas a postos para nós, e iniciámos uma visita pelo edifício.
A Andresen é uma pequena casa de Vinho do Porto, o que mesmo assim implica que necessite de muito espaço. Aquelas instalações, que não são tão pequenas quanto isso, são apenas um de vários armazéns. Em boa parte isso deve-se à lei do terço que faz com que as empresas tenham sempre muito vinho armazenado que não pode ser vendido.
O edifício não é um daqueles todos bonitinhos para visitas, é essencialmente um edifício de trabalho. Mas onde há barricas e tonéis, há sempre alguma beleza. Até há bem pouco tempo a Andresen nem sequer tinha visitas e, como Carlos Flores dos Santos nos "confessou", nos primeiros tempos as visitas duravam quase um dia inteiro. Percebe-se porquê, apesar de ser alguém que na sua infância dizia que nunca haveria de trabalhar nesta área, a verdade é que foi "apanhado" e nota-se o entusiasmo nas muitas histórias que tem para contar. Como se trata de um edifício de trabalho, não falta uma tanoaria própria. Muitos de nós nunca tinhamos estado numa tanoaria. Apesar de não estar lá ninguém a trabalhar por ser fim-de-semana, foi-nos mostrado algum do trabalho que ali se faz e algumas das técnicas utilizadas. O Rui Lourenço Pereira, como se pode ver numa das fotos, até pegou na marreta.
Após a visita, voltámos à sala de provas. Ali a prova foi bastante diferente da prova da manhã. Além de ser na sala de trabalho do enólogo, realizou-se em regime self-service. Um copo para cada um e iamos provando e conversando. Ainda antes de começarmos a provar alguém notou que Álvaro Van Zeller tinha exposto um cartão de sócio do Benfica junto à sua secretária. Logo a discussão começou, com o Ricardo a aproveitar a situação para exibir o cartão dele do Vitória de Guimarães. Certas pessoas tiveram sorte, se a prova tivesse sido depois de um comentário destes sobre benfiquistas, não tinha direito a copo para provar. Água da torneira já era bom.
Numa prova onde imperou a boa disposição, chegando até a passar por uma fase de anedotas picantes, desfilaram os seguintes néctares:
Andresen Colheita 1997
Cor âmbar.
Aroma com frutos secos (passas e também alguma amêndoa) mas ainda alguma fruta fresca presente.
Fresco, com um toque balsâmico. Bom comprimento na boca e final longo.
Nuno: 17 / Ricardo: 16.5
Andresen Colheita 1995
Côr âmbar também, e vou-me abster de falar na cor nos próximos até aos que deixam de ser âmbar. Assim deixo de chatear os leitores com mais uma linha igual.
Aroma mais directo, com algum anis e toque floral.
Alguma doçura, compensada com boa acidez... Confesso que tentei várias vezes mas não percebo o que escrevi a seguir nas minhas notas sobre a boca. Sou um gajo de informática mas continuo a ser um rústico que se ajeita mais a escrever à mão, o pior é quando não percebo o que escrevo! Final longo.
Nuno: 16.5 / Ricardo 16
Andresen Colheita 1992
Vinho numa fase mais contida a nível de aromas. Algum fumado, caramelo e tâmaras.
Acidez viva. Apesar de preencher bem a boca é um vinho de grande elegância.
Também na boca o caramelo aparece, mas daquele caramelo sem doçuras, amargo, como eu gosto. Belo final.
Nuno: 16.5 / Ricardo 16.5
Andresen Colheita 1991
Aroma mais aberto que o 1992.
Caramelo mas tipo aqueles rebuçados penha e um toque balsâmico.
É daqueles vinhos que na boca parece que se vai descascando em várias camadas. Final bastante longo.
Deste primeiro round foi o que mais prazer me deu.
Nuno: 17 / Ricardo 16.5
Intervalo! Depois dos colheitas, um vintage para fazer a separação dos brancos datados que aí vinham.
Andresen Vintage 2007
Este como é um vintage, obviamente não é âmbar. É escuro que nem breu!
Aroma muito frutado, a cereja preta, com toque balsâmico e algum floral.
Na boca é mastigável, parece que estamos a comer polpa daquelas cerejas do Fundão muito pretas e bem maduras, apesar de ter ainda uma grande austeridade.
Não é daqueles vinhos de impacto inicial (o que aliás foi uma característica também dos colheitas aqui provados, mas vai crescendo). Final longo.
Nuno: 17 / Ricardo 18
Andresen White 10 anos
Aroma com bastante mineralidade e alguma flor de laranjeira.
Acidez bem presente. Alguma secura na boca, com toque citrino. Final longo.
Nuno: 16.5 / Ricardo: 16
Andresen White 20 anos
Também bastante mineral, acompanhado de folhas secas e noz.
Mais seco ainda que o 10 anos, acidez igualmente pujante. Pede acompanhamento. Boa profundidade na boca e final bem longo.
Nuno: 17 / Ricardo 17
Mais um intervalo. Outro vintage antes dos colheitas mais antigos.
Andresen Vintage 2008
Mais um completamente opaco.
Aroma menos frutado, com muita esteva e violetas.
Frutos pretos, muito taninoso e seco. Muita austeridade comparando com o 2007. Como depois nos foi explicado pelo enólogo, este tem muito + álcool e também bastante mais secura (trocando por miudos, muito menos doçura). Final longo e seco. Parece que eu estava do lado da minoria, mas gostei mais do 2007.
Nuno: 16.5 / Ricardo: 16
E agora é que foram elas...
Andresen Colheita 1982
Aroma a mostrar muita elegância. Não é daqueles exuberantes mas sim dos que nos chamam a cheirar uma e outra vez para o descobrir. Mel, tâmaras e especiarias, vão aparecendo.
E a partir daqui as bocas foram-se tornando cada vez mais surpreendentes. Pujante, bela acidez e final muito longo.
Nuno: 17.5 / Ricardo: 17
Andresen Colheita 1980
A partir desde os tons começaram a ir mais para os acastanhados.
Aroma com café, caramelo e especiarias.
Untoso, mastigável, com grande frescura e final muito prolongado.
Nuno: 18.5 / Ricardo: 19
Andresen Colheita 1975
Aroma delicado. Laranja cristalizada e frutos secos.
Na boca é o mais elegante de todos. Dizem que 1975 é um mau ano (mas a nível de pessoas a colheita foi excelente ), mas este vinho mostra o contrário. Este é um verdadeiro gentleman. Convenceu-me mesmo, finalmente encontrei um vinho do meu ano que desejo comprar!
Nuno: 18 / Ricardo: 18
Andresen Colheita 1968
Tom mais castanho ainda.
Aroma mais seco, com tabaco/caixa de charuto, o que fez os fãs de charuto presentes começarem uma dissertação sobre charutos.
Também é muito na base da elegância, mas demonstra mais potência e untosidade que o 1975. Grande acidez e final muito longo. Foi o preferido de alguns dos presentes.
Nuno: 19 / Ricardo: 19.25 (sim, este mamífero não se decide se quer dar 19 ou 19.5, por isso publico mesmo assim senão daqui a um mês ainda temos isto por publicar)
Andresen Colheita 1910
O 1968 não foi o meu preferido por causa deste "senhor". Eu percebo o porquê do 1968 ser o preferido de muitos. É um vinho que causa um grande impacto e, como tínhamos provado tantos vinhos, dava nas vistas.
Este é mais um daqueles que podia estar meia hora a descrever aromas e apareciam sempre mais.
Entra de mansinho na boca, como que a dizer para nos irmos preparando para o que ali vinha. Depois cresce, cresce. Já depois de o engolir (sim, este acho que também ninguém teve coragem de cuspir) ele continua, continua, interminável. Estava eu a descrever esta minha sensação e logo o João Barbosa tinha de arranjar uma piada ordinária...
O conteúdo da barrica não dá para mais do que 1000 garrafas, por isso é melhor cheirar e beber com a maior calma do Mundo, o que não era possível ali. Desejei prová-lo a solo. Sem os outros todos antes, pois acho que só assim seria justa a sua avaliação.
Nuno: 19.5 / Ricardo: 19.5
E pronto, foi isto...Roguem-me lá as pragas que quiserem, que eu já nem quero saber.
Quando um gajo tem crises existenciais e nem sabe se há-de continuar a "blogar" ou não, aparece uma coisa destas e já tudo vale a pena.
Um grande agradecimento à Andresen por nos ter propocionado esta prova, ainda por cima a um Sábado quando costumam estar fechados.
E o maior agradecimento de todos vai para o Rui Lourenço Pereira, que apesar das contrariedades que surgiram na primeira tentativa insistiu e conseguiu que tivessemos um dia memorável.
A seguir a um almoço apressado e regado a água, chegamos atrasados à Graham's mas mesmo assim fomos recebidos com um sorriso pelo Raul Valle. Ao entrar, passámos no bar e vimos as garrafas que íamos provar, e talvez por isso tivesse sido demorado começarmos a fazer a visita (pareceu-me que o Nuno queria ficar para trás).
Para além da Graham's, fazem parte da Symington a Warre's, a Cockburn's, o Dow's e a Quinta do Vesúvio; o que implica que têm o maior stock de Vinho do Porto do mundo. A principal propriedade do grupo é a Quinta dos Malvedos (razão suficiente para darem o mesmo nome ao blog), embora tenham mais de 1300 hectares de vinha que para além do Porto alimentam ainda o Chryseia (schlep!) e o Post Scriptum, por exemplo.
A surpresa da tarde foi a visita à garrafeira de envelhecimento dos vintage, com muitas surpresas (as sete garrafas de 1868 são mesmo as únicas). Desta vez, não foi só o Nuno que não queria sair - vários de nós se queriam deixar ficar para trás, antes da prova.... Claro que depois de voltarmos ao bar (já agora, é um excelente local para visitar regularmente) já ninguem se lembrava da garrafeira. Por ordem, com um excelente acompanhamento do Raul (que comentou todos os vinhos provados), provámos os seguintes Vinhos do Porto:
Graham’s 30 Anos Tawny
Laranja/âmbar, com aromas a mel, caramelo, nozes. Revela um equilíbrio muito bom.
Nuno: 17 / Ricardo: 16
Graham’s 40 Anos Tawny
Cor semelhante ao 30 anos, com aromas a charutos, iodo, cola/verniz, casca de laranja. Está mais fechado que o irmão mais novo, mas é bem mais encorpado e elegante.
Nuno: 17 / Ricardo: 16.5
Warre's Colheita 1937
Cor acastanhada com laivos esverdeados, com enorme frescura e persistência, com um grande equilíbrio. Aromas de frutos secos (noz, amêndoa) e verniz. Sem dúvida um Grande Porto.
Nuno: 19 / Ricardo: 19
Graham’s Colheita 1961
Cor mais carregada, com muito boa acidez e aromas a tabaco, especiarias e chocolate. Acaba com um travo picante delicioso.
Nuno: 18 / Ricardo: 18
Graham’s Vintage 1963
Cor tijolo, aromas a compotas, cereja preta, frutas maduras, com um excelente equilíbrio, comprimento muito bom e persistência excelente (acho que ainda hoje continua...). O meu favorito, em conjunto com o Warre's 37. Diz o Nuno que se tivesse um buraco na nuca, o 63 ia parar ao fundo da sala.
Nuno: 19.5 / Ricardo: 18.5
Graham’s Vintage 1970
Menos aberto que o 63, com aromas a fruta madura (ameixas, cerejas pretas) com bastante acidez, doce e equilibrado mas com álcool a sobressair um pouco.
Nuno: 17.5 / Ricardo: 18
Graham’s Vintage 1980
Um vintage mais recente, com notas químicas, iodo, fruta madura, marmelo e um pouco vegetal.
Nuno: 17.5 / Ricardo: 16.5
Quinta do Vesúvio Vintage 1994
Enorme vontade de sair do copo, com fruta madura que se mastiga, e aparenta ter margem para enorme evolução. Sem dúvida um dos melhores.
Nuno: 19 / Ricardo: 18.5
Graham’s Vintage 2003
Um vintage ainda recente com cor carregada, muito frutado e fresco.
Nuno: 17.5 / Ricardo: 17.5
Quinta do Vesúvio Vintage 2008
Uma bomba de fruta com toques florais, excelente cor (método tradicional), e ainda com muitos taninos.
Nuno: 17.5 / Ricardo: 17.5
Esta prova acabou por ser bastante mais demorada e acompanhada passo a passo pelo Raul, não só no que diz respeito à história de cada um dos vinhos como também pela provocação, de início ao fim, sobre as nossas preferências.
Um enorme agradecimento ao Raul, que mesmo depois de nos aturar nos convidou a voltar (MESMO depois de eu lhe dizer que morava a poucos minutos de distância, o que é pouco sensato) ao muito bom ambiente que é a sala de provas da Graham's.
Depois de algumas provas interessantes organizadas pelo Rui Lourenço Pereira, o Sérgio Lopes saiu de casa, andou meia dúzia de metros e combinou uma prova na Messias para os Portuguese Wine Bloggers.
Eu fui buscar o Nuno, que chegava de Anadia, e embora chegassemos 5 minutos antes da hora marcada, fomos os últimos a chegar à porta da Messias, em Gaia.
Esperava-nos a Ana Urbano (a Enóloga), que nos guiou pelos armazéns onde, entre balseiros, barricas e depósitos de betão, nos fez viajar pela história da Messias.
Curiosamente, apesar de se ter esquecido da máquina fotográfica, o único sítio onde o Nuno me pediu para tirar fotos foi na garrafeira velha, e até esteve perto de lá ficar fechado, não fosse a Ana esperar uns bons 5 minutos para ele tirar mais "umas fotos". Depois de quase o arrastar de lá para fora, subimos até à sala de provas onde tínhamos algumas preciosidades à nossa espera. Para além de alguns Vintage (um dos quais já teve a "mão" da Ana Urbano), provamos dois Tawny e uma série de colheitas.
Messias Vintage 2007
Nariz intenso com cerejas pretas, noz, ainda bastante frutado, figos, ameixas e tabaco. Fresco e equilibrado. Com as devidas reservas, já pode ser bebido, embora o tempo só lhe venha a fazer bem.
Nuno: 16.5 / Ricardo: 16.5
Messias Vintage 2003
Cor rubi, semelhante ao anterior mas com toques vegetais, caramelo e (diz o Nuno) estevas. É mais persistente que o anterior, e pareceu-me estar pronto a beber.
Nuno: 17 / Ricardo: 17
Messias Vintage 1984
Cor laranja dourado, com aromas a fruta (mirtilos, cerejas), iodo e noz; um pouco oxidado, parece já estar perfeitamente evoluído.
Nuno: 16.5 / Ricardo: 17
Messias Tawny 10 anos
Bonita cor laranja, aromas de caramelo e casca de laranja, couro e tâmaras com alguma frescura e um toque picante no final.
Nuno: 16 / Ricardo: 16
Messias Tawny 30 anos
Laranja ainda mais claro, frutos secos, alguns toques de laranja e um pouco amargo. Mantém o toque de laranja um pouco picante no final, com uma boa persistência.
Nuno: 17 / Ricardo: 17
Messias Colheita 2000
Avermelhado, com uma enorme frescura, frutos secos (nozes, cerejas pretas, laranja), e algumas flores secas. Um final bastante bom, com especiarias e ligeiramente apimentado.
Nuno: 16.5 / Ricardo: 17
Messias Colheita 1991
Alaranjado/castanho claro, aromas de laranja, tabaco, amêndoas, frutas cristalizadas. Tem um bom corpo, e tem uma boa frescura.
Nuno: 17.5 / Ricardo: 18
Messias Colheita 1985
Âmbar, muito intenso de aromas (verniz, cola, mel) e com uma boa acidez e complexidade, finalizando com um toque de especiarias. Muito boa persistência e bastante doçura.
Nuno: 17 / Ricardo: 18
Messias Colheita 1977
Laranja escuro, aromas a amêndoas torradas, frutos secos (avelãs?), muito complexo e menos doce que o anterior, picante e menos intenso, ainda assim com boa persistência e complexidade.
Nuno: 18 / Ricardo: 17
Messias Colheita 1963
Laivos esverdeados, aromas a frutas e iodo, muitas nozes, ficos e couro. O corpo é excelente, tem ainda boa acidez e tem um final interminável.
Nuno: 18.5 / Ricardo: 18.5
Como já estávamos a ficar atrasados, acabamos por nos despachar muito rapidamente - com os devidos agradecimentos à Ana Urbano, que nos recebeu num sábado - e ao Sérgio Lopes, que com esta iniciativa nos proporcionou uma excelente prova. Curiosamente - numa estreia absoluta para mim - o almoço dos Portuguese Wine Bloggers, depois de uma prova da Messias e antes de uma prova na Graham's, foi regado exclusivamente a água.
Este texto está difícil de começar!
Já perdi a conta das vezes que escrevi e apaguei o início. Em parte porque ando destreinado de escrever, mas principalmente porque é difícil descrever o belo dia que passámos em Vila Nova de Gaia na companhia de outros wine bloggers. Quer dizer, não é que seja difícil descrever. O "problema" é que foi tão bom que qualquer coisa que eu escreva pode soar a "raio do gajo aqui a babar-se com vinhos que só se provam uma vez na vida, a irritar as pessoas que gostavam de lá ter estado e não estiveram e, por isso, se devia ter engasgado".
Agora que penso bem no assunto, acho que foi por isso que o Ricardo (que também foi) me pediu para ser eu a escrever este.
Passando então ao dia 29 de Janeiro, lá fui eu a caminho de Vila Nova de Gaia onde me encontrei com o Ricardo e seguimos só no carro dele até perto das caves. Entretanto a comitiva vinda de Lisboa de comboio chegou e entrámos nas Caves da Cálem, onde se realizou a primeira prova do dia.
Antes da prova, foram feitas as apresentações à equipa da Sogevinus que teve a amabilidade de nos receber e foi-nos feita uma visita guiada pelas caves, onde se podem ver painéis com a história da Cálem, barricas, tonéis e balseiros. Chegámos mesmo a entrar num balseiro - que é uma sala multimédia onde é apresentado um filme - terminando a visita na sala de provas.
Não foi no entanto aí que provámos os vinhos, mas sim numa sala preparada para o efeito. Quando chegámos a essa sala, fomos ficando encandeados pelo brilho dos olhos do pessoal depois de ver as garrafas. Vinha ali realmente algo de grande!
A prova foi conduzida pelo enólogo Pedro Sá, que fez uma apresentação fantástica dos vinhos. E não digo isto pela qualidade dos vinhos (que obviamente a tornou fácil), mas porque foi o oposto da imagem cinzenta que ainda se vê muitas vezes associada ao vinho do Porto. Foi uma apresentação descontraída, bem disposta, com muitas gargalhadas e 2 bloggers a quase ficarem sem direito a almoço.
O desfilar de pomadas foi o seguinte:
Kopke White 40 Years Old
Cor dourada.
Nariz intenso com figos secos, amendoas e um toque de laranja cristalizada.
Ligeira doçura na boca, a fazer lembrar mel, bem compensada com uma acidez vibrante. Elegante com final longo.
Nuno: 17.5 / Ricardo: 17
Cálem Colheita 1961
O primeiro a apresentar ligeiros toques esverdeados na cor.
Aroma a mostrar alguma austeridade.
Mel, especiarias e algum tabaco.Mais seco e corpulento. Impressiona na jovialidade ao entrar na boca. Um dos preferidos do Ricardo.
Nuno: 18 / Ricardo: 19
Burmester Colheita 1960
Cor dourada.
Demora a mostrar-se, como que a dizer que quer que fiquem mais tempo a conversar com ele. Nozes, tâmaras e uma bela mineralidade vão aparecendo.
Mais elegante que o anterior, também por isso se sentiu ligeiramente mais o álcool mas bem equilibrado com a acidez. Final de grande "finura".
Nuno: 18 / Ricardo: 18
Barros Colheita 1950
Âmbar com reflexos esverdeados mais evidentes.
Aromas a frutos secos torrados, mel. caramelo. Alguma sensação de austeridade e ligeiro floral (que alguém disse que faziam lembrar uma zona específica de Óbidos e ia ficando sem almoçar).
Na boca foi talvez o que mais impacto inicial me causou, parece que nos dá uma chapada para acordar para ficarmos a olhar para ele. Gordo, com alguma dureza e secura. É vinho à macho.
Nuno: 18.5 / Ricardo: 19
Burmester Colheita 1940
Âmbar.
Grande mineralidade no aroma. Torrefacção, bastante iôdo e vinagrinho (a partir desde muitos o mostravam).
Muito elegante, acidez viva, sabor a fazer lembrar mon cherry. Se o anterior era um machão, este era um gentleman.
Nuno: 19 / Ricardo: 19
Kopke Colheita 1937
Âmbar/acastanhado.
Cá está novamente o vinagrinho, muito iôdo, ficos secos, mel e casca de laranja.
Muito encorpado, com sensação melada em grande equilíbrio com a excelente acidez e o álcool. Grande final.
Nuno: 18.5 / Ricardo: 18.5
Barros Colheita White 1935
A nível de cor, venha quem vier. Ninguém diria que isto era um branco se não lhe visse o rótulo.
Aroma muito intenso mas com delicadeza. Aniz, frutos secos e melaço.
Mais um vinho de elegância fantástica, mas que nos enche a boca toda. Um luta entre o doce e o amargo. Acidez fantástica. E sei lá o que mais dizer... Tão bom!
Nuno: 19 / Ricardo: 19
Burmester Colheita 1900
Quero lá saber da cor!
1900!! O que dizer do aroma de um vinho destes? Melaço, cêra, noz, caramelo... Acho que se passássemos uma folha por todos os presentes para escrever os aromas que sentiam, uma folha A3 podia não chegar.
Na boca é estranho. Não num sentido negativo, pelo contrário. O próprio enólogo o descreveu como o vinho mais estranho que estávamos ali a provar. É verdade. Estranha-se e depois entranha-se. No fim engole-se, porque este é crime deitar para a cuspideira.
Nuno: 19.5 / Ricardo: 19.5
Depois desta prova foram-nos mostrar o quadro que deu origem ao rótulo do Porto Cálem Velhotes, mas o pessoal só falava era no "velhote" de 111 anos!
De seguida fomos para o almoço, num outro edifício junto à Ponte D.Luís. Um local friiiio onde, para além dos balseiros, repousam garrafas com vários Vinhos do Porto da casa. Subimos para a parte de cima, de onde se tinha uma magnífica vista sobre o Douro e fomos trincando os aperitivos antes do almoço.
É um bocado ingrato falar do almoço depois da prova da manhã, especialmente porque o resto das garrafas foram lá ter à mesa para acompanhar a sobremesa ofuscando outra vez tudo o resto. O Ricardo notou apenas que havia uma espécie de campo magnético na ponta da mesa onde ficámos... é que no final do almoço as garrafas estavam quase todas do nosso lado.
Mais uma vez um grande agradecimento à Sogevinus por nos dar o prazer de uma prova destas.
A seguir lá fomos nós para a Andresen.
A convite da Heritage Wines, dei comigo a passear no belíssimo The Yeatman com o pretexto de provar as novidades da Quinta do Crasto, Herdade do Mouchão e RODA (da Rioja). A Heritage Wines é uma distribuidora de vinho, representando grandes marcas de renome focada na qualidade das representações. Pertença da Fladgate Partnership, tem uma relação privilegiada com várias marcas do grupo e, precisamente por essa razão, foi escolhido o Yeatman para a realização das provas.
Não tive muito tempo para conhecer em pormenor o Hotel, mas as pequenas partes que fiquei a conhecer - até a piscina pejada de gaivotas - são únicas (à falta de mais adjectivos). Esta prova foi seguida de perto pelos responsáveis das várias casas e do grupo: o Tomás Roquette e o Manuel Lobo da Quinta do Crasto; o John Fordyce do Mouchão; o David Guimaraens (dispensa apresentações) e (dada a impossibilidade da representante) o Luís Sequeira como representante adoptado da RODA, a marca espanhola.
A prova aconteceu numa localização extraordinária, alguns níveis acima da piscina e com uma vista (apresentada nas fotografias que eu, sem nenhuma vocação, consegui tirar) espantosa para o Porto. Parece-me importante realçar o ambiente alegre, ocasionalmente picado com algum humor (o John referia-se ao Vinho do Porto como uma ginjinha, e foram trocadas piadas sobre o primeiro casal homossexual que mora perto do Mouchão e o facto de existir, no Douro, uma Quinta do Panascal....) que prosseguiu durante a prova e o almoço, aliado à colaboração patente entre várias Casas.
A primeira fase da prova apresentou o chamado desafio branco da Quinta do Crasto, o novíssimo Branco 2010 que tem uma excelente frescura (ao contrário do que seria de esperar, pela localização das vinhas), com citrinos e fruta tropical em destaque e uma complexidade interessante. Seguiu-se o Crasto 2009 Tinto, que para mim representa o típico Douro e tem a particularidade de não passar por madeira, para a mesma gama de preço que o Branco. Os dois momentos seguintes subiram o nível, uma vez que foram provados o excelente Crasto Superior 2009 originário da Quinta de Cabreira (porque origina do Douro Superior) com uma surpreendente frescura e complexidade, com uma garrafa Borgonha ao contrário de toda a gama Bordalesa e a fechar com chave de ouro o Reserva Vinhas Velhas 2008 (que está já disponível em meia garrafa, principalmente para o mercado Americano).
Estava chegada a hora de passar para o Mouchão, que começou com o D. Rafael 2009 Branco (Antão Vaz menos tropical, frescura e mineral do Arinto), D. Rafael Tinto 2009 (sou cliente habitual das especiarias e fruta preta com um toque de menta deste clássico Alentejo), Ponte das Canas 2008 (tostados, frutos negros e especiarias com uma profundidade interessante) e Mouchão 2006 (junta aos frutos negros e especiarias a compota).
Uma vez que a representante da RODA tinha ficado retida em Tóquio, a apresentação ficou a cargo do Luís Sequeira, iniciando-se pela excepção: o Corimbo 2008 (100% Tempranillo) com uma boa profundidade casada com frutos vermelhos e especiarias; o RODA 2006 (97% Tempranillo e 3% Graciano); o RODA 1 Reserva 2004 que é absolutamente elegante, com aromas de amoras e cassis, especiarias e um final de chocolate fenomenal e, por fim, o mítico Cirsion 2007 que é só resultado do melhor das melhores 17 barricas dos 28 vinhedos da RODA (aromas a lavanda, cerejas e cassis, muito denso, complexo e super-persistente).
Como ainda só tínhamos provado vinhos "correntes", o David Guimaraens presenteou-nos com uma prova de três vintage (Panascal, Vargellas e Fonseca) 2001 - exactamente com 10 anos. Não posso deixar de realçar o humor (Douro Boys ainda não são Douro Men....) com que conduziu esta prova, bem como o reconhecimento do excelente trabalho do António Magalhães com quem, em equipa, cria estes Vinhos do Porto. Sendo o último da manhã, e com o almoço à distância de poucos minutos, começamos pelo Quinta do Panascal 2001, que alia os aromas a ameixa, compotas, figo com uma frescura irrepreensível e enorme suavidade; seguiu-se o Quinta de Vargellas Vintage 2001 (é um dos meus preferidos de sempre) com uma impressionante expressão de violetas, fruta e especiarias, acabando com um toque de tabaco e uma enorme profundidade e, por fim, o Guimaraens Vintage 2001, um Fonseca em estilo mais complexo com aromas de figos, cereja madura, ameixas, compotas e chocolate aliados a uma frescura e persistência enormes, equilibrado e com taninos aveludados (diz quem conhece que é um dos melhores Fonseca de sempre).
Como as provas da manhã foram excelentes, foi-nos oferecido um almoço confeccionado por um tal de Chef Ricardo Costa, um desconhecido que aparentemente tem condições péssimas de trabalho na cozinha (perceberam a ironia?). Por isso mesmo, fiz o enorme sacrifício de provar o melhor Champagne que alguma vez provei - Bollinger Special Cuvée NV - ainda antes de começar o almoço, na varanda exterior do Yeatman. Já na sala, começamos por um creme aveludado de couve flor com açafrão, raviollis de crustáceos, bacalhau negro e azeite virgem acompanhados pelo Crasto Branco 2010 e pelo D. Rafael Branco 2009. Como fiquei sentado ao lado do John Fordyce, é óbvio que jurei a pés juntos que o D. Rafael era claramente superior - mas ele confessou-me durante o almoço que costuma beber em casa, para além dos seus vinhos, vinhos da Quinta do Crasto e vinhos da Filipa Pato.
Já lançado na Vitela Maronesa, jarret glaceado com cebolinhas e batata ratte, legumes estufados e molho de gengibre vi chegar o Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa 2005, seguido do Mouchão Colheita Antiga 2000. Ficou provada a capacidade de envelhecimento do Mouchão, que com 10 anos está em plena forma; mas é inquestionável a excelência e classe do Vinha Maria Teresa - não que a Quinta do Crasto necessite que eu o diga.
Durante a sobremesa (morangos salteados com hortelã, merengue ligeiro de lima e cardamomo e molho de côco com caril acompanhados com o Taylor's Tawny 20 anos) já estava a trocar histórias sobre o Ayrton Senna e o Valentino Rossi com o Duarte Fernandes (da Heritage Wines), acabando abruptamente a conversa quando chegou o Fonseca Vintage 1985 para acompanhar uma selecção de queijos com compotas caseiras (vá-se lá saber porquê...).
No final ainda troquei algumas palavras com o Chef Ricardo Costa, e voltei a fazer o percurso contrário, para sair do Yeatman. Passei ainda pela loja de vinhos onde prometi voltar rapidamente, pelas surpresas que encontrei e até por alguns preços (!), e registei a Classe que é patente em todos os pormenores deste belíssimo local. Note to self: QUERO voltar rapidamente...
Para o Nuno não meter nojo a dizer que as provas são sempre no Norte, desta vez fui a uma prova relativamente perto da casa do Nuno - e ele, como está farto de provas, fugiu para o Norte.
Depois de passar por Lisboa, foi uma questão de fazer uns 50Km até Azeitão e encontrar-me alguns dos suspeitos do costume na Casa-Museu da José Maria da Fonseca para uma grande prova de Moscatéis. Foi muito interessante estar numa casa com perto de dois séculos (a JMF foi fundada em 1834), dona da marca Periquita (com cerca de 160 anos) e cujas sexta e sétima gerações estão aos comandos do seu destino.
Guardam orgulhosamente a primeira medalha conquistada, em Paris (1855) que lhes abriu as portas da exportação para todo o mundo, e têm um importante espólio de Moscatéis divididos em duas partes: antes e depois de 1910 (os mais antigos são de cerca de 1860), demonstrando que a empresa sobreviveu a dois sistemas políticos. A José Maria da Fonseca produz cerca de 15 milhões de litros de vinho por ano, com 4 linhas de engarrafamento que podem ir até às 30,000 garrafas por hora, e tem cerca de 750ha de vinha espalhadas por 5 regiões (ainda que a produção de algumas esteja reservada exclusivamente ao mercado estrangeiro).
A visita do Museu permitiu-nos conhecer mais um pouco da história desta Casa, como por exemplo a forma como é feito o Torna Viagem, um vinho que tem a particularidade de viajar pelo Mar (como aconteceu no passado, quando o vinho que voltava do Brasil apresentava características interessantes, ao contrário do que se esperava) no Navio-Escola Sagres.
Esta casa tem essencialmente 10 castas para os seus vinhos (que não se resumem aos Moscatéis): Fernão Pires, Arinto e Antão Vaz (utilizadas no BSE, por exemplo); Castelão, Trincadeira e Aragonês (Periquita), Touriga Nacional e Touriga Franca (que com o Castelão fazem o Periquita Reserva) e o Moscatel Alexandrino. É na Adega dos Teares Velhos que está meio milhão de litros de Moscatéis a envelhecer, alguns dos quais com mais de 100 anos, e com muita pena minha não me deixaram lá ficar uns minutos sozinho.....
Depois de passear pelos lindos jardins, fomos para uma sala de provas com uma ementa impressionante, iniciada com três Bastardinhos e continuando com os Moscatéis:
Bastardinho 2010
castanho claro, com muita fruta fresca, polpa doce, e adstrigência vincada; doçura excessiva que se torna enjoativa.
Ricardo: -
Bastardinho 2009
Violeta, bastante mais equilibrado e evoluído, a aguardente está mais bem casada, com uma secura interessante.
Ricardo: -
Bastardinho 30 Anos
Castanho dourado, com aromas de frutos secos (avelãs, nozes, amêndoas, mel) com maior persistência e um corpo mais consistente.
Ricardo: 15.5
DSF (Armagnac) Colecção Privada 1999
Aromas de laranja, chocolate, verniz e um pouco de tosta que parecem explodir no copo, resultando num excelente bouquet e grande elegância. Foi o preferido (em comparação com o seguinte) de alguns comparsas de prova); o chocolate é resultado do Armagnac, bastante aromático.
Ricardo: 17
DSF (Cognac) Colecção Privada 1999
Engarrafado pela primeira vez em 2011 (sairá para o mercado brevemente) com um perfil muito mineral, muito menos frutado e mais duro, com toques de amêndoa amarga.
Ricardo: 16.5
Moscatel de Setúbal 2006
Apresentou-se bastante turvo (elevada extracção de taninos pelo contacto prolongado com as películas), estabilizando pouco depois com a temperatura. Feito com aguardente neutra, tem aromas de flor de laranjeira, pêssego, laranja, fruta cristalizada e passas.
Ricardo: 14.5
Alambre 20 anos
Um moscatel de lote, um pouco mais escuro. Aromas a couro, melaço, passa, ameixas, nozes. Excelente acidez e frescura, macio e complexo. Claramente a melhor relação qualidade/preço.
Ricardo: 16.5
Moscatel Roxo 20 Anos
Bastante floral (rosas), muito mais doce (até no nariz se sente a doçura), mel e frutos secos. Bastante equilibrado.
Ricardo: 16.5
Moscatel de Setúbal 1973
Aromas de iodo, vinagrinho, amêndoas e nozes, torrado. Muito mais denso em tudo (aroma, cor, bom equilíbrio entre doçura e frescura), e muito untuoso.
Ricardo: 17
Moscatel de Setúbal 1967
Amêndoas, nozes, laranja cristalizada e torrado. Apesar da idade, excelente acidez e persistência.
Ricardo: 18
Moscatel de Setúbal 1952
Castanho esverdeado, com aromas semelhantes ao 1967 mas a boca não acompanha. Muito boa frescura, e untuosidade.
Ricardo: 17
Moscatel de Setúbal 1939
Este moscatel está num campeonato diferente dos anteriores, combinando as vantagens de todos os três anteriores com alguns toques de iodo, cogumelos, frescura e elegância ímpares. Os adjectivos acabaram antes da persistência....
Ricardo: 19
Pela organização da prova (o alinhamento e a ordem da prova), ficamos conhecedores do mundo dos Moscatéis, com um nível de atenção ao detalhe e qualidade difíceis de igualar. Pena que os quatro últimos não estão à venda....
Depois da prova, fomos de carro até às instalações da JMF para um almoço de luxo: Sopa de Ervilhas à Soares Franco; Bacalhau Dourado e Torta de Azeitão acompanhados com o Moscatel Roxo Rosé (floral intenso a rosas); o Pasmados Branco (combinou às mil maravilhas com o Bacalhau) e o Periquita Superior. Houve quem ainda fosse buscar o excelente Alambre 20 anos para acabar em beleza.
Voltámos à Quinta de Nápoles em meados de Setembro.
Desta vez, o motivo foi uma apresentação dos vinhos Niepoort para bloggers e alguns enófilos frequentadores de fóruns de discussão sobre vinhos. Como não podia deixar de ser, a recepção foi fantástica.
Tivemos finalmente oportunidade de conhecer algumas pessoas pessoalmente, que apenas conhecíamos virtualmente, e que partilham uma das nossas paixões: o vinho.
Já decorriam as vindimas, pelo que nos foi possível acompanhar alguns trabalhos como a recepção, selecção e desengace das uvas, fermentação em antigos lagares e cubas de fermentação de última geração.
Como habitual nas visitas à Quinta de Nápoles, começou por se percorrer a adega munidos de copos e cuspideiras especiais (baldes) para provar variados vinhos, que ainda se encontravam em estágio, e ainda alguns mostos.
Enquanto provávamos, falávamos sobre cada vinho detalhadamente, sendo sempre abordada a origem, as castas, o ano, o destino e data prevista de lançamento. Após provar, quem queria dava a sua opinião pessoal, independentemente de poder ser divergente com a do enólogo Luís Seabra ou de Dirk Niepoort.
De seguida, fomos para a sala de provas onde nos aguardava um interminável número de vinhos.
A prova foi feita ao gosto do freguês, provando um a um sem regras ou imposições.
Antes de passarmos ao almoço, Dirk Niepoort falou um pouco de todos os vinhos, contando algumas histórias e curiosidades acerca deles, que de outra forma nunca saberiamos.
Começámos a prova pelos brancos de 2008. A frescura do Tiara e a complexidade do Redoma e, especialmente, do Redoma reserva, estiveram ao nível das espectativas. No entanto, as atenções de toda a gente centraram-se no Navazos 2008, depois da polémica gerada no fórum da Revista de Vinhos. A opinião geral dos presentes foi contrária à de João Paulo Martins, pois aparentemente todos gostámos do vinho.
Quanto aos tintos 2007, de salientar a cada vez maior elegância dos vinhos quando comparados com alguns anos atrás, nomeadamente o Redoma e o Batuta, mas também o Charme, cuja extrema elegância deu até origem a uma discussão saudável entre o Dirk e alguns bloggers que o consideravam "demasiado elegante". Não podíamos deixar de falar no Robustus, que é pena a carteira não permitir comprar tanto quanto queria, e cujas futuras edições que provámos ainda em estágio estão a levar cada vez mais engaço. Como referiu o Pingus na altura, tem características que dão alguns ares de alguns vinhos mais antigos da Bairrada e do Dão.
O delicioso cabrito e sobremesa do almoço foram sempre devidamente acompanhados pelos vinhos à prova e ainda por algumas surpresas e raridades que iam aparecendo.
Devo dizer que no final desejei um belichezito, ou até mesmo uma tenda ou auto-caravana, como tinha sugerido ao Nuno para levar, e assim fazer uma soneca. Por outro lado, a melhor solução foi mesmo ficar num belo e confortável hotel, devido ao calor que se fazia sentir.
Foi também com imenso agrado que podemos verificar que a antiga adega já se encontra recuperada. Agora é a loja de vinhos, e devido à sua dimensão poderá ser perfeitamente uma sala multi-funções.
Muito obrigada à Niepoort por mais esta experiência, pela oportunidade de ficar a conhecer os seus vinhos e as suas histórias e, ainda, pelo convívio e partilha de ideias e opiniões.
A Herdade do Cebolal é um projecto familiar que se localiza no litoral alentejano, concelho de Santiago do Cacém, a pouco mais de 10Kms de Porto Covo. Por estranho que possa parecer, pertence à região demarcada da... Península de Setúbal. Faz sentido... :)
Na apresentação que fizeram dos seus vinhos, no Clube dos Jornalistas em Lisboa, esse cariz familiar veio ao de cima. Luís Mota Capitão, a face (e bigode) mais visível deste projecto, apresentou os vinhos em conjunto com o enólogo António José Saramago e os seus pais. Quebrando a tradição familiar de ser médico ou veterinário, Luís desde muito novo que quis dedicar-se ao campo. Após receber, em conjunto com a irmã, esta herdade decidiu reconverter vinhas e reconstruir os lagares, para levar a sério o projecto vitivinícola. Essa paixão percebeu-se em todas as palavras durante a noite. A vontade de querer fazer um vinho à sua imagem, em vez de ser só mais um, também se percebeu nos copos.
Começámos pelos Herdade do Cebolal branco 2011 e 2010, brancos frescos, minerais e com ligeira salinidade. É a gama de "entrada" do produtor mas já são brancos que dão indicação de melhorar com os anos.
O Herdade do Cebolal Rosé 2012 também não é um rosé normal. No nariz parecia que podia ser doce mas, ao chegar à boca, a conversa foi outra. Muito gastronómico. Será curioso de ver como estará daqui a uns anos. O produtor fala em 5.
A seguir vieram alguns dos meus preferidos da noite, os Caios brancos 2010, 2009 e 2008. Brancos sérios, feitos para evoluir. Apenas o 2009 pareceu ter uma evolução mais rápida, segundo o enólogo devido às condições climatéricas desse ano terem estado longe de perfeitas, mas o 2008 meus senhores... venham muitos destes! O 2010 parece querer seguir o mesmo caminho, mas temos que esperar por ele. Bebê-lo nesta fase é pedofilia vínica.
Já agora, uma curiosidade. Se repararem nas fotos, o rótulo da garrafa do 2010 não tem a imagem de Caios, um antepassado da família ao qual o vinho é dedicado, ao contrário das anteriores. Apesar da diferença trata-se do mesmo vinho, mudando apenas a colheita. Pelos vistos teve que ser, pois em alguns países há um "ai meu Deus, uma foto de um morto" e não aceitam muito bem a ideia.
O primeiro tinto, Vale das Éguas 2010 só não foi uma grande surpresa porque o tinha provado há umas semanas. De um vinho de 3 euros e tal estaríamos à espera de um vinho frutado, suave, todo afinadinho, etc... Pois é o oposto disso tudo. Um vinho completamente "desalinhado", a cheirar a lagar, com taninos vivos. Fez-me lembrar alguns vinhos do Dão mais rústicos. Eu achei muita piada, mas claramente não é um vinho para meninos.
Vieram então os Herdade do Cebolal tintos, 2011, 2010 e 2008. São vinhos com um carácter vegetal e algum químico, com a madeira a não interferir muito. O 2008, como seria de esperar era o que estava mais pronto a beber e o 2011 ainda a precisar que se esqueçam dele.
Por fim (em temos oficiais) o Caios tinto 2008 que, apesar dos quase 5 anos ainda implora por uns bons anos de garrafa.
Com o "em termos oficiais" queria dizer que ainda provamos outros 2 que ainda estão a muito tempo de virem para o mercado, o que será o Caios 2011 e a amostra de barrica de um Alicante Bouschet de 2012. E quer-me parecer que vão sair dali umas coisas jeitosas.
Resumidamente, para quem saltou a parte sobre os vinhos sem ler (confesso que às vezes faço isso quando leio em blogs demasiadas notas de prova), são vinhos com identidade, pensados para durar. É um produtor que vale a pena conhecer. A não ser que só se goste de vinhos redondinhos cheios de fruta e para beber logo quando saem. Se é assim esta é outra praia, mandem-nos para mim que eu trato bem deles.
Assim do nada recebi um convite da Ana Sofia Fonseca para participar num dos seus maravilhosos trabalhos no mundo dos vinhos.
E eu pensei: Que andará ela a inventar desta vez?
A resposta é óbvia: Algo diferente, irreverente e muito bom.
E vocês perguntam: Mas é o quê?
Vão ter de esperar... :-) Vai ser um sucesso!
Para quem não sabe, a Ana Sofia é jornalista. Já passou pela revista Grande Reportagem e jornal SOL. Como repórter freelancer, tem escrito para o Expresso, Sábado, Diário Económico e Pública e, na SIC, assina alguns programas. Publicou também alguns livros, entre os quais o "Barca Velha - Histórias de UM Vinho".
Aceitei o convite sem grandes hesitações, até porque apenas teria que participar numa prova de vinho. Ainda por cima, vinho que aprecio bastante e no restaurante Sushic Chiado - Palácio Chiado.
Uma prova dos vinhos Júlia Kemper, do Dão, não poderia ser em melhor local, cuja frescura, elegância e irreverência dos vinhos combina na perfeição com a beleza do Palácio Chiado e a inovação do projecto de renovação do mesmo.
Num ambiente muito informal e fluído, a própria Júlia Kemper foi apresentando os vinhos em prova, acompanhados pela excelente gastronomia do restaurante Sushic Chiado.
Por cada vinho provado os participantes tiveram direito a ouvir diversas estórias do vinho e da quinta, que pela voz de uma comunicadora nata como a Julia, fazem toda a diferença, dando ao vinho outra dimensão que todos os verdadeiros enófilos tanto apreciam.
Quanto aos vinhos são todos de excelente qualidade, muito elegantes, frescos e versáteis, podendo acompanhar uma imensidão de pratos ou simplesmente serem apreciados calmamente a solo.
E foi mesmo isso que fiz, apreciei-os enquanto ouvi as estórias da Julia. Se quiserem saber os vinhos em prova, vejam as fotos que tirei apenas com o telemóvel. Não tirei notas, pois já tenho aquela idade que me permite fazer só o que me apetece. :-)
O bacalhau, para nós portugueses, é um peixe que dispensa apresentações. Há séculos nas nossas mesas, temos até mais de 1000 maneiras de cozinhar o bicho. Devido a uma forte campanha há uns anos, ficou enraizada a ideia de que o "bacalhau é da Noruega". Na verdade a maior parte vem de lá, pois é o maior exportador de bacalhau do Mundo, mas a Rússia e a Islândia também são players importantes.
E para começar o ano, é do bacalhau islandês que venho aqui hoje falar. No passado mês de Novembro, passou pela Gare do Oriente, em Lisboa, a Eldhús Hús (casa de pesca tipicamente islandesa) com o lema "Prova e partilha" para promover o bacalhau da Islândia. Segundo os entendidos o bacalhau islandês é o melhor do Mundo (sendo também por isso cerca de 10% mais caro que o norueguês e o russo). É verdade, já não bastava terem saído rapidamente da crise, terem a Björk, os Sigur Rós e os Múm, como ainda têm o melhor bacalhau.
Uma das explicações para a qualidade deve-se ao facto de o bacalhau ali não migrar, permitindo a pesca durante todo o ano e não apenas durante 4 meses como em outros países "produtores", onde os pescam durante a migração. Além disso o peixe é logo levado para terra no dia em que é pescado e processado de acordo com o gosto dos países para onde exportam. No nosso caso, fazem logo a salga.
A pesca é um sector fortíssimo na Islândia, tendo sido boa ajuda quando a crise estalou por lá. Representa 11% do PIB e 42% das exportações. Quando olhamos para a qualidade do nosso peixe e para estado das nossas pescas e vemos estes números nem há muita coisa a dizer...
Mas como mais importante que a teoria é a prática, seguiu-se uma "excursão" até ao restaurante Chefe Cordeiro, no Terreiro do Paço, para um menú de bacalhau islandês.
Como amuse-bouche, foi servido um pequeno Torricado de Bacalhau. A foto que meti na altura no Facebook causou alguma comichão a um ribatejano, que se sentiu ferido na sua masculinidade por um prato ribatejano ter uma aparência toda "pipi". É verdade que o pão era um quadradinho com o bacalhau assado por cima e não aquele prato de encher o bandulho de onde vem o nome, mas o que é certo é que o sabor intenso do bacalhau assado estava lá e entranhava no pão como é esperado no prato. Acho que até o ribatejano ia gostar.
Seguiu-se um pastel de bacalhau acabado de fritar, super estaladiço, dos melhores que comi nos últimos tempos.
Veio então uma canja de bacalhau, em que o prato veio para a mesa com um pequeno centro com bacalhau e ovo de cordorniz e então, já à nossa frente, era adicionado o molho. Eu não sou muito de sopas que metam animais do mar, mas a combinação de sabores estava óptima. Mas se não tivesse ouvido o nome acho que não me lembraria de associar o prato a uma canja.
O prato seguinte, que quando vimos pensámos que era Bacalhau à Braz, era afinal um Bacalhau à Lisbonense. Confesso que, tirando uns pormenores que eram um toque pessoal da casa, não percebi a diferença. Foi-nos dito que era por a batata ser cortada mais fina. Na altura googlei no telemóvel e encontrei um artigo que dizia que quando leva cebola deixa de ser à Braz e passa a ser à Lisbonense, mas o prato já se estava a rir para mim e acabei por esquecer o assunto e largar a pesquisa. Mas o Rui Barradas Pereira, que também esteve no almoço, já teve tempo e paciência para estudar o assunto. Por isso, se quiserem saber mais sobre esta diferença, podem dar uma olhada aqui para ficarem mais elucidados e também para terem outra opinião sobre esta apresentação. Quando ao prato em si, mais uma vez muito bem executado. A textura então estava irrepreensível.
Para finalizar, veio o prato que faltava para comprovar a qualidade do bacalhau: Uma posta confitada em azeite com broa. Não apreciei muito o creme de batata que o acompanhou, mas o bacalhau em si estava daqui (polegar e indicador a pegar no lóbulo da orelha), a lascar na perfeição.
Depois ainda vieram umas farófias e a piada mais ouvida foi, obviamente, que as farófias também eram de bacalhau.
Não sei se o bacalhau islandês é o melhor do mundo ou não, nem era esse o objectivo da apresentação. Mas que tem boa qualidade, lá isso tem. Vale a pena conhecer.
Hoje comemora-se o quarto aniversário da Sala Ogival do Porto, tendo a ViniPortugal organizado vários eventos ao longo do dia para celebrar esta data. Para além da prova de um número impressionante de vinhos, foi ainda possível provar azeites, chocolates e até mesmo beber um cocktail preparado na hora.
Como podem ver pelas fotografias, o público teve oportunidade de provar algumas dezenas de vinhos Portugueses - claro está - em exposição na consola central da Sala Ogival. Confesso no entanto que estive constantemente entre as duas salas: vinho na primeira, azeite e chocolates na segunda. Fiquei bastante impressionado com a quantidade de vinhos, bem como a qualidade e o cuidado com que o evento foi preparado.
Estive ainda a beber um cocktail de morango, framboesa, malagueta e moscatel que me deixou os lábios anestesiados, e que por coincidência só consegui resolver com uma fatia de bolo de chocolate e leite-creme. Durante a tarde ocorreram vários eventos para os visitantes (com reserva antecipada, pela natural limitação de lugares): como fazer cocktails à base de vinho; uma workshop "Porto Doce" onde se harmonizaram sobremesas do Chef. Américo Santos com Vinhos do Porto e uma workshop "Apaixonados por vinhos e cozinha Japonesa", a única a que consegui assistir.
Eu não sou o típico fã de cozinha Japonesa, diga-se em abono da verdade; é-me relativamente indiferente, e até há coisas que não me agradam. Ainda assim, decidi aceitar o desafio, e entrei no espírito de aprendizagem que, neste tipo de workshops, faz sentido. Esta workshop foi organizada com o apoio do conhecido restaurante Quarentae4, com o Sushiman Ruy Leão e o Escanção Manuel Moreira aos comandos.
Passamos por um Sunomono harmonizado com um espumante da Bairrada; um Sashimi ao molho ponzu com um Frei João Branco de 2009; um Sushi futomaki; Gunkanmaki de salmão braseado com Bastardo e Huramaki de morango a acabar com um Porto Rosé da Calém. Independentemente de gostar ou não da cozinha Japonesa apresentada - que foi muito bem executada (dito por quem percebe do assunto) pelo Sushiman - aprendi muito sobre esta cozinha, bem como as harmonizações possíveis. Congratulo também o Escanção que soube fugir ao fácil e seguro, e apresentou harmonizações diferentes, talvez não totalmente consensuais mas muito bem conseguidas.
A Sala Ogival e, por inerência, a ViniPortugal estão de parabens não só pelo aniversário mas pelo significativo papel na promoção de Portugal.
Na sequência de uma entrevista online no fórum da Nova Crítica, Dirk Niepoort decidiu organizar uma Magnum Party, dia 3 de Maio, na Quinta de Nápoles. Apenas foi feito um pedido, cada duas pessoas (ou uma) tinham de levar uma garrafa magnum de um vinho excepcional.
O número de pessoas cresceu de tal maneira, que acabou por se tornar num evento com 180 pessoas!
Pareceu-nos uma boa desculpa para ver como tinha ficado a nova adega e lá nos inscrevemos. De início o Ricardo também era para ir, mas entretanto acabou por desistir. Como bom amigo que sou, fiz o sacrifício de lhe enviar vários MMS com fotografias do evento, para ele se sentir presente.
O que não estávamos a contar era com a presença de mais de duas dezenas de produtores, espalhados pelos vários pisos da adega, a apresentar os seus vinhos! Desta forma, acabou por ser um 2 em 1. Conforme percorriamos os produtores, iamos visitando a adega nova. Os doces e os copos também marcaram a sua presença por intermédio da Santa Gula e da Riedel. Foi uma oportunidade única de provar alguns dos melhores vinhos que se fazem pelo país, bem como amostras de vinhos que ainda nem sequer foram engarrafados. Como era impossível provar tudo, acabámos por nos centrar mais nos vinhos que ainda não conheciamos.
Depois ainda veio o almoço. Um banquete ao nível de um casamento, com a vantagem de ser regado com o conteúdo das magnums levadas pelos participantes. O pessoal da Niepoort passou todo o almoço a esforçar-se para que estas se mantivessem a temperaturas correctas. Nem me lembro de ver o Dirk sentado...
Acho que não vale a pena alongarmo-nos muito mais, pois é complicado passar para texto tudo o que se passou neste dia que ficará na memória de todos os enófilos presentes.
Resta-nos agradecer ao Dirk por ter feito nascer este evento, à Gabriela Santos e Luís Seabra por mais uma vez nos terem recebido tão bem, a todos os restantes elementos da equipa Niepoort que tornaram este evento possível, a todos os produtores presentes, à Nova Crítica e, claro, a todos os participantes.
Foi no dia 10 de Setembro de 1756, sob Alvará Régio de El-Rei D. José I, a fundação da Real Companhia Velha, a mais antiga empresa vitivinícola com actividade ininterrupta em Portugal. Para além do peso da História, que se sente ao entrar na sede em Vila Nova de Gaia (já lá tinha estado recentemente no lançamento dos vinhos Coração d'Ouro), a Companhia decidiu disponibilizar para prova uma parte relevante do seu portólio onde se incluíram várias das suas marcas.
Para acompanhar o portfolio completo (espumantes, brancos, tintos e Portos), a Companhia decidiu ainda ter na belíssima Sala de Provas a presença de alguns restaurantes com iguarias de comer e chorar por mais.
Destacou-se uma prova vertical de Quinta das Carvalhas Branco (2010 a 2014), onde foi possível perceber o enorme potencial de evolução deste vinho (que, tanto quanto me foi possível saber, já só se consegue comprar o de 2014) bem como o Vintage 2007 e o LBV 2011.
Este evento caracterizou-se por ser bastante flexível e sem uma agenda fixa, permitindo aos convidados circular e gerir as provas, promovendo o contacto com o espaço, a casa e comunicar entre si. Foi sem dúvida uma excelente forma de comemorar os 260 anos... e que venham outros tantos!
O palco foi o recinto das piscinas do Mondego. O artista foi o espumante da Bairrada.
A primeira edição escapou-nos completamente, mas este ano estávamos atentos e organizámos as coisas de forma a ir lá espreitar.
Achei piada à ideia de um evento só com espumantes. Por terras de Champagne é capaz de ser habitual, mas cá nem por isso. Tirando as passagens de ano, os aniversários e as paragens na Bairrada para comer leitão, o espumante não é algo que se veja fazer parte dos hábitos de consumo nos portugueses. Excepto na Bairrada, onde em qualquer casa que se entre vem a pergunta inevitável: “vai uma tacinha?” - de espumante, pois claro.
Mas os hábitos parecem estar a mudar. Com a proliferação de restaurantes italianos, o consumo de Lambrusco tem disparado, abrindo portas ao consumo de vinhos com gás. Pode ser que o pessoal passe de refrigerantes com álcool (pronto, frisantes) para espumantes portugueses.
Mas voltando ao Refresh, era um evento de vinho que nem parecia um evento de vinho. E digo isto no bom sentido. Apesar de ter os stands dos produtores no meio, todo aquele espaço envolvente com as piscinas, banquinhos e sofás para a malta se sentar, som ambiente, tudo muito cool, fazia lembrar mais o ambiente de um bar fixe de Verão. Até a clientela. Os stands dos produtores funcionavam quase como bares, onde o pessoal ia atestar o copo, mas com alguma curiosidade de saber mais sobre o que estavam a beber.
Ainda por cima São Pedro ajudou e só faltou descer para vir beber também uma tacinha.
Quanto aos espumantes, não sei se era eu que estava bem disposto ou se tive pontaria com o que escolhi, mas gostei de todos os que provei! Havia para todos os gostos, desde os de esplanada aos mais gastronómicos. Tendo em conta o ambiente, até me souberam melhor os primeiros apesar de ser claramente mais apreciador dos segundos. Se calhar foi por não ter ido ao bar comprar leitão.
Certamente que quem saiu dali ficou com boa impressão dos espumantes Bairrada.
Estava a saber bem mas às 20h00 fechou. Às 22h30 houve mais, mas a fome apertava e o restaurante das Piscinas do Mondego estava esgotado. Acabámos por seguir para a Bairrada e ter um jantar que vai dar tema para outro post.
Então, quase hora de almoço... Já estão com fome?
Sabem que começou ontem (26 de Abril), no restaurante Bistrô & Tapas do Hotel Tryp Oriente Lisboa, uma semana gastronómica italiana? Na verdade não é uma semana, são quase duas, pois prolonga-se até dia 6 de Maio.
A gastronomia está a cargo do conhecido Chef Augusto Gemelli, de quem chegámos aqui a falar.
Então e em que consiste esta semana gastronómica? Todos os dias, o chef Gemelli vai elaborar 3 novos pratos. De carne, peixe e massa. Uma coisa interessante nestes almoços é que os pratos são confeccionados pelo Chef em modo show cooking.
Nesta estreia, os 3 pratos foram Frango à Aconetana, Penne alla Pugliese e Robalinho em Crosta de Pão e Tomatada à Siciliana.
Optei pelo terceiro e parece que escolhi muito bem. A tomatada tinha também beringela frita e alcaparras. Por vezes as alcaparras têm um sabor demasiado impositivo e nem sempre me agradam. Não foi o caso. Resultou num conjunto simples e saboroso, que deixou o peixe "respirar". Estaria talvez no limite mínimo de sal para alguns gostos. Para mim estava bem assim.Para a nossa mesa veio ainda um prato de penne, que não provámos mas teve opinião positiva.
A parte melhor é que, ao almoço, por €10 está disponível um menu que inclui um destes pratos à escolha, água, café e sobremesa (também italiana, pois claro). Se ainda trabalhasse lá em frente, como há uns anos atrás, provavelmente estava lá batido boa parte dos dias.
Como complemento ao menu, por mais €4, está também disponível um buffet de entradas com boa variedade. Quase dava para almoçar só com o buffet. Das que provei, destaco o carpaccio de polvo.
Quem quiser acompanhar a refeição com vinho, está disponível a copo uma selecção de vinhos de Joaquim Arnaud, que é produtor de vinhos, e não só. Quem não conhece, por exemplo, o presunto de vaca Joaquim Arnaud, não merece o ar que respira. :)
Acompanhei toda a refeição com Quinta dos Plátanos Branco 2013. A sua versatilidade assim o permite. Um dos pontos altos do almoço.Para a sobremesa havia 3 opções à escolha: Tiramissu, Panna Cotta de qualquer coisa, que o "senhor alemão" não me deixa recordar, e Zuppa (sim, quer dizer sopa).
Fui para a Zuppa, que consiste num bolo (pareceu-me mergulhado numa bebida alcoólica) em camadas com um suave creme, coberto com chocolate.
Quem preferir jantar, o preço sobe ligeiramente (€16), mas já está incluído o buffet de entradas e o vinho.
E por falar em jantar, o auge desta semana vai ser um jantar na sexta-feira, dia 29. Um menu de degustação de 5 pratos, por €36, acompanhado também pelos vinhos de Joaquim Arnaud.
Só tenho uma reclamação a fazer: Então vão marcar isto para um dia de jogo do Benfica, pá?!
Desde o primeiro Wine Market que eu e a Ema temos ajudado o pessoal do Adegga. Eu sou um gajo muito esquecido, até me esqueço das coisas que falei no dia anterior, mas recordo-me como se fosse hoje da abertura de portas do primeiro ano. As pessoas a chegarem uma a uma, nas primeiras horas quase tudo familiares e amigos, a incerteza de saber se vinha mais gente ou não. No final acabou por se fazer uma boa casa e o ritmo lento ajudou a ver o que se podia melhorar nas edições seguintes. Agora até custa a acreditar que é assim.
Este ano estivemos mais uma vez a ajudar, pois é algo que nos dá imenso gozo. Além do imenso trabalho que a equipa do Adegga tem antes do evento, naqueles dias a equipa é constituida pelos elementos do Adegga, as suas respectivas mulheres, amigos e familiares e a coisa acontece naturalmente, pois todos trabalham por gosto.
O evento tem crescido e esta edição de Verão mudou de pouso, para o Hotel Flórida em pleno Marquês de Pombal. Além de ter mais espaço, o evento ganhou em luminosidade e nos belos terraços dos quais infelizmente não consegui usufruir.
O ambiente, esse, continuou informal, agradável, descontraído... muito cool.
Desta vez desisti de fazer vídeos, porque depois aparece isto e fico deprimido.
Fiquem só com as fotos, tiradas nas primeiras horas do evento.
Sábado, 7 da madrugada, e eu a sair da cama. Mais cedo do que nos dias de trabalho! O drama! O horror! Como foi possível tal coisa? A culpa foi do Inspira Portugal - Touriga Nacional powered by TWA, onde nos esperavam, às 9 da manhã, 29 vinhos de Touriga Nacional produzidos em Portugal.
Em primeiro lugar, convém explicar o que é isto do TWA (The Wizard Apprentice). Além do blog do enólogo Hugo Mendes, de onde surgiu o nome, é também um grupo do Facebook que surgiu como uma espécie de extensão do blog. Essa comunidade foi crescendo, ganhando vida própria, tornando-se num dos espaços de discussão mais animados sobre vinhos na Internet, numa altura em que os fóruns que ainda existem parecem condenados de vez à morte e à enochatice.
De lá têm saído muitas iniciativas, muitas delas sem sequer ter a intervenção do criador do grupo, até que ele lá se decidiu a fazer qualquer coisita. :)
Foi assim que surgiu a ideia do Inspira Portugal, cujo primeiro round foi dedicado à casta Touriga Nacional, que se realizou na Quinta das Carrafouchas. Uma quinta mesmo aqui às portas de Lisboa (Loures), que tem uma sala para eventos com muito boas condições, onde não faltou o wi-fi e uns belíssimos copos Riedel com o logotipo da casa.
Como se pode verificar pelas fotos, mal lá cheguei comecei a trabalhar. Havia 58 garrafas para abrir e todas as mãos eram poucas. A manhã ia ser longa.
Iniciou-se então a acção formativa, com um vídeo de Nuno Magalhães numa vinha de Touriga Nacional. Para quem não conhece, este senhor é só um dos grandes mestres da viticultura em Portugal e autor da bíblia "Tratado de Viticultura". Partimos então para a primeira bateria de Tourigas que começou em Trás-os-Montes e terminou no Dão... ou foi nas Beiras? Não sei bem, acordei às 7 num Sábado, não me façam perguntas difíceis.
Foi então altura de um coffee break que, na verdade, foi um break sem coffee mas com uns produtos da Venda da Vila de comer e chorar por mais. Felizmente o representante da marca estava lá a cortar os paios conforme se pedia. Se estivesse já tudo cortado, acho que os valores do colesterol teriam disparado uns 40 ou 50 pontos. Assim um gajo tinha vergonha de se armar em lateiro e deu para ir controlando.
Também havia codorniz em escabeche, que acabei por não provar. Mas devia estar bom, pois houve quem comesse o escabeche até sem codorniz.
Após algum esforço, lá conseguimos voltar aos nossos lugares, para assistir a um novo vídeo, desta vez sobre a Touriga Nacional na adega, da autoria de Paulo Coutinho, que elevou a fasquia bem alto para os próximos vídeos que venham a ser feitos para as futuras edições do Inspira Portugal.
Viria então o segundo round de vinhos, que nos levou pelos caminhos de Portugal até ao Algarve. Nessa altura já a nossa toalha estava roxa, pois o escanção de serviço sempre que chegava ao nosso lado começava a desperdiçar vinho. Para a próxima exigimos um escanção melhorzinho.
Conclusões? Cada um tira a sua, pois nisto do vinho não há verdades absolutas. No meu caso não me fez mudar muito a opinião que já tinha sobre esta casta. É sem dúvida uma grande casta, mas prefiro-a em lote do que a solo. Acho que se expressa melhor no Interior Norte, em especial no Dão, mas admito que os do Douro serão mais fáceis de agradar. Pode evoluir de uma forma bastante interessante, como se pôde verificar pelo vinho mais antigo em prova, o Quinta Mendes Pereira 2005. Consegue, na mesma região, dar vinhos tão diferentes que quase nem têm pontos em comum.
Uma palavra especial para Trás-os-Montes, uma região que normalmente é esquecida e de onde vieram alguns vinhos com bastante potencial. Infelizmente a maior parte eram amostras de casco, engarrafadas propositadamente para a prova, mas fiquei com vontade de os provar daqui a uns anos, quando se fizerem "homens".
Finalizada a prova, houve lugar ao sorteio de um saca-rolhas, que teve um final curioso. Depois de a Ema ter convencido o Hugo Mendes que não iamos participar, confirmei a minha inscrição na própria semana a dizer que só ia por causa do sorteio do saca-rolhas. Adivinhem quem ganhou... :)
Não sei se foi só coincidência, ou se foi sabotado por ele para nos convencer a ir aos próximos. Venha de lá a Baga, o Castelão ou o Encruzado!
Para muitos de nós a "festa" ainda continuou no Solar dos Pintor, um restaurante que faz sentir qualquer apreciador de vinho (e não só) em casa e que merece que seja escrito um artigo só para ele.
Nesta altura de vindimas, são vários os eventos de vinho que vão decorrendo pelo país.
Um dos mais publicitados é o Vindouro - Festa do Vinho, em S. João da Pesqueira, que decorreu nos dias 28, 29 e 30 de Agosto. Já no ano passado estivemos para lá ir, mas não foi possível. Este ano, até pelo dinamismo da organização nas redes sociais, estivemos mais informados e deu para planear as coisas com antecedência.
O evento pode-se descrever resumidamente como tendo 2 partes distintas: Uma exterior, de festa mais tradicional, e uma interior onde estavam os expositores de vinho.
Como ficámos alojados em casa dos pais da Ema, na zona de Anadia, acabámos por ir cedo e chegámos mesmo no início do evento no Sábado. Por um lado foi bom, porque estava pouca gente, mas por outro estava no pico do calor e não se conseguia parar na rua.
Refugiámo-nos então no interior do centro de exposições a fazer umas provas. A nível de produtores, tendo em conta que é uma festa regional, estava bem composto. Alguns dos nomes mais conhecidos marcaram presença, mas também muitos nomes novos, o que é sempre bom para conhecer o que vai aparecendo. Estava à espera era de ver mais Vinho do Porto. O calor era muito, mesmo com os aparelhos de ar condicionado a soprar ar fresco com toda a força, pelo que praticamente só provámos brancos e rosés. Ainda provámos 2 ou 3 tintos, mas a temperatura dos vinhos estava difícil de controlar pelos produtores e estava-nos a custar beber.
Ainda dentro do edifício, decorreram naquele dia um mini-curso de prova e um concurso "A Escolha do Consumidor", que era uma prova cega para determinar os vinhos que os visitantes mais gostaram. Participámos nesta prova e, devo dizer, que gostei muito de alguns vinhos que não tinha tido coragem de provar no expositor, devido à imagem assustadora dos rótulos. Já não é a primeira vez que acontece - e alguns dos meus vinhos preferidos têm rótulos horrendos - mas no meio de várias coisas que não conhecemos, os olhos são os primeiros a "comer". Ainda há muitos produtores a descurar a imagem, e isso pode fazer toda a diferença numa prateleira.
O que tinha dado um jeito enorme eram uns sofás e umas mesas, como costuma haver em outros eventos com participação ou organização da Essência do Vinho, para fazer umas pausas de vez em quando. Como estávamos mesmo no centro da vila, contornámos a situação indo para um cafézinho próximo.
À volta do exterior do edifício do centro de exposições havia uma feira pombalina, com os expositores a vestir os trajes da época. Alguns animadores percorriam as ruas representando personagens das diversas classes sociais. O ponto alto do dia foi o leilão de vinhos, que decorreu num pequeno anfiteatro exterior, já a horas em que o calor já tinha abrandado um pouco e com a feira mais composta. Alguns Vinhos do Porto mais antigos deram direito a licitações bastante agitadas, com o leiloeiro (vestido a rigor), sempre a tentar puxar pelos licitadores até ao máximo.
E foi por essa altura, em que já sabia bem estar na rua, que tivemos que nos fazer às 2h de alcatrão que tínhamos para percorrer.
Para a próxima já sabemos que o melhor é ir mais pela fresquinha e ficar para a noite.
Depois de uma semana de férias no Alentejo, com temperaturas entre os 42 e 47 graus, nada como passar por Lisboa para retemperar forças e repôr líquidos perdidos ao sol. Para minha surpresa, durante a tarde de quinta-feira a temperatura não estava muito diferente; ainda assim, o evento que os Goliardos organizaram para comemorar o 5º aniversário realizava-se a escassos metros do Tejo, o que poderia ajudar.
Decidimos chegar cedo na quinta-feira, e a entrada não podia ter sido mais rápida: boa ideia a dos copos emprestados com a possibilidade de os identificar e a do catálogo com as informações dos produtores presentes (está bonito, e tem as informações mais relevantes). O espaço (A Margem, mesmo em Belém) é bonito e arejado, mas numa primeira análise pareceu-me pequeno para comportar um evento deste tipo. Eram cerca de 19h, e o sol ainda batia forte nas mesas, vinho e produtores - os baldes de gelo pareciam nunca ser suficientes...
Depois de passar pelas mesas onde planeei trincar alguma coisa entre as provas de brancos e tintos, a área do exterior estava muito bem populada com produtores Portugueses, Franceses, Espanhóis e Italianos. Confesso que não conhecia alguns dos produtores, o que só é positivo - conhecer coisas novas e/ou diferentes é sempre importante.
Começando pela entrada, encontrei o João Rico (Niepoort / Projectos) castigado pelo sol, tentando desesperadamente manter temperaturas minimamente aceitáveis nas várias garrafas. Ainda que conheça relativamente bem a gama de vinhos da Niepoort, encontro sempre coisas desconhecidas nos Projectos - foi o caso dos Riesling que me impressionaram. Prosseguindo o roteiro dos brancos, e imediatamente a seguir, tive oportunidade de provar a evolução do Branco dos Cozinheiros (da Quinta dos Cozinheiros) que ainda não saiu para o mercado (promete!). Segundo o que percebi, o Branco dos Cozinheiros 2004 está com alguma dificuldade em ser escoado, ainda que esteja em belíssimas condições para consumo (curiosamente tinha aberto a minha última garrafa duas semanas antes, e na primeira oportunidade vou aproveitar para reforçar o stock cá em casa).
Passei depois para alguns produtores estrangeiros que desconhecia e que me surpreenderam: Clos Roche Blanche, com dois Sauvignon (nº2 e nº5); Domaine Gonon e Clos Thou, já a caminho de me preparar para experimentar as tapas d'A Margem, logo depois de voltar aos Portugueses Pellada e Alento. Ainda que com uma ementa limitada (até porque o espaço é curto), os sólidos leves e rápidos foram adequados para preparar a ronda dos tintos. Entretanto, o público começou a chegar e o espaço ficou mais composto; o sol tinha descido (ficou fresco e muito agradável), mas foi necessário depois montar luzes que trouxeram novamente algum calor para os produtores.
Chegaram entretanto o Nuno e a Ema (e o rebento, que se estreou nestes eventos, fruto de uma formação de base que os pais estão motivados para lhe dar) e enquanto eles começavam a ambientar-se eu avancei nas provas dos tintos. No que diz respeito aos produtores Portugueses, já conhecia a maior parte dos vinhos - Niepoort, Ramos Pinto (o Duas Quintas Reserva estava fenomenal), Quinta do Mouro (a acabar no Rótulo Dourado, passando por toda a gama apresentada, é desnecessário sublinhar a qualidade), Saes e Pellada, Quinta dos Cozinheiros e Quinta do Infantado (nuns bons 15 minutos de conversa aprendi muito) - que confirmaram a qualidade que lhes é reconhecida.
Passando para os estrangeiros, e já com pouca capacidade de provar em condições, não pude deixar de passar pelo J. Palacios e, já de saída (o puto do Nuno e da Ema ainda não consegue estar muito tempo fora de casa, no meio de barulho e das muitas pessoas que entretanto estavam já no evento), passei por toda a gama do produtor Italiano Roagna (o Barolo estava absolutamente impressionante, mas o Barbaresco estava também muito bom).
Embora não tenha tido oportunidade de o fazer, achei também muito interessante o facto de os Goliardos terem criado uma forma de o público comprar alguns dos vinhos a preços mais interessantes, entregando uma lista à saída. É este tipo de eventos, com pequenas (mas importantes) ideias como esta que fazem com que o público se aproxime cada vez mais deste mundo do vinho.
Já agora - abraço ao pessoal do Adegga, que tive a oportunidade de conhecer pela primeira vez, foi interessante até porque pudemos falar um pouco do restyling que tinha acontecido nos dias anteriores.
O evento Vinhos do Alentejo no Casino decorreu nos dias 2 e 3 de Outubro no Salão Preto e Prata do Casino do Estoril. Como dia 2 calhou a uma sexta-feira, dia de trabalho, achámos melhor ir do dia 3. A lista de produtores presentes parecia demasiado interessante para fazer uma visita à pressa.
O espaço era bastante agradável, embora ligeiramente apertado para tantos produtores. No entanto, pelo menos no tempo em que lá estivemos, nunca encheu demasiado por isso nunca esteve demasiado intransitável.
Logo à entrada, encontrámos 2 dos elementos do Adegga. Infelizmente estavam de saída, pelo que não deu para trocar muitas impressões com eles, mas ainda deu tempo de nos apresentarem um produtor que não conhecíamos, o que é sempre bom nestes eventos. Aliás, desta vez foi o que mais fizemos. Passámos à frente praticamente todos os produtores que conhecemos melhor, aproveitando para provar o que não conhecíamos. Ainda por cima, ao contrário do que muitas vezes acontece nestes eventos, os topos de gama apareciam com frequência em cima das mesas. Tivemos muitas surpresas e confirmações, abrindo-nos os olhos para alguns vinhos aos quais vamos ter que começar a prestar mais atenção.
A nível de vinho, só temos a lamentar a dificuldade do costume com as temperaturas. Ainda por cima o espaço dos expositores era pequeno, mesmo que quisessem não havia grande forma de manter os vinhos a temperaturas decentes, a não ser com o balde de gelo.
Caso a fome aparecesse, estavam à venda umas tapas, a 1€ cada, salvo erro eleboradas pela equipa do Vitor Sobral. Boas, baratas e com um tamanho bastante decente.
Para fazer umas pausas, havia umas mesas com uns sofás bastante confortáveis nuns patamares superiores, de onde dava para ter uma visão privilegiada para toda a sala. O mais estranho foi quase não serem usadas.
Do ponto de vista de visitante, foi um evento bastante interessante, pelo que esperamos que se repita.
Num belo sábado de manhã (esta é sempre uma boa forma de começar qualquer evento), no restaurante "O Pote Velho" - amigo do vinho - juntaram-se alguns convivas para uma mega-prova de vinhos do Dão. O cenário era simples: mais de trinta (30!) vinhos do Dão, com a mão e pela mão do enólogo António Narciso, de seis diferentes casas, de forma a perceber o perfil Dão e, por outro lado, as diferenças entre vinhos oriundos de vinhas a poucas dezenas/centenas de metros umas das outras. Ao longo da batalha, fomos picando sólidos de boa qualidade para manter os estômagos equilibrados (cumprimentos para o Pote Velho, onde fomos muito bem recebidos e tratados).
Começamos pelos Brancos, alinhados pela casta Encruzado do Dão: Quinta da Fata 2011 (mineral, acidez que garante a evolução durante anos, alguns toques vegetais); Barão de Nelas Encruzado 2011 (cor muito clara, cítrico e tropical, fresco com toques fumados - muito fácil de beber); Casa Aranda 2010 (nariz vivo, perfil seco, bastante mineral e fresco, ainda muito novo - comprem e guardem, vale bem a pena); Quinta das Marias 2010 (nariz frutado, elegante, com menos corpo mas ainda novo, com persistência); Quinta Mendes Pereira 2010 (nariz mais complexo, mais intenso, tostado, floral e chá, frutas secas) e Quinta das Marias Barrica 2010 (nariz muito exuberante, fumado no nariz, tosta, enorme acidez e toques citrinos). Os meus preferidos foram o Quinta Mendes Pereira e o Quinta das Marias Barrica, ainda que a minha sugestão seja: comprem todos, provem e escolham - vale mesmo a pena! Para demonstrar que estes Brancos evoluem e melhoram com o tempo, tivemos o privilégio de provar um Casa Aranda 2006 com um nariz menos exuberante (pois claro!), com aromas florais (tílias), enorme frescura e longevidade - um sacrilégio, porque já não se encontra à venda. A prova que os Brancos do Dão melhoram - muito - com a idade.
Passamos depois para os Rosés, com a Fonte de Gonçalvinho, Quinta das Marias e Quinta Mendes Pereira, todos de 2010. Destaco o Rosé da Quinta Mendes Pereira, mais polido e uma bela companhia para as (ainda) quentes tardes de verão, mas considero que o Fonte de Gonçalvinho é o Rosé de esplanada!
Já bem sustentados por sólidos (eu já disse que o Pote Velho é um restaurante amigo da qualidade?), começamos a maior guerra: a prova dos tintos, passando novamente por todos os produtores. Para perceberem a dimensão da coisa, tentem ler todos os vinhos provados:
De todos os vinhos provados (acabamos perto das 8 da noite, já a ver mau futebol na TV), destaco claramente os seguintes: Casa Aranda Reserva 2007 (cor muito concentrada, fruta preta, especiarias, mentolado; grande estrutura com muito boa persistência); Quinta das Marias Cuvvee TT 2010 (excelente nariz floral, fruta vermelha e especiarias, bem encorpado e com taninos bem presentes, notas de fruta e tosta bem integradas; muito bom final e persistência); Quinta das Marias TN Reserva 2010 (nariz intenso floral, fruta madura e chocolate; encorpado com taninos bem presentes; paladar frutado e especiado com toques florais, persistência muito boa); Barão de Nelas Reserva 2004 (nariz intenso compotado, fruta vermelha madura, flores secas, muito boa frescura); Barão de Nelas TN (cor concentrada; nariz floral e compotado; boca compotada e com toques vegetais com final prolongado e persistente); Quinta Mendes Pereira TN 2005 (nariz elegante com notas florais, fruta preta, especiarias e aromas terciários - couro?, com um volume, complexidade e persistência muito acima da média); Quinta Mendes Pereira Escolha 2006 (nariz floral, fruta madura e especiarias subtis; acidez interessante com boca de fruta madura e vegetal com boa persistência); Quinta da Fata Touriga Nacional (cor muito carregada, enorme nariz com notas florais, especiarias, fruta vermelha madura e aromas do bosque; boca encorpada, frutada com toques de resina e especiarias; taninos presentes mas integrados, com muito boa persistência e profundidade); Fonte Gonçalvinho Inconnu Reserva 2010 (nariz floral, muito elegante e fresco, exuberante com muito boa persistência e profundidade - eu acho que há aqui um toque de Jaen...).
Tenho a certeza que não me lembrei de todos os pormenores, mas se há algo a preservar é o facto de o Dão ter excelentes vinhos que só melhoram com a idade. Lembre-se: se vir na prateleira vinhos do Dão com 5 ou 7 anos, COMPRE - estão na altura certa para se começar a beber (ai se eu apanho um Casa Aranda 2006....). Por outro lado, é incontornável a qualidade do trabalho do António Narciso - parabéns, e que continue por muitos e longos anos.
No final do mês de Outubro realizou-se a 3ª edição da Vinipax no Parque de Feiras e Exposições de Beja.
A Vinipax é o maior evento de vinhos do Sul de Portugal, onde é possível degustar uma grande variedade de vinhos das regiões vitivinícolas do Tejo, Península de Setúbal, Alentejo e Algarve. Fizemos-nos ao caminho no sábado de manhã, de forma a chegar a Beja pela hora do almoço. Como nos disse um amigo de Beja, e com razão, devíamos-lhe ter ligado antes a pedir conselho!
Após almoço, dirigimos-nos ao Parque de Feiras e Exposições de Beja mesmo a tempo de assistir às III Jornadas de Enoturismo com o tema "O Enoturismo Sustentável".
Com uma variada e interessante lista de oradores, foram apresentados alguns projectos de enoturismo, com abordagens diferentes entre si, e outros mais abrangentes que podem contribuir para o aumento do enoturismo. As jornadas terminaram com uma projecção de fotografias da autoria do fotógrafo brasileiro Gladstone Campos, de regiões vínicas de várias partes do Mundo, que terminava com fotos das regiões vitivinícolas portuguesas.
De seguida percorremos os expositores do evento, provando alguns vinhos que ainda não tínhamos tido oportunidade de provar este ano. Acabaram por nos acontecer algumas coisas curiosas durante essa procura de novidades. A mais engraçada acabou por ser encontrar um colega de trabalho da parte de trás do expositor, o que não é nada normal tendo em conta que trabalhamos numa empresas de telecomunicações. Já trabalhamos na mesma empresa há vários anos e nem nós fazíamos ideia que ele era produtor, nem ele que nós éramos grandes apreciadores de vinho. Outra surpresa agradável foi a existência de cada vez mais produtores de qualidade no Algarve, tendo alguns vinhos algarvios ficado na memória como algumas das coisas mais interessantes que provámos no evento.
Obviamente que acabam sempre por haver produtores bem nossos conhecidos que voltamos a visitar, até pela relação de amizade que temos com alguns e pela qualidade de alguns vinhos que nunca é demais voltar a provar.Terminámos a visita à Vinipax de forma improvável, embora bem típica de uma feira, a comer uma bifana numa rulote*.
A Ema apanhou-me no meio de uma conversa com o Nuno (tipicamente com a presença de corantes), e deu-me duas excelentes notícias de uma só vez: os Young WineMakers (que já tínhamos conhecido no Adegga Wine Market do ano passado) iam fazer uma apresentação no G-Spot, e que eu estava convidado. A equipa dos Young Winemakers estava toda presente, e foi interessante perceber que, independentemente das óbvias diferenças, estão perfeitamente confortáveis com a concorrência salutar (que até nem é tão evidente como isso, uma vez que perseguem estilos diferentes) entre todos.
Um elogio ao local: no Gspot tudo esteve num patamar de qualidade muito acima do normal; o Manuel Moreira acompanhou toda a prova, com a disponibilidade e abertura que o caracterizam. O GSpot é um sítio especial...
O grupo de jovens enólogos - que tem experiência comprovada noutros vôos - começou por perceber que, à semelhança de outros grupos, podia beneficiar com a partilha de custos de stand em eventos (pelo menos no Adegga Wine Market do ano passado), e logo concluíram que a partilha de experiências e estratégia de ataque aos mercados traria vantagens a todos. Depois de uns minutos em amena cavaqueira com os presentes, os Young WineMakers espalharam-se pelas mesas e eu fiquei entre o Carlos Janeiro, o João Pedro Carvalho e o Luís Patrão (existem duas explicações para o nome do Vadio: uma está relacionada com uma história de touros, muito rebuscada; a que me parece ser verdadeira demonstra que o nome está de alguma forma ligado ao comportamento dele durante o período em que era estudante).
A prova começou com o belíssimo CLIP da zona dos Vinhos Verdes (Clip do Monte da Vaia Loureiro 2011), um Loureiro perfeito para a ocasião - estava calor que se fartava - que será o meu candidato a companhia para o verão; citrino e muito mineral, bastante fresco e seco. O Camaleão Sauvignon Blanc 2011 é tropical e seco, com boa acidez e toque mineral; durante o jantar ficou desalinhado com o Creme de Chufas com Foie Gras, mas o consenso foi de que ganharia imenso com um peixe grelhado (e vem aí o tempo dele).
Chegou entretanto o André Ribeirinho - que nem debaixo de tortura se descaiu com pistas para o vencedor do Concurso Mundial de Vinhos - e passamos ao Contraste 2010, com aromas citrinos, frutos secos e madeira, com frescura e mineralidade; está muito bem posicionado em relação à concorrência para o mesmo patamar de preço. Ainda das mãos da Rita Marques chegaram o Conceito 2010 Branco, um dos meus preferidos (fruta madura, madeira, acidez - frescura - e mineralidade em perfeito equilíbrio, com uma persistência excelente) e o Conceito Nova Zelândia Sauvignon Blanc 2011 (muito tropical como seria de esperar, perfil seco e frutado).
O Hobby Alentejo 2010 (Antão Vaz) e o Hobby Tejo 2010 seguiram-se, sendo o primeiro tropical - aromas contidos de ananás e vegetal, mais evidentes na boca, com acidez adequada - e o segundo cremoso, fresco, com fruta e muito fácil de beber; ambos estão especialmente cuidados no que diz respeito à madeira, que é q.b. Este havia de acompanhar uma Espuma de batata com crumble de especiarias, prato que gerou alguma discussão entre os presentes, pela curiosidade sobre a forma de o confeccionar.
O Luís Patrão passou pelo Vadio Branco 2010 - o tal que tem um nome cuja origem é curioso - que ficou marcado na memória como uma referência de futuro: Cercial e Bical da Bairrada, com aromas atrevidos de laranja, ameixas (só lá cheguei com a sugestão do Carlos Janeiro) e toque mineral, muito boa acidez a combinar com um corpo adequado, e final seco.
Haveria ainda de acompanhar o peito de novilho estufado com molho de alcaçuz e couscous o Hobby Tinto 2008 onde são evidentes as excelentes notas de fruta vermelha e especiarias, taninos bem presentes (o que justifica acompanhamento à mesa), fruta madura e final longo. Acho que foi de propósito que se fez acompanhar o Vadio tinto 2007 com um vadio de borrego com ketchup de pimento. Como já não estou ao lado do Luís Patrão já posso dizer o que me apetecer - e de facto digo-o sem hesitar: este Vadio Tinto foi de todos o meu preferido, a mostrar todo o potencial da Baga com a combinação perfeita de madeira (fruta preta, especiarias e toque de tabaco; acidez excelente e ... acho que no dia seguinte ainda não tinha sentido o final). Ouvi dizer que vai estar no Adegga Wine Market (daqui a uns dias) para quem quiser provar.
O final chegaria com uma cabidela acompanhada pelo Conceito Tinto 2007, que se apresenta com fruta vermelha madura, na boca vinca a presença (não nos podemos esquecer que tínhamos acabado de passar por um Baga...) e com uma madeira elegante. A sobremesa foi nada menos do que excelente: bolo de chocolate e alfarroba com sorvete de framboesa acompanhado pelo Conceito Vintage 2007 (ainda muito jovem). Dizem que ainda se provou um Hobby abafado, que está muito interessante (acho que o Carlos Janeiro encomendou umas paletes no Natal passado...).
Daqui a alguns dias realiza-se o Adegga Wine Market, onde está confirmada a presença dos Young Winemakers. Aproveitem para provar e - possivelmente - comprar a preço especial. Eu já fiz a minha lista, e todos os que referi serem os meus preferidos estão incluídos.
Por fim, reafirmo o que disse inicialmente: o GSpot é um excelente restaurante a todos os níveis; as condições do local, a qualidade dos pratos, a criatividade e a amabilidade de todo o pessoal estão num patamar muito elevado.